segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Substituta - Capítulo 5


– 11 A... 11 A... – Balbuciava, procurando pelo meu assento. – Achei! – Comemorei e sentei, achando ótimo poder estar na janela.

Poucos minutos depois, Bill sentou na cadeira do corredor.

– Pelo visto vamos ficar juntos! – Disse Bill, sorrimos. Mas para acabar com a minha felicidade, Tom parou bem a frente do Bill.

– Eu não acredito que eu vou ter que sentar aqui! – Reclamou, eu bufei irritada, virando meu resto para a janela.

– Para de reclamar e senta, cara! – Bill disse nervoso. – Já estou sem paciência pra suas idiotices!

Sem ter o irmão o apoiando ele sentou ao meu lado, emburrado. Bem, eu não estava muito diferente. A aeromoça começou a explicar aquelas coisas típicas que eu já estava cansada de ouvir, então coloquei meu fone de ouvido, ligando meu Ipod em seguida. Não sei quando, mas eu apaguei, sendo acordada por alguém puxando meus fones de ouvido.

– Bad Religion, Infected? – Tom perguntou com um sorriso pretensioso no rosto. – É uma indireta pra mim? – Ele sorriu, ainda segurando meus fones.

– Vê se te enxerga! – Tomei os fones de sua mão, mas abaixei o volume da música.

You and me,
Você e eu,
You and me,
Você e eu,
I want to tie you
Eu quero te amarrar
Crucify you
Crucificar você
Kneel before you,
Ajoelhar perante você,
Reveal your body,
Revele seu corpo,
You and me...
Você e eu...

Ouvi Tom cantar olhando para mim, e por um instante eu corei. Ele levou uma de suas mãos em direção a minha blusa, abaixando um pouco a alça. Bati em sua mão e me virei para ele, com a cara de poucos amigos.

– SERÁ QUE VOCÊ PODE PARAR COM SUAS CRISES DE BIPOLARIDADE? – Gritei, recebendo vários olhares contrariados. Tom riu.

– Não! – Ele respondeu e deu um sorriso infantil, típico de quando ele está fazendo birra.

Olhei para o lado, tentando achar alguém com quem conversar que não fosse ele, mas Bill estava dormindo, e os outros eu não fazia a mínima idéia de onde estavam. Voltei a sentar direito na poltrona, e cruzei os braços.

– Pensei que você não escutasse nada que não fosse Hip-Hop! – Comentei depois de alguns minutos, visto que ele continuava a me encarar.

– Eu escuto outras coisas, embora eu goste mais de Hip-Hop! – Ele disse calmamente. – Principalmente de uma certa música, de uma banda que ainda não faz sucesso. Como se chama mesmo?... – Ele parou e pareceu pensar. – Ah, Out Of Reach, do The Mystic’s. – Eu gelei, e Tom se aproximou mais ainda, falando em meu ouvido. – E eu fiquei sabendo que foi escrita para o ex-namorado da vocalista! – Arregalei os olhos e o empurrei para longe. Ele riu.

– Do que você está falando? – Perguntei confusa. Ele não podia saber que aquela música era pra ele, podia? Eu não havia dito nada.

– Eu li no seu diário! – Ele riu alto. – Não acredito que você tinha essas coisas de menina fresca. – Abri a boca, indignada.

– Você leu o meu diário? – Estreitei os olhos, vendo-o ainda gargalhar.

– Ué, nós éramos namorados. – Ele me encarou. – Não tínhamos que ter segredos! – Ele passou a mão pelo meu queixo, e sorriu sacana. Bati em sua mão, irritada.

– Se era para não termos segredos, não deveria ter escondido todas as garotas que você dormia! – Tirei o cinto e me levantei da poltrona, indo para o banheiro.

