segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Substituta - Capítulo 4

 Assim que cheguei em casa daquela maldita noite do acidente, tomei um banho demorado e me joguei na cama. Acordei lá pelas 14h00min da tarde, com Jude batendo a minha porta.

– Àlex? – Insistiu ela.

– O que é? – Respondi de mal humor.

– Telefone pra você!

Pulei da cama e abri a porta, Jude esperava com o telefone na mão.

­- É o Georg! – Ela desceu as escadas e eu voltei a fechar a porta. Respirei fundo.

– Àlex, sou eu! – Georg disse calmamente. Ah não, ele só fazia isso quando queria pedir algo.

– O que foi Georg? Ligou pra dizer que o, Tom, morreu? Graças a Deus! – Disse ainda sonolenta, ele riu.

– Não, é que eu queria pedir uma coisa! – Não disse, era sempre assim.

– Diz logo! – Retruquei impaciente.

– Será que você poderia vir até o estúdio pra gente conversar? – Eu suspirei pesadamente. – É sério! – Bufei.

– Tudo bem, daqui à uma hora eu chego ai! – Desliguei o celular sem esperá-lo dizer tchau.

Segui para o banheiro, tomei um banho, e logo após desci para comer alguma coisa, não comi nada desde ontem à noite. Dentro do prazo de uma hora eu cheguei ao estúdio que não ficava muito longe de minha casa, de carro dava uns 15 minutos. Respirei fundo me preparando para o que vinha a seguir. Desci do carro e entrei no estúdio, a principio pensei não ter ninguém, mas logo pude ouvir vozes vindas da sala de gravação. No maior estilo James Bonde, eu encostei-me à parede e tentei ouvir o que se passava lá dentro.

– O Tom vai pirar quando souber disso! – David comentou.

– Problema dele, ninguém mandou ir se arrebentar naquele acidente! – Georg gritou irritado.

– Pois é, ele é meu irmão gêmeo, mas tá fazendo a maior merda da vida dele, e o pior, acabando com a banda junto! – Bill parecia desapontado.

– Acho que vamos fazer a coisa certa, pelo menos por enquanto, não vai ser pra sempre. Àlex toca com a gente na turnê até ele melhorar e pronto, tudo resolvido! – Gustav era o único que não parecia com estar com os nervos à flor da pele.

Mas... Espera ai! Eu na turnê deles? COMO ASSIM? Não, eles só podem estar malucos, eu não vou fazer isso. Entrei na sala sem nem me importar se ia assustá-los, como realmente aconteceu.

– Como assim, eu vou estar na turnê de vocês? – Fui direta, encarando cada um deles, que pareciam não saber o que dizer.

– Àlex, você viu como o, Tom, está! – Georg foi em minha direção, abraçando-me pelos ombros. – Ele não pode fazer o show com a perna daquele jeito, e nós não podemos cancelar a turnê!

– Por favor, Àlex! – Bill pediu triste. Eu pude sentir o clima realmente ruim instalado naquela sala, aquilo estava acabando com eles. Eu não poderia deixar meus amigos de infância na mão, certo? Certo. Eu não faria isso. Bufei, e dei um pequeno sorriso triste.

– Quando é que nós vamos começar a ensaiar?

– Hoje! – Eles gritaram.

– Tudo bem, os vejo mais tarde! – Cumprimentei cada um e sai. Precisava avisar Jude, Andrew e Peter.


Eu ainda não acreditava no que estava acontecendo, eu iria tocar na turnê do Tokio Hotel? Era demais pra mim, apesar de conhecer os garotos e não ficar embasbacada por estar ao lado de famosos, eles ainda eram os moleques que eu conheci, só que com mais dinheiro, mais responsabilidades e fãs histéricas seguindo cada passo que eles dão. Eu teria de deixar a The Mystic’s por um tempo, mas eles ainda eram minha prioridade, sempre seriam.
Fui para casa anunciar o que acabara de descobrir, assim que cheguei somente quem estava em casa era, Andrew. Novamente, quando eu tenho alguma coisa desse tipo pra contar só ele está presente, e era melhor assim, ele me entenderia. Tirei o casaco e joguei em cima do sofá, indo para a cozinha onde, Andrew, fazia o jantar.

– Cheirinho bom! – Comentei, inalando aquele aroma maravilhoso.

– Peixe com fritas, seu preferido! – Ele, que até então estava de costas, virou-se e piscou.

– Eu tenho uma coisa pra contar! – Disse, depois de alguns minutos de silêncio. Andrew nos serviu, sentou-se a minha frente e esperou pacientemente até que eu tivesse coragem de dizer alguma coisa. – Eu vou fazer a turnê mundial com Tokio Hotel! – Falei rápido e fechei os olhos, como uma criança. Andrew se engasgou com a comida.

