Substituta - Capítulo 1

** Estúdio L.A. **


Era a quinta vez que Bill ligava para Tom, e nada dele atender o celular. Bill se irritou e jogou o celular sobre o sofá.

– Desisto, simplesmente desisto! – Bill sentou-se no sofá.

Todos estavam a postos, só esperando por Tom chegar para gravarem logo a nova música. David Jost já estava sem paciência.

– Temos uma turnê MUNDIAL pela frente, e será sempre assim? – Jost suspirou. – E eu que pensei que o Georg fosse o atrasado por aqui! – Assim que terminou de falar, do outro lado da sala Georg derrubou uma pilha de CDs que estava olhando.

– O que tem eu? Nem tenho nada a ver com a situação e me colocam no meio! – Georg emburrou, cruzando os braços e fazendo bico.

Todos riram, e se distraíram por alguns segundos, antes de ouvir a porta abrir num baque e Tom entrar no estúdio.

– Éééuu chégueiii! – Ele cambaleava tropeçando nas próprias pernas, e caiu sentado ao lado de Bill no sofá.

– Onde é que você tava Tom? Porque não atendeu o celular? – Bill perguntou preocupado.

– Ééu tava me diverrsstindo! – Tom fazia movimentos exagerados como se estivesse dançando numa boate.

– Tradução: Você estava bebendo, enchendo a cara! – Gustav disse.

– Como é que você vai gravar a música agora? Nós já adiamos por 1 semana o lançamento por sua causa! – Georg argumentou do outro lado.

– Euu tôu óóótimo! – Tom levantou com muito custo e tentou pegar a guitarra, mas acabou caindo no meio do processo.

– Nós estamos vendo! – Jost levantou-o do chão.

Deram um jeito em Tom, e o mandaram para casa. Assim poderiam conversar sem interrupções de nenhum bêbado.

– Eu não queria chegar a isso! – Jost passou a mão pelo cabelo. – Mas precisamos de um substituto para Tom! Pelo menos gravamos ‘Hurricanes and Suns’, e lançamos. Se ele não tomar jeito, terá de ser substituído na turnê também!

Os meninos se entreolharam e ficaram um pouco inseguros no começo, quem substituiria Tom? Não seria mais o Tokio Hotel se não tivesse ele tocando junto. Mas nada poderiam fazer, Tom é maior de idade e sabe o que faz da vida, ele só não poderia afundar a banda e levar todos os outros com ele.

– Acho que não temos escolha! – Bill soltou o ar com força. – Mas eu não consigo ver ninguém que possa substituí-lo!

– Eu também não! – Georg concordou.

– Estamos muito perto da turnê, não será fácil o substituto aprender a tocar todas as músicas! – Lembrou Gustav.

– Nós não podemos cancelar esta turnê, gastamos milhões com a produção, instrumentos, palco e transporte. Fora que fãs no mundo todo esperam pelos shows, não podemos simplesmente dizer que não haverá mais o espetáculo, porque o Tom se droga e se embebeda o tempo todo a ponto de prejudicar a banda! – Jost disse irritado.

Alguns minutos se passaram, e Jost ligava para muitas pessoas a fim de saber se conseguiriam um bom guitarrista para substituir Tom, de preferência o mais rápido possível. Do nada Georg pula da cadeira onde estava sentado.

– Gente, eu sei quem poderia substituir o Tom! – Disse animado.

– Quem? Fala logo lerdeza! – Perguntou Jost.

– A Àlex, minha prima! Ela está morando aqui em Los Angeles, sabe de cor todas as nossas músicas, e é uma guitarrista foda!

– Claro, como não pensamos nisso antes? – Gustav pulou de cima da mesa.

– Mas ela não tem uma banda? – Jost perguntou.

– Tem, mas eu não sei se eles têm algum compromisso tão sério assim. Eles ainda não têm contrato, AINDA! – Explicou Georg.

– Ligue pra ela agora, Georg! – Ordenou Gustav.


** Casa da Àlex e Banda **

Eu estava compondo uma música no estúdio de casa, quando o meu celular tocou desesperadamente em cima da mesa. Coloquei a guitarra de lado e peguei-o.

