quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Love And Hate - Capítulo 26 - Surpresa

(Contado pelo Bill)

      O dia amanheceu. Acordei, e a Duda continuava dormindo. Não queria acordá-la. Mas precisava, já que daqui algumas horas teríamos que ir pro colégio. Me levantei com cuidado, mas não adiantou muito. Ela despertou, e usou o banheiro. Desci pra arrumar a mesa do café da manhã, e o Tom estava lá arrumando tudo. Voltei pro quarto, e Duda olhava alguns porta-retratos que estavam em cima da mesa do computador. Fiquei parado na porta, só a observando-a de costas.

           - Não precisa ficar ai parado. – disse ela ainda de costas, e com um porta-retrato na mão.
           - Como sabia que eu estava aqui?
           - Sei lá. – se virou. - Deduzi.
           - Está pronta para voltar pra casa?
           - Não. Mas também não tenho escolha. – me aproximei.
           - Se quiser, posso passar lá e pegar alguma peça de roupa e seu material escolar.
           - Uma hora ou outra terei que enfrentá-lo. Então... que seja o quanto antes.
           - Não tem medo que ele faça algo?
           - Ele foi bem louco ontem. Mas não acho que tenha coragem o suficiente pra repetir.
           - Acha mesmo?
           - E além do mais, se o John fizer alguma coisa, eu tenho você pra me proteger. – ela me abraçou.
           - E protegerei mesmo.
           - Bom, vai me deixar em casa?
           - Claro. Agora vamos descer pra tomar o café da manhã.

      Nos sentamos a mesa junto com o Tom. O silêncio tomou conta por vários minutos.

           - Ok meninos, não precisam ficar gritando desse jeito. – ela brincou.
           - Aquele dia lá no acampamento, você usou o lenço? – pergunta Tom.
           - Pra quê? – pergunta ela.
           - Você disse que na cabana faltava papel higiênico, e...
           - Ah, sim. Quero dizer... na verdade, quem usou foi o Bill.
           - Usei o quê? – perguntei.
           - O lenço. – disse ela.
           - Que lenço? – eu não fazia idéia.
           - Aquele lenço. – ela chutou minha perna.
           - Ah, é. Usei sim. – disse.
           - Um-hum. – disse Tom.

      Terminamos o nosso café da manhã. Tom pegou seu carro e foi direto pro colégio. A Duda e eu entramos no meu, e seguimos até sua casa. Em poucos minutos chegamos lá. Estacionei, ela olhou em direção a entrada, respirou, fechou os olhos, respirou mais uma vez, e abriu a porta do carro. Sabia que ela estava insegura, ou talvez com medo, e eu não poderia deixar que fizesse aquilo sozinha. A segui.

           - Posso entrar com você? – perguntei, e ela sorriu.
           - Claro. – respondeu.

      Duda colocou a chave na fechadura, e a girou para a esquerda, em seguida abriu a porta. Ela olhou pra mim, e sorri. Entramos juntos, e logo ali na sala, seu pai e sua madrasta a aguardavam.

           - Onde você estava? – pergunta John.
           - Ficou maluca, garota? – disse Carol. – Não pode sair desse jeito sem avisar, e dormir fora.
           - Da próxima vez... – disse John.
           - Ela estava comigo. – me intrometi. – A Duda passou a noite em minha casa. MAS não rolou nada. Não precisam ficar preocupados. Ela está bem, não está? Então parem de fazer isso com ela. Deixem-na em paz.

      Por um instante pensei que o pai dela fosse me colocar pra fora dali com uma surra. Me enganei. Os dois ficaram calados, e a Duda me olhou, dando um meio sorriso, em seguida. Ela permaneceu calada, segurou minha mão, subimos as escadas, e fomos pro seu quarto.

           - Você é realmente muito doido! – disse ela, fechando a porta.
           - Eu sei. – disse.
           - Pensei que meu pai fosse te matar. Viu só a cara dele? – ela riu.

      Pelo menos consegui fazê-la rir.

           - É melhor se apressar, ou chegaremos atrasados no colégio. – disse.
           - Ok, ok. Vou tomar um banho rápido e já volto. Pode ficar a vontade ai.

      Algum tempo depois ela sai do banheiro já vestida. Seu perfume se espalhou pelo quarto. Acho que já repararam o quanto gosto do perfume dela, não é? Não consigo falar nela, sem citar seu cheiro agradável. Enfim, Duda pegou sua mochila e partimos rapidamente pro colégio. Por sorte, conseguimos assistir a segunda aula.

      Quando a aula acabou, levei a Duda pra casa. Ela insistiu muito, e acabei ficando pro almoço. Seu pai a todo instante me fuzilava com os olhos. Por dentro eu morria de medo, e por fora, deixava transparecer que eu era superior aquele olhar. Durante um longo tempo ficamos todos em silêncio, até a Duda começar a puxar assunto comigo. Fiquei um pouco envergonhado, mas fui entrando no seu jogo.

