segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Substituta - Capítulo 10


O show tinha sido ótimo, no final, as fãs adoraram poder ver Tom no palco tocando. Foi bom ver o sorriso satisfeito dele no final, não que eu estivesse reparando nisso, claro. O primeiro espetáculo estava completo, mas ainda restavam dois e nós estávamos animados com isso, a recepção dos fãs da Austrália tinha sido ótima. Eu não parava de pensar em como seria quando fôssemos eu e minha banda, meu coração batia mais rápido só com o pensamento. Andrew não pudera ir ao show por conta de uma viagem relâmpago, ele tinha que fotografar em outra cidade.
Os fãs tinham feito uma festa – ou Fan Party, como preferir. Eu não estava tão empolgada quanto a isso, não me lembrava de uma festa em que Tom estivesse que eu me sentisse bem. Todas foram um desastre e eu não sei se estava preparada para mais uma das gracinhas dele. No final acabei sendo obrigada a ir, os garotos não me deixaram ficar sozinha.

­- Fica perto de mim! – Ouvi Georg decretar.

– Faça-me o favor, Georg. Eu queria ficar no quarto, mas vocês não deixaram, então, cala a boca! – Ele estava começando a me estressar de verdade.

– É claro que eu não ia te deixar sozinha no quarto, e se o Tom fosse lá? – Me afastei dele, seguindo para dentro do salão de festas do hotel. – Hey, Àlex! – Ouvi-o chamar. Sinceramente, ele precisava urgentemente de uma namorada, quem sabe assim ele largaria um pouco do um pé?

Eu continuava andando, não sabia bem onde eu estava querendo ir, mas com certeza, não queria ficar no meio daquela multidão. Pensei em subir e ir para meu quarto, mas os meninos notariam minha ausência. Olhei em volta a procura deles, todos pareciam entretidos demais para perceber alguma coisa. É, talvez não percebessem que eu resolvi voltar para meu quarto mais cedo. Mas algum instinto, ou sei lá o que, me fez perceber que faltava um deles ali, aquele do qual eu deveria ficar longe. Minha curiosidade não me deixou simplesmente seguir para meu quarto, precisava saber onde Tom estava. Se bem que, numa festa cheia de garotas e bebidas ele não poderia estar muito longe. Bati na porta de seu quarto, mas não obtive resposta e não ouvi nenhum barulho, tentei abrir, mas não consegui. Talvez ele estivesse com alguma garota e não quisesse ser incomodado. Fui para meu quarto, já tendo desistido de achá-lo. Minha surpresa foi muita quando abri a porta de meu quarto e encontrei-o sentado no chão, ao lado de minha cama. Ele estava pálido, parecia com frio. [Solte a música agora]

–Tom? – Chamei, ele não respondeu. Corri em sua direção, ajoelhado-me ao seu lado. – O que aconteceu? – Coloquei a mão em sua testa, estava quente, muito quente. – Por favor, diz alguma coisa! – Me desesperei, olhando-o com angústia. – Eu vou chamar alguém, espera. – Tom segurou meu braço, mesmo que com pouca força.

– Não, fica aqui comigo, Àlex! – Ele pediu, praticamente num sussurro, sem forças para falar muito.

– Mas você não está bem, Tom. Eu preciso chamar alguém!

– Não, eu estou bem. Só preciso que fiquei comigo, por favor! – Ele implorou.

When you try your best, but you don't succeed
Quando você faz o seu melhor, mas não tem sucesso
When you get what you want, but not what you need
Quando você tem o que quer, mas não o que precisa
When you feel so tired, but you can't sleep
Quando você se sente tão cansado, mas não consegue dormir
Stuck in reverse
Preso ao contrário

Eu estava muito preocupada, ele não estava nada bem. Se alguma coisa acontecesse eu não me perdoaria, mas também não o deixaria sozinho. Fiquei alguns instantes somente o encarando, ele não era nem de longe o Tom que eu conhecia. Senti sua mão subir por meu braço, indo parar em meu ombro, puxando-me para baixo, fazendo-me sentar ao seu lado.

When the tears come streaming down your face
E quando as lágrimas escorrem pelo seu rosto
When you lose something you can't replace
Quando você perde algo que não pode substituir
When you love someone, but it goes to waste
Quando você ama alguém, mas não dá certo
Could it be worse?
Poderia ser pior?


Ele puxou-me mais para ele, deitando a cabeça na curva de meu pescoço. Eu podia sentir sua temperatura muito alta, sem sombras de dúvidas ele estava com febre. Mas por quê? Ele me parecia tão bem na hora do ensaio e até mesmo no show que havia sido há poucas horas atrás. Tom passou os braços por minha cintura, apertando-me contra ele. Não soube o que fazer de inicio, fiquei alguns segundos dividida entre colocar meus braços em volta dele também, ou simplesmente ir embora. Optei pela primeira opção, devido a seu estado.

