sexta-feira, 18 de maio de 2012

Bonequinha De Luxo - Capítulo 16 - Mãe... Este é o Bill

Narrado por Maia

Confesso que eu nunca imaginei que duas semanas e meia pudessem demorar tanto para passar. O Bill me ligava quase todo dia, mesmo eu falando com ele que não era para me ligar, porque ligação internacional é o olho da cara, mas... Tinha jeito de dobrar aquele cabeça dura? Quando a confusão da virada de ano passou, minha mãe resolveu a fome com a vontade de comer, ou seja, aproveitou o dia de reis, que é o dia para desmontar árvores de Natal, e fez uma arrumação violenta no apartamento, para receber "o genro". Todo mundo da minha família estava curioso a respeito do Bill. Até minha avó materna estava toda assanhada por causa dele. Um dia antes de ele chegar, minha mãe me arrastou junto com a minha irmã e fomos à praticamente todos supermercados daqui de Belo Horizonte, que é onde eu nasci e morei até ir para a Alemanha. E ela sempre me perguntava coisas do tipo:

– Maia, o Bill gosta de macarrão?

E eu respondia, impaciente à todas as perguntas da minha mãe. Por fim, quando estávamos no último supermercado, a Dafne me perguntou, enquanto a minha mãe pedia alguns peixes para o moço daquela sessão:

– Será que o irmão dele vem?

– Dafne, quer um conselho? Fica longe do Tom.

– Por quê?

– Ele não presta. - Respondi, num tom decidido. - E além do mais, se você perguntar para o Bill se vale a pena correr atrás do Tom, ele vai te dizer que é uma perda de tempo.

– Então aquilo tudo sobre ele é verdade?

– É. E um pouco pior, também. - Respondi. Minha mãe se aproximou do carrinho com um saco enorme, cheio de camarão. Ela perguntou:

– Será que essa quantidade está boa?

– Mãe! Se o Bill comer esse saco de camarão, ele explode! - Respondi.

– É... Exagerei um pouco na dose, né? Ah, mas, amanhã sua avó e algumas das suas tias vão lá para a casa...

Minha mãe estava fazendo o contrário do que eu pedi para ela: Discrição. Faltava só ela incorporar a nossa vizinha, alugar o carro do sacolão e anunciar, no alto falante que o genro dela era Bill Kaulitz, sendo que nós éramos só namorados. E não marido e mulher. Assim que meu pai viu as compras, ele quase teve um ataque:

– Helena, precisava ter comprado esse tanto de coisas? Olha isso aqui! - Meu pai disse, examinando uma sacola com pacotes de dez tipos diferentes de macarrão.

– Quero fazer ele se sentir em casa, só isso! - Minha mãe se defendeu. A Dafne ria da reação do meu pai. Ele sempre foi mais sensato que a minha mãe.

De repente, meu celular começou a tocar e, tirando o aparelho de dentro do bolso, saí da cozinha e fui atender na varanda. Logo que ouviu minha voz, o Bill disse:

– Eu te liguei para avisar que daqui a pouco eu vou embarcar no avião...

– Que horas o vôo chega aqui, mesmo?

– Onze da manhã.

– OK. - Respondi. De repente, minha mãe me chamou e eu disse que já estava indo. O Bill riu do outro lado da linha e me perguntou:

– Ela surtou?

– Quando você chegar, vai ver o tamanho do surto dela... - Respondi. - A Dafne está rolando de rir dela...

De repente, eu ouvi a Dafne dando um grito e, logo em seguida, minha mãe xingou a minha irmã.

– É... Minha mãe realmente surtou... - Respondi. Ele riu e eu perguntei, de curiosidade:

– O Tom vai vir?

– Não. Por quê?

– Nada. De curiosidade mesmo... Da Dafne. - Respondi.

– Sério? - Ele perguntou, surpreso.

– Pois é... Esse é o mal dos Kaulitz sobre a família Queiroz...

Ele riu e, de repente, ouvi o alto-falante chamando o vôo dele. O Bill disse:

– Olha, eu tenho que ir... Daqui a algumas horas, a gente se vê, ok?

– Ah... Podia ser só uns minutinhos... - Respondi. Sabia que estava fazendo bico. E ele também lamentou o fato de serem cerca de doze horas. Mas, como minha mãe me gritou de novo, pedindo que eu fosse ajudá-la, não teve jeito. Tive que desligar.

