sábado, 24 de setembro de 2011

Sie Hat Mich - Capítulo 26 - Bill estranho


Eles me deixaram sozinha com Bill, que já se encontrava jogado no sofá. Encarei-o por um momento, mas ele misteriosamente desviou o olhar.
- Quer que eu ligue a TV? – perguntou olhando para a televisão de 32 polegadas que tinha num suporte da parede que era de frente para a minha cama.
- Não, mas quero um pouco de água... Minha garganta está seca. – pedi observando ele se sentar direito conforme eu falava.
- Tudo bem. – levantou-se em seguida e foi até a mesa do outro canto do quarto.
Lá tinha uma jarra com água, alguns copos e um pote com o que deveria ser alguns biscoitos. Parecia que tinha alguns jornais e revistas, mas não perdi muito tempo pensando nisso. Observei as mãos dele trabalharem em encher um copo para mim, suas unhas sempre bem feitas estavam descascadas, como se ele próprio tivesse tirado o esmalte com os dentes. Aquilo foi um banque para mim, será que ele havia ficado tão nervoso assim por minha causa?
Bill se aproximou de mim com o copo, estendeu-o para mim e eu peguei-o meio trêmula, minha mão parecia não estar mais tão acostumada a segurar coisas. Ele quase me ajudou a tomar a água, mas juntei as duas mãos e consegui fazê-lo sozinha. Foi tão boa a sensação do líquido descendo pela minha garganta seca... Talvez eu conseguisse falar melhor e me esforçar menos. Dei o copo para ele, que o levou até a mesa e voltou a se jogar no sofá, ligando em seguida a TV. Colocou num canal de música, pelo menos nada de notícias sobre meu seqüestro? Ficamos em silêncio por um longo tempo até ele perguntar se eu estava com sono ou queria voltar a me deitar. Neguei dizendo que daquele jeito estava bom.
Não pude deixar de notar que ele estava estranho comigo, isso estava mais que na cara. Claro que eu deveria estar completamente imunda, e talvez, depois que recebesse alta, ele terminasse comigo...
- Bill? – o chamei virando o rosto para encara-lo – O que foi? – perguntei triste.
- Nada Julia, não se preocupe. – falou sem tirar os olhos da TV.
- Por que está estranho comigo? – perguntei sentindo uma lágrima escapar dos meus olhos – Você nem sequer me beijou. – reclamei olhando-o triste.
- Julia, calma, não chore... Por favor. – pediu finalmente se levantando e vindo até mim – Não estou estranho com você, quero apenas que fique bem. – respondeu a minha pergunta se sentando na beirada da cama.
- Você não me ama mais, é isso? – perguntei sentindo mais lágrimas escorrerem pelo meu rosto.
- Não, não diga besteira! É claro que eu te amo. – falou rapidamente erguendo a mão para tocar meu rosto, mas parou deixando-a cair na cama.
- Se você me ama mesmo, me toque, me beije. – pedi olhando-o.
- Eu não quero machucá-la. – falou virando o rosto e apertando a mão no cobertor.
- Agora é você que está dizendo besteira. – revidei me irritando – Você sempre foi tão delicado comigo, nunca que vai me machucar.
- Não é tão simples assim, você pode sentir medo... – ele começou, mas eu o cortei.
- Bill, eu não tenho medo de você. – falei rapidamente – Por favor... – pedi num sussurro.
Ele me encarou por um momento, hesitante ergueu a mão para tocar meu rosto delicadamente. Fechei os olhos sentindo a caricia delicada dele e percebi uma movimentação na cama. Quando abri os olhos, me deparei com o rosto dele mais próximo do meu. Ergui a mão boa e toquei-lhe delicadamente a face, Bill sorriu para mim e virou o rosto para beijar a palma da minha mão. Arrepiei-me quando aqueles lábios delicados entraram em contato com a minha pele e me inclinei mais na direção dele.
Bill deslizou a mão para os meus cabelos e se aproximou mais de mim. Nossos lábios se encontraram e eu finalmente consegui o que queria, um beijo do meu amado. Nosso beijo foi calmo, delicado, tão carinhoso e gentil que me fez chorar. Ele se assustou com isso e se separou rapidamente de mim.
- Não! – eu reclamei – Pensei que nunca mais fosse te ver, fosse te beijar. – falei sentindo mais lágrimas escorrerem pelo meu rosto.
- Calma, calma. – ele me pediu num tom calmo me abraçando apenas pelo lado direito _ Não chore, não chore, eu odeio vê-la chorar. – falou secando as minhas lágrimas com o polegar.
Eu me apertei mais contra ele sentindo o cheiro bom que ele emanava, as mãos grandes e delicadas acariciaram o meu cabelo e ele beijou o topo da minha cabeça. Bill me fez deitar na cama delicadamente e ficou acariciando meus cabelos até eu finalmente dormir ouvindo-o cantar para mim.

O dia seguinte passou mais tranqüilo. O médico apareceu me ver e ficou feliz em me encontrar mais animada dando um olhar muito significativo para Bill que me fez rir. Johan apareceu com Vanessa e fez Bill ir para o apartamento dele trocar de roupa e tomar um banho, coisa que ele foi obrigado a fazer após me prometer que voltava em duas horas. Fiquei fofocando com Vanessa, foi ótimo passar um tempo com ela, mas depois Johan veio conversar algo sério comigo...
- Você pode estar grávida de Trevor. – ele falou deixando o clima tenso.
- Eu sei. – disse me encolhendo na cama – Ouvi vocês... Conversando.
- Então você deve saber que pode abortar também, em casos assim se tem esse direito. – explicou me olhando tenso.
- Sim, eu sei... Mas isso não seria desumano? Matar algo que não tem culpa de nada? – perguntei-me apertando o cobertor.
- Mas também é algo desumano a criança ser excluída. Toda vez que você olhar para a criança, se lembrará do que aconteceu... Você quer isso Julia? Sofrer todos os dias? – perguntou segurando a minha mão.
- Não sei o que fazer Johan. Não sei. – respondi balançando a cabeça.
- Deve fazer o que achar melhor diva. – disse-me.
- Não sei qual é o melhor... Viver com a culpa de ter acabado com uma vida inocente ou viver me lembrando sempre do que aconteceu, do que gerou aquilo.
- Ah, por que isso foi acontecer com você minha diva... Por quê? Você que não fez nada de mau. – perguntou-se com raiva.
- Não escolhemos o que irá nos acontecer Johan. – falei suspirando pesadamente.
Depois disso pedi que ele me ajudasse a deitar, estava com sono. Dormi mais rápido do que imaginava, mas não foi uma noite tranquila... O pensamento de estar grávida de Trevor rondava a minha mente, eu me sentia muito mal por causa daquilo, mas o que crescia dentro de mim, se crescia alguma coisa realmente, não tinha culpa de nada. Serei meio egoísta nesse meu pensamento, mas eu não queria perder o Bill, não ele que me fez feliz durante todo esse tempo apesar da distância e da correria de nossas vidas, mas seria demais pedir para ele aceitar isso... Eu não sabia o que fazer!

Por: Grasiele

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