terça-feira, 24 de janeiro de 2012

The Nanny - Capítulo 42 - Testamento.

(Contado pela Kate)

– Sentimos muito – disse o outro. -, mas infelizmente não houve sobreviventes.

Fiquei completamente sem fala. Bill e Brian se aproximaram...

– O que houve? – pergunta, Bill. – Kate?
– Leve o Brian lá pro quarto. – disse ao Bill.

Bill chamou pela Brenda, que levou o pequeno pro quarto. Convidei os rapazes para entrarem, pra podermos conversar um pouco mais sobre este assunto. Nos sentamos no sofá.

– E vocês... Já sabem quais foram às causas dessa queda? – perguntei.
– Ainda não. – respondeu o loiro. – Mas assim que tivermos qualquer informação, avisaremos.
– E os... Os corpos? – pergunta, Bill.
– Nenhum fora encontrado. – diz o outro. – E isso provavelmente demore um pouco, pois o avião caiu numa mata que é muito fechada, e pode dificultar a ação dos bombeiros...

Após conversamos o necessário, eles foram acompanhados até a porta, pelo Bill. Continuei sentada no sofá.

– É difícil de acreditar que algo assim realmente aconteceu. – diz Bill, se aproximando.
– Como iremos contar pro Brian? – meus olhos se encheram de lágrimas.
– Não faço idéia. – ele se sentou ao meu lado, e me abraçou. – Mas com certeza não te deixarei sozinha nessa. – comecei a chorar.

O problema não era saber sobre a queda do avião, e que não houve sobreviventes. A maior dificuldade seria contar aquilo pra uma criança de apenas sete anos.

Enquanto o Brian brincava em seu quarto, chamei a Brenda e lhe contei tudo. Ela também não acreditou, e até derramou algumas lágrimas. Mas naquele momento não poderíamos apenas ficar chorando, precisávamos encontrar a “melhor” maneira de falar com o pequeno, mesmo sabendo que não havia uma boa maneira.

MAIS TARDE...

Entrei no quarto do Brian, e ele estava sentado em sua cama. Tive a leve sensação de que ele já sabia de alguma coisa. Me aproximei, e sentei-me ao seu lado. O Bill ficou em pé, lá na porta. E a Brenda chorava tanto, que não teve condições de nos ajudar.

– Porque estão quietos? – pergunta, Brian.
– Precisamos falar com você. – disse.
– O que foi que eu aprontei desta vez?
– Nada. – Bill se aproxima, e senta-se do outro lado. – Você não aprontou nada.
– Então porque estão com essas caras?
– É que... O assunto é um pouco delicado. – disse.
– Falem logo.

Pedi que o Bill começasse a falar, pois eu não conseguiria.

– Bem... – Bill respirou. – Os seus pais... Eles sofreram um acidente.
– Que tipo de acidente? – Brian o encarava.
– O avião que eles estavam...
– O avião caiu? – pergunta Brian.
– É... – responde, Bill.
– E onde eles estão agora?
– Ainda não sabemos. – respondi.

Sinceramente, achei que seria muito mais difícil. Ele até que “encarou” bem aquela noticia. Não derramou uma lágrima se quer, mas em compensação, foi dormir mais cedo, o que não é nada comum.

Naquela noite, não consegui pregar os olhos. Fiquei acordada até que o Sol nascesse. A Brenda precisou tomar alguns remédios, pra ver se conseguia dormir, mas não adiantou muita coisa. E o Bill ficou todo o tempo ao meu lado.

– Kate, você precisa descansar um pouco. – diz Bill. – Passou a noite inteira sem dormir.
– Se eu conseguisse. – disse. – Mas só consigo tentar imaginar o que acontecerá agora. – olhei pra ele. – O que será do Brian?
– Poderíamos adotá-lo.
– É muito fácil falar. – sorri. – E além do mais, o Brian tem avós, que provavelmente vão lutar por sua guarda.

Meia hora depois, a campainha toca. Me levantei e fui ver quem era. Estava temendo que fosse mais alguma noticia ruim. Mas era apenas o Derek, advogado da senhora C.

– Olá. – diz ele, estendendo sua mão para me cumprimentar. – Desculpe ter vindo nessa hora, mas precisava conversar com você.
– É noticia ruim? – perguntei.
– Não. – ele riu. – Só vim avisar que estou com uma cópia do testamento da minha cliente, e quando soube do que aconteceu, tive que lê-lo.
– Um-hum.
– O seu nome e o da empregada, foram citados. – diz ele. – Se ficar mesmo comprovado que o casal O’Connell não sobreviveu ao acidente, vocês duas deverão comparecer em meu escritório, daqui duas semanas.
– Pra quê? – pergunta Bill.
– Farei a leitura do testamento, em frente aos familiares mais próximos e as pessoas que foram citadas. – respondeu.
– E porque eu seria citada no testamento dela?
– Não posso comentar nada sobre o assunto neste momento, pois mesmo que seja improvável, ainda tenho esperanças que eles estejam vivos. – ele fez uma pausa. – Bom, só passei para dizer isto. E mais uma vez, me desculpem pelo horário.

