sexta-feira, 18 de maio de 2012

Bonequinha De Luxo - Capítulo 19 - Acerto de contas (Parte 01)

 Narrado por Jade

Desde a primeira vez que eu vi o Gustav, não fui com a cara dele. Eu sabia que não ia gostar dele e, como dizem, a primeira impressão é a que fica. Eu sempre dava um jeitinho de provocá-lo e, confesso que adorava vê-lo saindo do sério. Porém, depois da olhada que ele me deu, quando fizemos o clipe, eu confesso que comecei a achar que ele não era de se jogar fora, como eu pensava. E, já que estou me confessando... Senti ciúmes da prima da Maia, que vivia grudada nele e era tratada como uma rainha. Já eu... Faltava só ter meu lombo açoitado por ele. Apesar do que... Levar umas chicotadas dele não seriam má idéia... OK. Jade, se concentra! E tenta não pensar no dia que você viu as tatuagens de asas que ele tem nas costas... E muito menos quando ele se virou de frente... Pensa... Que podia ser pior, tipo... Ele te flagrar tomando banho, por exemplo.

Quando voltamos de Berlim, a Maia foi correndo se encontrar com o Bill e a Roxy e a Charlie foram fazer algumas compras. Aquelas duas eram tão consumistas que chegavam a me estressar. Era um absurdo, simplesmente. Que graça tinha em ficar batendo perna no shopping, olhando a vitrine de cada loja, sendo que, a cada dez lojas que elas visitavam, só compravam alguma coisa em, no máximo duas. Eu preferia ficar em casa, tocando bateria. Entre elas e a Maia, só a nossa amiga brasileira que não reclamava daquela mania triste dos bateristas, de ficar batucando em tudo. Senão, o tempo inteiro era: "Ai, Jade, que saco!", "Dá um tempo!" e "Pára com essa batucada infernal, garota!"... Saco eram elas, que sempre se acharam as melhores em tudo. Tinha hora que me dava vontade de jogar tudo para o alto, ligar o foda-se, mandar as duas irem à merda e sumir, assim. Abandonar tudo. Só que, se eu não fiz isso ainda, era porque a Maia era a única que não me censurava por causa do que eu falava e fazia. Ela sim era a minha amiga. Mesmo tendo trazido a prima dela...

Narrado por Marina

Eu sempre achei que, se viesse para a Alemanha com a Maia, ia ser o máximo. Porém, não era. Ela até tinha me pedido uma ajuda, já que eu estava fazendo faculdade de design de moda e podia ajudar com as roupas dela e das amigas, mas, não era a mesma coisa que eu imaginava. Tudo bem que, quando juntava as The Sour Ladies com o Tokio Hotel e eu estava no meio, era uma bagunça, mas, eu sentia que meu lugar não era ali. Então, esperei a Maia voltar de Berlim para avisar que eu estava sentindo saudade da minha casa e queria voltar para lá, apesar de gostar demais de ter morado esse tempo com minha prima. A Maia pediu desculpas, por quase não parar em casa, mas, concordou que eu voltasse para o Brasil. Porém, antes da minha viagem, eu precisava fazer uma coisa...

Narrado por Gustav

Eu estava dividido entre duas garotas: A Marina e a Jade. Apesar de gostar muito da Marina, eu percebia que ela gostava de mim também, mas, era como amigo. Então, quando ela apareceu na minha casa, querendo conversar comigo, eu escutei tudo e, quando ela me pediu para dar uma chance para a Jade, eu não acreditei. Porém, ela me explicou que, apesar de gostar muito de mim, era melhor continuarmos só como amigos mesmo, já que ela mesma me disse que não sabia se conseguiria ser como a Maia, que abriu mão de tudo para namorar o Bill. Talvez, por isso, era melhor se eu ficasse com a Jade, que saberia lidar melhor com o assédio sobre nós. Ela foi embora da minha casa, mas não sem antes, me fazer prometer que eu ia sempre mandar notícias.

Narrado por Jade

Eu estava sozinha em casa, arrumando o meu quarto quando ouvi o interfone. O porteiro me disse:

– Senhorita Marshall, tem um rapaz aqui querendo subir... Disse que se chama Gustav... Posso mandar subir?

