sexta-feira, 18 de maio de 2012

Bonequinha De Luxo - Capítulo 15 - O preço da fama

Narrado por Maia

Durante a minha vida inteira, ouvi minha mãe dizendo, sempre: “Ah... É fácil para fulana de tal dizer que criar filhos é fácil... Não é ela quem tem que criar...”. Tudo bem que, a fulana de tal se chamava Lourdes, era uma vizinha fofoqueira que morava no mesmo prédio que a gente e o apartamento dela era de frente para o nosso. Qualquer coisa, até mesmo... Uma simples unha encravada virava notícia para essa mulher. Tivemos que conviver com essa peste fofoqueira até os meus onze anos. A minha irmã, Dafne, não suportava a mulher. Quando a primeira menstruação da Dafne chegou, faltou só a mulher pendurar uma faixa e pedir para o dono do sacolão, o S. Juca, o carro com o alto-falante, para avisar que a filha da Helena e do Antônio tinha virado mulher. Miniatura, mas ainda sim, mulher. A minha sorte é que, quando “fiquei mocinha”, como minha mãe, tias e avó costumam dizer, já tínhamos nos mudado de lá. Eu acho que não ia agüentar as fofocas. Porém, agora, minha irmã está lá, tranqüila, no Brasil, aproveitando cada minuto da vida anônima dela, enquanto eu estou aqui, do outro lado do oceano, me apresentando com a minha banda para um bando de garotas histéricas, tendo minha privacidade invadida e cada movimento meu vigiado. Eu tenho rinite, então, meu nariz coça muito. E piora quando tem poeira envolvida na história, já que eu sou alérgica. Então, se, por um acaso, eu coço meu nariz, sem querer, em cinco minutos, já tem a notícia, espalhada para tudo quanto é lado: “Namorada do vocalista do Tokio Hotel é flagrada com dedo no nariz”. Isso é um saco, admito. A única parte ruim dessa história toda de ser famosa é justamente isso: Você não tem mais vida, a partir do momento que você assina o contrato com a gravadora. Além dessa perseguição, tem a correria que minha vida se transformou. Cada dia nos apresentamos em uma cidade diferente e, no dia que temos folga, passamos o tempo inteiro na cama, dormindo. Eu sempre achei um absurdo o Bill acordar tarde (Tom nem se fala...), mas, agora eu entendo os dois. Só Gustav mesmo que é um ser diurno. Dá nove horas da manhã e lá está ele, de pé, mexendo no computador dele. 

Por causa dessa confusão que a nossa vida se transformou, a Jade estava ainda mais azeda do que de costume (Ela brigava com o Gustav praticamente o tempo inteiro), a Charlie estava ficando histérica com os nossos compromissos (Já que, como eu disse, a cada dia, fazíamos um show em uma cidade diferente, além de entrevistas para rádio, revistas, televisão, sessão de fotos e o pior de tudo, apesar dos pesares: Sessão de autógrafo. Eu sempre saía de lá com minha mão doendo) e eu e a Roxy estávamos mais magras, porque não conseguíamos comer direito, sempre estávamos em cima da hora para algum compromisso. Não demorou para a imprensa espalhar que estávamos anoréxicas. Minha mãe, óbvio, ficou histérica e, como da outra vez, quis vir atrás de mim. Mas, eu consegui dar um nó nela e convencê-la a ficar no Brasil. Disse que iria para a casa no Natal, que estava perto. Ela ficou tranqüila, pero no mucho. Por sorte, a turnê acabou e eu consegui recuperar os quilos que eu perdi.

Narrado por Bill

Era estranho imaginar que eu ia ficar longe da Maia por um mês inteiro. Eu tinha me acostumado a acordar com a Maia do meu lado, muitas vezes, me observando com aquele olhar doce que ela tinha. Mas, desde que eu a acompanhei até o aeroporto de Berlim, para que ela pegasse o avião e fosse para o Brasil, era estranho acordar e não vê-la. Eu queria ter ido com ela, mas, a Maia é teimosa e me proibiu de passar o Natal longe da minha família. Teve até ameaça. Porém, ela me disse que, quando as festas de final de ano passassem, se eu quisesse, podia ir para o Brasil, ficar uns dias com ela. Minha mãe tinha apoiado a Maia na proibição do Natal e da virada do ano-novo e, sendo assim, tive que me conformar. Só a Maia mesmo que conseguia me dobrar desse jeito...

Na noite de Natal, eu dei um jeito de ligar para ela e, como tinha uma diferença de cinco horas da Alemanha para o Brasil, então, lá ainda não era meia-noite. Mas, mesmo assim, consegui falar com ela e, óbvio, eu disse a ela que não via a hora de viajar para o Brasil. Ela também estava com saudades e, quando fui me despedir dela, me lembrei de uma coisa que ela comentou sobre Napoleão, quando ia se despedir da Imperatriz Josefina. Ela ficou sem-graça, pelo o que eu pude perceber, mas, mesmo assim, ela disse que estava ansiosa para que pudéssemos nos ver de novo. Eu também estava, tinha que confessar.


