sexta-feira, 18 de maio de 2012

Bonequinha De Luxo - Capítulo 22 - Éirne

Narrado por Maia

– O quê? - Seis vozes exclamaram juntas, inclusive a minha. Estávamos na casa do Georg e a Charlie já estava boa. Só o Tom que estava manco, por causa do gesso, mas, ainda sim, não tinha ninguém no hospital. O Georg e a Roxy tinham acabado de nos dizer que iam se casar. A união civil seria aqui na Alemanha mesmo e a cerimônia seria na Irlanda. Porém, eu não sabia onde, exatamente em que ponto da Irlanda, seria a cerimônia.

– Eu vou me casar com o Georg. - A Roxy respondeu, pausadamente. - Querem que eu desenhe ou entenderam?

– Se não for pedir muito... - O Tom respondeu, estendendo um bloquinho e uma caneta para a Roxy. Só para fazer hora com ele, a Roxy fez um desenho, bem básico mesmo, dela, usando um vestido de noiva, do lado do Georg, e cada um de nós, seus amigos, rodeando os dois. Quando eu me identifiquei, perguntei:

– E por um acaso eu só tenho essa camiseta do Bowie?

– Não, mas, parece que sim. Não sei como a camiseta ainda não furou, de tanto que você usa. - A Roxy respondeu.

– Cara... Vocês dois vão se casar! - O Tom respondeu, finalmente entendendo o poder da notícia. A Charlie, provocando-o, disse, dando um tapa na cabeça dele:

– Aleluia! Finalmente entendeu, ô jaca!

Eu tinha explicado para a Charlie o que era uma Jaca e o que a gíria jaca significava, entre "os manos". E, como ela adorava provocar o Tom, então, apelidou o garoto de Jaca.

– Agora é que a terceira guerra mundial começa... - O Tom suspirou. Desta vez, ele apanhou de todo mundo.

– Ô! Que é isso? Virei saco de pancada agora? Se quiserem dar soco, vão na academia descontar naquele saco de areia, vão...

– Tom, mas, ficar agourando casamento alheio, é o fim, né? - A Jade perguntou.

– E quem disse que eu estou agourando? Só estou falando que a terceira guerra mundial vai ser entre as fãs do Georg, que são poucas, se forem comparar com as minhas, e a Roxy...

E lá foi ele apanhar de novo.

– Se fossem só as meninas me batendo, eu não me incomodava. Só que eu não quero sentir mão de homem para cima de mim não...

– Então pára de falar besteira e fecha a boca que você para de apanhar... - A Charlie respondeu.

– Até que se for só você quem vai me bater... Eu não ligo. - O Tom respondeu. A Charlie nem se deu ao trabalho de responder.

– Mas fato é que nós vamos nos casar e queremos que vocês sejam nossos padrinhos. - O Georg disse.

– Eu aceito, mas, com uma condição. - O Tom pediu. - Contanto que vocês me chamem para ser padrinho do primeiro filho de vocês...

O Georg e a Roxy se entreolharam, mas, acabaram concordando com a condição do Tom.

Ainda que o casamento civil dos dois tenha sido dentro de um cartório, eu, manteiga derretida do jeito que eu era, não consegui não chorar. Porém, até hoje, me pergunto de onde foi que eu tirei tanta lágrima, durante o casamento deles na Irlanda.

Antes de contar como foi a cerimônia, deixa eu te pedir uma coisa? Imagine uma noiva e três madrinhas histéricas. Imaginou? Agora, tente visualizar essas quatro mulheres dentro de uma tenda branca e as quatro, bem como o restante dos convidados, está em contato direto com a terra; Por exigência da noiva, só o padre, se quisesse, poderia usar sapatos. Ah! E ao fundo, o único barulho perto da tenda é de ondas, além do canto de passarinhos. Imaginou? Pois então... A Roxy decidiu se casar na costa irlandesa, num morro. Do ponto da cerimônia, era possível ver a imensidão do mar. O lugar era de difícil acesso e, sabe-se lá como, nós conseguimos chegar lá. (OK... Eu sei. Foi de helicóptero e usamos até alguns jipes). A Roxy estava estressadíssima, não parava de andar de um lado para o outro e, principalmente, murmurava alguma coisa, nervosa, que parecia com "Por favor... Vai dar certo!". Uma das tias da Roxy enfiou a cabeça por entre uma abertura da tenda e disse:

– Meninas? Está tudo pronto...