Hesitei por alguns instantes, mas, acabei concordando que ele viesse. Quando abri a porta, perguntei:

– O que... Você está fazendo aqui?

– Eu vim conversar com você.

Eu o deixei entrar e indiquei o sofá, enquanto trancava a porta. Me sentei no outro sofá, de frente para ele e disse:

– Estou te ouvindo.

– A Marina me procurou agora há pouco...

– É... Fiquei sabendo que ela vai voltar para o Brasil.

– É. Ela vai.

– E você veio aqui para me falar de uma coisa que eu já sei? - Perguntei.

– Não. O que eu vim fazer aqui é pedir para darmos uma trégua nessa rixa que nós temos.

– Por que?

– O Bill namora a Maia, o Georg está ficando com a Roxy... E até há pouco tempo atrás, o Tom estava tentando reconquistar a Charlie.

– Isso é uma indireta? - Perguntei.

– Na realidade, eu estou tentando é te fazer a proposta da trégua. Se eles se dão bem... Acho que deveríamos tentar não brigar. O que você acha?

– Você quer dizer que... Quer ser meu amigo?

– Exatamente.

– Sem segundas intenções?

– Jade, somos que nem óleo e água. Não dá para nos misturarmos. Então, o melhor mesmo é sermos amigos. - Ele me disse. Eu percebi que estava sendo sincero. Então, acabei atendendo ao pedido dele e dando uma trégua. Eu só não sabia que a amizade ia durar tanto tempo, a ponto de, sempre que nós saíamos juntos, ele me ajudava a ficar com alguns meninos. E eu, para retribuir esse favor, ajudava ele nas conquistas. E o engraçado é que agíamos como se fôssemos irmãos. Ele me sacaneava, vez ou outra, mas, eu sabia que era brincadeira. Tanto que eu não brigava com ele. E eu tenho que admitir que estava surpresa com essa minha mudança. Estava menos azeda, mais sociável e ria mais. Era outra Jade. E, graças a Deus, as únicas reclamações da Charlie e da Roxy eram só sobre as batucadas. Porém, as duas não agüentavam mesmo era quando estávamos com os meninos e eu ganhava um reforço nas batucadas. Aí elas beiravam a histeria e só paravam quando a Maia, o Bill, Tom e Georg nos ajudavam. E o mais engraçado disso tudo é que a Charlie, mesmo com aquele jeitão agressivo dela, dava piti, como se fosse uma daquelas patricinhas de filmes americanos, a voz subindo umas seis oitavas, dando birra mesmo e pior: Colocando a mão na cintura. Era hilário ver esses pitis, porque o Tom, como sempre gostava de provocá-la, a imitava. Lógico que ele não conseguia imitar a voz dela, mas, era engraçado. E, mesmo a contra gosto, até a própria Charlie acabava rindo. A nossa vida estava perfeita, ainda que fosse uma correria. E para mim, não existia nada melhor que me apresentar com as meninas para um público enorme. Era tão bom ouvir as pessoas gritando os nossos nomes e cantando as nossas músicas... Isso sem mencionar nas músicas mais calmas, que o povo tirava os celulares e isqueiros dos bolsos e os lugares que nós nos apresentávamos se tornava uma espécie de céu, com os vários pontinhos iluminados naquela escuridão. Era a coisa mais linda. Tanto que, aproveitando que tínhamos uma parte que era só a Maia que cantava e tocava o teclado, eu tirei várias fotos desses momentos. E eu tinha uma foto de cada cidade que isso acontecia. Eu pensava: Quando a gente for lançar o livro, contando a nossa trajetória, daqui a uns... Dez anos, eu faço questão de que essas fotos estejam no livro. Junto com a foto da Roxy no salão, com pedaços daquele papel metalizado, enrolando as mechas ruivas, a Charlie dormindo, a Maia com máscara verde de pepino na cara, olhando assustada para a câmera, as nossas guerras de neve e o estado depois delas... Confesso: Eu adorava a vida de rockstar. E principalmente: As minhas amigas.

Postado por: Jhenyfer

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