Narrado por Maia

Eu estava reunida com a minha família, na minha casa, na noite de Natal. Meus avós, tanto a minha avó paterna quanto os maternos (Meu avô paterno morreu antes de eu nascer), os cinco irmãos do meu pai e os sete irmãos da minha mãe, junto com seus respectivos esposos e esposas e seus filhos, que eram quatorze, no total, além dos meus pais e a minha irmã, obviamente, estavam todos sob o mesmo teto. Era uma confusão, porque meus primos pequenos (Que eram cinco - Três meninos e duas meninas) estavam correndo pela casa, fazendo bagunça e quase derrubando a minha tia, que trazia a travessa com farofa. Minha tia, Inês, quase foi derrubada pelo filho e deu um grito:

– Vocês aí! Parem já com isso senão eu falo com o Papai Noel para não trazer presente nenhum para vocês!

Na mesma hora, os cinco, que tinham entre cinco e oito anos, ficaram quietos. Eu, minha irmã, minhas primas, Marina, Luciana e Gabriela, estávamos sentadas em um banquinho, tipo aqueles de praça, na varanda do apartamento, conversando. Óbvio que as quatro não se agüentavam de curiosidade por causa do Bill. Queriam saber tudo, não só sobre ele, mas, sobre os outros. Ah! Sobre as meninas da banda também. A Marina era fã deles, assim como eu, só que ela gostava mais do Gustav. De repente, ela perguntou:

– E ele tem namorada?

– Não. - Respondi. - Ele e a Jade ficam naquela de quase começar uma terceira guerra mundial, mas, não acho que eles se gostam...

De repente, me surgiu uma idéia e eu falei, me levantando do banco e entrando no apartamento:

– Espera aí... Eu já volto.

Eu fui atrás da mãe da Marina e da Gabriela e, quando achei, perguntei:

– Tia... Posso te pedir permissão para fazer uma coisa?

– Ih... Que coisa, Maia? - Minha tia quis saber.

– Olha, eu não sei se você e o tio André vão concordar com isso, mas, eu queria levar a Marina comigo para a Alemanha, passar uma temporada lá. O problema é que o povo que eu conheço, é ou alemão ou inglês. Não estou reclamando, mas, eu queria que ela fosse comigo, porque eu ia ter companhia e, além do mais, ela é a minha prima, tem minha idade...

– Maia... Uma viagem dessas não é barata...

– Esqueceu que eu posso te ajudar a financiar, agora? - Perguntei. - Ainda que eu ainda não sou uma... Madonna da vida, dá para ajudar um pouco.

– Ai, Maia... As coisas não são tão fáceis assim... - Ela respondeu.

– Eu sei. Mas, por favor? Deixa ela ir? - Perguntei, tentando imitar o olhar do gatinho do Shrek. 

– Eu vou falar com o seu tio André. Se ele concordar, damos um jeito da Marina ir com você.

– Tia Giselle, você é a melhor tia do mundo! - Respondi, dando um abraço nela.

– Ei! E eu? - Uma outra tia minha, Joana, perguntou, saindo do banheiro; Eu estava no corredor.

– Ah... Todas as minhas tias são. - Respondi, tentando consertar a besteira que eu fiz. - E vocês sabem disso, não é?

– É... Sabemos. - A tia Joana respondeu, sorrindo. - Ah, Maia... E o seu namorado?

– Ficou na Alemanha, com a família dele. Mas, minha mãe faz questão que ele venha passar um tempo aqui no Brasil.

– E quando ele vem? - A tia Giselle quis saber.

– Provavelmente no começo de janeiro. Agora que a turnê acabou, finalmente, e o empresário deu uma folga para todo mundo... - Respondi. - Pior é que eu estou vendo tudo: A mamãe vai olhar para ele e vai entupir ele de comida...

– Mas ele come tão pouco assim? - A tia Giselle perguntou.

– Não. A quantidade de comida que ele come é até boa. Agora o irmão dele, o Tom, que é uma coisa impossível. O tempo inteiro fica comendo alguma coisa.

– E como é que ele é magro daquele jeito? - A tia Joana perguntou.

– Sei lá... - Respondi. - Também queria saber...

– Pode uma coisa dessas? A gente aqui, se matando por causa de regime e eles lá, enchendo a barriga o tempo inteiro e não engordando uma grama... - A tia Giselle respondeu.

– É, eu sei... Me dá raiva também. - Respondi. Depois de ser abraçada e abraçar todo mundo, o meu primo (Um dos que estava envolvido na perseguição e quase atropelou a minha tia) estava me abraçando quando ele disse:

– Maia... Tem alguma coisa tremendo dentro de você!

Eu enfiei a mão em um dos bolsos do meu vestido e peguei meu celular. Quando vi o nome do Bill na tela, fui correndo para o meu quarto. Ele tinha me ligado para desejar feliz Natal, dizer que estava com saudades e que não via a hora de viajar e me encontrar de novo. Eu tinha que confessar que também queria que ele chegasse logo também...

Postado por: Jhenyfer

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Arquivos do Blog