terça-feira, 24 de janeiro de 2012

The Nanny - Capítulo 32 - O chocolate fez isso?

(Contado pela Kate)

Após resolvermos a história do restaurante, peguei minha bolsa e tranquei a porta principal da casa, e entrei no carro do Bill. Fomos pra casa, e no meio do caminho, íamos conversando.

– Fui uma idiota, não é? – perguntei.
– Foi a coisa mais fofa, isso sim. – ele virou-se pra mim rapidinho, e deu um sorriso. Depois voltou a olhar a estrada. – Já te disseram que fica linda, quando está com ciúmes?
– Seu bobo. – ele riu.
– É sério. Ver seus olhinhos lacrimejando, e com aquela cara de que não iria me perdoar nunca se fosse mesmo verdade, não tem preço.
– Vai ficar me jogando na cara?
– Ah, o quê que eu posso fazer, se estava bonita?
– Estava?
– Sempre foi, e sempre será!

Ficamos calados por alguns instantes.

– Vocês foram namorados? – perguntei.
– Sim. – respondeu. – Mas isso foi há muito tempo.
– Antes mesmo de me conhecer?
– Nossa, muito antes. Namorávamos no colégio.
– E porque terminaram?
– Os pais dela se mudaram pra outra cidade.

Sei que parecia um interrogatório. Mas eu estava curiosa, e queria saber. Fomos conversando durante todo o percurso. E assim que chegamos ao apartamento, a senhora C parecia desesperada.

– Ainda bem que você chegou. – disse ela.
– O que houve? – perguntei.
– Já não estava mais agüentando o Brian. Ele não me obedece de maneira alguma!
– Onde ele está?
– O tranquei no quarto.

Achei aquele ato, uma crueldade. Onde já se viu, trancar uma criança dentro do quarto? Por mais ativo que ele seja, isso não se faz! Fui até seu quarto, e destranquei a porta. Olhei, e não encontrei nenhum sinal do Brian. Chamei pelo seu nome, e finalmente ele apareceu. Estava debaixo da cama, e veio correndo me abraçar.

– Está tudo bem? – perguntei.
– Ela é muito má. – respondeu.
– Não fale assim. – nos sentamos na cama. – Porque não a obedeceu?
– Me desculpa?
– Ela é a sua mãe, e deve respeitá-la, assim como me respeita. Não pode ficar fazendo tudo que lhe der vontade. Não repita mais isso, ok?
– Um-hum.
– Vá pedir desculpas a ela.
– Me ajuda a fazer isso?
– Um dia não estarei aqui pra te ajudar nesse tipo de coisa. E além do mais, quem aprontou foi você.

Voltamos pra sala, e a senhora C estava sentada no sofá. O Bill tinha ido até a cozinha e lhe trago um copo com água, para ficar mais calma.

– Mamãe – Brian se aproximou dela. -, me desculpa?

Ela olhou pra mim, em seguida pro Bill, e só então olhou pro Brian.

– Claro, querido. – colocou o copo em cima da mesinha de centro, abriu os braços e recebeu um abraço. – Kate, precisarei fazer uma pequena viajem de negócios amanhã. Se importaria em passar o dia sozinha com o Brian?
– Não. – respondi.
– Se quiser, o Bill pode ficar aqui também. – disse ela. – Só não façam nada na frente do Brian.
– Não, nós não faremos nada. – disse. – Mas quando volta?
– Depois de amanhã, pela tarde. – respondeu.

No dia seguinte...

A senhora C se despediu, e entrou no táxi que a aguardava. O Brian e eu pegamos o elevador, e voltamos pro apartamento. Como naquele dia, ele não teria aula, então passaríamos um longo tempo juntos.

– Está com fome? – perguntei.
– Sim. – respondeu.

Fomos até a cozinha. Ele se sentou à mesa, enquanto eu procurava nos armários, algo para comermos. Abri a geladeira, e encontrei um recipiente com a comida dele. Coloquei no forno de microondas e aguardei alguns minutinhos. Como da primeira vez, aquilo tinha uma ótima cara, mas o gosto... Enquanto ele comia aquilo que era semelhante a vômito de cachorro, eu me esbaldava no bolo de chocolate.

Sinceramente, fiquei com pena de vê-lo comendo aquilo, e resolvi trocar.

– Toma, coma isto daqui. – lhe dei o prato com o bolo de chocolate.
– A mamãe não deixa. – disse ele, empurrando de volta.
– Ela não está aqui, e nem precisa ficar sabendo.
– Mas ela disse que não posso.
– Por quê?
– Porque fico um pouco agitado.
– Que nada. Um pedacinho só não faz mal a ninguém.

Ele ficou olhando pro bolo, e segurando o garfo. Pelos seus olhinhos, eu tinha certeza que estava desejando muito aquilo. E após pensar um pouco, colocou o seu primeiro pedaço na boca.

– É bom, não é? – perguntei, e ele assentiu com a cabeça.