Lights will guide you home
Luzes vão te guiar para casa
And ignite your bones
E incendiar seus ossos
And I will try to fix you
E eu vou tentar te consertar

– Eu preciso que você me diga o que está sentindo, Tom. – Disse, após alguns segundos apenas ouvindo nossas respirações descompassadas. – Eu quero te ajudar, mas se você não me disser nada eu não posso fazer alguma coisa! – Eu estava preocupada, Tom não era o tipo de pessoa que demonstrava estar doente ou alguma coisa do tipo, ele sempre escondia.

– Você quer mesmo saber? – Ele perguntou, fracamente.

– Claro! – Assenti, esperando sua resposta.

– Tudo isso... Tudo que eu fiz e que venho fazendo... É culpa sua! – Ele não estava me acusando, não tinha sido sarcástico, não estava fazendo gracinhas. Pelo contrário, estava sério, até calmo. Assustei-me um pouco, sem saber o que era minha culpa.

– Como assim? – Ele se afastou um pouco, somente o suficiente para deixar nossos rostos próximos, próximos demais.

– Tudo que eu fiz, Àlex, foi pra te esquecer! – Ele esclareceu, olhando fixamente em meus olhos.

– Diz, as bebidas, as drogas? – Chutei e ele assentiu, confirmando. – Porque, Tom? – Eu já não estava entendendo mais nada. Ele passou anos me colocando para fora da vida dele, me humilhando, me tratando mal e agora diz que fez tudo isso para me esquecer?

– Eu não sei o que é isso... Isso que eu sinto. Não é normal, Àlex! Essa dependência que eu tenho por você é doentia! – Ele voltou a respirar rapidamente, podia senti-lo tremer levemente.

– Porque não me disse isso antes? – Ele não me respondeu, ao invés disso, escondeu o rosto na curva do meu pescoço.

Não perguntei mais nada, algum tempo depois senti meu pescoço úmido. Não acreditei que ele estivesse mesmo chorando, até olhar em seus olhos vermelhos e inchados pelos poucos minutos que chorava. Não, aquele não era Tom, não podia ser. Alguma coisa muito ruim ele devia estar sentindo.

– O que está sentindo, Tom? – A cor de sua pele aos poucos voltava ao normal, sua respiração se normalizou, mas ainda podia sentir que ele estava com febre.

And high up above or down below
Bem lá em cima ou embaixo
When you're too in love to let it go
Quando você está tão apaixonado para se libertar
If you never try, then you'll never know
Mas, se você nunca tentar, nunca saberá
Just what you're worth
exatamente qual é o seu valor

– Só me promete que vai ficar comigo, Àlex. – Ele não me encarou dessa vez, parecia uma criança assustada em meus braços, expondo completamente seus sentimentos. Eu não queria dar esperanças para ele, mas não podia dizer que não ficaria ao seu lado, pelo menos não num momento como esse.

– Claro que vou ficar, Tom. Não estou aqui agora? – Apertei-o em meus braços, sentindo-o fazer o mesmo.

– Você sabe que não foi dessa maneira que eu falei! – Abri a boca para protestar, dizer que ele não me teria daquela maneira, mas ele me calou com seus lábios. O choque de seu piercing gelado contra meus lábios quentes foi arrepiante, e o beijo foi mais ainda.

Lights will guide you home
Luzes vão te guiar para casa
And ignite your bones
E incendiar seus ossos
And I will try to fix you
E eu vou tentar te consertar

Tears stream down your face
Lágrimas escorrem pelo seu rosto
When you lose something you cannot replace
Quando você perde algo que não pode substituir
Tears stream down your face
Lágrimas escorrem pelo seu rosto
And I...
E eu...

Eu tinha esquecido completamente de tudo que eu queria dizer naquele momento, a sensação de ter seus lábios sobre os meus era muito melhor, extremamente melhor do que qualquer palavra. Era ridícula a maneira como eu cedia aos seus desejos com um simples beijo, como eu me entregava ao momento em troca de ter suas mãos em volta de mim, fazendo-me sentir a pessoa mais desejada no mundo, por mais que fosse somente por uma noite. Aos poucos ele foi diminuindo o ritmo do beijo, transformando-o em pequenos e curtos beijos. Nenhum de nós dois ousamos abrir os olhos; eu temia que aquilo fosse uma piada, uma brincadeira de mau gosto; e ele, bem, eu não fazia a mínima idéia. Fui a primeira a encarar a realidade após aquele beijo, levantei-me e ele abriu os olhos, assustado.

