terça-feira, 24 de janeiro de 2012

The Nanny - Capítulo 38 - Perfeito.

Eu só quero ficar sozinho hoje a noite
Eu só quero poder respirar um pouco
Porque ultimamente tudo que fazemos é brigar
E toda vez isso me machuca mais

(Contado pela Kate)

Depois que o Bill foi embora, me sentei no sofá, e comecei a chorar. Tentei me controlar, mas estava difícil. Ele tinha mesmo terminado comigo, ou aquilo foi uma simples briguinha? E porque ele não está atendendo aos meus telefonemas? O desespero começou a tomar conta de mim.

– O quê que eu vou fazer? – perguntei a mim mesma. – Se meu namoro estiver acabado, o Tom pode começar a se preparar, porque vou matar ele!

Até eu fiquei com medo de mim. Que tipo de pensamentos maléficos são esses, hein? Pensei. Me levantei, e fui até a cozinha. Abri a geladeira, peguei a jarra de água e a coloquei sobre a mesa. Abri um dos armários, e peguei um copo. Despejei o liquido no copo, e bebi praticamente toda a água da jarra, de tanto nervoso. Me sentei numa das cadeiras, e novamente comecei a chorar. Odeio esses momentos depressivos.

Eu estava sozinha, precisando de companhia para desabafar. O telefone do Bill não atendia, a Brenda já deveria estar dormindo... A única pessoa disponível no momento seria? Laura. Minha situação já estava complicada, e se eu a chamasse até aqui, ai que as coisas ficariam feias mesmo. Mas eu realmente estou precisando falar com alguém.

Voltei até a sala, me sentei no sofá, peguei o celular e comecei a discar os números. E até agora não me conformei com o Bill ter ficado com raiva por eu ter escondido uma besteirinha dele. Que dramático. Tá legal, não foi exatamente uma besteirinha. Mas precisava fazer todo aquele drama, e me deixar louca desse jeito?

– Laura, to precisando muito falar com você. – disse.
Algum babado?
– Não! – respondi. – Acho que o Bill terminou comigo.
Chego ai em cinco minutos.

Lhe passei o endereço, e esse tempo pareceu ser uma eternidade. Na verdade, ela demorou dez minutos para chegar. A campainha tocou, e fui atender.

– Você acha que o Bill terminou com você, e isso não é um babado? – ela entra, e vai diretamente pro sofá. – Mas porque acha isso?
– Tivemos uma discussão, e ele foi embora.
– Só isso?
– E acha pouco? – me sentei ao seu lado.
– Foi apenas uma briguinha boba. Daqui a pouco vocês voltam a se falar.
– E se isso não acontecer?
– Não seja negativa. – ela me abraçou. – E qual foi o motivo de tudo?
– Seu garotão inexperiente. – nos desvencilhamos. – Ele está com medo de que eu roube você dele. – ela riu. – Não fica rindo não! O Tom me pediu pra ficar longe de você!
– Sério mesmo que ele fez isso?
– Um-hum. Ô garoto idiota, antipático, sínico. Odeio ele. – ela riu de novo.
– Dá um desconto, vai. Ele só não quer me perder. E além do mais, o Tom não é uma má pessoa.
– Ô Laura, se eu to falando mal dele, é pra você concordar comigo, e não ficar contra mim!
– Tudo bem. Ele é mesmo um idiota!
– Acha mesmo?
– Óbvio que não, mas como preciso concordar com você...

Passamos um longo tempo conversando. Consegui desabafar tudo, e pude até xingar o Tom de tudo quanto foi nome. Nunca havia xingado tanto uma pessoa. A orelha dele deveria estar queimando.

Estava muito tarde, e ficaria um pouco perigoso para a Laura ir pra casa. Então, resolvi convidá-la para dormir aqui. Lhe mostrei o quarto de hóspedes, e ela pareceu ter ficado a vontade. Fui pro meu quarto, e tranquei a porta. Vai que ela resolve dar a louca e vir me atacar? Não queria correr esse risco. Antes de dormir, tomei um banho caprichado e relaxante. Coloquei uma camisola de seda na cor salmão, e me deitei.

Bastou fechar os olhos, para ver perfeitamente o rosto do Bill, com aquele sorriso que me faz suspirar só de pensar.

(Contado pelo Bill)

Estava deitado em minha cama, de barriga pra cima. Fiquei olhando pro teto por alguns minutos, depois me sentei. Abri a primeira gaveta da mesinha de cabeceira, e tirei de dentro, uma foto da Kate. Me deitei novamente, e fiquei olhando pro seu rosto.

Sei que posso ter pegado um pouco pesado, mas ela sabe melhor do que ninguém, que odeio mentiras. E ela preferiu me deixar descobrir, a me contar a verdade. Porque ela mesma não me disse? Custava fazer isso? Se era medo, medo de quê? O Tom não seria capaz de machucar uma mosca, ou seria? Só sei que essa nossa primeira discussão está me fazendo mal. Nunca pensei que sentiria falta dela dessa maneira, e olha que nem estamos a tanto tempo “separados”.

(Contado pela Kate)

O dia clareou, e posso dizer que fiquei a noite inteira acordada só pensando numa maneira de como fazer as pazes com o Bill. Me levantei, e fui até o banheiro. Abri as torneiras, e deixei a água preencher a banheira. Enquanto isso, fiz minha higiene bucal. Prendi o cabelo, e tirei a camisola. Coloquei alguns sais aromáticos na água, tirei a calcinha e o sutiã, e fiquei de molho por alguns minutos. Pela primeira vez, adorei ficar em silêncio.