Quem ele pensava que era para ler meu diário? Tudo bem, era meio ridículo uma garota que já namorava e tinha 15 anos ter um diário, mas isso não quer dizer que ele poderia ler minhas confidencias. E até parece que ele não tinha segredos comigo, então quer dizer que eu tinha que contar tudo pra ele enquanto ele escondia várias coisas de mim? Foda-se.
Cheguei à porta do banheiro e estava ocupado. Cruzei os braços e me encostei à parede, esperando minha vez, que na verdade seria desnecessária, já que eu não tinha a mínima vontade de usá-lo; como sempre eu só queria fugir de Tom.
A porta do banheiro se abriu e um senhor saiu de lá corado, e suando bastante. Sorri sem graça e entrei no banheiro, quando tentei fechar a porta Tom a empurrou com força, fazendo-me cair sentada no vaso sanitário.

– O que você está fazendo, seu idiota? – Perguntei, tentando – em vão – me levantar, visto que o banheiro era extremamente apertado.

Tom não disse nada, segurou minha nuca com firmeza e me puxou em sua direção. Nossos lábios se chocaram com força, eu tive um Déjà vu do dia no estacionamento e instintivamente me encolhi nos braços fortes de Tom. Percebendo meu ato de medo, ele diminuiu a velocidade do beijo, me prensando contra a pia do banheiro. Deixou meus lábios e passou a “atacar” meu pescoço, joguei a cabeça para trás segurando em seus ombros. Uma das mãos de Tom segurou minha coxa, levantando-a até a altura de sua cintura para diminuir mais ainda a distância entre nossos corpos. Soltamos um gemido baixo, juntos, enquanto eu passei a segurar suas tranças e puxá-las com certa força. Tom subiu minha blusa até meu busto, ainda me beijando, e passou a acariciar meus seios por cima do sutien. Ele quebrou o beijo para que pudesse tirar minha blusa, mas a mesma ficou presa em meu colar, o mesmo colar que Andrew me dera de presente algum tempo depois de formarmos a banda, e eu me toquei do que eu estava deixando acontecer. Não seria justo com Andrew, eu sabia que para Tom aquilo não iria significar nada, só me tornaria mais uma que passou por suas mãos, eu me tornaria aquilo que eu tanto odiava.
Empurrei Tom com força, ele se chocou contra a parede atrás de si, confuso. Coloquei minha blusa, abrindo a porta do banheiro e saindo desajeitadamente de lá, devido ao pouco espaço ocupado por dois corpos e pelo que quase aconteceu entre nós dois. Passei a mão pelo cabelo vendo alguns passageiros me olharem desconfiados, sorri falsamente e segui para meu assento onde Bill ainda se encontrava dormindo.
Alguns minutos depois Tom sentou-se ao meu lado, com raiva e sem me encarar. É claro que havia alguma explicação para o bom-humor repentino dele para comigo. Tinham segundas intenções por trás daquele sorriso cordial e daquela conversinha barata, esse era o Tom Kaulitz que eu conhecia... E estava de saco cheio. Voltei a colocar meus fones e encostei a cabeça na janela, preparada para dormir o resto da viagem inteira.
Chegamos ao hotel já à noite, e não fizemos mais nada a não ser ir para seus devidos quartos e dormir o resto da noite. Tom não falou comigo a viagem inteira e parecia tentar não me encarar, e ele não era o único a querer isso. Tomei um banho e deitei, sem sono algum.

No outro dia acordei com meu celular tocando, era Georg.

– Àlex, você precisa ir a um lugar com a gente! – Ele disse apreensivo, coisa boa não era.

– Onde? – Perguntei sonolenta, olhando o relógio que marcava 10:30 em ponto.

– En-entrevista coletiva! – Eu praticamente podia ver seus olhos fechados e sua testa franzia, típico do Georg.

– O que eu vou fazer ai? - Perguntei confusa, sentando na cama.

– Dã, dar entrevistas, ora! – Responde o óbvio.

– Georg querido, isso eu sei! Eu estou perguntando, o que eu, a substituta, vou fazer numa entrevista de uma banda que nem é minha?

– O Tom desapareceu ontem à noite, e para disfarçar temos você. – Ele suspirou. – E tem um monte de repórter aqui querendo saber sobre a substituta, o Jost disse que seria melhor se você viesse responder as perguntas! – Ótimo, o Tom apronta e eu tenho que ser o palhaço de rodeio?

