terça-feira, 24 de janeiro de 2012

The Nanny - Capítulo 35 - Isto é uma ameaça?

(Contado pela Kate)


– Casamento é coisa séria, Bill.
– Acha que não quero nada sério com você?
– Não sei. Suportaria passar seus dias ao meu lado?
– Sem dúvida alguma.

Novamente aquele silêncio tomou conta, e a conversa foi interrompida quando o telefone começou a tocar. Me levantei e fui atender.

– Alô? – fiz uma pequena pausa para escutar o que estavam dizendo. – E já chamou o médico? – novamente a pausa. – Chego ai em poucos minutos. – desliguei.
– Aconteceu alguma coisa? – pergunta Bill, se aproximando.
– A senhorita O’Connell disse que o Brian está com febre, e passou a noite inteira chamando meu nome.
– Esse garoto realmente te ama.
– Preciso ir pra lá o mais rápido possivel. Pode me dar uma carona?
– Claro.

Subi pro banheiro e tomei um banho rápido. Retornei ao quarto, e o Bill já estava vestido. Perguntei se não queria tomar um banho, mas ele disse que era melhor irmos logo já que o Brian estava doente, e que tomaria quando chegasse em casa.

Passei o percurso inteiro preocupada com o Brian, e não via a hora de chegar para poder vê-lo. Assim que os portões do condomínio foram abertos, minha ansiedade aumentou um pouco mais. Bill estacionou, e rapidamente sai do carro. Apertei o botão do elevador, e aguardei.

– Calma. – disse Bill. – Ele não deve estar tão mau assim. Deve ter sentido sua falta, e isso é normal.
– Estou começando a me arrepender do que fiz.
– Não, não é hora pra ficar falando essas coisas. – olhei pra ele. – Sabia muito bem que seria difícil uma despedida, e ele precisa se acostumar, assim como tentarei fazer o mesmo. – me abraçou. E as portas do elevador se abriram.

Pegamos o elevador, e aquela “demora” estava me deixando louca. As portas se abriram novamente, e saímos. Ali no corredor, Bill e eu nos despedimos com um selinho.

– Qualquer coisa me liga. – disse ele. – E tente não ficar tão preocupada.
– Ok.

Quando abri a porta do apartamento, quem eu encontro? O senhor C. Sim, ele mesmo. Também fiquei surpresa ao vê-lo ali, pois pensei que a senhora C havia tido uma briga feia com ele, e não quisesse mais olhar em sua cara. Mas como ele é o pai do Brian, deve ter vindo para ver o filho.

– Olá. – disse, um pouco tímida.
– Como vai, Kate? – pergunta ele, sorrindo.
– Bem, obrigada. – veio me cumprimentar com um aperto de mão.
– Onde está o Brian?
– No quarto.

Fui até lá, e a porta estava aberta. O médico particular da família lhe examinava. Senti um aperto no coração ao ver aquele pequeno deitado na cama. Me aproximei, e vi um sorriso largo surgi nos lábios dele. Meus olhos estavam lacrimejados, mas consegui me segurar.

– Ele só está com um pouco de febre. – disse o médico à senhora C. – Mas não é nada que se possa preocupar. – ele arrumou suas coisas. – Passarei um medicamento, que o fará melhorar. E lhe dê bastante água, para hidratar o corpo.
– Tem certeza que não é nada grave? – perguntei.
– Você é...? – ele me olhou estranho.
– Kate, a babá dele. – respondi.
– Então, Kate, pode ficar tranqüila, que o garotão ficará bom logo.

O médico se despediu do Brian, em seguida me cumprimentou e saiu do quarto acompanhado pela senhora C. Me sentei na cama, ao lado dele, e passei a mão em seu cabelo.

– Vai voltar a morar aqui? – pergunta ele.
– Brian, nós já conversamos sobre isso. – disse.
– Senti sua falta.
– Também senti muito a sua falta. Mas to tentando me acostumar.
– Então me leva pra morar com você.

Aquilo cortou de vez meu coração.

– Sua mãe me mataria. – respondi.
– Ela nem ligaria. – ele abaixou um pouco a cabeça. – Ela só se importa com o papai.
– Isso não é verdade. – me olhou. - Sua mãe se importa muito com você. E um bom exemplo disso, é que ela chamou um ótimo médico pra cuidar de ti.
– Mas eu não quero ficar aqui. Quero ir embora com você.
– Quando completar dezoito anos, pode ir. Mas agora não dá.