– Você o que? – Ele perguntou surpreso.

– Isso mesmo que você ouviu! – Encarei a comida no prato, sem querer olhar para, Andrew. Ele respirou fundo e começou.

– E a nossa banda, como fica? – Ele perguntou. – Eu realmente não sei por que você tem que ajudar a banda do Tom! Tudo bem gravar aquela música com eles, você ganhou créditos por isso, e chamou atenção de alguns produtores. Mas eu não vou me meter nesse assunto, você decide o que é melhor pra você! – Ele levantou da cadeira, visivelmente chateado.

– Andrew! – Ele começava a lavar algumas louças na pia, mas parou quando o chamei. – Eu não vou abandonar a banda, e vai ser até uma oportunidade pra gente. Eu vou tocar com eles, quem sabe algum produtor sério não me vê? – Levantei da cadeira, pousando as mãos em seus ombros largos.

– Você ainda não percebeu que eu não me importo com isso? – Ele virou para me encarar. – Eu fico com medo de ter você perto demais do Tom! – Ele abaixou a cabeça.

– Ele não vai estar lá! – Eu estranhei sua preocupação com a minha proximidade com o Tom, ele nunca se preocupara antes.

– Você acha mesmo que ele não estará lá sabendo que você vai tocar no lugar dele? – Ele arqueou uma sobrancelha, e novamente estava certo.

– Não precisa se preocupar, eu não quero nada com aquele infeliz! – Disse irritada, sentando no balcão da cozinha.

– Você pode não querer, mas e ele? – Andrew se aproximou, ficando entre minhas pernas. Meu coração disparou com nossa proximidade tão... Íntima. Eu pirragueei, mas Andrew pareceu não se importar.

– Ele me odeia Andrew! – Abaixei a cabeça, sentindo o peso de minhas palavras, e quão verdadeiras elas eram.

– Isso é o que ele diz, mas será que ele não quer mais nada com você? – Andrew olhou dentro de meus olhos, e eu pude ver a angústia presa ali dentro.

– C-claro que tenho! – Desviei rápido meu olhar do dele. Andrew segurou meu rosto com delicadeza, fazendo-me encará-lo de novo.

– Eu tenho medo de te perder de novo pra ele! – Ele admitiu.

– Perder? – Perguntei confusa. – Como assim? – Ele abaixou a cabeça, respirou fundo, e não me respondeu.

Andrew colocou seus lábios aos meus, com carinho e paixão. A princípio eu fui pega de surpresa, ele sequer demonstrava algum interesse em mim. Ele segurou minha cintura com firmeza e puxou-me para perto dele, enquanto uma de suas mãos se dirigia as minhas costas. Alguém pirragueou, e Andrew desfez o beijo calmamente, sem nenhuma pressa.

– Desculpa a interrupção! – Peter sorriu cinicamente, se divertindo com minha vergonha. – Eu sempre soube que você gostava dela!

– Quem gostava de quem? – Jude chegou com a roupa um pouco amarrotada e descabelada, como se tivesse rolado por algum lugar com alguém. Bom, talvez tivesse mesmo.

– Andrew e Àlex estão juntos! – Peter comentou como se fosse a coisa mais previsível do mundo, o que pra mim não era.

– Dá pra parar de falar como se nós não estivéssemos aqui! – Andrew disse num tom de brincadeira, com aquele maravilhoso sorriso estampado no rosto.

– Quem não sabia que isso ia acabar acontecendo? – Jude disse calmamente, ajeitando os cabelos. Senti meu rosto queimar por ser a única que não sabia de nada.

– Okay, acho que vou pro meu quarto curtir a minha vergonha! – Disse sem graça. Antes que eu pensasse em subir as escadas para ir ao meu quarto, Andrew segurou meu braço.

– Será que eu poderia conversar com você? – Ele perguntou firme.

– Bom, acho que temos que deixá-los a sós! – Jude lançou-me um sorriso malicioso e saiu junto a, Peter. Andrew me puxou para o sofá, se sentado frente a frente comigo.