Por mais que eu tivesse cansado de ouvir a Roxy falando, ainda não conseguia me acostumar com o sotaque irlandês. Era fofo. Parecia o sotaque britânico, só que com uma pitada de sotaque caipira. A Roxy estava quase tendo um treco e nós três a ajudamos com tudo. Ela perguntou:

– Como é que eu estou?

Nós três paramos em frente à ela e demos uma olhada. O vestido que ela tinha escolhido era um azul bem claro, muito fofo. Mesmo sabendo que a filha não era uma "donzela", a mãe da Roxy queria que ela casasse de branco. Mas, como a filha era teimosa, então, o vestido ficou sendo o azul, mesmo. Era tomara-que-caia, longo e coberto por uma renda, um tom levemente mais escuro que o resto do vestido. Nos cabelos, ela usava um arranjo feito com flores de jasmim e, os fios estavam encaracolados e presos numa trança. A única jóia que ela usava era uma corrente fininha, prateada, com um pingente de pedra-da-lua, autêntica, em formato de gota.

– Sinceramente? Você está linda. - A Charlie disse, já chorando.

– Concordo. - A Jade respondeu, também chorando. E eu, já estava com o rosto todo inchado, só falei que ela era a noiva mais linda do mundo.

Nós três saímos da tenda primeiro e a mãe e uma tia da Roxy a ajudavam com a cauda do vestido. O sol já estava se pondo e, assim que nos viram, os músicos que haviam sido convidados para a cerimônia começaram a tocar uma música linda e, uma das primeiras coisas que eu vi, foi o Georg, sorrindo, todo bobo, esperando a Roxy. Nós nos sentamos do lado direito, cada uma do lado de um dos padrinhos, e, quando eu vi, o Georg já estava dando um beijo na testa dela. Eu já não me agüentava mais de tão chorona que eu estava. Tudo bem que eu realmente chorava em casamentos, mas, a pessoa que não chorasse naquele casamento, era o ser mais insensível da face da Terra! Tudo estava tão lindo e, como a luz do pôr-do-sol estava dando um ar todo especial, era impossível não se emocionar. Quando o padre perguntou à Roxy se ela aceitava o Georg como marido, ela abriu um sorriso fofo e apaixonado e respondeu que aceitava. O padre repetiu a pergunta para o Georg, que também deve ter sorrido, e respondeu que sim. O padre os declarou como marido e mulher e, quando ele disse:

– Pode beijar a noiva...

O Georg foi dar uma de engraçadinho, pegou a Roxy pela cintura, a segurou como se ela estivesse deitada e deu o beijo. Eu realmente preciso dizer a algazarra dos meninos que eu, Charlie e Jade tivemos que agüentar? A festa depois da cerimônia foi ótima também e rolou até uma apresentação dos meninos. Lógico que o Georg só olhava de um jeito fofo e apaixonado para a Roxy. Porém, quando eles foram dançar a valsa, foi tão desengonçado que até foi fofo...

Eu e o Bill estávamos observando a Roxy e o Georg dançando e a Charlie estava do nosso lado. A banda acabou de tocar a banda lenta e, de repente, o Bill olhou para os lados, como se estivesse procurando por alguém e, de repente, a Charlie disse:

– Ai, meu Deus! Ele não vai fazer isso...

