sexta-feira, 18 de maio de 2012

Bonequinha De Luxo - Capítulo 20 - Descrença

 Narrado por Charlie

Qualquer garota que estivesse no meu lugar, se sentiria privilegiada. Além de ter a própria banda, ainda vivia colada com os meninos do Tokio Hotel. É, mas, eu não sou qualquer garota. Bill, Gustav e Georg eram uns amores. Só o Tom que era chato mesmo. Chato, safado, mulherengo, pervertido, irritante, convencido, intrometido e... Um pé no saco mesmo. Sério. Nem mesmo o meu ex-namorado, que ficou me enchendo o saco durante dois meses inteiros, pedindo uma nova chance, me tirou do sério do mesmo jeito que o Tom tira. Eu sei o que você vai falar: "Ah... Isso é amor!". Não. Acredite. Não é amor. Nem aqui e nem na China. Podia até ser, logo que eu me envolvi com ele. Mas, depois que eu me recusei a dar uma de groupie para cima dele, o safado foi correndo atrás de uma vagabunda qualquer que quisesse dormir com ele. Fiquei puta sim, porque ele sabia muito bem que eu não sou do tipo de garota que ele está acostumado. E, por isso, a gente acabou brigando e cada um foi para um lado. Bem, eu fui para o meu lado e ele veio atrás, correndo e, que nem um cachorro, veio se arrastando, implorando que eu o desculpasse, porque ele ia se comportar, caso eu desse uma nova chance. Só que eu sabia muito bem que ele não ia aproveitar a chance, justamente porque, como eu ouvi a Maia dizendo um dia, "Pau que nasce torto, nunca se endireita". E, como ele passou os últimos... Dez anos com uma menina diferente a cada dia, duvido que ele vai ser fiel...

Nós tínhamos ido à uma boate, em Paris, e, enquanto a Maia e o Bill dançavam, a Roxy e o Georg sumiram no meio da multidão e a Jade e o Gustav estavam no bar, eu e o Tom ficamos sentados em um sofá. Qualquer cara que ousasse olhar para mim, levava um olhar em troca, só que era do Tom. E, como ele fechava a cara para o coitado do menino, então, ninguém tinha se atrevido a tentar falar comigo. Quando me viu descruzando os braços e me levantando, ele perguntou:

– Onde você vai?

– No banheiro. Ou eu não posso? Sabia que se eu segurar o meu xixi, posso correr o risco de ter pedras nos rins e daí, é você quem vai ter que ouvir minhas reclamações?

– Mais do que eu já escuto?

Perdi a paciência e mostrei o dedo do meio para ele, que sorriu. Eu dei um jeito de ir até uma outra parte da boate, longe do olhar dele, e, quando eu estava conversando com um menino lindo, o garoto disse, de repente:

– Desculpa te interromper, mas, acabei de me lembrar que... Eu tenho que ir encontrar um amigo lá fora. Com licença.

Olhei para trás e, como eu suspeitava, descobri o que tinha espantado o garoto. Eu bufei e, quando passei pelo Tom, fiz questão de trombar nele, ao passar. Ele me seguiu até o lado de fora da boate e, quando eu percebi que ele estava atrás de mim, eu gritei, de tão irritada que estava:

– Me deixa em paz! Você ainda não percebeu que eu não quero absolutamente nada além de ficar quieta, em paz, no meu canto?

– Charlie, dá para você me ouvir por um minuto?

Eu parei de andar e ele quase trombou em mim. Olhei para ele, cruzei os braços e disse, num tom impaciente:

– Fala, então!

Ele ficou sem jeito e eu falei:

– Eu devia imaginar...

– Charlotte! - Ele me chamou. Eu me virei, não conseguindo acreditar na ousadia dele em me chamar pelo nome e não pelo apelido. Nem meus pais tinham permissão de me chamar assim. E como é que ele conseguiu descobrir meu nome, sendo que eu me apresentei como Charlie, apenas? Além do mais... Eu podia me chamar Charlie, assim como ele se chama Tom, e não Thomas.

– O que é tão difícil para você entender que é para me deixar em paz? Devia saber que eu não sou que nem as outras meninas que duram só uma noite com você!

– É por isso que eu estou insistindo tanto com você! Porque eu percebi que foi isso que me fez...

– Te fez o quê? - Eu perguntei.

– Eu gosto de você. - Ele respondeu. Eu entendi na mesma hora. - E eu gosto de você justamente porque é diferente das outras meninas...

– Você? Gostando de mim? - Eu perguntei, num tom de deboche. - Conta outra...

– É sério. - Ele respondeu. - Quando eu te conheci, achei que era só uma atração sem importância, mas, não é.

– Tom, eu não acredito em você. - Eu disse, dando as costas para ele e recomeçando a andar. O Tom continuou ali, parado, só me observando.

Narrado por Tom

Durante duas semanas inteiras, tentei provar à Charlie que eu estava gostando dela, de verdade. Eu tentava conquistá-la, mas, a Charlie era tão cabeça dura quanto eu. Então, o sufoco que eu passei, não foi brincadeira. Sempre que saíamos juntos, eu fazia questão de abrir as portas para ela, sempre dava um jeitinho de fazê-la rir, e, na maioria das vezes, dava certo, e, para completar, eu sempre tentava mimá-la, seguindo os conselhos do Bill e mandando flores para ela. Mesmo fazendo pose de durona, eu sabia que estava dando certo. Tanto que até a Roxy me disse para ter paciência.

