terça-feira, 24 de janeiro de 2012

The Nanny - Capítulo 33 - Pode ser um pouco perigoso.

 Oh,
é como se eu finalmente pudesse descansar minha cabeça em algo real
Eu gosto dessa sensaçao
Oh,
é como se você me conhecesse melhor do que eu jamais me conheci
Eu amo o modo como você pode dizer
Todos os pedaços, pedaços, pedaços de mim,

(Contado pela Kate)

Alguns dias se passaram, e desde então eu não havia mais falado com a Laura. Não tinha noticias dela há algum tempo, e aquilo estava me deixando com um pequeno peso na consciência. Acabei criando coragem, e fui até a revista. Ao chegar lá, descobri que ela estava de férias e viajou para o Caribe. Achei estranho, pois o Tom não a acompanhou, e o Bill não me comentou nada. Mas enfim, após saber daquilo, a saudade começou a bater dentro de mim. Tentei ligar para seu celular, mas sempre caia na caixa postal. Resolvi desistir de procurá-la. Quando o momento certo chegasse, nos encontraríamos em algum lugar desse mundo.

Era uma tarde de quarta-feira, quando me sentei ao lado da senhora C na espreguiçadeira à beira da piscina do condomínio. O Brian se divertia na caixa de areia, e o Bill nadava um pouco. Me aproveitei daquela situação, e iniciei uma conversa.

– A senhora deve saber que o Bill e eu estamos...
– Sim, eu sei. – ela me interrompe. – E fico feliz por isso.
– Pois é, mas há um pequeno problema nisso tudo.
– Que tipo de problema?
– É que comprei uma casa, e gostaria de ir pra lá.
– Ou seja, tá querendo largar o emprego.
– Não. Quero apenas morar em outro lugar, mas não abandonaria o Brian de forma alguma. Eu continuaria vindo até aqui para cuidar dele, todos os dias.
– Não acha que fica um pouco pesado pra você? Quero dizer, morando aqui, seu dinheiro é livre. E se for pra outro lugar, terá que pagar algumas coisas e meio de transporte para chegar aqui.
– Sei disso, e estou ciente do que irei fazer.
– Já conversou com o Brian?
– Ainda não. Mas pretendo fazer isso, assim que a senhora me liberar para a mudança.
– Não tenho que liberar nada. É a sua vida, e faz dela o que quiser. Se acha que viverá melhor assim, então siga em frente.
– Obrigada.

Pensei que falar com ela seria uma tarefa difícil. Mas nada seria comparado a dar essa noticia pro Brian. Não faço idéia de como ele reagirá, e tenho muito medo disso.

Esperei a noite chegar, para poder tentar falar com o Brian. Antes de entrar em seu quarto, respirei fundo e cruzei os dedos. Girei a maçaneta, e o encontrei ajoelhado no chão, brincando com um carrinho. Lhe disse que precisávamos conversar.

– Juro que não fiz nada de errado. – disse ele, se levantando.
– Eu sei. – me sentei na cama. – Mas a conversa não é sobre algo que aprontou.
– Então...? – ele se sentou ao meu lado, encostando-se à cabeceira da cama.
– Primeiro eu queria dizer que gosto muito de você. – ele ficou quietinho só ouvindo. – Gosto tanto, que é até difícil dizer o que pretendo. – meus olhos lacrimejaram. – Se lembra quando eu disse que comprei uma casa?
– Um-hum.
– Pois é. – coloquei uma mecha de meu cabelo atrás da orelha. – Pretendo me mudar pra lá. – ele fez carinha de surpresa e decepção ao mesmo tempo.
– Não! – ele se aproximou de mim. – Não, Kate! – me abraçou. – Você disse que não me deixaria!
– Ei, ei! – o afastei um pouco, e olhei em seus olhinhos que derramavam algumas lágrimas. – NUNCA te abandonarei. – enxuguei seu rosto. – Apenas morarei em outro lugar.
– E quem cuidará de mim?
– Nada mudará. Virei todos os dias pra ficar com você.
– E quem vai me contar histórias pra dormir?
– Irei apenas me mudar, e isso não significa que nosso tempo juntos mudará completamente. Tentarei fazer o possivel para ficar aqui até você dormir.
– Porque você vai embora? – me abraçou novamente.
– Vou te explicar uma coisa. – comecei a acariciar seus cabelos. – Quando você vai ao zoológico e vêem aqueles bichinhos todos presos, o que acha que eles sentem?
– Como assim? – me olhou.
– Antes de estarem ali, eles tinham um lugar natural onde viviam. E nem todos devem gostar de ficar trancafiado.
– Ainda não entendi. – se afastou um pouco.
– Bem, se um passarinho que nasceu numa floresta, é colocado numa gaiola, é bem provável que ele fique um pouco triste. Mas se ele for solto, com certeza sua alegria voltará.
– Estamos falando de você, ou do passarinho?
– Dos dois. – sorri.
– Esperai. – ele fez uma pausa. – Então você é o passarinho?
– Acho que sim.
– E se sente triste por estar aqui?
– Não. Estou tentando dizer, que também preciso da minha liberdade.

Ele ficou calado por algum tempo, e novamente seus olhos se encheram de lágrimas. Como é que eu iria resistir aquilo? O abracei, e pude sentir algumas lágrimas escorrerem pelo meu rosto.