Meia hora depois...

Acho que a mãe dele tinha toda razão em não querer lhe dar doce. O Brian ficou super agitado, correndo pela casa inteira e gritando feito um louco. Fiquei assustada com aquilo, e não sabia o que fazer. Como uma pessoa muda tão rápido assim? Ele estava tão agitado, que a sua camisa já não estava mais em seu corpo, e estava usando apenas uma bermuda. Os pequenos objetos da casa estavam praticamente todos quebrados. O problema é que eu não estava conseguindo controlá-lo, e aquilo estava me levando a loucura! O quê que eu vou fazer?

– Brian, desce daí! – gritei.

Ele estava subindo na estante. Se ela virasse, seria o maior desastre. Ele desceu, se aproximou do sofá, subiu no mesmo e começou a pular. A sala estava a maior zona. O meu desespero só não aumentou ainda mais, porque tive a brilhante idéia de ligar pro Bill.

– Bill, por favor, vem pra cá agora! – neste instante o Brian voltou a querer subir na estante. – Desce daí garoto! – gritei. – O Brian tá maluco! – disse pro Bill. – Me ajuda!

Tive que desligar o celular, pra ir pegar o garoto. Um minuto depois, a campinha toca. Fui atender, e o Bill entrou super preocupado.

– O que foi? – pergunta ele.
– O Brian ficou doido!

O garoto passa correndo e gritando, com algo na mão.

– Mas o que fez ele ficar assim?
– Dei um pedaço de bolo de chocolate.
– O chocolate fez isso com ele?
– Foi a única coisa que ele comeu.

Quando olhei em direção a estante, olha lá o moleque.

– Ai meu Deus. – disse. – Ele vai...

Nem completei a frase, e o Brian se jogou. Caio de barriga no chão, e permaneceu assim.

– Será que morreu? – perguntei.
– Não seja exagerada. – disse Bill, que se aproximou dele. – Deve ter desmaiado. Vou levá-lo pro quarto.

Bill o pegou no colo, e levou pro quarto. Fiquei ali na sala, observando o estrago do lugar. Se eu não havia perdido o emprego antes, agora com certeza irei perder.

– Ele deve estar dormindo. – disse Bill.
– Olha só como esse lugar ficou. – disse, com os olhos começando a lacrimejar.
– Calma. Daremos um jeito nisso.
– A mãe dele vai me matar.
– Ela só chega amanhã de tarde. Temos tempo pra arrumar tudo.
– E as coisas que quebraram?
– Sei lá, compramos outras.
– O quê que eu fiz?! – me sentei no sofá, e senti algo espetar meu bumbum. Me levantei rapidamente, e vi que era um boneco. – Realmente não sou uma boa babá.
– Não fale assim. – ele se aproximou de mim, e me abraçou. – Você é uma ótima babá. – nos desvencilhamos. - Só não deveria ter dado o chocolate pra ele.
– E como eu poderia adivinhar, que de anjo, esse moleque se transformaria no capeta? – ele riu.
– Cometemos enganos às vezes.
– Me ajuda a arrumar esse lugar?
– Claro.

Se não fosse pelo Bill, eu com certeza estaria ferrada. Arrumamos a casa inteira, e ele foi até a loja mais próxima e comprou algumas coisas para ficar no lugar daquelas que foram quebradas. Estava arrumando a cozinha, quando encontrei um pedaço de bolo em cima da mesa. O joguei fora. Fiquei com trauma.

– O que seria de mim sem você? – abracei o Bill, e lhe dei um selinho.
– Quer mesmo que eu responda?
– Convencido.
– Eu não disse nada!
– Mas estava pensando.

Ele se sentou no sofá, e em seguida fiz o mesmo, colocando minhas pernas sobre seu colo.

– Ficaria chateado se eu resolvesse me mudar, mas continuasse trabalhando aqui? – perguntei. Ele demorou algum tempo para responder, e antes de fazer isso, suspirou.
– Você quer mesmo sair daqui, não é?
– Um-hum.
– Por quê?
– Talvez para sentir um pouco mais de liberdade.
– Se é isso que deseja, tudo bem.
– É só isso?
– O quê?
– Não insistirá pra eu ficar? Não fará um draminha básico?
– Iria adiantar alguma coisa?
– Provavelmente não.
– Se ir morar naquela casa, te deixa mais feliz, então também ficarei bem. E além do mais, até que será bom.
– Ah é? E posso saber o porquê?
– Porque eu poderia ir pra lá... – deu um sorriso malicioso. – E nunca se sabe o que pode acontecer.
– Um-hum. Sei. – nós rimos.

Continuamos ali conversando, até que o Brian acordou. O levei até o banheiro, e lhe dei um banho. Sai de lá, praticamente tão molhada quanto ele. Escolhi a roupa mais confortável, e o vesti. Depois fomos para a cozinha e lhe dei algo salgado para comer. Não demorou muito para ele voltar a pegar no sono.

Postado por: Grasiele

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