domingo, 3 de junho de 2012

Hypnotized By Jane - Parte I

 


Oh, quem diria que eu cheguei à Alemanha! Eu sei que deveria estar super animada por ter chegado à Europa, logo em Berlim, a linda Berlim que eu tanto sonhava... Mas estou pouco empolgada. Terei que trabalhar, lado ruim. Lado bom, farei o que eu gosto.

Sou Jane Toledo, estagiária alocada de jornalismo e tenho meus míseros dezenove anos. Morava no Brasil, mas por ser fluente em alemão, inglês e italiano, farei meu estágio no lugar que escolhi, Alemanha. Tudo bem, não posso acreditar que estou aqui, isso é incrível, mas ao mesmo tempo é horrível. Apesar de amar a vida de jornalista, ela é super corrida e mal terei tempo para admirar a cidade.

Meu sonho desde pequena é sair correndo pela linda Berlim, encontrar meu príncipe encantado, coisa meio difícil, pois ele deve estar em turnê e também não acredito que ‘príncipe encantado’ exista, mas no final, quero ser feliz... No final desse meu sonho maluco. Okay, preciso parar de sonhar e encarar a realidade nua e crua.

– Bem vinda à Alemanha. – minha nova chefa me desejou.

Misses Schüz era ela, a grande senhora da redação do jornal que eu trabalharia. Ela devia ter no máximo uns quarenta anos e estava no auge da sua carreira, com o maior posto no maior jornal de Berlim e da Europa, o famoso Bild. E eu era muito sortuda por estar nas mãos dela. A Sra. Schüz via em mim o que eu não conseguia ver.

“- Um futuro super promissor você terá, é um gênio do jornalismo!”. Foi o que ela disse assim que me conheceu, quando viu as matérias que eu escrevia, minhas notas da faculdade e como eu tinha me formado em menos de três anos. Eu tinha saído com as maiores notas em dez anos do país, meus pais se orgulhavam muito de mim, mas não queriam me deixar ir para a Alemanha, não queriam me deixar realizar meu sonho louco de entrevistar os meus ídolos. Entretanto, eles não contavam que a Sra. Schüz ia me apoiar tanto, até um apartamento todo mobiliado ela arranjou para mim, próximo ao meu local de trabalho, no centro da cidade! Então, eles não tiveram como não me deixar ir para a Alemanha.

A Sra. Schüz foi me buscar no aeroporto e me ajudou a deixar minhas coisas no meu novo lar, um apartamento simples, mas perfeito para mim. Depois fomos para o jornal e meu medo cresceu. Ela devia ter comentado bastante sobre mim para o pessoal de lá, pois quando eu passava pelos corredores ao lado dela, todos me olhavam com uma estranha admiração...

Eu tinha a minha própria sala, nem acreditei quando ela falou aquilo. A sala era espaçosa e tinha um sofá enorme, tipo uma sala para trabalhar e entrevistar as pessoas... O sofá seria bom para descansar, tinha uma mesa de madeira com mármore e uma estante com muitos livros, arquivos, coisas que com certeza eu iria precisar. Aquilo sim era um jornal de primeiro mundo!

No meu primeiro dia de trabalho, eu fiz uma matéria de segunda página, uma nova amizade e uma inimizade. Vaneza Obër foi super gentil comigo, me ajudou com a maquina de café, eu bebo muito café quando estou nervosa... Ela me ajudou e fomos lanchar juntas, percebemos muitas coisas em comum. Já Belle Viernëzer não gostou muito de mim, talvez porque eu estava tomando o lugar de queridinha dela, mas não me importei com aquilo, ela não iria me atrapalhar, não no meu primeiro dia de trabalho.

Quando terminou o expediente, onze horas da noite, eu estava exausta! Onze horas, sei que é estranho, mas entrei às três da tarde, oito horas completas de serviço... Acha que é fácil vida de jornalista? Não é só porque eu cheguei às nove horas da manhã que ficarei sem trabalhar, apesar da viagem ter sido super cansativa... Mentira! Dormi a viagem inteira escutando eles. Todo o pessoal do jornal foi legal comigo, menos a tal Belle. E após a minha ótima matéria de segunda página, a Sra. Schüz permitiu que eu folgasse o dia seguinte, para que me adaptasse ao fuso horário e ajeitasse as minhas coisas no meu novo apartamento.

Pensei em gastar aquela noite para conhecer Berlim, mas estava super cansada, precisava de um bom banho e uma boa dormida, foi exatamente o que eu fiz.

Passe o dia seguinte arrumando minhas coisas no meu novo apartamento e ouvindo uma rádio local. O melhor das rádios alemães é que eles estão sempre nelas! Assim que consegui ajeitar tudo, sai para comprar algumas coisas para a minha sobrevivencia, ia ao supermercado que tinha visto a caminho da redação. Mas a minha saída não foi nem um pouco tranquila.

Assim que passei pelo parque central, eu vi um bando de garotas alucinadas correm na minha direção, elas estavam com camisetas de alguma banda que não consegui identificar, pois elas passaram super rápido por mim e eu me afastei para mais dentro do parque, quase caindo num banco. Depois, eu fiquei parada ao lado do banco que nem uma estátua por um longo momento, esperando para ver se algo mais estranho acontecia e para a minha surpresa, aconteceu.

– Por que está aí que nem uma estátua? – uma voz perguntou-me, parecia vir detrás de uma das árvores.

– Eu deveria estar correndo? – perguntei ainda parada, tentando achar o indivíduo que falava comigo.

– Okay, talvez você não goste de quem elas estavam correndo atrás. – conclui o ser.

– Mesmo que eu gostasse do cara, não iria conseguir correr atrás, iria me esconder. – falei verdadeiramente dando de ombros.

Isso sempre acontecia quando eu via alguém que tinha muita admiração, não conseguia falar, ficava gaguejando pior que um gago e me escondia ou corria.

– Por que se esconderia? – perguntou-me curioso, saindo detrás da árvore.

– Vergonha. – dei de ombros e encarei a figura à minha frente.

Primeiramente, eu fiquei sem ação, encarando-o sem acreditar no que estava vendo. Depois eu me apavorei, segurei a vontade louca de agarrá-lo e fui para trás de uma das árvores me esconder. Ele riu divertido e percebi se aproximar de mim.

– Eu não mordo. – garantiu-me – Queria apenas vê-la.

– A-acho que nã-não é uma boa i-ideia. – falei super gaguejante me abaixando atrás da árvore.

– Não seja tímida. – falou, a voz dele ficou séria – Pelo menos diga-me o seu nome. – pediu.

Pensei por um momento nas possibilidades, provavelmente ele nunca mais se lembraria de mim e se procurasse saber sobre mim, perceberia que eu era super desinteressante, que mal havia em falar o meu nome? Impossível que ele viesse atrás de mim.

– Jane Toledo. – falei incrivelmente sem gaguejar, milagre da nação!

– Ótimo, foi um prazer conhece-la Jane Toledo.

Depois ouvi barulhos de pneus derrapando no asfalto e olhei na direção que ele estava, uma van preta parou próxima dele e dois seguranças saíram dela. Meu ídolo me encarou por um momento e piscou para mim, os seguranças que tinham saído da van preta o escoltaram para dentro e as garotas voltaram correndo naquela direção, eu permaneci escondida atrás da árvore, observando a van sumir. Ele foi embora.

Agora tinha certeza, jamais conseguiria entrevista-los. Cai sentada na grama, não podia acreditar que na minha primeira saída para Berlim eu tinha encontrado meu ídolo.

Postado por: Grasiele

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