quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Doce E Selvagem! - Capítulo 10

Entrei em pânico quando ouvi seu choro no outro lado da linha, me levantei com o telefone no ouvido já recolhendo minhas roupas, me preparando para me vesti.
– Jacqueline, o que aconteceu? Onde você está? Estou indo pro seu apartamento. – disse vestindo minha calça e tentando passar a camisa pela cabeça ao mesmo tempo.
– Eu não estou em casa. – ela soluçou. – Eu não sei onde estou Bill!
– Como assim? Pelo amor de Deus, Jacqueline. Não tem nenhum ponto de referência?
– Espera. – fez-se silêncio por uma fração de segundos. – Tem uma placa, parece ser o nome da rua.
– Ok, fica calma. Eu já estou indo. – ela me falou o nome da rua e eu desliguei o celular, correndo com meus tênis na mão, a chave do carro entre os dentes e tentando abotoar minha calça. Seria engraçado se a situação não fosse de ter acontecido algo ruim com Jacqueline.
Dirigi com meu carro como se fosse um foguete pelas ruas ainda desertas, o céu ainda estava escuro. Com a velocidade em que fui, não demorou 5 minutos para que eu chegasse a tal rua. Saí correndo do meu carro e o larguei aberto na rua, me aproximei do beco escuro e ouvi seu choro.
– Jacqueline? – me aproximei mais e ela estava sentada no chão, encostada na parede e segurando seus joelhos com os braços. Corri até lá e a abracei forte, beijando o alto de sua cabeça. – O que aconteceu minha pequena, o que fizeram com você?
– Foi Henrique... – foi quem?
– Quem é Henrique e o que esse desgraçado fez com você? – a raiva já fazia meu sangue ferver.
– É meu ex-namorado, quer dizer... nem isso ele é. – ela voltou a chorar profundamente, a apertei mais ainda em meus braços.
– Ele... ele te forçou à alguma coisa? – Ah, mas se esse cara fez isso... eu caço ele até em nárnia!
– Não, mas ele me machucou... foi horrível, Bill! Eu pensei que ele fosse me matar. Por favor, me tira daqui. – Ajudei ela a se levantar e fomos saindo do beco escuro, sustentando seu corpo com meu braço em sua cintura. Quando a luz da rua nos iluminou, pude ver o estrago que aquele covarde fez com ela. Seu olho tinha um tom escuro em volta, sua boca sangrava no canto e seus braços tinham marcas roxas.
– Deus! O que esse monstro fez com você?! – a ajudei a entrar no carro e dirigi rápido para minha casa. – Quem é esse cara, Jacqueline? E por quê ele fez isso com você?
– Como eu disse, ele é uma espécie de ex-namorado. – ela soluçou por causa do choro. – Mas ele sempre foi arrogante e agressivo, decidi ficar longe dele. Mas hoje quando eu voltava da faculdade, ele me levou até aquele beco e começou a gritar comigo, dizendo que eu tinha largado ele para ficar com você... eu nem sei como ele sabe de nós dois. Eu disse que não era da conta dele... e ... ele começou a me espancar, dizendo que agora eu ia pagar por ter enganado ele.
– Eu não to acreditando nisso! Esse cara é louco ou o quê?! – bati com o punho fechado contra o volante. – Vamos à delegacia, vamos denunciar ele agora!
– NÃO! Não Bill, pelo amor de Deus! – ela se desesperou do meu lado, mais lágrimas saiam de seus olhos. – Ele pode voltar a me procurar, ou pode até... Te machucar. Por favor, não quero ir a lugar algum, só não me deixa sozinha.
– Tudo bem. – respirei fundo. - Não vou te deixar sozinha, nunca.
Logo chegamos em minha casa e tudo estava aceso, quando entrei na sala, Tom estava andando de um lado para o outro inquieto, assim que me viu, se preparou para gritar, mas avistou Jacqueline atrás de mim.
– Te explico depois. – Puxei Jacqueline pela mão até meu quarto.
– Toma um banho, eu vou buscar uma toalha e pegar uma camisa do Tom emprestada, são maiores que as minhas e vai te cobrir. – ia saindo do quarto, mas ela puxou meu braço me fazendo olhar para ela.
– Obrigada. – foi a única coisa que ela disse, então ela foi para o banheiro e fechou a porta.
Desci para pedir uma camisa para Tom e fazer algo pra Jacqueline comer, além de explicar para meu irmão tudo que aconteceu. Provavelmente ele queria me bater agora.
– Calma. – ergui minhas mãos quando ele se levantou do sofá. – Eu vou te explicar tudo!
– Acho bom, porque pra você ter saído as 5:00 DA MANHÃ, sem explicação...