­- Levanta, vem. – Sentei na cama, chamando-o. Eu sabia que ele estava com febre e não ficaria melhor se continuasse no chão frio. Ele não questionou minas palavras e fez exatamente o que eu pedi.

Como se ele fosse uma criança eu tirei seus tênis, fiz o mesmo com meus sapatos e deitei ao seu lado, cobrindo-nos. Puxei-o para perto, fazendo colocar a cabeça em meu ombro, sentindo sua respiração bater em meu pescoço, calma. Ele passou o braço por minha cintura e se acomodou melhor perto de meu corpo.

­- Durma bem! – Disse num sussurro, sentindo-o relaxar o corpo.

Eu não sabia ao certo o que ele estava sentindo, Tom não era claro ao falar de seus sentimentos, sempre contava as coisas por fases; primeiro disse que me amava, agora, que tinha feito todas essas loucuras para me esquecer, o que seria o próximo? Na verdade, eu tinha um pouco de medo de descobrir! Bloqueei minha mente durante toda a noite, não queria ficar pensando nisso, tinha uma promessa agora. Eu iria ajudar Tom a se recompor, não do jeito que ele esperava, mas eu não quebraria minha promessa.


[Tom’s P.O.V ON]

Acordei, sentindo meus músculos reclamarem insistentemente. Aquela havia sido a pior crise de abstinência de drogas que eu passei. Não tinha tido muitas, sempre estava consumindo alguma coisa, mas gora sem poder beber na frente dos outros e quem dirá usar alguma droga, meu corpo exigia que eu tomasse providências. Eu nunca contara a ninguém sobre isso, as pessoas não desconfiavam que eu estivesse tão dependente assim, às vezes nem eu mesmo acreditava que já tinha chegado aquele ponto. Àlex dormia calmamente ao meu lado, provavelmente ficara acordada a noite inteira por minha causa, ao contrário de mim, que dormi consideravelmente bem. Inclinei-me um pouco, o necessário para depositar um beijo em seus lábios. Se pudesse passaria o tempo todo com ela ao meu lado, ela era incrível. E o que me deixava mais maravilhado não era sua beleza, seu talento para música ou qualquer outra coisa, era simplesmente o fato dela ter cuidado de mim, mesmo eu tendo a feito sofrer por tanto tempo. Ela tinha o coração puro. Coração esse, ao qual eu deixei uma cicatriz enorme, que talvez nunca irá desaparecer.
Levantei-me, pronto para ir a meu quarto, mas aquela voz que eu tanto amava chamou-me.

– Você está melhor? – Àlex perguntou, coçando os olhos e olhando-me com os olhos cerrados, de quem acabara de acordar.

– Estou sim, graças a você! – A vi fazer careta pelo que disse e sorri.

– Você me tratando bem é esquisito, sempre acho que você quer alguma coisa com isso! – Ela sentou na beirada da cama, prendendo o cabelo num coque.

– Mas eu quero... Te conquistar! – Ela riu, melhor, gargalhou.

– O máximo que você quer é me levar pra cama, Tom. – Ela passou por mim indo para o banheiro. – E você não vai!

– Porque você não pode acreditar em mim? Sou tão ruim assim que não mereço nem sua credibilidade? – Parei na porta do banheiro, vendo-a lavar o rosto e escovar os dentes, sem nem sequer olhar para mim. Ela tentou passar por mim, mas segurei seu braço. – Não respondeu a minha pergunta!

– Vou dar um exemplo, imagine se a cada dia eu tentasse te matar... – Ela começou. – E depois de muito tempo tentando eu resolvesse dizer para você que, na verdade, eu tentava te matar porque eu te amo. Você acreditaria?

– Eu não tentei te matar! – Disse rápido, na defensiva.

– Só responda! – Ela fechou os olhos, impaciente.

– Acho que... – Ela estava certa, eu não acreditaria, assim como ela não acredita em mim. Não respondi nada, meu orgulho não deixou.

– Exatamente, Tom! – Ela foi até a porta e abriu a mesma. – Acho melhor você voltar para seu quarto, os meninos podem vir aqui ou ir até lá. Eu não quero que eles fiquem sabendo que você esteve aqui, iriam imaginar coisas erradas!

– Espero que não tenha esquecido a promessa que me fez. – Tentei mais uma vez que ela desistisse de dar uma de durona e aceitasse minha declaração.

– Espero que você não esqueça que eu disse que ficaria ao seu lado, mas não do jeito que você espera! – Ela não esperou que eu respondesse e fechou a porta na minha cara.