– Fazer o que, né?! – Respirei fundo.

– Ótimo, se arrume o mais rápido que puder e o motorista vai te trazer pra cá! – Georg disse contente.

Desliguei o celular e como Georg pediu me arrumei o mais rápido. O motorista me levou até a filial da rádio em que estava acontecendo a coletiva de imprensa, anunciando o CD The Best Of. Entrei no elevador e logo estava na imensa sala da coletiva. Vários repórteres e fotógrafos fazendo seu trabalho, enquanto os meninos estavam sentados lado a lado no pequeno palco. Jost veio em minha direção e passou o braço sobre meus ombros.

– Que bom que chegou, todos estão perguntando sobre o Tom! – Ele suspirou aliviado. – Você vai subir lá e responder as perguntas, muito fácil, tá bom? – Ele falava comigo como se eu fosse uma criança de 3 anos, revirei os olhos.

Ele me levou até o palco e os meninos assim que me notaram, sorriram. Sentei na cadeira ao lado de Bill, completamente sem jeito e já ficando cega pelos flashes das câmeras. Vários repórteres levantaram as mãos pedindo uma oportunidade de falar. Jost escolheu o primeiro.

– Como é tocar ao lado do Tokio Hotel, uma das bandas mais bem-sucedidas dos últimos tempos? – Um homem moreno e muito alto perguntou, empolgado. Bill me passou o microfone.

– Hã... É normal. Eu já estava acostumada, eles não são os garotos do Tokio Hotel pra mim, são apenas meus amigos de infância! – Respondi, vendo o homem anotar freneticamente no papel.

– Como é encontrar com o Tom, seu ex-namorado, todos os dias? – Uma mulher perguntou.

– É... – Completamente irritante? – Normal! – Claro Àlex, responda normal em tudo!

– Vocês pensam em voltar a namorar? – Um homem de meia idade perguntou, sério. Algumas fãs que foram sorteadas para assistir a coletiva me encaravam com raiva, e eu estava começando a ficar com medo.

– Não! Somos muito diferentes – Disse séria. - Na verdade eu tenho um namorado, Andrew! – Esclareci. Pude ver as fãs suspirando aliviadas por isso.

Começaram a fazer mais perguntas, sobre o CD, sobre a tour mundial, sobre a vida pessoal dos meninos. Os minutos se passavam e eu queria cada vez mais sair dali, alguma coisa me dizia que ia acontecer algo ruim. Dito e certo, Tom chegou com a maior cara de ressaca, mas mesmo assim arrancando gritos das fãs presentes. Sempre com seu sorriso sacana no rosto, logo pegou uma cadeira sentou-se ao meu lado. Abaixei a cabeça, rezando para que ele não fizesse nada que deixasse tudo pior. Até aquela maldita pergunta.

– Tom, como nós sabemos, você já namorou a, Àlex! – Ele assentiu afirmando. – Ela já disse que vocês são diferentes, que não dariam certo juntos e até revelou que tem um namorado. Mas e você, o que acha? – O homem perguntou. Tom me encarou parecendo pensativo, eu abaixei a cabeça torcendo para que ele não dissesse nada ruim.

– Bem... Ela disse que não daríamos certo juntos? – Ele pegou o celular no bolso. – Acho que ela não pensava nisso quando escreveu essa música pra mim! – Ele deu um sorriso cruel e colocou a música para tocar.