Na manhã seguinte, eu estava tão ansiosa que acordei às seis da manhã. E olha que eu ainda estava com o relógio biológico todo bagunçado, por causa do fuso-horário. Tomei só uma xícara de café com leite e, logo, fui correndo me arrumar. Passei, pelo menos, duas  horas tentando escolher a roupa. Por fim, a Dafne veio entrando no meu quarto, reclamando do barulho e com cara de sono. Eu perguntei:

– Dadá... O que você acha dessa roupa?

Ela olhou para o vestido vermelho e preto, com estampa xadrez, sobre a minha cama que eu estava indicando.

– Ah... Acho melhor não. - Ela respondeu. De repente, ela foi até meu armário e, quando vi a roupa que ela escolheu, nem pensei duas vezes antes de vesti-la.

Narrado por Bill

Não sei se o aeroporto na cidade da Maia era sempre assim, mas, no dia que eu cheguei à cidade dela, estava vazio. Peguei as malas e, logo que saí do portão de desembarque, procurei por um sinal dela. Mas, não tinha nenhuma garota que se parecia com ela. Então, decidi sentar em uma das cadeiras que tinha na minha frente e, esperei, até que ela aparecesse. Quando eu menos esperei, ela apareceu. Ela estava usando a camiseta do Bowie e a Wet legging que ela usou quando aceitou fazer as fotos, no dia que eu a conheci. Eu me continuei sentado na cadeira e, como ela não tinha me visto, fiquei quieto. Eu queria ver se ela perceberia que eu estava ali, na frente dela. De repente, uma outra menina, da idade dela e igual à Maia apareceu. Ela perguntou para a Maia, em português:

– E aí? Achou o Bill?

– Nada... - Ela respondeu. De repente, ela passou a mão na testa e baixou o rosto na minha direção. Eu fingi que estava lendo a revista e, mesmo assim, consegui vê-la se aproximando de mim. Quando ela percebeu que eu estava ali, me deu um tapa no ombro e me xingou:

– Seu safado! Por que não me chamou?

– Queria ver se você ia me reconhecer...

– Você é sem-vergonha demais! - Ela respondeu, ainda me batendo.

– Ai! É assim que vocês aqui no Brasil recebem os estrangeiros, na base do tapa?

– Só os estrangeiros safados, que nem você! - Ela respondeu. Por um instante, eu achei que ela ia me bater de novo, mas, não. Me beijou. A irmã dela, percebendo que estávamos um pouco... Animados demais, fez um barulho com a garganta e a Maia disse:

– Bill, esta é a Dafne, minha irmã. Dafne... Este é o Bill...

– Oi. - Ela respondeu, em inglês, apertando a minha mão. De repente, eu me lembrei do que a Maia me falou sobre os brasileiros. Decidi me arriscar.

Narrado por Maia

A Dafne esperava uma recepção mais... Fria dele. Porém, o Bill a surpreendeu, abraçando-a. A Dafne comentou comigo, enquanto estávamos indo para o meu carro (Sim... Eu tinha um adorável fusca laranja que atirava... Mas, tirando esse único detalhe, era um excelente carro.):

– Você não me disse que ele era tão alto...

– Você não me perguntou... - Respondi, em contrapartida. Pelo fato do fusca ser um carro pequeno e as malas do Bill serem grandes, a Dafne foi espremida no canto do banco de trás. Eu falei com ela que não ia dar, mas, minha irmã era tão teimosa quanto eu, então... Já viu.

Quando chegamos em casa, minha mãe estava conversando no telefone e meu pai estava fazendo pudim de leite. A Dafne, discreta como sempre, gritou, assim que chegamos:

– Ô de casa! Temos três famintos aqui!

Meu pai saiu da cozinha, de avental e tudo (Ainda bem que o avental era preto, basicão mesmo) e veio cumprimentar o Bill. Minha mãe demorou mais um pouco para sair do quarto que funcionava como escritório. Quando ela viu as filhas, o marido e o famoso "genro", parados na porta do apartamento dela, só conseguiu perguntar:

– É ele?

– Mãe... Este é o Bill. Bill, esta é a minha mãe, Helena. - Eu disse, apresentando os dois. Ele a cumprimentou com dois beijinhos e, quando ele se afastou, pude perceber que minha mãe ficou com as bochechas rosadas. Eu sabia que ela estava esperando um cara super-grosso e mal-educado. Só que, pelo o que deu para ver, até meu pai, que tinha um ciúme danado de mim, gostou do Bill. Porém, pior mesmo foi a minha avó...

Postado por: Jhenyfer

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