A música começa a tocar como o final de um filme
triste,
É o tipo de final que você realmente não quer ver.
Porque é uma tragédia e isso apenas te deixa pra
baixo,
Agora eu não sei como vai ser sem você por perto.
triste,
É o tipo de final que você realmente não quer ver.
Porque é uma tragédia e isso apenas te deixa pra
baixo,
Agora eu não sei como vai ser sem você por perto.
(Contado pelo Bill)
Ela ficou calada por alguns instantes. Notei que pareceu um pouco desconfortável. Bebeu um pouco do refrigerante, enquanto eu continuava encarando-a, esperando por uma resposta.
– Kate – disse. -, estou esperando.
– Está desconfiando de alguma coisa? – pergunta ela.
– Estou. – respondi. – Não que eu esteja desconfiando de algo errado, mas só quero saber o motivo dele ter ido até sua casa.
– Ele... Deve ter descoberto o endereço, e foi lá me visitar.
Ah tá. Quem ela pensa que está enganado? Sou a prova viva de que o Tom não vai muito com a cara dela.
– E porque o Tom te faria uma visita, se vocês mal se falam?
– Isso parece um interrogatório. – diz ela.
– Só peço que confie em mim, e me conte a verdade.
– Mas eu confio em você, e estou falando a verdade.
– Ok, se não quiser me dizer nada, tudo bem. Uma hora acabarei descobrindo.
Brian permaneceu caladinho, comendo e observando tudo. Quando a Kate novamente pegou seu copo de refrigerante, pude notar que suas mãos estavam tremendo um pouco. Eu sabia que ela estava me escondendo alguma coisa, só não sabia o por que.
– Vamos... Vamos pra casa? – diz ela.
Nos levantamos, e fui até o caixa para pagar a nossa conta. Olhei para trás, e ela conversava com o Brian. Terminei de pagar, e me juntei aos dois. Saímos da sorveteria, e caminhamos até um ponto de táxi próximo.
Dez minutos após, chegamos ao condomínio. Pegamos o elevador. No corredor, Kate tira a chave do bolso, e a coloca na fechadura. Abre a porta, e o Brian é o primeiro a entrar.
– Não vai mesmo me contar o que o Tom queria lá na sua casa? – insisti mais uma vez.
– Pergunte a ele. – ela me deu um selinho, e entrou.
Entrei em casa, e estava tudo muito quieto. Pensei que o Tom não estivesse, mas quando passei em frente ao seu quarto, a porta estava meio aberta e dava para ouvir o som da televisão ligada. Abri um pouco mais a porta, e ele estava deitado em sua cama, assistindo algum programa idiota. Me encostei em sua cômoda, cruzei os braços e o encarei.
– Tá me olhando por quê? – pergunta ele.
– O que você foi fazer na casa da Kate? – perguntei, sério. Ele se sentou na cama.
– Quer dizer que ela já foi fazer fofoca?
– Não, ela não falou nada.
– E como descobriu?
– Isso não interessa! Só quero que me responda, agora!
– Conversamos um pouco, mas você sabe que nenhuma mulher resiste ao meu charme não é?
– Tô falando sério, Tom!
– Eu também.
– A Kate não me trairia com você.
– Somos idênticos, e aposto que ela nem notaria alguma diferença.
– Porque você é assim, hein? Não cansa de ser tão idiota? – ele se levantou, e se aproximou.
– Ficou com medo, não é? – ele riu. – Fica tranqüilo, porque nós não fizemos nada. – ele voltou, e se sentou na cama, de frente pra mim. – Só fui até lá, para avisá-la que deve ficar bem longe da Laura.
– O-O quê? – perguntei incrédulo, e descruzei os braços. – Você não fez isso.
– Fiz. Mas a Kate é tão cabeça dura, que não me ouviu.
– Você vive se gabando de que nenhuma garota resiste ao seu charme, mas agora está ai, com medo de perder uma. – ele ficou sério. – Deveria parar e pensar um pouco. Perceber que isso tudo que está fazendo é falta de maturidade. – fiz uma pausa. – A Kate NUNCA tiraria a Laura de você, e sabe por quê? Porque ela me ama.
Me retirei do quarto, fechando a porta.
(Contado pela Kate)
Estava na cozinha conversando com a Brenda, quando o Brian apareceu. Ele estava com a cabeça baixa, e parou ao meu lado. – O que foi? – perguntei, e ele me olhou.
– Ficou com raiva porque contei ao Bill sobre a visita do Tom? – olhei para a Brenda, que não entendia.
– Não, não fiquei com raiva. – respondi. Me abaixei, para ficar quase do seu tamanho. – Mas você deveria ter se segurado um pouco mais.
– Agora o Bill vai descobrir sobre a festa.
– Provavelmente. Mas se tivermos sorte, ele não descobrirá nada.