Já tá dando cantada no menino? Toma vergonha na cara, dona Kate! Bem, conversamos por algum tempinho, e ele acabou pegando no sono. Fechei as cortinas, liguei seu abajur, e sai, deixando a porta meio aberta. Voltei a sala, e o pai dele já tinha ido embora. A senhora C estava sentada no sofá.

– Ele dormiu. – disse.
– Kate, sente-se aqui.

Me sentei ao seu lado.

– Isso que aconteceu com o Brian, não foi simplesmente por acaso, ou porque tinha que acontecer mesmo. – disse ela. – Mesmo que tenha se mudado há um dia, ele sente sua falta. – fiquei quieta. – Ele passou o resto do dia de ontem, sem comer absolutamente nada, e foi dormir da mesma maneira.
– Desculpa estar causando tudo isso.
– Não é sua culpa. Eu que não sou a melhor mãe do mundo. – seus olhos se encheram de lágrimas.
– Não diga isso. A senhora é sim uma boa mãe.
– Que tipo de mãe não planeja a própria festa do filho? – começou a chorar um pouco. – Que mãe sou eu, que prefere ir trabalhar, a cuidar do seu bem mais precioso. – a abracei.
– Todos cometem erros. – ela continuava chorando. – E ainda dá tempo de concertar tudo. – nos desvencilhamos.
– O Brian prefere passar seus dias com você, e não comigo.
– Isso não é verdade.
– Sejamos sinceras. – ela enxugou o rosto. - Nós duas sabemos que essa é a mais pura verdade.

A senhora C realmente não foi uma das melhores mães, mas ela deve ter seus motivos para ser assim. E enquanto conversávamos, e ela desabafava, acabou me contando um pouco sobre sua vida. Contou como conheceu o senhor C, quando se casaram, e quando receberam a noticia da gravidez. E entre isso tudo, havia uma mulher completamente apaixonada por outro homem, e que foi obrigada a se casar com um empresário rico, para não ter que levar a mesma vida que seus pais. Pois é, a senhora C passou por maus bocados para chegar até onde chegou. E talvez esse seja o motivo dela ter sido tão fria com o filho, o que eu não acho que seja uma justificativa. Mas como minha mãe dizia “cada um de nós carrega a cruz que merecemos”.

Passamos um longo tempo ali conversando. No finalzinho da tarde, o Brian desperta e vem até a sala, dizendo que estava com fome. Era um bom sinal. A febre já havia baixado, e nem foi preciso comprar o remédio. O levei até a cozinha, e preparei um saboroso lanche. Nada que tivesse açúcar.

A noite chegou, e com ela veio também a tristeza que começara a transparecer no rostinho do pequeno. Eu não queria ter que me despedir dele, mas sabia que uma hora teria que fazer novamente. Estávamos assistindo a um filme infantil, quando ele pareceu ter uma brilhante idéia.

– Mamãe, posso ir dormir na casa da Kate? – perguntou.

Fiquei sem reação. A mãe dele já havia falado aquelas coisas, e agora ele me aparece com mais essa. Ela ficou calada por algum tempinho.

– Você tem colégio amanhã, querido. – disse ela.
– Faltar um dia não mata ninguém. – disse ele.
– Se a Kate não se importar... Tudo bem.
– Posso ir, Kate? – pergunta ele.
– S-Sim. – respondi.

Brian ficou feliz, e me deu um abraço. Se levantou do sofá, e foi pro quarto arrumar algumas coisas para poder levar consigo. Confesso que fiquei um pouco sem graça com aquilo. Mas a senhora C foi muito educada e gentil comigo.

xxx

– Seja bem-vindo. – disse, abrindo a porta.

Os olhinhos dele tentavam observar cada cantinho da sala. E um sorriso surgiu.

– Nossa. – disse ele. – Sua casa é linda.
– Obrigada. – fechei a porta.
– Tem cachorro?
– Cachorro? – eu ri. – A não, de bicho já basta eu. – nós rimos.
– To com fome.
– Adoido, oncinha! Acabou de comer. - coloquei a mochila dele em cima do sofá.
– Mas to com fome. – ele se sentou ao lado da mochila.
– Tá legal. Vou preparar alguma coisa.

Liguei a TV, e o deixei assistindo desenho, enquanto tentaria preparar alguma coisa. Aproveitei para ligar pro Bill.