Sai enrolada numa toalha, mas não estava com nenhuma vontade de encarar o dia para trabalhar. Peguei o celular, e liguei para a senhora C. Disse que não estava me sentindo muito bem, e que não iria poder cuidar do Brian. Ela foi compreensiva, e aceitou numa boa. Desliguei, e fui procurar uma roupa. Coloquei um vestido leve; penteei o cabelo, e o prendi num coque bagunçado, passei o perfume, desodorante... Fiz uma leve maquiagem, e sai do quarto.

A Laura estava na cozinha, e havia preparado o café da manhã.

– Bom dia. – disse ela.
– Só se for pra você. – disse, em seguida me sentei numa cadeira. – Porque o meu dia já começou péssimo.
– Ah não! – se aproximou de mim. – Você não vai ficar desse jeito só por causa de uma discussão, não é?
– E como quer que eu fique?
– Tente não pensar muito no que aconteceu.

Ela me deu alguns conselhos, e por mais incrível que pareça, não me passou nenhuma cantada. Tomei o café, e fui me deitar no sofá da sala. Laura deixou toda a cozinha arrumada, pegou sua bolsa...

– Tenho que ir pro trabalho agora, bê. – me deu um beijo no rosto. – Qualquer coisa me liga.
– Obrigada por tudo.
– Sem problemas. Amigos são pra essas coisas.

Eu estava tão desanimada que não fui nem levá-la até a porta. Alguns minutos depois dela ter ido embora, a campainha toca. Me levantei com aquela preguiça e fui ver quem era.

– Aposto que esqueceu alguma coisa, não é Laura? – abri a porta.

Não era a Laura; era o Bill.

– Bill? – fiquei surpresa e feliz, ao mesmo tempo.
– A Laura esteve aqui?
– Acabou de sair. – respondi.
– Há essa hora? – lhe dei espaço para entrar. – Não é muito cedo para se fazer uma visita?

Olha só quem fala.

– Ela veio aqui ontem pra conversar comigo, ficou muito tarde, e a convidei para dormir. – disse, fechando a porta.
– Então quer dizer que ela dormiu aqui? – ele se virou pra mim.
– Sim. No quarto de hospedes.
– Sei.
– Não está acreditando, pergunte a ela.
– Olha, não vim até aqui pra falar sobre o que você e a Laura fizeram. Só vim pra tentar conversar, mas acho que não foi uma boa idéia.
– Porque não?
– A sua amiga já fez esse favor.
– O quê? – soltei uma leve risada. – O que está insinuando?
– Nada.
– Está sim! Você tá querendo dizer que passei a noite com ela. Mas isso não é verdade.
– Quem garante?
– Isso... Isso é burrice! Porque eu ficaria com ela, se tenho você? Quero dizer...

Ele ficou me olhando.

– Mal virei às costas, e você já a coloca aqui dentro. – disse ele.
– Não fique julgando sem saber!

Novamente estávamos discutindo.

– Bem que o Tom me avisou.
– Avisou o quê? – me aproximei.
– Que eu receberia aquele soco de volta, quando você me traísse com a Laura.
– Eu o quê? Ficou maluco? Perdeu o juízo, foi? – fiquei indignada com aquilo que ele disse. – Quem disse que a Laura e eu fizemos alguma coisa?
– Está na cara! Ela gosta de você, passa a noite aqui, e vocês duas...
– Você está sendo injusto!
– E você não foi sincera comigo, sobre o que o Tom te falou!
– Uma coisa não tem nada a ver com a outra!
– Tem tudo a ver!
– Já que estamos “lavando as roupas sujas”, não é preciso eu te lembrar que te vi agarrado com outra, não é?
– Ela quem me beijou.
– Um-hum. E eu sou a chapeuzinho vermelho.
– Eu sou um idiota mesmo, sabia?
– Nisso tenho que concordar.
– Viu só?! Acabou de confessar.
– Confessar o quê?

Eu estava ficando louca de novo.

– Acabou de confessar que dormiu com a Laura.
– Mas eu não disse nada! – fiz a minha pausa. – Sabe qual é o seu problema? Você não confia em mim, e é dramático!
– E como posso confiar desse jeito? E não sou dramático! Você que vive fazendo coisas erradas.
– Quer saber, não dá pra ficar tentando concertar as coisas, se você também não colabora.
– Vai querer que eu colabore com suas safadezas?

Eu ri. E tinha como ser diferente?

– Tudo bem, pra mim já chega. – disse, com mais calma. – Acho que já deu tudo que tinha de dar.
– O que quer dizer com isso? – ele também se acalmou um pouco.
– Quero dizer que nosso namoro acabou.

Ele ficou calado por alguns segundos.

– Ótimo. – disse ele, de uma vez. – Porque eu não posso ficar com alguém que não confia em mim, e que não espera nem eu virar as costas para colocar outra pessoa aqui.
– E eu não posso ficar com um idiota que não confia em mim.
– Agora sou idiota, não é? Acho que esse namoro não deveria nem ter começado!
– Concordo plenamente! – caminhei em direção até a porta, e a abri. – E se não tiver mais nada pra dizer, pode ir embora. – desviei meu olhar do seu.
– Perfeito. – ele saiu, e bati a porta com força.

Postado por: Grasiele

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