sábado, 24 de setembro de 2011

Sie Hat Mich - Capítulo 23 - Quatro dias



Quando voltei a mim, sentia meu corpo todo dolorido, eu estava nua e suja. Encolhi me encostando numa parede úmida e procurei entender aonde me encontrava. Era um lugar escuro, entrava uma mínima luz da noite por uma janela bem alta com grades, estava num quarto escuro e mal cheiroso, era pequeno e tinha um fino colchonete num canto junto com uma garrafa de água e uma fina manta.
Arrastei-me até o colchonete e puxei a manta para me cobrir, pela pouca claridade da noite que entrava pela minúscula janela, consegui ver hematomas por todo meu braço, seios e pernas, parecia que eu havia sido inteiramente mordida. Ah meu Deus, fui seqüestrada e me estupram enquanto eu dormia? Tremi com esse pensamento, mas só podia ser isso...
Ouvi barulho de passos, pararam a porta pela sombra que vinha debaixo dela, agora que reparei na porta do cômodo, a chave foi girada umas duas vezes na fechadura, a porta foi aberta e para o meu horror, a luz, que eu não sabia que se tinha lá, foi acesa.
Quando encarei a figura a minha frente, comecei a tremer compulsivamente. Lembranças muito dolorosas voltaram a minha mente enquanto eu encarava aquele sorriso sádico e lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto.
- Tre-Trevor. – gaguejei olhando-o apavorada.
- Julia, querida. – a voz dele me fez tremer e arrepiar pelo jeito doce, mas nada agradável de ouvir – Há quanto tempo. – sorriu malicioso.
- O que você quer comigo? – perguntei com a voz falha observando-o fechar a porta sem deixar de me olhar.
- O que eu quero? – perguntou-se sorrindo e se aproximando de mim – Eu quero você. – respondeu arrancando com força a manta que me cobria.
Fui tentar gritar, mas ele ao perceber a minha intenção, tapou a minha boca com a mão me fazendo bater a cabeça com força na parede. Começou a abrir o zíper da calça enquanto eu tentava me reerguer e fugir dele, mas as minhas tentativas foram em vão. Novamente ele abusou de mim, do pior jeito imaginável e me deixou chorando, imóvel num canto, disse que voltaria logo me trazendo algo para comer.
Quando consegui me mexer, o que pareceu ser horas depois, puxei a manta para mim e me levantei cambaleante. No cômodo tinha outra porta, o que eu fui descobrir que era um banheiro sujo. Olhei a minha face num espelho todo quebrado, eu estava horrível, toda suja e com a maquiagem super borrada... Decidi voltar para o cômodo fedido, não me aguentava em pé de tão fraca que estava.
Eles deveriam estarem preocupados comigo? Hanna, Nicole, Johan... Bill? Ah, ele jamais faria algo assim comigo, ele era tão carinhoso, tão bondoso, tão perfeito comigo... Será que eles tinham sentido a minha falta? Não sabia que horas que eram, só sabia que era muito tarde já.
A porta foi aberta novamente, eu me encolhi com medo de que fosse Trevor, mas não era, não consegui ver quem era, apenas deixou uma bandeja com um lanche. Eu me recusei a comer, mas na terceira noite, a fome falou mais alto.
Trevor vinha todas as noites que fiquei lá, às vezes era carinhoso, outras vezes era um bruto que me usava apenas para satisfazer seus desejos sexuais. Na terceira noite, quando fui tentar ficar de pé, eu não agüentei e isso me fez comer. Ele também me deu um camisetão todo rasgado e feio, mas que serviu de camisolão para que não sentisse tanto frio.
Não deixei um segundo de me lembrar dos meus queridos, das pessoas que eu amava, estava vivendo uma realidade alternativa, foram às boas lembranças que me mantiveram viva todos aqueles dias... Eu me lembrava das palavras do meu amado, do jeito que ele me tocava, me olhava, das brincadeiras do Johan... Era tudo tão bom de lembrar que me fez ter vontade de continuar agüentando pelo menos para vê-los uma última vez.
O quarto dia foi o pior, ele não me deu sossego, veio umas três vezes naquele dia e na quarta vez, veio com uma arma. Trevor me puxou pelos cabelos e me levou para fora daquele lugar enquanto eu gemia baixinho de dor.
Eu só pensava em viver, aguentar mais um pouco, mas me sentia acabada, devia estar desnutrida, estava muito fraca, como nunca estive na vida. Mas eu queria ver as pessoas que amava e isso, de alguma forma me fez querer aguentar mais um pouco aquilo tudo. Algo me dizia que estava perto de acabar, perto do final.
Trevor continuou a me puxar, me fazendo subir algumas escadas e saímos para a luz do dia, luz que eu só via pela janelinha do porão imundo. Meus olhos arderam com a forte claridade e senti o cano fino da arma na minha barriga.
A casa estava completamente cercada, tinha carros de polícia por todo o lado. Os comparsas de Trevor já foram pegos porque restava apenas eu e ele naquele centro.
Eles começaram a falar, estavam negociando alguma coisa que não consegui prestar atenção, pois toda a minha atenção parou naqueles olhos amendoados que me encaravam assustados e completamente raivosos. Bem na minha frente, no meio dos policiais, estava ele, Bill, o homem que de certa forma me salvou.

Por: Grasiele

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