quinta-feira, 22 de agosto de 2013

The Dancer - Capítulo 2 - Não chore.

Logo, aquela mesma dançarina, entra no ambiente, com as mesmas roupas que usou na apresentação de dança. Ela estava com um lenço branco, chorando desesperada como se tivessem violado algo em si ou um trauma que se realizou.
Ou ela me ignorou ou nem havia percebido minha presença, pois ela se sentou no sofá oposto ao que eu estava desabafando suas lágrimas para seu lenço. Eu fiquei sem reações... Eu não sabia se eu saia dali devagar para ela não me perceber ou se eu me aproximava dela e perguntava o que houve.
Como uma pessoa boa que eu sou, joguei o cigarro na pequena lixeira que estava ali e caminhei até ela, sentando-se do seu lado, ela percebeu minha presença.
- Ai... Desculpo-me, eu não havia percebido que você estava aqui, desculpa - disse ela, com a voz doce.
- Não se importe, é triste ver uma garota tão linda chorando - eu não queria que soasse como galanteio, mas foram as únicas palavras que eu consegui unir no momento. Eu ainda não sei o que, mas o fato de estar a poucos centímetros dela, me desconcentrou completamente.

Ela realmente é bem atraente.

- Falando assim, eu vou pensar que você está me flertando - disse ela, dando um sorriso, limpando a maquiagem borrada.
- Não foi à intenção - disse, mas eu tive certeza de que ela não acreditou.
- Parabéns pelo casamento e aniversário... É você que vai se casar não é? - perguntou ela, me olhando confusa.
- É... - respondi com notável desanimo.
- Nossa, que desanimo. Você a ama, não é? - perguntou como se fosse minha melhor amiga.
- Amo, mas às vezes, eu sinto que não aproveitei nada me privando de tudo e ainda mais depois que eu noivei - desabafei.

Era realmente isso que eu sentia.

Às vezes eu pensava desse modo. Têm certos momentos que eu gostaria de quebrar as regras com alguém... Sair num barzinho qualquer tomar todas as bebidas não bebíveis, andar loucamente de conversível, beijar loucamente minha garota, fazermos amor num hotel qualquer e depois em plena madrugada nadarmos na piscina do mesmo como se fossemos crianças...
Olhando para ela, eu tive certeza de que se eu pedisse, ela toparia.
- É isso que eu penso de pessoas que se casam jovens, você tem apenas 21 anos... Mas foi uma escola sua - ela sorriu.
- Sem ser indelicado, mas o que aconteceu com você? - perguntei visivelmente preocupado.
- As pessoas não sabem diferenciar uma stripper de uma dançarina... Um homem quase me violentou quando eu ia embora - disse ela, retomando o choro.
- Não chore - disse eu, rodeando meus braços por entre seus ombros.
- Obrigado pela compreensão - disse ela, recebendo meu gesto carinhoso.
- Você se apresentou bem - elogiei.
- Obrigado - agradeceu - Eu faço isso mais pela arte do que pela necessidade, ao contrário de muitas pessoas que eu conheço que fazem por necessidade mesmo, mas eu amo dança e as referências antigas - ela dizia tudo com um sorriso no rosto que por um instante me tirou fora do ar a ponto de eu perceber que ela me olhava notavelmente preocupada.
- Eu te entendo... Às vezes temos que pagar um preço pelo que nós somos - ela concordou comigo mexendo com a cabeça, logo percebemos que ainda estávamos envolvidos no abraço.
- Desculpe-me - sussurrei devido a minha vergonha.
- Tudo bem - disse ela baixinho - Nós estamos aqui conversando, e eu nem sei seu nome - disse sorrindo.
- Bill - disse eu, rápido.
- Bom, o meu é Alice - respondeu tão doce quanto o próprio nome.

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