quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Love And Hate - Capítulo 31 - Amor e Ódio

(Contado pelo Bill)

      Ficamos ali a beira do lago até o Sol desaparecer completamente. Minha intenção provavelmente era levar a Duda pra casa do seu pai, para pegar suas coisas e ir pro hotel onde sua mãe estava hospedada. Entramos no carro, e fomos pra casa do John. Quando chegamos, um táxi estava parado em frente à mesma, e o pai dela apareceu segurando algumas malas.

           - Que malas são essas? – pergunta Duda.
           - São as suas malas. – responde ele. – Já que não irá ficar mais aqui, então as suas coisas também não ficarão.
           - Mexeu nas minhas coisas?
           - Não. Pedi que a Carol fizesse isso. Mas fica tranqüila, porque ela só fez o que eu pedi, e nada mais.

      Duda entrou furiosa, subiu as escadas, e chegou ao quarto. Carol terminava de colocar algumas roupas dentro de uma mala. Fiquei calado, pra deixar as duas resolverem as coisas, “sozinhas”.

           - Me desculpe. – disse Carol. – Eu não deveria estar mexendo nas suas coisas. Mas se eu fosse deixar pro seu pai fazer isso, ele provavelmente estragaria boa parte dos seus objetos.
           - Obrigada. – disse Duda. – E não estou dizendo isso só por estar arrumando as minhas coisas, mas por ter dito tudo aquilo na frente do juiz.
           - Não tem que agradecer. Eu só não poderia deixar que uma injustiça fosse cometida. Na sua idade, eu também fui afastada da minha mãe pelo meu pai. E sei muito bem o quanto é horrível.
           - Acho que eu lhe devo desculpas pelas coisas horríveis que disse. Fui muito rude com você, e nem ao menos deixei que me mostrasse quem realmente era.
           - Eu também disse muitas coisas.
           - Posso... posso lhe dar um abraço?
           - Claro.

      As duas se abraçaram. Eu estava me sentindo um intruso ali.

           - Tenho que confessar algumas coisas. – disse Carol.
           - Que tipo de coisas?
           - Aquela famosa torta que você fez assim que chegou aqui, eu não a joguei pros cachorros.
           - E o que fez com ela?
           - Comi tudo sozinha. Inventei aquilo, pois senti ciúmes. É idiotice, eu sei.
           - Tá falando sério?
           - Um-hum. Mandei pintar o seu quarto de rosa, propositalmente. Eu queria saber qual seria a sua reação quando visse.
           - E sabe que não foi uma das melhores, não é?
           - Sei sim. E tem mais uma coisa.
           - Tem mais?
           - Irei me separar do John.
           - O quê?
           - Como você mesma disse “se ele foi capaz de fazer aquilo com a própria filha, imagine o que faria comigo”. Não quero ficar e esperar pra ver o que pode acontecer.
           - Pensei que gostasse dele.
           - Também pensei isso. Mas acho que na verdade eu só queria prejudicar a sua mãe. Ela sempre foi melhor em tudo, e quando consegui me aproximar do John, achei a oportunidade perfeita pra “acabar” com ela.

      Aquela conversa não demorou muito tempo. Duda pegou as últimas coisas que restavam ali. Transferimos tudo que estava no táxi, para o meu carro. Depois disso, fomos até o hotel onde a mãe dela estava.

           - Pronto. Essa foi a última mala. – disse.
           - Obrigada. – disse Duda.
           - Por nada. – olhei no relógio. – Bem, está ficando um pouco tarde. É melhor eu ir pra casa e deixar vocês duas conversarem em paz.
           - Filha, eu tenho algumas coisas pra resolver... – disse Amanda. – Porque não sai pra dar uma volta com o Bill?
           - Que tipo de coisas? – pergunta Duda.
           - Assuntos de trabalho.
           - Tudo bem.

      Que tipo de mãe após ganhar a guarda da sua filha, diz para ela sair? Amanda não deveria curtir a filha? Se bem que as duas terão bastante tempo para curtirem juntas. Mas mesmo assim. Enfim, Duda e eu saímos dali, mas não tínhamos nenhum lugar em especial para irmos. Ficamos rodando com o carro por alguns minutos.

           - Sugere algum lugar? – perguntei.
           - O que acha de irmos pra sua casa?
           - Ta legal.

      Pra minha casa? Sei que existe lugar melhor do que lá. Estacionei o carro, e saímos do mesmo. Caminhamos até a entrada, tirei a chave do bolso e coloquei na fechadura. Girei pro lado direito, e entramos. As luzes estavam apagadas, o que significava que o Tom ainda não tinha chegado. E se ele ainda não chegou, quer dizer que só aparecerá por aqui na manhã seguinte.