Um tempinho depois, quando eu estava levando a Charlie para o hotel, em Paris, depois de uma premiação que as meninas tinham sido indicadas, um carro me deu uma fechada e, como eu me assustei, acabei perdendo o controle do carro. Uma das últimas coisas que eu me lembro antes do resgate chegar era que a Charlie pediu que eu não a deixasse sozinha. Logo em seguida, ela desmaiou.

Narrado por Charlie

Eu percebi que estava em um lugar claro, mesmo sem abrir os olhos. De início, pensei que estava no céu. Porém, eu ouvia um apito, parecido com o barulho daquele jogo, Pacman. Fiquei pensando se tinha aquele jogo no céu. Era uma idéia absurda, é verdade, mas, nunca se sabe, né? Eu abri os meus olhos e vi um teto branco e duas lâmpadas, daquelas fluorescentes e compridas. Percebi que tinha alguma coisa estranha no meu rosto e percebi que era uma espécie de máscara de oxigênio. Tentei me mexer e, uma mulher loira, falando francês, se aproximou. Ela sumiu, logo em seguida, e, quando voltou, um médico, de cabelos brancos chegou. Ele me examinou e, quando viu que eu não precisava mais da máscara, tirou-a e eu pude conversar normalmente com ele.

– O que houve? - Perguntei.

– Você sofreu um acidente de carro. O carro bateu contra a parede de um túnel e, tenho que dizer que você tem muita sorte de estar viva.

De repente, me deu um estalo e perguntei:

– Eu estava acompanhada de um rapaz... Como e onde ele está?

Nem bem perguntei isso e ouvi a voz do Tom, perto da janela do quarto:

– Felizmente, não foi desta vez que você se livrou de mim...

– Bobo. - Respondi, sorrindo. O médico disse que ia avisar aos outros que eu finalmente tinha acordado e me deixou sozinha com o Tom. Eu perguntei:

– Como é que você escapou de um acidente feio daqueles?

– Na realidade... Eu quebrei a perna. - Ele respondeu. De repente, eu vi que ele estava com uma muleta. - Foi fratura exposta.

Eu torci o nariz e perguntei:

– Mas... Tirando essa parte da perna quebrada... Você está bem?

– Estou. - Ele respondeu. - Quer dizer... Não dá para saber quem está pior... Se é você, que ficou em coma durante um bom tempo, ou se fui eu, que estou todo quebrado...

– Coma? - Perguntei, surpresa.

– É. Tem três meses desde que sofremos o acidente.

Olhei para ele, surpresa. De repente, percebi uma coisa e perguntei:

– Você... Disse que estava todo quebrado... O que houve?

– Além da perna... Quebrei seis costelas. Três de cada lado...

– Ai meu Deus! - Respondi. Ele sorriu e disse:

– Calma... Eu já estou bem melhor... Quer dizer... Só dói um pouco de vez em quando, mas, logo depois do acidente, estava pior... Bem pior. Além do mais... Como a Maia disse... Eu sou um vaso ruim. E vaso ruim não quebra.

Ele sorria ao dizer isso. Por fim, ele brincou com uma mecha do meu cabelo e disse, olhando fundo nos meus olhos:

– Fiquei com tanto medo de te perder...

Ele começou a se inclinar na minha direção, mas, por sorte, a Maia, o Bill, a Roxy, o Georg, a Jade e o Gustav entraram no quarto, fazendo a maior festa. O Tom se levantou da cama no momento que o Georg perguntou se estava atrapalhando alguma coisa, e, disse que ia comer alguma coisa. O Gustav e a Jade foram com ele. E levaram o Georg junto. A Roxy sentou na beirada da minha cama e perguntou:

– Como você está se sentindo, Gal?

Gal era o jeito que nós das Sour Ladies nos tratávamos.

– Parece que eu tomei uma surra daquelas... Mas, o Tom me disse que quebrou seis costelas e ainda teve fratura exposta na perna... - Eu comentei.

A Roxy olhou para o Bill e a Maia e eu perguntei:

– Tem alguma coisa que eu preciso saber? Além dos três meses que eu fiquei em coma?

A Roxy hesitou, mas, a Maia disse:

– O Tom não saiu do seu lado. Por nenhum momento.

– Espera aí... Vocês estão me dizendo que... - Eu comecei a dizer, olhando para a expressão dos três.

– Eu nunca vi meu irmão agir desse jeito. - O Bill falou. - Se ele está se esforçando tanto para te conquistar, é porque ele está apaixonado de verdade, pela primeira vez na vida...

Ouvir aquilo foi um impacto. Eu achava que ele só queria fazer hora comigo, mas, se o Bill, que realmente sabia o que estava se passando pela cabeça do Tom, dizia que ele realmente me amava... É por que era verdade. Então, decidi dar o meu braço a torcer e dar uma chance a ele. 

Postado por: Jhenyfer

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