Eu desviei o olhar do Bill um pouco e olhei na mesma direção que a Charlie, ou seja, o palco. De repente, percebi que, não só o Tom tinha assumido o lugar do vocalista, como a Jade estava na bateria. Ele fez um sinal para ela, que começou a bater uma baqueta na outra, contando o tempo. De repente, o Tom começou a cantar a música preferida da Charlie, "I Was Born To Love You" do Queen. A Charlie xingava o Tom de tudo quanto era nome e ele, mesmo rindo da irritação dela, não parou de cantar. O legal mesmo foi quando ele desceu do palco (Que na realidade estava mais para degrau do que para palco mesmo), com o microfone na mão e, se ajoelhando aos pés da Charlie, cantou:

"I wanna love you
I love every little thing about you
I wanna love you, love you, love you
(Born) to love you
(Born) to love you
Yes I was born to love you
(Born) to love you
(Born) to love you
Every single day of my life..." 

A Charlie pôs a mão na frente da boca, mal conseguindo acreditar que aquilo realmente estava acontecendo. A Roxy e o Georg morriam de rir da palhaçada do Tom e o Bill incentivava o irmão. Quando a parte instrumental da música estava quase acabando, o Tom esticou a mão na direção dela e a tirou para dançar. A Charlie estava se fazendo de durona, mas, acabou aceitando, depois que eu e o Bill a cutucamos, fazendo a Charlie se levantar. Quando a música acabou, finalmente, ele perguntou:

– Charlotte... Quer ser minha namorada?

Todo mundo ficou em silêncio, esperando a resposta dela. A Charlie cruzou os braços na frente do corpo e perguntou, séria:

– Se você pensou que, me fazendo pagar esse king kong, na frente de todo mundo, fazendo uma versão... Menos dançante e mais desafinada do Freddie Mercury e cantando a minha música preferida do Queen, ia me fazer aceitar seu pedido de namoro...

Ele baixou a cabeça, graças ao tom irritado dela. Nessa hora, eu me segurei para não voar no pescoço dela. Tudo bem que o Tom estava mais desengonçado que o Freddie Mercury mesmo, mas, coitado... O menino se esforçou, se humilhou desse jeito e, para completar, tentou rebolar e a Charlie simplesmente fica brava com ele? Fiquei pensando seriamente se o acidente não tinha afetado o cérebro dela...

–... Você pensou certo. - Ela respondeu, pulando no pescoço dele. Os dois se beijaram em meio aos aplausos de todo mundo.

Quase no final da festa, a Roxy subiu em uma cadeira e jogou o buquê. Adivinha quem foi que pegou?

– Cara... - A Jade disse, enquanto ela, o Gustav, eu, o Bill, a Charlie e o Tom andávamos pela praia. - Se me contassem, eu não acreditava...

– Pois é... - O Tom respondeu, sorrindo. - Agora eu estou pensando em quem vai ser o próximo, se eu ou o Bill...

– No que depender de mim, você ainda vai continuar com sua vida de solteiro por algum tempo. - O Bill respondeu. Olhei para ele, surpresa e tudo o que eu ganhei foi um sorriso e um beijo na bochecha.

– Gustav, me desculpe, mas, o melhor mesmo foi a sua cara quando o buquê caiu nos seus braços... - A Charlie respondeu.

– E quem disse que eu estava esperando que a Roxy tivesse a mira tão boa? - Ele perguntou. - Foi justo em mim, que não estou pegando nem resfriado!

– Gustav, você é tão dramático! - A Jade retrucou. - E abaixa que eu estou cansada de andar nessa praia. Você vai me levar de cavalinho... Anda!

– Quer se arriscar, mesmo com a saia? - Ele perguntou.

– Ah... Foda-se. Se o Tom olhar para minha bunda, ele ganha dois olhos roxos... Um dado de presente pela Charlie e outro para mim.