           - Eu vou tomar um banho. – disse. – Se importa em ficar alguns minutos sozinha?
           - Não. Pode ir, eu me viro por aqui.

      Eu não queria deixá-la sozinha por muito tempo, então tomei um banho rápido. Sai do banheiro, com uma toalha enrolada em minha cintura. Me assustei ao vê-la ali parada, olhando aqueles mesmo porta-retratos.

           - Desculpa. – disse ela. – Mas eu não resistir em vir aqui.
           - Sem problemas.
           - Cadê o Tom?
           - Não faço idéia.
           - Você disse que ele havia saído com uma garota, certo?
           - Um-hum.
           - Eu tenho que... confessar uma coisa.
           - Confessar?
           - Eu que pedi pro Tom sair.
           - Como assim?
           - Já ouviu falar em “três é demais”?
           - Já.
           - Pois é. Não acha que nós dois aqui fica bem melhor?
           - Só está faltando uma coisa.
           - O quê?
           - Você chegar mais perto.
           - Podemos resolver isso agora mesmo.

      Ela começou a se aproximar, e antes que pudesse chegar ainda mais perto, tirou seu casaco e já jogou em algum lugar. Ai sim, chegou bem perto. Nossos olhares se cruzaram, e pude sentir sua respiração. Enlacei sua cintura com minhas mãos, e colei seu corpo no meu. Senti seu coração bater acelerado, e sua respiração estava mais ofegante. Toquei meus lábios levemente nos seus, e um arrepio percorreu meu corpo. O beijo foi se intensificando cada vez mais. Nossas línguas brincavam uma com a outra. E ainda tem como dizer que ela não é a garota dos meus sonhos? Fui conduzindo-a até a cama, mas algo parecia estar errado.

           - O que foi? – perguntei.
           - Ficaria chateado se eu dissesse que essa noite eu quero apenas dormir abraçada a você?
           - Não.
           - Eu não... não quero transar com você, porque isso pode parecer uma despedida. E não sou fã de despedidas.
           - Entendo.

      Isso que ela acabou de dizer, tirou todas as minhas dúvidas. Ela ia mesmo embora, e nada do que eu fizesse a faria mudar de idéia. Caminhei até o guarda-roupa e escolhi algumas peças. Me vesti, e quando terminei, notei que ela estava deitada na cama. Me aproximei, e me deitei ao seu lado. A abracei, e ela colocou sua cabeça em meu peito. Ficamos calados por um longo tempo.

           - Sinceramente, quando chegar a hora de partir, nem vou saber o que te falar. – disse, finalmente.
           - Não precisa dizer nada, Bill. – disse ela. – Você nunca foi tão bom com as palavras.
           - Tem razão.
           - Promete que não importa qual seja a minha decisão, você ficará bem?
           - Tentarei.

      Afaguei seus cabelos, até que adormecesse. Eu dormi, e também não notei quando isso aconteceu.

–--
(Contado pela Duda)

      O dia já havia amanhecido. Acordei, e o Bill continuava dormindo. Não quis acordá-lo, pois estava amando aquela visão. Meu celular começou a vibrar dentro do bolso, e corri pro banheiro pra atender antes que começasse a tocar. Quando já estava prestes a fechar a porta, começou a tocar a música “Get This Party Started – Pink”. Acabei batendo a porta. Tudo isso pra não acordar o Bill.

           - Alô?! – disse quase sussurrando.
           - Onde está? Disse que era pra dar uma volta com o Bill, e não pra dormir fora.
           - Me desculpa mãe, mas eu tinha que fazer isso.
           - Já disse a ele que vai voltar pra Suíça?
           - Não. Eu não tive coragem.
           - Pode dizer uma coisa pra ele, por mim?
           - Claro. O que é?

      Abri a porta do banheiro lentamente, vi que ele estava acordado e sentado na cama, encostado à cabeceira da mesma. “Como é que eu vou te dizer tudo isso, hein? Só de imaginar que as coisas poderiam ter sido diferentes, me dá um aperto no coração”, pensei. Caminhei até próximo de sua escrivaninha, puxei a cadeira e me sentei de frente pra ele. Ficamos calados por um longo tempo. Mas ficar parada não era uma das melhores soluções. E as lembranças começaram a surgir novamente em minha mente. Às vezes um sorriso surgia para contrariar as minhas lágrimas que começaram a cair. Parece que ultimamente eu só sabia fazer chorar. Tentei encontrar maneiras de dizer a ele, mas nada parecia uma boa opção.

           - Era a sua mãe no celular? – perguntou ele, finalmente.
           - Um-hum. – foi a única coisa que consegui responder.
           - Pelo visto a noticia não é uma das melhores.
           - Não sei.
           - Acho que já pode parar de suspense.
           - Que suspense? – me levantei.
           - Você não vai ficar, não é?