– Bom, pra começar... Essa garota que levei pro meu quarto é a Jacqueline! – ele me olhou com cara de desdém.
– Hum. Daora a vida e...? – rolei meus olhos.
– E que ela é a garota que eu ando saindo! Ela me ligou chorando porque um ex-namorado espancou ela e a largou em um beco sujo... aquele maldito, imundo! – a raiva voltava com força e podia sentir meus olhos queimar.
– Que covarde! Como alguém pode fazer uma coisas dessas?! – Tom ficou indignado também, ele não era romântico, mas bater em uma mulher era demais para ele. E para mim, também. – Mas ele fez algo mais...?
– Não. – assenti rápido. – Quer dizer, ela disse que não. Mas seu rosto está machucado e ela tem marca nos braços.
– E ela já denunciou? Talvez não seja tão difícil encontrar ele.
– Ela não quer. Disse que ele sabe sobre eu e ela e que talvez possa voltar a machuca-la ou me ferir também. – caminhei até a cozinha e comecei a pegar coisas para preparar um sanduíche.
– Então a coisa é mais séria do que eu imaginava!
– Pois é... Tom, pode emprestar uma de suas camisa para ela? Deixei ela tomando banho, mas não tenho nenhuma roupa para ela, pelo menos suas camisa podem cobrir o corpo dela.
– Pra quê? Você já viu ela sem roupa mesmo! – começou a rir. – Ou vai me dizer que transaram no escurinho?
– Ridículo! – joguei um pano em sua cara. – Não estou para brincadeiras! Vai logo!
Ele subiu e logo estava de volta com uma big camisa preta, aliás, todas as suas camisas eram bigs, embora ele esteja mudando um milésimo disso, usando roupas um pouco mais justas, mas ainda tinha aquelas imensas. Agradeci pela camisa e subi com uma bandeja na mão de volta para meu quarto, parece que ela ainda estava no banheiro. Senti-me íntimo para entrar, mas deixei a bandeja em cima da cama e resolvi bater.
– Pode entrar. – ouvi sua voz. Entrei e ela estava na banheira, encarando o teto.
– Como se sente? – perguntei pegando uma caixa de remédios no armário do banheiro.
– Não sei. – disse e suspirou. Me sentei do lado da banheira e retirei um remédio cicatrizante da caixa, comecei a passar em seus ferimentos pelo rosto. – Ai! Isso arde!
– Desculpa. – tentei sorrir, mas talvez isso não fosse a atitude certa. Peguei uma toalha e a abri, esticando-a e a ergui no alto.
Jacqueline se levantou da banheira e deixou que eu a envolvesse com os meus braços, enrolando a toalha em seu corpo e a abraçando ao mesmo tempo. Ela retribuiu meu abraço, e eu caminhei com ela, ainda em nosso abraço até meu quarto, me saparei dela para passar a imensa camisa por sua cabeça e braços, depois fiz com que ela se sentasse em minha cama, encostada na cabeceira.
– Fiz um sanduíche pra você e um suco de laranja. – empurrei a bandeja para ela.
– Obrigada, Bill. De verdade. Mas eu não quero comer nada agora.
– Por favor. – insisti. – Vai te fazer bem. – ela fez uma careta, mas começou a comer.
Depois que terminou, coloquei a bandeja no criado mudo e ela se deitou, me deitei junto com ela, puxando seu corpo de encontro ao meu e a abracei. De certo modo eu estava aliviado por ela estar em meus braços, segura, mas estava com uma puta raiva desse tal Henrique! Se eu o visse na rua, juro que mataria.
– Eu sei que estou dando trabalho, atrapalhei seu sono e provavelmente terá que ir para o estúdio daqui a pouco. Me desc... – não deixei que ela continuasse, puxei seu rosto suavemente e beijei seus lábios com delicadeza.
– Não está atrapalhando em nada. Pelo contrário, estou feliz que está aqui comigo. Não deixarei que ninguém lhe faça mal. – ela apenas assentiu com a cabeça. – Agora durma e relaxe, vou estar aqui com você.
Ela se aconchegou em meu corpo e logo adormeceu, fiquei observando ela por alguns instantes. Tom sabia que eu não iria trabalhar hoje, então não me preocupei com David, mas não era nisso que meus pensamentos estavam inertes agora, mas sim no medo em que eu senti de perder ela quando ouvi sua voz tremula no telefone. Eu não podia mais negar, não queria mais negar, pois eu sabia, que um sentimento forte já havia se formado em meu peito.
Eu estava amando a garota doce e selvagem.

Postado por: Grasiele

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Arquivos do Blog