Mais tarde... Eu já estava começando a sonhar, quando ouço a porta do quarto se abrir. Como eu estava com sono, pensei que aquilo fosse fruto da minha imaginação. Abri um pouco os olhos, e me assustei. Dei um pequeno grito e me sentei rapidamente na cama. Meu coração parecia estar querendo sair pela boca, de tão rápido que batia. Levar susto não é bom.

– Tive um pesadelo. – disse Brian. – Posso dormir aqui com você?
– E porque não dorme com a sua mãe?
– A porta do quarto dela está trancada, e ela não deixaria.
– Tudo bem.

Me afastei um pouco, e levantei o cobertor para que ele pudesse se deitar. Eu mal havia começado a dormir, e já estava me arrependendo de ter deixado o Brian dormir ali comigo. O garoto é muito folgado. Além de ficar puxando o cobertor, ainda queria ficar com o maior espaço da cama. Vê se pode uma coisa dessas?

TRÊS DIAS DEPOIS

Eu acabara de tomar um banho, e mesmo o dia estando um pouco frio, estava meio abafado. Fiz meu “ritual” de beleza, e escolhi uma roupa. Uma calça jeans, blusa xadrez rosa, e havaianas. Prendi o cabelo num rabo de cavalo, e em pouco tempo eu já estava pronta.

(Roupa da Kate: http://www.polyvore.com/cgi/set?id=24118497&.locale=pt-br)


Minhas coisas estavam todas arrumadas em caixas de papelão, e prontas para serem levadas para o meu mais novo lar. Estava ansiosa, e queria passar a minha primeira noite naquela enorme cama confortável. As caixas foram colocadas no elevador de serviço, e depois foram encaminhadas para o porta-malas do carro do Bill.

– Acho que não me esqueci de nada. – disse.
– Tomara, porque o carro já está meio cheio. – disse Bill, fechando o porta-malas. – Não cabe mais nada ai, além de nós dois. – eu ri.
– Como você é exagerado, hein?

Entramos no carro, e seguimos até o condomínio onde minha casa estava localizada. Chegamos em poucos minutos. Sai do carro, e fiquei parada por alguns instantes, observando a casa por fora.

– Aposto que está se perguntando se essa foi a escolha correta, acertei?
– Sim. – respondi.
– Às vezes precisamos arriscar para termos certeza. – olhei pra ele.
– Porque rapazes como você são tão raros?
– Vou aceitar isso com um elogio. – ele sorriu.
– Vai me ajudar com as caixas, ou ficaremos aqui fora? – retribui o sorriso.

Tirei a chave da casa do bolso, coloquei na fechadura, e abri a porta. Com a ajuda do Bill, começamos a levar as caixas para dentro do imóvel. E ele tinha razão, eram muitas caixas mesmo.

Alguns dias antes, eu tinha saído e comprado objetos de decoração para colocar no meu mais novo lar, mesmo sabendo que já vinha mobiliado. Mas eu achava que aquele lugar precisava ter a minha cara, o meu toque pessoal. E por isso foram tantas caixas assim. Para facilitar na arrumação, fui separando as mesmas por cômodos. O que era da cozinha foi levado pra lá, o que era do quarto também foi levado para o local, e assim por diante.

Passamos o restinho da tarde, e a noite arrumando tudo. E mais uma vez me pergunto: O que seria de mim, sem o Bill? Em meio a tanto “trabalho”, aproveitávamos para dar uns beijinhos. Isso fez com que não ficássemos tão cansados assim. Começamos a arrumação pelo andar de cima, e a sala foi a última a ficar organizada.

Bill terminava de colocar algumas coisas na cozinha, enquanto eu terminava de desembrulhar alguns porta-retratos. Um deles, tinha uma foto minha e do Brian, e que ganhou um lugar especial em cima da mesinha onde o telefone ficava. Era o único porta-retrato ali em cima, pois os outros ficaram na estante.

– Porque ele tem um lugar especial, e eu não? – pergunta Bill, chegando à sala e fazendo biquinho.
– Está com ciúmes? – me aproximei dele, passei meus braços por seu pescoço, e ele passou os seus por minha cintura.
– Um pouco. – respondeu. – Mas em compensação, eu tenho você. – me beijou.
– Está ai um garoto com muita sorte. – disse, e ele riu.
– Não é nenhum pouco convencida, hein?
– Aprendi com alguém, que não citarei o nome.
– Sei.
– Preciso de um banho. – disse ao me desvencilhar de seus braços. – Se importaria em esperar alguns minutinhos?
– Não.

Como a noite já havia caído, junto com ela veio o frio e a chuva. Liguei o aquecedor, para não correr o risco de ficar tremendo a noite inteira. Caminhei até a escada, para subir até o banheiro para tomar um banho, e já ia subindo quando resolvi parar.

– Está um pouco tarde, não quer dormir aqui? – perguntei.
– Tem certeza? – ele sorriu. – Pode ser um pouco perigoso.
– Isso por acaso teve duplo sentido?
– Talvez. – continuou com aquele sorriso.
– Quero correr o risco. – retribui ao sorriso, e subi as escadas.

Postado por: Grasiele

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