O acompanhei até a porta. Achei essa história de testamento, muito estranha. A senhora C e eu não tínhamos tanta intimidade assim, pra ela ficar colocando meu nome em documentos. Me sentei ao lado do Bill, no sofá.

– Será que ela te deixou alguma herança? – diz ele.
– Até parece. – nós dois rimos. – Porque faria isso?
– Sei lá. Mas seria bem legal, não é?
– Não seria ruim, mas... Também não vejo motivos pra ela me deixar qualquer coisa.
– Como não? – ele me olhou. – Você quem cuidou do Brian esse tempo todo, enquanto ela não fazia absolutamente nada!
– Eu estava sendo paga pra fazer isso.
– Você não foi paga pra fazer uma festa de aniversário pra ele.
– Isso não tem nada a ver. Fiz a festa, porque achei que deveria fazer.
– Eu sei, mas...
– Olha – o interrompi. -, não vamos ficar falando nisso agora.
– Tá legal.
DUAS SEMANAS DEPOIS...

Com as informações dos peritos, ficou comprovado que não sobreviveu absolutamente ninguém pra contar a história. O motivo do acidente? O dia estava meio nublado e com sinais de que iria chover. Pra completar, uma ave se perdeu no meio do caminho e foi parar numa das turbinas do avião, fazendo o mesmo cair numa mata fechada.

Então o Derek enviou uma carta, pedindo que a Brenda e eu fossemos até seu escritório, para participarmos da leitura do testamento. Fiquei meio sem jeito, pois não me considero tão importante assim pra participar de algo tão pessoal. O Bill foi um anjo, e disse que cuidaria do Brian até voltarmos.

Quando entramos na sala do Derek, havia mais cinco pessoas. Eram todos da família da senhora C. Eles pareciam estar um pouco abatidos e tristes – e acho que não poderia ser diferente. Os cumprimentei, e dei os meus pêsames. Em seguida me sentei num sofá de couro, muito confortável, e a Brenda fez o mesmo.

– Boa tarde. – disse Derek, entrando na sala. – Bem, não irei demorar, pois sei que vocês são ocupados e precisam seguir suas vidas. Só quero avisar que todos aqui presentes foram, de alguma forma, citados no testamento. Caso não concordem com algo, peço desculpas, mas o meu único dever é assegurar que os desejos da minha cliente sejam respeitados.

Ninguém falou nada. Pouco depois o Derek retirou um envelope de sua pasta, abriu o mesmo, e começou a ler.

Se alguém estiver lendo este testamento, é porque provavelmente já não pertenço mais a este “mundo”. Me encontro no meu perfeito juízo, livre de qualquer coação, deliberei fazer esse meu testamento particular, como efetivamente o faço, sem constrangimento, em presença do meu advogado e amigo; Derek, no qual exaro minhas últimas vontades, pela forma e maneira seguinte: meu único herdeiro, Brian O’Connell, deverá ser criado pela única pessoa que confiei durante minha vida inteira; a empregada Brenda Sales. Ela acompanhou o crescimento de meu filho, e sabe suas necessidades. Tenho certeza que não o abandonará. Deixo 20% da minha herança para meus pais. Os outros 20% será destinado à babá que me ensinou e me ajudou em certos momentos; Kate Braddock. E os 60% restantes, ficará numa conta bancária, até que o Brian atinja maior idade para mover o dinheiro e usá-lo a seu dispor. Meu apartamento deverá ser vendido, e toda renda revestida à uma instituição de caridade. Assim expressando minha última vontade, pedindo à Justiça de meu País, que o faça cumprir como este se contém e declara, e à testemunha, perante a qual li este mesmo testamento, que o firme em juízo, de conformidade com a lei. Dou, assim, por concluído este meu testamento particular.

Margaret O’Connell

Sinceramente, me surpreendi com a senhora C. Não poderia imaginar que ela fosse uma pessoa tão boa assim. Quem em sã consciência deixaria a guarda de seu filho com a empregada, e ainda doaria 20% de sua herança pra uma babá? Fiquei feliz por saber que o Brian não ficará mais sozinho. Só não sei o que farei com o dinheiro que ela deixou pra mim. Irei pensar com muito carinho e cuidado, pra tentar fazer a coisa certa.

Postado por: Grasiele

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