sábado, 24 de setembro de 2011

Sie Hat Mich - Capítulo 24 - Acordando


- Bill! – sussurrei baixo – Bill! BILL! – já estava gritando e com isso, a arma foi pressionada com mais força na minha barriga.
- Cale a boca! – Trevor se irritou gritando comigo – Cale a boca vadia! – puxou meus cabelos com força.
Comecei a chorar enquanto repetia diversas vezes o nome dele. Bill, Bill, Bill... Ah, ele estava me vendo naquele estado deplorável, toda machucada, maltratada... Suja! Tentei me soltar de Trevor e com isso, ouvi o primeiro tiro.
A mão dele afrouxou o aperto nos meus cabelos e eu consegui me soltar, o largando lá. Não sei de onde tirei forças, mas corri na direção dele, corri na direção do Bill. Ouvi o segundo tiro seguido do terceiro e mais o quarto. Senti uma dor alucinante no meu braço e um gemido de dor escapou dos meus lábios seguido de um banque surdo, Trevor havia ido ao chão enquanto eu cambaleava. Levei a mão até o meu braço esquerdo acima do cotovelo, sangue!
Um casaco me cobriu e alguém me segurou antes que eu caísse. Sentir aquele cheiro familiar foi a melhor coisa que me aconteceu naquele dia, ergui meu olhar para quem me segurava, Bill! Senti-me segura, tão segura que, vendo a expressão amedrontada do seu rosto, desmaiei.

Quando a minha consciência voltou, o que pareceu ser um bom tempo depois, ouvi um bip infernal e senti que estava conectada a várias coisas também, mas que estava menos dolorida. Outros barulhos começaram a se distinguir no lugar onde eu estava, um hospital pelo que eu supus. Consegui ouvir vozes e mais passos.
- Como ela está doutor? – essa voz não me era estranha.
- Estável senhor Kaulitz, está reagindo bem aos medicamentos, ela se recupera bem. – uma voz completamente estranha respondeu a outra conhecida.
- Quando ela irá acordar? – perguntou num tom preocupado a primeira voz.
- Em breve, ela já se recuperou bem, a cicatrização está boa e os hematomas já nem são tão visíveis. Dê um tempo para ela meu rapaz, logo voltará a abrir os olhos. – o doutor respondeu amavelmente.
Foi então que os últimos momentos voltaram a mim rapidamente. O evento beneficiente, o seqüestro, os abusos, a polícia, os tiros e...
- Bill! – exclamei num sussurro – Bill! Bill! – falei alto, quase gritando e abrindo os olhos, tentando me sentar aonde quer que eu estivesse deitada.
Abrir os olhos foi doloroso, a claridade os machucou e eu tive que piscar diversas vezes para me acostumar com a claridade até conseguir mantê-los abertos.
- Julia! – ouvi a voz musical dele e meus olhos foram direto para o meu lado esquerdo, onde ele se encontrava parado.
Bill estava pálido, mais magro, com o cabelo baixo e sem nenhum vestígio de maquiagem. Tentei me sentar para ficar mais próxima dele, mas ao forçar meu braço esquerdo, gemi de dor.
- Julia, fique deitada, não se esforce. – ele falou me empurrando de volta para a cama e segurando a minha mão direita em seguida.
- O que... O que aconteceu? Onde está Trevor, Johan? Ah, você está bem? Há quanto tempo estou aqui? – perguntei rapidamente tudo de uma vez – Bill!
- Calma... – ele me pediu com os olhos brilhando em lágrimas – Está tudo bem, ficará tudo bem. – falou acariciando a minha mão – Eu senti tanto a tua falta, falta desses olhos, da sua voz... – falou tocando delicadamente meu rosto com as pontas dos dedos.
- Sei que está feliz Senhor Kaulitz, mas preciso examiná-la. – o doutor se pronunciou me fazendo olha-lo.
Devia ter uns cinqüenta e poucos anos, tinha os cabelos crisalhos e aparência de mais idade, era uns vinte centímetros mais baixo que o Bill.
- Tudo bem então. – Bill concordou com ele, eu apertei com força a mão dele, com medo de que ele saísse do meu lado – Não sairei do seu lado. – prometeu apertando de volta a minha mão.
Voltei meu olhar para o médico enquanto ele fazia os testes e perguntava como eu me sentia. Apenas reclamei da dor no braço esquerdo, ele disse que era porque eu tinha forçado-o, mas que aumentaria a dosagem dos remédios para que eu não sentisse dor. Deixou-nos sozinhos dizendo que voltava com um soro novo. Em nenhum momento Bill soltou a minha mão e às vezes acariciava-a delicadamente com o polegar. Quando o médico nos deixou, eu apertei mais a mão dele e encarei-o. Bill me olhava ternamente, eu devia estar cheia de marcas, roxos, meu cabelo devia estar uma bagunça, eu estava um monstro.
- Johan, cadê ele? – perguntei olhando o que eu conseguia ver do quarto.
- Ele foi tomar um banho, estava aqui desde ontem a noite. – respondeu sentando-se na beirada da minha cama.
- Há quanto tempo estou aqui? – perguntei voltando a olhá-lo.
- Faz quatro dias que já está aqui, ficou dormindo, sendo sedada o tempo todo. Estava muito machucada e perdeu um pouco de sangue por causa do... – engoliu em seco – Ficamos muito preocupados com você, pensamos que tinha acontecido o pior. – falou apertando a minha mão.
- Aconteceu tudo tão rápido naquele dia. – falei me lembrando do evento – Eu fui ao banheiro e alguém me pegou, colocou algo em meu rosto e quando acordei... – parei de falar sentindo lágrimas escorrerem pelo meu rosto.
- Shiii, não precisa me contar, não precisa se lembrar. – disse secando as minhas lágrimas delicadamente com o polegar.
- Senti tanto medo, pensei que nunca mais fosse te ver. – encolhi-me na cama.
- Calma, eu estou aqui e não vou te deixar, está segura, está tudo acabado. – ele falou acariciando a minha mão.
Acalmei-me um pouquinho, mas ainda tinha muito medo, eu estava traumatizada e com medo que ele me deixasse, que nunca mais o visse. Senti o sono me dominar, devia ser os remédios, mas eu não queria dormir, tinha medo de dormir e acordar num pesadelo.
- Julia, descanse, eu não sairei do seu lado. – Bill prometeu acariciando o meu rosto delicadamente.
- Eu... Eu já dormi o bastante, não quero dormir de novo, o pesadelo pode voltar. – falei com a voz trêmula, e tremendo um pouco.
- Calma, não sairei daqui. – prometeu – Pode ficar tranquila, já acabou, o pesadelo não irá voltar. – garantiu puxando a minha mão e levando-a até os lábios macios.
Ah, como eu senti falta daquele toque suave e delicado dele, dos carinhos, da delicadeza que ele tinha comigo, como senti falta do homem que amava! Fiquei olhando naqueles olhos amendoados por uns segundos antes de apagar por causa dos remédios.

Por: Grasiele

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