– Eu queria que isso fosse mais romântico, mas eu não quero mais esperar! Desculpa se parecer clichê. – Ele segurou minhas mãos, e olhou no fundo dos meus olhos. Prendi a respiração por alguns segundos, nervosa com o que ele poderia dizer. – Àlex... Desde a primeira vez que eu te vi, quando tínhamos 13 anos, e você veio passar as férias aqui com seus pais, eu não consegui dizer o que eu realmente sentia. Você só me via como um amigo, eu não queria estragar isso! – Ele bufou. – Quando você voltou pra Alemanha, eu fiquei me sentindo mal por estar longe de você, eu estava confuso, não sabia o fazer. Foi então que eu dei a idéia de irmos pra lá te visitar, e foi ai que nós formamos a banda e nos aproximamos mais ainda. Eu fiquei surpreso quando você começou a namorar o Tom, e eu via como você o olhava... E como ele retribuía! – Ele abaixou a cabeça.

– Não se preocupe, todos sabemos que ele não gostou e nem gosta nem um pouco de mim! – Apertei suas mãos incentivando-o a continuar.

– Eu não diria isso se fosse você. – Ele alertou. – Eu vi você sofrendo todos esses anos, e eu sei muito bem que você ainda não o esqueceu. – Ele se aproximou mais. – Eu quero que você me dê uma chance de mostrar o quanto eu gosto de você! – Andrew segurou meu rosto, fechando os olhos com força. – Àlex, eu amo você!

E ele me beijou pela segunda vez desde que nos conhecemos. Era impossível dizer que eu não sentia nada, o jeito como ele me beijava, como ele se mostrava disposto a provar que me amava de verdade, era inexplicável. Talvez por ser o primeiro homem que não esteja bêbado que diz que me ama. Se tivesse algum homem no mundo que merecesse uma chance minha, com certeza seria Andrew. Afastei meus lábios do dele, vendo-o ainda de olhos fechados.

­- Sim! – Disse firme.


1 semana depois...


Depois da semana completamente exaustiva que passei ao lado dos meninos, estava na hora de começar a turnê. Não seria fácil ficar seis meses longe dos meus amigos, da minha casa, mas eu estava bem. Iríamos passar pelas capitais dos países mais famosos, e depois encerrar a turnê em Hamburgo. Pelo menos seria uma experiência. Estávamos no aeroporto esperando para fazer o Check-in e embarcar no vôo em direção a, Malásia, e enfrentar aproximadamente 18 horas de vôo.
Andrew estava ao meu lado esperando até que eu entrasse no avião, ele se mostrara muito dedicado desde o dia em que eu aceitei seu pedido, e tenho que admitir que não me arrependi nem um pouco. Até aquele exato momento, Tom, não havia aparecido, mas minha alegria se esvaio assim que ouvi os gritos desesperados das fãs, e logo após ele atravessando o aeroporto de muletas por causa da perna imobilizada. Bufei discretamente, Andrew me apertou mais no abraço e eu afundei o rosto em seu pescoço. Eu não o vi olhando para nós dois abraçados, mas tive certeza de que ele o fazia, porque Andrew enrijeceu nos meus braços. O soltei devagar e virei para trás, vendo Tom parado a um metro e meio de nós, observando estático.
O anuncio do vôo fez com que eu me soltasse de Andrew, mas antes que eu fosse em direção ao Check-in, ele me puxou e me deu um beijo, na frente de Tom. Eu sabia que tinha sido pra provocar, mas eu pouco me importava com o que ele ia pensar, eu já cansei de vê-lo agarrado com outras meninas mesmo estando namorando comigo, como por exemplo, a Trina; aquilo até saiu nas revistas, eu fiquei morta de vergonha.

– Vou sentir sua falta! – Andrew sussurrou em meu ouvido, ainda sob o olhar atento de Tom.

– Quando eu voltar te recompenso! – Sussurrei de volta, dando um beliscão de leve em sua barriga.

Peguei minha mala e segui até o guichê, sendo seguida por Tom. Apressei os passos para não ficar lado a lado com ele, eu já podia ver o olhar de ódio das fãs, não me arriscaria a sair dali com alguma parte do meu corpo roxo. Bill, Georg e Gustav já faziam o Check-in em outro guichê, sobrando só um para mim e para Tom. Coloquei minhas coisas em cima da mesa para que a mulher pudesse olhar.

– Então quer dizer que você está namorando com o Franguinho? – Ele perguntou com desdém.

– Eu estou sim! – Disse firme, voltando-me para ele. – Mas isso não é da sua conta.

– Você tem razão, não é mesmo! – Ele disse com raiva. Eu bufei irritada.

– O que você quer de mim, afinal? – Disse um pouco mais baixo.

– Quero que você suma da minha vida! – Ele se aproximou.

– Eu já fiz isso, e você veio atrás de mim. Conte-me uma novidade, Tom! – Me afastei, pegando minhas coisas e indo em direção aos meninos.

Seriam às 18 horas mais irritantes da minha vida!

Postado por: Grasiele

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