– Alô?

– Àlex? Gostosa, sou eu! – Disse Georg entusiasmado.

– Oi, delícia. Como está? – Sim, nós sempre nos tratamos assim, apesar dele ser meu primo, na verdade quase irmão, porque ele é filho único e eu também.

– Se você não me ajudar, vou estar ferrado. Não só eu como toda a banda!

– O que você quer que eu faça? – Perguntei receosa.

– Precisamos que você substitua o Tom! – Ele soltou.

– Substituir o Tom? – Deu uma risada alta. – Ele já sabe disso?

– Bem... Não! Mas, ele está prejudicando a banda, não temos escolha! – Ele suspirou. – E então?

– Você tá falando sério? – Perguntei ainda incrédula.

– Claro que tô! Você deve ter lido nos jornais e nas revistas alguma coisa sobre a ‘nova vida de Tom Kaulitz’! – Bufou.

– É, eu fiquei sabendo disso! – Me ajeitei na cadeira onde estava sentada. – Eu não sei se isso dará certo, Georg! Você sabe que o Tom me detesta e eu o detesto, ou seja, briga e confusão na certa. E eu não tô a fim de deixar ele com olho roxo de novo, porque quase fui linchada pelas fãs da última vez! – Soltei o ar com força. – Fora que ele armou a maior palhaçada pra minha banda não fazer mais a abertura dos seus shows!

– Eu sei que foi duro pra você, e que o Tom pega pesado, mas, por favor, não sou só eu que peço pra você ajudar! – Ele fez uma voz manhosa.

– Por favor, Àlex! – Eu ouvi um coro de vozes, que eu deduzi ser Bill, Georg, Gustav e Jost.

– Eu tenho que falar com a banda primeiro, ultimamente estamos tocando em alguns bares daqui de L.A. Sabe como é, nem sempre as pessoas gostam da gente, principalmente depois que seu amiguinho fez nossa caveira pros fãs de vocês!

– Não pensa no Tom. Você é minha melhor amiga, minha irmã, te conheço desde pequena, faz isso por mim? – Ele voltou a ficar manhoso. Pensei durante alguns segundos.

– Já disse que tenho que falar com a banda, se eles disserem que não tem problema eu vou!

– Tem como você me responder hoje? Nós precisamos gravar uma música, no máximo amanhã!

– Tudo bem, eu respondo ainda hoje!

– Te amo! – Georg disse entusiasmado, eu ri.

– Nós te amamos Àlex! – Os outros gritaram, e eu ri mais ainda.

– Eu não vou cair nessa história de ‘amo você’, vocês ficam me devendo uma Les Paul Gibson! – Brinquei.

– Interesseira! – Georg zoou.

– Uma mão lava a outra, querido! – Ri.

