domingo, 3 de junho de 2012

Hypnotized By Jane - Parte II

 

Um mês se passou desde aquele meu encontro conturbado, nunca mais o vi para minha sorte. E eu progredi muito mesmo no meu trabalho, a Sra. Schüz, Misses para mim, tinha se tornado uma grande amiga e Vaneza também, vivíamos fazendo matérias juntas, Misses parecia gostar do nosso trabalho em conjunto. Belle se tornou inimiga de nós duas, quando estávamos na frente da chefa, era uma conversa super amigável, depois... Era bom tomar cuidado. Com o meu primeiro salário, eu comprei o que faltava na minha coleção, nem acreditei quando fui à loja comprar aqueles CDs novinhos, comprei ambas as versões. Não me canso de escutar até hoje, faz quase duas semanas que os CDs saíram, eles vivem no meu rádio e no meu MP3. É tão viciante!

Okay, não é o momento certo para dar uma de louca, minha chefa tinha me chamado para a sala dela, não podia ser coisa boa... Eu tinha acabado de terminar uma matéria sobre o tempo, daqui uma semana talvez nevasse! Pela primeira vez eu veria, tocaria e sentiria a neve, era tão empolgante pensar nisso.

Quando eu entrei na sala de Misses, ela falava ao telefone super empolgada com um tal de David. Tremi com o nome, mas não me importei muito. Sentei-me na poltrona a frente dela, Misses logo desligou o telefone e estendeu a mão para ler a minha matéria. Ela leu por uns cinco minutos e depois um sorriso surgiu na sua face, mais uma matéria bem feita.

– Isso está ótimo Jane! Ah, você é ótima! – ela exclamou largando a folha na mesa.

– Que bom, obrigada. – respirei aliviada.

– Ah, que isso querida... – ela falou balançando a mão e rindo do meu alivio – Bem, você deve estar se perguntando por que eu te chamei aqui, não é?

– Sim, estou curiosa! – exclamei concordando com ela e rindo, todos os jornalistas são curiosos.

– Tenho excelentes notícias! Lembra-se daquela entrevista que você fez com o chefão do Greenpance? – ela perguntou-me empolgada, assenti com a cabeça, então ela continuou – Eu consegui uma super entrevista para você, irá promovê-la ao extremo, ficará conhecida em todo o país e talvez até no mundo! – exclamou ainda mais alegremente.

Eu tremi na poltrona e fiz a pergunta morrendo de medo:

– Quem eu irei entrevistar?

– Será a banda mais famosa da Alemanha! – Misses respondeu batendo palminhas.

Encarei-a por um momento esperando a vertigem passar, minha expressão devia ser de choque, pavor, eu estava amedrontada. Como assim uma entrevista com a mais famosa banda alemã? Isso não podia ser verdade, não podia ser eles, não podia ser ele! Não podia entrevista-los, não conseguiria!

– Que banda você diz? – perguntei-a depois do meu longo silêncio.

– Ora querida, é claro que eu estou falando do Tokio Hotel... Quem mais podia ser? – respondeu-me rindo, como se fosse à coisa mais normal do mundo entrevistá-los.

– Oh mein Gott, eu preciso de um minuto. – falei me levantando da poltrona.

– Então vá buscar um café para nós, querida... Deve estar nervosa por entrevistar uma banda que é fã, fiquei assim quando entrevistei o U2. – falou gentilmente.

Sai da sala, respirei fundo três vezes e andei até a cafeteira. Foi trágica a minha tentativa de colocar café nos dois copos, Vaneza teve que me ajudar se não derramaria tudo em mim. Voltei para a sala da minha chefa segurando firmemente os copos de café, Vaneza abriu e fechou a porta para mim, pedindo que depois lhe contasse tudo. Fiz um gesto afirmativo para ela. Quando me sentei novamente na poltrona e bebi um grande gole de café, olhei para ela e comecei:

– Misses, eu não posso fazer essa entrevista. – afirmei pausadamente.

Ela me olhou chocada e piscou diversas vezes, digerindo o que eu tinha acabado de falar.

– Como assim? Você tem que fazer essa entrevista! Quando eu falei que chamaria Jane Toledo para entrevista-los, eles perguntaram várias vezes se era você mesma, insistiram para que fosse você ou então, nem aceitariam serem entrevistados para o jornal. – explicou me encarando nervosa.

– Eu não posso, não irei conseguir, ficarei muito nervosa, mal conseguirei falar com eles. – falei já começando a morder o lábio inferior.