– Me desculpa?
– Claro. – o abracei. – Isso acontece às vezes. – nos desvencilhamos. – Só não repita mais. – ele riu, e depois saiu correndo em direção a sala.
Me levantei, e fui me sentar na mesa. A Brenda se sentou logo em seguida.
– Estão planejando uma festa pro Bill? – pergunta ela.
– Essa foi a desculpa que tive que inventar. – respondi.
– Por quê?
– Acredita que o Tom foi até minha casa para pedir que eu fique longe da Laura?
– Tá falando sério?
– E o Brian acabou soltando pro Bill sobre a visita.
– E ai?
– Inventei outra desculpa, que não o convenceu muito. – suspirei. – Estou torcendo pra que ele não vá perguntar nada ao Tom. Eles podem acabar brigando novamente.
– Bem que o Tom merece umas broncas.
– Tá merecendo um soco naquele rostinho bonito. – nós rimos.
– E se o Bill descobrir?
– Pelo pouco que o conheço, ele detesta mentira, então... Irei rezar pra ele não brigar comigo.
xxx
O relógio marcava 20h15. Brian já estava dormindo há algum tempo, e eu estava sentada no sofá da sala. A casa estava silenciosa, pois a senhora C tinha ido tomar um banho, e a Brenda saiu com alguém. A campainha tocou, e fui atender; era o Bill. Ele estava um pouco sério. Achei estranho, e ao mesmo tempo normal. As pessoas não podem estar “felizes” 24 horas por dia. Em algum momento ela fica séria. Mas enfim, o convidei para entrar.
– Obrigado, mas não está na hora de você ir pra casa? – pergunta ele.
– Você vai me dar uma carona?
– Se quiser...
– Vou deixar um bilhete para a senhora O’Connell.
Ele ficou ali na porta, enquanto fui até o escritório. Escrevi um pequeno bilhete, e o deixei sob a mesinha do telefone, lá na sala. Fui encontrar o Bill, e pegamos o elevador, que nos levou até a garagem. Caminhamos até seu carro, entramos no mesmo, e ele deu partida.
O caminho parecia ter aumentado, pois dentro do carro estava um super silêncio. E aquilo logo começou a me incomodar. Resolvi colocar um cd, pra ver se mudava aquele “clima”. Bill estava estranho, e eu estava com medo de perguntar alguma coisa.
A janela do lado do motorista estava aberta, e ele apoiou o braço esquerdo na mesma, e ficou dirigindo apenas com a mão direita. Sua mente parecia estar em outro lugar. Desliguei o som, e foi nesse momento que ele olhou pra mim, pela primeira vez desde que entramos no carro. Mas isso durou poucos segundos, pois novamente voltou a olhar para a estrada, e continuou calado.
Como eu havia dito, o percurso até em casa, pareceu ter ficado bem longo. Quando chegamos, ele estacionou com cuidado. O silêncio continuava, e nós dois olhávamos para frente.
– Obrigada pela carona. – quebrei o silêncio.
– Não foi nada. – respondeu, sem me olhar.
– Aconteceu alguma coisa? Você está estranho. – ele ficou calado. – Não quer entrar um pouco.
– Um-hum. – foi a única coisa que saiu de sua boca.
Saímos do carro, e caminhamos até a entrada da casa. Tirei a chave do bolso, e coloquei na fechadura. Abri a porta, e entrei. Em seguida lhe dei passagem. Ele entrou, e assim que fechei a porta...
– Aceitei o seu conselho, e falei com o Tom. – disse ele.
– Você fez o quê? – me virei para ele.
– Porque o espanto?
– Não fiquei espantada.
– Ficou sim. – fez uma pausa. – Não foi você mesma quem disse para eu perguntar a ele?
– O que... Ele disse?
– Me contou a verdade. Aquela verdade que você não quis me dizer.
– Bill...
– Custava confiar em mim – ele me interrompeu. -, e dizer que ele praticamente te obrigou a ficar longe da Laura?
– Eu... Não queria que vocês brigassem. E também, não adiantaria nada.
– Adiantaria sim! Você não podia ter escondido isso de mim.
– Desculpa. – me aproximei um pouco. – Não sabia que era “importante” pra você.
– Não é questão de ser importante. – ele se afastou. – Só pensei que confiasse em mim.
– Mas eu confio!
– Não é o que parece.
– Bill!
– Se escondeu uma “ameaça”, o que mais esconderia?
– Está começando a me ofender.
– Olha... É melhor terminarmos esta conversa numa outra hora. - ele passou por mim.
– Esperai! - me virei. - Aonde vai?
- Pra casa. - respondeu.
Ele abriu a porta, e foi embora. Mas o que isso significa exatamente? Nós terminamos, é isso? Nunca senti tanto medo em minha vida.
Postado por: Grasiele
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