Não demorei muito e desliguei o celular. Fiquei pensando algum tempo, ainda no estúdio. Eu não me dava bem com Tom desde que eles começaram a fazer sucesso. Como sou prima do Georg, nós constantemente estávamos grudados um no outro, e foi assim que eu conheci os meninos. No começo Tom sempre foi muito engraçado, me fazia sentir bem perto dele, sempre descontraído. Até que as intenções dele para comigo começaram a mudar, Georg me alertou sobre isso, me disse para não confiar no Tom e que ele era um cafajeste. Claro que eu achei que Georg só estava me protegendo demais, afinal todos os caras que chegavam a mim ele dizia que não prestava, sempre disse: ‘Você merece mais que isso!’. Antes eu tivesse o escutado.
Eu era uma garotinha idiota de 15 anos, para mim Tom era meu príncipe no cavalo brando, Puff! Aquela conversa bonita era só pra me enganar, mas eu só fui perceber isso quando eu já estava apaixonada por ele. Nós começamos a namorar, ele me tratava bem e blá blá blá. Mas eu nunca me entreguei a ele, se é que vocês me entendem. Nós só estávamos namorando a 2 meses e eu ainda não me sentia bem pra avançar na nossa relação, e foi o ponto decisivo para ele começar a me tratar diferente. Eu tenho minha banda desde os 13 anos, a The Mystic’s, e quando Tokio Hotel começou a fazer sucesso nós é que abríamos o show deles. Eu na maioria das vezes era odiada por namorar o Tom, constantemente voltava com alguma marca roxa do palco. Mas com o sucesso vieram as groupies, e conseqüentemente vieram as traições. Eu sempre o perdoava, porque me sentia culpada por ser medrosa demais e não acabar de vez com aquela história e me entregar de vez pra ele. Não adiantava, ele sempre fazia a mesma coisa, e eu sempre perdoava de novo. 5 meses se passaram e eu não agüentei mais aquilo, eu terminei tudo, já não conseguia olhar para Tom e aquele sorriso provocante sem me lembrar de cada garota que eu descobria que ele dormia.
Ele pareceu nem se importar no começo, dava uma de forte e tentava me ignorar, grande idiota. Foi ai que o Gustav apareceu, porque eu fiquei mal, eu gostava mesmo do Tom, mas eu odeio que me enganem e que mintam pra mim. Gustav sempre fora o contrário de Tom, educado, simpático e te cativava logo de cara. Depois de algum tempo nós ficamos mais amigos, e um dia aconteceu um beijo, digo um único beijo em uma festa que nós dois estávamos bêbados, mas que infelizmente Tom viu. A partir daí ele resolveu me infernizar, a primeira coisa que fez foi dar um jeito de tirar minha banda da abertura dos shows, e colocou as fãs contra mim. Eu e minha banda passamos por uma crise, porque ninguém queria ter uma banda odiada tocando em seus bares ou boates, quase nos separamos, até que veio a oportunidade de nos mudarmos pra L.A. Nós começamos devagar, mas em pouco tempo já fazíamos alguns shows legais, apareceram alguns interessados na banda, só que nada muito sério.
Até esse ano, a notícia que me fez odiar mais ainda Tom. Ele e o Bill estariam se mudando para cá, onde Jost já morava, para ficar mais confortável pra ele. Argh! 2 meses, 2 malditos meses que ele estava morando aqui e já me dava problemas. Parecia que toda vez que eu fugia dele, mais rápido ainda ele me encontrava.

Deixando de lado os Déjà vus, desci as escadas indo em direção a sala, onde encontrei Andrew sentado no sofá assistindo. Joguei-me ao seu lado, colocando os pés em cima da mesinha a minha frente.

– Onde está todo mundo? – Perguntei encarando o seriado que passava na televisão, Dexter.

– Petter foi ao supermercado, e Jude saiu com algum cara ai que eu nem sei o nome. – Respondeu displicentemente, mas percebeu minha inquietação. – Por quê?

– Nada! – Tentei disfarçar e ele me lançou um olhar significativo. Bufei. – É que eu preciso falar com vocês! – Disse apreensiva.

– Falar sobre o que? – Perguntou interessado.

– Bem... É que eu recebi uma proposta do Georg. Não é bem uma proposta, é mais um favor! – Suspirei. – Você e todo mundo já está sabendo do descontrole do Tom, não é mesmo?

– Sim, mas o que isso tem a ver com você? – Perguntou o óbvio.

– Comigo nada, mas eles estão tendo problemas com ele, por causa da bebida e das drogas. Parece que ele não tá tendo o mesmo desempenho de antes. E querem que o eu o substitua para gravar a nova música deles! – Abaixei a cabeça e respirei fundo.

– Tem certeza que isso dará certo? – Ele perguntou calmo.

– Claro que não! – Respondi imediatamente. – Quando o Tom descobrir que me colocaram no lugar dele pra gravar a droga da música ele vai me infernizar! – Fechei as mãos em punho.

– Mas ele já não faz isso? – Andrew arqueou uma sobrancelha, típico de quando ele tentava fazer você se tocar de alguma cosia.

Ele tinha razão, Tom me infernizaria para o resto da minha vida, mesmo eu o substituindo. Mas era só isso, uma substituição, não era? Eu só tinha medo de quando ele descobrir querer tirar a faixa do CD.

Ridículo!

Postado por: Grasiele