– Claro que você irá conseguir, seja profissional minha querida, como eu sempre fui e tentei. Sei que você é ótima em fazer perguntas nunca feitas, tenho certeza que se saíra super bem. Você tem capacidade para isso, pode fazer melhor que Belle. – ela falou me olhando seriamente, quase conseguindo me convencer.

Belle era a segunda melhor jornalista da Misses, após a minha entrada no Bild, eu me tornei a melhor. Não que eu quisesse me gabar, nem nada, mas eu adorava o que fazia e conseguia escrever super bem, era uma coisa fácil de entender. Ás vezes escrevia coisas mais especificas, mas somente quando o assunto era para um pessoal em especial, Misses adorava esse jeito. Apesar de Belle não gostar de mim por eu ter tomado o lugar dela, nunca fiz nada que a prejudicasse, nunca me meti no trabalho dela, nunca a ofendi, o contrario do que ela fazia contra mim sempre que tinha chance.

Minha chefa acabou me convencendo, não teve como eu dizer não para ela. Ao menos tinha uma semana para me preparar. Eu estava apavorada, tinha uma semana para preparar onze perguntas que mudariam a minha carreira e uma semana para me preparar mentalmente. Milhares de pessoas leriam aquela entrevista, ela teria que ser preparada nos mínimos detalhes.

A semana passou mais rápido do que eu desejava, ao menos consegui concluir com sucesso as perguntas sem noção que eu faria. Misses aprovou-as em meio a risos, seria uma entrevista divertida se eu estivesse preparada mentalmente. A noite que antecedia a entrevista mal consegui dormir. Fiquei ouvindo Humanoid até pegar no sono, coisa que foi um pouco antes do amanhecer. O celular despertou duas horas depois que eu dormi com os fones do MP3, estava horrível, mas iria daquele jeito mesmo. Apenas disfarcei um pouco as olheiras recém adquiridas e coloquei uma roupa menos surrada das que eu costumava usar, já que me metia em cada uma... Vesti uma calça jeans simples e quentinha, uma blusa de lã, o meu sobretudo novo e umas botas de couro falso. Meu apartamento estava um pouco bagunçado, meu quarto eu deixei uma bagunça, já que estava atrasada, apenas ajeitei a cozinha e a sala.

A minha ida até o jornal foi tranquila, apenas começou há nevar um pouco. Eu estava encantada com aquilo, nunca tinha visto a neve, mas caiam flocos pequeninos. A previsão era que até o final do dia, a linda Berlim estaria branquinha. Esqueci-me um pouco da entrevista que faria naquele dia, queria que o final do dia chegasse logo para que eu pudesse me deitar na neve, desejo louco eu sei. Mas quando cheguei ao jornal, o pavor voltou.

Fiquei traficada na minha sala a manhã inteira, treinando diversas vezes como iria entrevistá-los e verificando se o gravador estava funcionando bem. O gravador era novinho e super moderno, sem fitas, era igual ao do MP3, só que mais profissional. Saia da minha sala apenas para pegar mais café e ir ao banheiro, acho que nunca bebi tanto café na vida! Na hora do almoço, fui ao MC Donald’s do shopping com a Vaneza, ela disse que íamos honrar os garotos comendo fast-food, brindamos com coca-cola desejando o sucesso da minha entrevista. Para me acalmar mais um pouco, tomei sorvete de caramelo e de chocolate, meus calmantes preferidos.

A entrevista seria as três, fiquei da uma até as duas e meia bebendo café, bebi tanto café que acabei ficando super elétrica, cheia de energia, parecia que eu tinha bebido outra coisa. Fiquei esperando-os andando de um lado para o outro pela minha sala e olhando pela janela. Quando vi uma van preta com o logo do Tokio Hotel parar na porta do prédio, eu me apavorei. Comecei a roer as unhas sem me importar se elas estavam feitas ou não, bebi mais e mais café, e para não ficar com o hálito de café, mastiguei apressadamente um chiclete.

Assim que ouvi gritos animados por de trás da porta, retirei um espelhinho da minha mochila, dando uma checada no meu visual e vendo se todos os meus CDs e DVDs estavam lá, se tivesse coragem pediria para eles autografarem. Olhei meu reflexo de aparência super nervosa e joguei o chiclete fora, tentei me acalmar. Bateram na porta, mas a conversa lá fora continuava animada e parecia estar um pouco distante, disse que podia entrar numa voz extremamente nervosa. Quando a porta se abriu, ele entrou por ela, fechando-a logo em seguida e me encarou, sorrindo aquele sorriso lindo.

– Olá Jane, finalmente nos encontramos novamente. – falou olhando-me sorrindo.

Bill Kaulitz estava parado à minha frente sorrindo para mim.

Postado por: Grasiele

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Arquivos do Blog