      Era agora ou nunca. Eu tinha duas opções: falar ou falar. Não tinha como fugir daquilo, não dava pra escapar do seu olhar triste, não dava mais pra adiar aquele momento.

           - Não. – respondi com a cabeça baixa. – Não agora, mas talvez daqui dez ou menos dias, porque eu preciso trazer todas as minhas coisas que ficaram lá na Suíça. – ri sacana.

      Vi seus olhos brilharem, e um enorme surgir em seus lábios. Bill se levantou rapidamente, e me puxou para perto. Meu riso foi abafado pelo seu beijo. Perdi completamente o fôlego.

           - Mas... e a sua mãe?
           - Sabe aquela história de que tinha que resolver alguns assuntos de trabalho?
           - Um-hum.
           - Na verdade ela estava fechando um contrato com uma imobiliária. Minha mãe comprou uma casa aqui, e transferiu sua grife pra cá. Fiquei sabendo disso tudo hoje.
           - Por vários momentos pensei que fosse me deixar. – me abraçou apertado.
           - Ah, e tenho um recado pra você.
           - Que recado?
           - Ela mandou dizer “Eu sabia que aquela carta daria certo”.
           - Só você pode responder se funcionou ou não.
           - Não me lembro muito bem, mas acho que tinha alguma pergunta naquela carta, não tinha?
           - Tinha sim.
           - Poderia repeti-la? Porque não me lembro.

      Ele suspirou, e sorriu.

           - Fica comigo?
           - Deixe-me pensar um pouco... – fiz suspense. – Acho que... Sim. Mil vezes sim. E antes que me beije novamente, eu preciso te dizer uma coisa.
           - Ok. Estou ouvindo.
           - Eu te amo, Bill Kaulitz. – fiz questão de pronunciar as palavras fatais bem devagar.

      Mais um sorriso surgiu em seus lábios, em seguida me beijou novamente, e desta vez foi com ainda mais alegria. Tive certeza que minha alma saiu de meu corpo e deu uma volta pelo quarto, retornando com mais vida. Meu coração estava tão acelerado, que senti medo que ele pudesse parar de bater. Olhei mais uma vez para aquela face que me deixou louca nos últimos meses. O abracei, e fiquei sentindo as batidas do seu coração, que estavam aceleradas, mas ainda assim me acalmaram.


DUAS SEMANAS DEPOIS

      Meu quarto finalmente estava como eu sempre quis; paredes em tons de lilás e alguns desenhos em preto e branco. Os móveis eram antigos, e bem conservados, tinham a cor branca. Terminei de ajeitar as almofadas em cima da cama, caminhei até a janela que estava aberta, fechei os meus olhos, e deixei que o ar puro entrasse em meus pulmões. Estava distraída em meus pensamentos, quando um certo alguém entrou, ligou o som e deixou num volume um pouco baixo. Senti que esse alguém me abraçou por trás, afastou meu cabelo, e depositou um leve beijo no meu pescoço. Arrepiei.

           - Tortura é crime. – disse, ainda com os olhos fechados.
           - Se depender de mim – abri os olhos. -, você será torturada todos os dias.

      Não consegui resisti, e tive que me virar para encarar aquele sorriso malicioso, que eu adorava ver. Mal tive tempo de abrir a boca pra falar alguma coisa, e já fui surpreendida com um beijo. Ele me direcionou até a cama, e caímos deitados um do lado do outro.

           - Eu acabei de arrumar essa cama. – disse.
           - Então vamos inaugurá-la.
           - Como você é apressado, hein?
           - Pra quê ficar perdendo tempo?

      Ficamos olhando pro teto, e de mãos dadas.

           - Já disse que você é muito chato? – perguntei.
           - E eu já disse que você é muito irritante?
           - Eu te odeio, sabia?
           - Aposto que eu odeio mais.

      Rimos.

           - Acha que isso tudo é amor ou ódio? – pergunta ele, olhando pra mim.
           - Os dois. – olho pra ele. - Afinal, se eu não te odiasse não poderia te amar tanto.
           - Amor e ódio. – disse ele. – Quem diria, hein?
           - Pois é.
           - Vem comigo. – ele se levantou e me puxou pela mão.
           - Pra onde?

      Fiquei em pé. Ele soltou minha mão e se aproximou do som, aumentou o volume, em seguida me olhou.

           - Vamos dançar. – se aproximou. – E desta vez tem música, e nada de chuva. – enlaçou minha cintura com seus braços.

      Começamos a dançar abraçadinhos. Eu me sentia tão segura assim. Como é que eu teria coragem de deixá-lo? Mais uma vez pude sentir sua doce voz bem pertinho do meu ouvido, dizendo:

           - Eu te amo, sua irritante.

Postado por: Grasiele | Fonte: x

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