You're the sun in my sky
Você é o sol no meu céu
And you're my secret lullaby,
Você é a minha canção de ninar
And everything to me.
E tudo para mim
You're the one that I love,
Você é quem eu amo,
And you're the one I'm thinkin of,
E é em você que eu estou pensando
You're everything too me.
Você é tudo para mim.
So why can't you be with me?
Então por que você não pode ficar comigo?
Like somebody else, I'd rather be
Como outra pessoa, eu preferia ser
I wish you were next to me.
Queria que você estivesse perto de mim
Cause you're out of reach,
Porque você está fora de alcance,
Somewhere I cant be, someone I cant see
Um lugar que não posso estar, alguém que não posso ver
But I've got to find a way.
Mas eu tenho que achar um caminho
So I can see your face,
Então posso ver seu rosto
Once again, once again
Mais uma vez, mais uma vez
So why are you still wild wishin man
Então por que você ainda é esse homem selvagem
You are nowhere I'd rather be
Você está em nenhum lugar, eu preferia estar

Ele cantou o último refrão, rindo. Escondi meu rosto com as mãos, morrendo de raiva dele. Estava me segurando muito para não bater nele na frente de todo mundo.

– Porque você tem que ser tão idiota? – Perguntei baixo, olhando para frente e vendo os flashes aumentarem, mas focados em nós dois.

– Porque você não admite que ainda gosta de mim e deixa de tentar me substituir por aquele franguinho? – Ele falou alto, se divertindo com toda situação. Os repórteres pareciam urubus em cima da gente, cada palavra que falávamos eles gravavam, ou copiavam. Isso estava me irritando.

– Você está duvidando do meu amor pelo Andrew? – Perguntei inconformada, me levantando. – O mundo não gira em torno de você, Tom! Eu. Não. Te. Amo. Seu retardado egocêntrico! – Disse cheia de ódio. Ele estava tentando colocar o Andrew contra mim? Ele que desistisse. Tom levantou também, ficando um pouco afastado de mim.

Foi muito rápido, ele acertou um tapa em cheio no meu rosto, e eu cai sentada no chão, sentindo meu rosto arder intensamente.

– O que você fez seu filho da puta? – Georg foi para cima de Tom, mas eu segurei em sua perna, impedindo-o de se mexer.

– Não, Georg! – Sussurrei para ele, e meus olhos encheram-se de lágrimas.

– Sai daqui agora, Tom! – Bill decretou, nervoso.

– Vocês vão mesmo ficar do lado dela? – Tom perguntou inconformado. Enquanto ele discutia com os meninos eu me levantei, indo na direção dele, e antes que ele pudesse dizer alguma coisa eu acertei um soco em seu queixo.

– Não pense que pode me bater e sair ileso sempre! – Soltei com raiva e sai da sala de coletiva.

– Acabou a coletiva pessoal! – Foi a última coisa que eu ouvi Jost dizer.

Segui para o banheiro, que eu não sabia bem onde era, mas por sorte tinha uma placa grande indicando. Entrei em uma das cabines sem nem me olhar no enorme espelho, não queria ver meu estado deplorável. Sentei no vaso e apoiei o cotovelo em minha perna, sentindo mais lágrimas caírem. Eu poderia ir embora e deixar tudo para trás, nada disso vale a humilhação que eu passo com Tom. Mas por outro lado, eu não queria deixar os meninos, só Deus sabe como a banda é importante para eles, e eu imagino quantas fãs ficariam desoladas se cancelassem os shows, havia novos países na lista. Ainda me lembro do primeiro show da minha banda preferida, que infelizmente eu fui com Tom. Balancei a cabeça querendo espantar todas as memórias que envolvesse ele. Alguns minutos depois algumas mulheres entraram no banheiro, percebi pelo barulho que fizeram.

– Nossa, essa foi a melhor coletiva que eu já participei! – Uma delas comentou.

– Já temos uma matéria de capa! – A outra disse, e as duas riram.

– E você viu como aquela garota é idiota? Não sei o que foi que o Tom viu nela!

– O melhor foi o tapa. – As duas gargalharam alto. – Tá na cara que ela ainda é caidinha por ele, mas deve estar sendo rejeitada. Quem é que substituiria um cara que te odeia?

Fechei os olhos com força, sentindo um impulso monstruoso de bater em cada uma delas até não serem mais reconhecidas, mas me acalmei, o que só fez piorar o meu estado. O nó desgraçado na minha garganta parecia não querer desaparecer.

E a minha maior vontade era de não continuar com aquilo mais.

Postado por: Grasiele

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