Eu tinha a subestimado, ela não era a garota frágil que eu achei que fosse. Àlex era muito mais forte do que eu, sabia disso, só não queria acreditar. Sempre dominei todas as garotas com quem sai, ou que apenas dormi, mas com ela era diferente, eu não podia apenas dizer o que eu queria – porque, até mesmo, não conseguia, ela sempre me desarmava. Ela tinha uma vontade própria que, às vezes, me assustava, como quando eu tentei alguma coisa no banheiro do avião, porque, sejamos realistas, qual garota diria não a mim, Tom Kaulitz? Não que eu seja pretensioso – tudo bem, eu sou -, mas eu tinha a garota que eu queria sem fazer nenhum esforço, na maioria das vezes, elas que vinham até mim. Acho que a Àlex foi uma das poucas garotas as quais eu tive de conquistar, tirando as duas namoradas que eu tive antes dela. Para ser franco, ela que me conquistou primeiro. Lembro-me bem do dia que a conheci na casa do Listing.

Flashback ON

O frio estava cortante do lado de fora da casa dos Listing, o inverno estava sendo rigoroso esse ano. Eu adorava, principalmente, a neve. Mas o chocolate quente com aqueles maravilhosos biscoitos de chocolate da Sra. Listing era irresistível.

– Deixem um pouco para a Àlex, garotos! – Sra. Listing alertou assim que colocou o prato com os biscoitos na mesa de centro da sala.

– Quem é Àlex? – Perguntei com a boca cheia.

– Minha prima, ela veio de Halle para morar aqui em Magdeburg! – Georg respondeu contente.

Bufei. Já podia imaginar uma daquelas primas mais novas barangas do Georg, todas as que eu tinha conhecido eram assim, fora a chatice. Eu é que não iria ficar dando um de babá pra priminha do Listing, se é o que ele estava esperando. Alguns minutos depois a campanhinha tocou, Georg levantou num pulo e correu até a porta, todo feliz. Aquele ali seria um ótimo pai, nunca vi gostar tanto de criança. Não pude ver a garota, Georg voou em cima dela antes mesmo de abrir a porta por completo. Continuei a comer meus biscoitos calmamente, esperando que a crise de bicha do Georg acabasse e ele apresentasse logo a tal da prima vinda de Halle.

– Mãe, a Àlex chegou! – Georg gritou, segurando a mala da garota que até agora permanecia do lado de fora.

E então, como num filme idiota de romance – Blergh! – ela entrou com um sorriso tímido. Sabe aquele momento em que você vê a pessoa pela primeira vez e parece que tudo está em câmera lenta, com o vento batendo nos cabelos e tudo mais? Você ainda não viu isso? Acredite, ainda vai ver... E sentir. Não me pergunte por que eu ouvi a música Rock You Like A Hurricane dos Scorpions ao longe, só sei que ouvi e prestei muita atenção no refrão.

Here I am
Aqui estou eu
Rock you like a hurricane
Para te estremecer como um furacão

Nenhuma música seria melhor para definir o que eu senti quando vi aqueles olhos verdes – lembrar de agradecer a família do Georg pela bela herança –, sempre acompanhados de um sorriso contagiante. Eu esqueci até mesmo dos biscoitos de chocolates para encará-la por mais algum tempo.

– Ah, querida, como você cresceu! – Sra. Listing a abraçou tão forte que eu podia ver a cara de espanto da garota, sorri para ela que ficou tímida, mas me devolveu o sorriso fracamente. – Coloque a mala dela no quarto de hóspedes, Georg! – Ele não questionou e subiu as escadas, contente até demais por estar levando peso.

– É tão bom ter você aqui em Magdeburg! – Georg passou os braços pelos ombros dela, trazendo-a para perto de mim e dos meninos.

– Eu estou feliz em estar aqui! – Eles então sentaram ao meu lado, sendo que ela estava entre eu e Georg.

– Esses são Tom – Ele apontou para mim. – Gustav e o Bill. – Apontou para cada um, respectivamente. – Eles são da banda!

– Ah, o antigo Devilish que agora é Tokio Hotel! – A garota comentou, sorrindo logo após.

– Nós estamos quase famosos! – Georg se gabou, estufando o peito.

­– Tenho certeza disso, ouvi o CD de vocês! – Me aproximei dela, sorrindo confiante.

– Então você é a famosa, Àlex Listing, uhu?!

Nunca senti a mesma eletricidade de quando nossos olhares se encontraram pela primeira vez.

Flashback OFF

Foi exatamente desde daquele dia que eu, Tom Kaulitz, aquele que disse que nunca iria se apaixonar, ficou de quatro pela priminha do Listing.

Postado por: Grasiele

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