– O médico disse que era só uma febre, mas nada grave. – disse.
Viu só? Eu disse pra não se preocupar.
– E adivinha quem está aqui comigo?
Não vai me dizer que o Brian foi dormir ai.
– O próprio.
To começando a ficar com ciúmes desse garoto. – eu ri. – Pode falar pra ele não ir se acostumando viu, porque o macho dessa casa sou eu.
– Essa casa é enorme, e cabem os dois.
Vou fingir que não ouvi isso.

Fiz dois sanduíches, e dei um jeito de caprichar neles. Escutei a campainha tocar, e gritei pedindo que o Brian fosse atender pra mim. Pouco depois ele aparece dizendo:

– O irmão do Bill está ai.

O quê que o Tom quer aqui? Pensei. Disse ao Bill que ligaria depois, mas não lhe contei sobre a visita inesperada de seu irmão. Fui até a sala para recebê-lo.

– Tom? – disse.
– Será que poderíamos conversar... A sós? – ele olhou pro Brian.

Achei aquilo ainda mais estranho. Olhei pro Brian que estava atrás de mim, e lhe disse:

– O sanduíche está pronto em cima da mesa, e o refrigerante também. – fiz uma pausa. – Se não quiser comer algo frio, é melhor ir logo.
– Não posso ficar aqui? – pergunta ele.
– Não. – respondi.
– Odeio adultos. – saiu resmungando.
– Bem... Não quer se sentar? – perguntei.
– Obrigado, mas o assunto é rápido. – disse Tom.
– Ok. Estou lhe ouvindo.

Ficamos parados de frente um para o outro. Cruzei os braços, e fiquei quieta, esperando que ele falasse alguma coisa.

– A Laura me ligou. – colocou as mãos nos bolsos da calça. – Ela disse que chegará amanhã do Caribe.
– Só veio até aqui para me dizer isso?
– Não. – estava sério. – Na verdade vim lhe pedir uma coisa.
– Me pedir algo? O quê?
– Que não se encontre mais com a Laura. – fez uma pequena pausa. – Ela demorou muito tempo para tentar te esquecer, e se vocês duas se reencontrarem, este sentimento pode voltar.
– Está brincando, não é? – dei uma risada.
– Pareço estar brincando? – pareceu estar ainda mais sério. Parei de rir.
– O que está me pedindo é loucura! – descruzei os braços. – A Laura e eu somos amigas, e não deixarei de vê-la só porque você quer.
– Você não entende, não é? A sua vida está praticamente feita, com o meu irmão. Mas a minha não! – ele alterou o tom de voz. – Custei muito para conquistar aquela garota!
– Primeiro, abaixe o tom de voz. – o encarei. – Segundo, deveria se garantir, e não ficar me fazendo esse tipo de pedido. E terceiro, não deixarei de falar com ela. – ele soltou um risinho, que eu não gostei.
– Não chegará perto da Laura!
– E quem vai me impedir?
– Você não me conhece, e não sabe do que sou capaz.
– Isto é uma ameaça? Porque se for, não estou sentindo um pingo de medo!

Ele ficou calado.

– Acho que a nossa conversa já acabou. – disse, caminhei até a porta e abri a mesma. – Tenha uma boa noite, Tom.
– Está avisada, não é? – ele me encarou. – Não chegue perto dela.
– Tchau, Tom.

Tom passou por mim, e se retirou. Foi só ele colocar os pés para fora, que bati a porta com força. Quem ele tá pensando que é pra vir até minha casa me fazer... ameaça(?)

Fui para a cozinha, e me sentei em frente ao Brian, que já estava devorando o segundo sanduíche, que era pra ser meu. Ô garoto guloso.

– O que o tio queria? – pergunta ele.
– Nada não. – respondi. – E não conta pro Bill que ele veio aqui, tá?
– Por quê?
– Por que... – pensei numa resposta convincente para lhe dar. – Porque estamos planejando fazer uma festa de aniversário pro Bill, e ele descobriria na hora, se você contasse que o Tom veio aqui.
– Aaahh. Pode deixar, que não contarei nada. – ele sorriu, e retribui.

Passei a noite praticamente inteira só pensando naquilo que o Tom veio me falar. Só conseguir relaxar, quando peguei no sono. Se o Bill descobrisse isso, com certeza brigaria com o irmão, e não quero que eles briguem novamente por minha causa. Então, é melhor que tudo fique em segredo.

Postado por: Grasiele

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