–--
(Contado pela Duda)

      O Bill foi embora após conversarmos um pouco. Fui pro quarto, e me tranquei lá. Era mais ou menos 14h12, quando a campainha tocou. Instantes depois alguém bate a minha porta. Me levantei e fui abrir, era a Anna.

           - Você tem visita. – disse ela.
           - O Bill esqueceu alguma coisa? – perguntei.
           - Não é o Bill.
           - Então...?
           - É melhor descer e conferir.

      Se não era o Bill, então quem poderia ser? O Tom não teria tanta cara de pau de vir aqui. E porque ele viria? Acompanhei a Anna. Quando eu já estava na metade da escada, avistei uma mulher de costas. Senti algo dentro de mim. A felicidade estava crescendo. Eu conhecia muito bem aquele enorme cabelo castanho, e aquelas curvas. Conhecia principalmente aquela blusa vermelha que estava usando, pois eu havia lhe presenteado. Minha voz pareceu desaparecer completamente. Mas tive que tirar forçar de não sei da onde, para pronunciar:

           - Mãe! – disse.

      Ela foi se virando, e seus cabelos pareciam ter dançado naquele momento. Seus olhos azuis me olharam, e não contive as lágrimas. Como eu sentia falta daquele olhar, daquele rosto.

           - Mãe! – desci as escadas correndo, dei a volta no sofá até onde ela estava, e a abracei com força.

      Eu parecia uma criança que acabara de ganhar um presente novo. A abracei com tanta força, e não queria me soltar. Me sentia segura em seus braços.

           - Senti tanto a sua falta. – disse, chorando, e me afastando um pouco.
           - Agora estou aqui. – ela enxugou meu rosto. – Não tem que chorar.
           - Vai me tirar daqui, não é? Por favor, diga que sim.
           - Sim. Vou te tirar daqui sim. Mas não agora.
           - O quê?
           - O Juiz marcou a audiência para daqui quatro dias, e se tudo der certo, você volta comigo pra Suíça.

Por mais incrível que pareça – e realmente é -, me esqueci do Bill por algum tempo. Meu pai e a Carol ficaram o tempo todo calados, com cara feia. E eu nem me importava. Estava toda feliz, e até mostrei o meu quarto pra minha mãe. Ela estava hospedada num hotel, e pediu que eu continuasse na casa até o Juiz resolver tudo. Fiz biquinho, fiquei emburrada, mas nada adiantou. Mas se me pediu pra fazer isso, era porque sabia muito bem o que estava pedindo. Obedeci.

      Mais tarde, estávamos em meu quarto conversando...

           - Me conta o que aconteceu nesses últimos dias?
           - Nossa, foram tantas coisas. – disse.
           - E o Bill?

      Foi ai que a minha ficha caiu.

           - Ai meu Deus. – disse.
           - O que foi?
           - Eu havia me esquecido dele.
           - Como assim?
           - É que o Bill e eu...
           - Estão namorando?
           - Não. Quero dizer... não sei. Estamos num rolo, entende?
           - Acho que sim. Mas não entendi o motivo do “ai meu Deus”.
           - Ele não quer que eu vá embora. Pediu que eu não o abandonasse novamente. Acredita que até ofereceu a sua casa pra eu morar?
           - E o que você disse?
           - Que iria pensar. Mas eu não posso te deixar sozinha naquele lugar, e nem eu agüentaria ficar nessa casa.
           - Se sabia que iria partir, porque se envolveu com ele?
           - Eu não sei. Na verdade... eu sei sim.
           - Está apaixonada de novo. Posso ver isso nos seus olhos.

      A abracei.

           - Mãe, o quê que eu faço?
           - Eu sinto muito. Mas esse tipo de decisão é você quem deve tomar.
           - Não quero ficar aqui, e também não quero deixá-lo. Me ajuda, por favor.

      Nos afastamos um pouco. Ela ergueu sua mão, e a direcionou até meu peito.

           - Essa frase é clichê demais, mas mesmo assim te direi. – ela fez uma pequena pausa. – Siga seu coração. Só você e ele poderão fazer a escolha certa.

      Uma lagrima rolou dos meus olhos.

           - Não vou ter coragem de dizer a ele que você chegou. – disse.
           - Porque não?
           - Eu não agüentaria vê-lo triste.
           - E o que pretende fazer?
           - Esconder. Esconder até que o Juiz decida tudo.
           - Se a decisão for positiva... pretende partir sem se despedir dele?
           - Não. Mas só direi quando as coisas estiverem certas.
           - Tem certeza?
           - Absoluta.

Postado por: Grasiele

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