Ainda bem que o Tom ficou quieto. Nos sentamos na areia, bem na beiradinha mesmo, tanto que a onda molhava só os nossos pés, no máximo, e ficamos ali, os seis, olhando o pôr-do-sol. De repente, ouvimos um grito e, quando olhamos, a Roxy e o Georg estavam correndo na nossa direção. O Tom perguntou:

– Eu não acredito que, no lugar de estarem encomendando meu afilhado, vocês resolveram vir para cá...

– Se você esperou o seu afilhado até agora, não tem problema esperar umas horas a mais, não é? - A Roxy perguntou, se jogando do lado dele. E o Georg se sentou do lado dela.

– Dá para acreditar em tudo o que aconteceu com a gente nesse ano? - O Bill perguntou. A resposta foi a mesma, para os outros sete: "Não".

– A turnê foi tão boa... - A Charlie respondeu, fazendo beicinho. O Tom, óbvio, roubou um beijo dela.

– E se a gente tirasse o ano que vem de folga, só para viajar, mesmo? - A Roxy sugeriu.

– Contanto que meu afilhado esteja a caminho, tudo bem... - O Tom respondeu. - Ou pelo menos seja concebido nessas férias.

– Você não tem jeito, né? - A Charlie disse, dando um tapa de leve no ombro dele.

– Se alguém quiser saber a minha opinião... - O Gustav começou a dizer, mas, os gêmeos e o Georg o interromperam, com um sonoro "não".

– Eu quero. - Respondi. Tive o apoio das meninas. E, quando ganhei três olhadas feias, eu disse: - Somos quatro. Vocês são três, portanto, estão em desvantagem. Anda, Gustav. Compartilhe conosco sua humilde opinião...

– Obrigada. E eu acho que a gente deveria visitar alguns lugares que a gente ainda não conhece, como Índia e Egito. Caribe seria interessante também... - Ele respondeu.

– Finalmente ele fala uma coisa que presta! - O Tom respondeu. Eu e a Charlie nos entreolhamos e sabíamos que aí vinha merda. Dito e feito: - E eu faço questão de um harém pessoal, cheinho de odaliscas, só para me atender...

– Sendo assim, eu quero um bando de sheiks bem gostosões, sem camisa, com barriga de tanquinho, e usando turbante com uma pena azul-escura.

– Azul escura? - O Bill quis saber. - Por quê?

– Sei lá... Deu vontade, não posso? - A Charlie respondeu.

– Não, não pode. Se você não se comportar, eu te mando para um harém cheio de eunucos, viu? - O Tom retrucou.

– Ah, muito lindo você, né, Tom? Você pode ficar se engraçando para cima das odaliscas e eu tenho que ficar com eunucos? - A Charlie reclamou.

– Gente... Nós ainda nem viajamos e já estão brigando? - A Jade perguntou. - Se vocês continuarem com esse arranca-rabo, a gente vai para o Egito e a Índia e largamos vocês em uma ilha deserta...

As expressões de medo do Tom e da Charlie foram as melhores. Nós combinamos de esperarmos o Georg e a Roxy para fazermos a viagem. E confesso que eu estava animada, porque, além de visitar vários lugares lindos, eu estaria com os meus amigos. Ficamos observando a lua e só saímos de lá quando a mãe da Roxy nos mandou voltar para os jipes, enquanto despachava os recém-casados para a lua-de-mel. Seguimos para Dublin e, quando eu me deitei na cama, do lado do Bill, eu pedi para ouvir o coração dele. Quando ele me perguntou o porquê de eu estar fazendo aquilo, eu respondi:

– Me acalma. Além do mais, é como se, a cada batida do seu coração, eu me sentisse cada vez mais ligada à você...

– Sabia que eu te amo, Maia?

– Eu sei. E você? Sabia que eu te amo?

Ele abriu um sorriso e beijou o topo da minha cabeça. Eu me sentia feliz por estar ali, perto dele, vivendo aquele momento tão especial. E eu tinha certeza que nós iríamos ficar ainda mais unidos depois dessa viagem que estamos planejando...


 Postado por: Jhenyfer | Fonte: x

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