quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Love And Hate - Capítulo 29 - Não existem palavras para isso - parte II

(Contado pela 3º pessoa)

           - Vou direto ao ponto. Eu não sei se fiquei feliz ou triste por saber que está saindo com a Duda. – fez uma pequena pausa. – Você não pode imaginar o que aquela garota sofreu quando fomos pra Suíça. Acho que se eu não estivesse ao seu lado, não sei o que teria acontecido a ela. Cortou-me o coração ver minha filha daquela maneira. Nunca a vi chorar tanto por alguém.
           - Sinto muito por tudo que aconteceu. Eu não tive intenção alguma em magoá-la.
           - Eu sei disso. E deveria mesmo sentir muito. Mas não vim aqui para falar sobre o passado.

      Bill ficou calado só ouvindo o que Amanda falava.

           - Acho que você já deve saber que amanhã será a audiência.
           - A Duda me contou.
           - Então também deve saber que estou disposta a levá-la para casa.
           - Sim. – responde com a cabeça um pouco baixa.
           - Me desculpe, mas não posso abrir mão da minha filha. Ela é a única coisa que tenho, a única que importa pra mim.
           - Entendo. E ela também é importante pra mim.
           - Sei disso. Mas pense comigo. Se a Duda ficar com o pai, ela não será tão feliz. O seu lugar é comigo, lá na Suíça.
           - Estou disposto a acreditar que ela ficará, até que a própria me diga o contrário.
           - Não complique as coisas, Bill. Isso só fará com que os dois sofram ainda mais.
           - Está me pedindo pra desistir dela?
           - As coisas seriam mais fáceis se fizesse isso.
           - Mais fáceis pra você! Não pra mim.
           - O que realmente sente pela Duda?
           - Eu a amo. Pode até não acreditar, mas eu a amo de verdade.
           - E o que seria capaz de fazer para tê-la ao seu lado?
           - Não sei. Acho que... acho que faria qualquer coisa. – ele suspirou. – Só não faria nada que pudesse deixá-la triste.
           - E acha que é capaz de fazê-la feliz?
           - Eu tentaria. Daria o melhor de mim. Srta. Drummond...
           - Amanda. – ela o repreendeu.
           - Amanda, eu sei que você acha que isso não vai funcionar, e que eu vou acabar me machucando. Mas... mas eu nunca amei alguém, como a amo. – seus olhos se encheram de lágrimas. – A Duda... ela agora faz parte da minha vida. Eu preciso dela, então não me peça para desistir. – uma lágrima rolou pelo seu rosto, e ele abaixou a cabeça. – Por favor, não a tire de mim.

      Amanda estendeu suas mãos sobre a mesa. Bill ergueu a cabeça, e limpou seu rosto. Depois ele fez o mesmo com as suas mãos, e as colocou sobre as dela.

           - Se um homem dissesse isso pra mim, eu não pensaria duas vezes, e ficaria. – disse ela. – Mas essa decisão não é só minha.
           - Mas é o principal motivo dela querer ir.
           - Se quer fazê-la ficar, tente convencê-la.
           - Como?
           - Você é um rapaz inteligente, e deve saber como fazer.
           - Poderia me ajudar.
           - Na minha época, quando um rapaz ficava interessado em uma moça, ele lhe enviava cartas românticas.
           - Acha que isso pode dar certo?
           - Não. – os dois riem. – Porque não tenta? Não custa nada.
           - É.

      Ela retira suas mãos das dele, e olha pro relógio.

           - Bem, já está na minha hora. – diz ela. – E não se preocupe com o que acontecerá amanhã. Confie em mim, e as coisas poderão sair como nós dois queremos.

      Amanda pega sua bolsa, e se retira do local. Bill ficou sem entender o que ela quis dizer com “confie em mim, e as coisas poderão sair como nós dois queremos”. Ele ficou mais algum tempo ali, pensando. Depois deixou uma gorjeta em cima da mesa, e foi pra casa.

      Quando chegou, colocou a chave do seu carro sobre a mesinha de centro da sala, e se deitou no sofá. Tom aparece comendo um sanduíche, e se senta na poltrona. Eles ficam em silêncio por algum tempo.

           - Onde estava? – pergunta Tom.
           - Conversando com a mãe da Duda. – responde.
           - Aquela gostosona?!
           - Poderia ter um pouco mais de respeito, não é?
           - E por acaso isso é mentira?
           - Deixe a Duda ficar sabendo disso, e ela acaba com você.
           - Eu bem que queria dar uns cato naquela morena. Já imaginou ela nua?

      Bill o olhava incrédulo.

           - Falei alto demais, não foi? – diz Tom.
           - Demais. – diz Bill. – Deveria guardar esses pensamentos só pra você.
           - Ah, a Duda ligou.
           - E o que ela queria?
           - Não sei. Perguntei se queria deixar recado, mas disse que não. Sugeri então que ligasse pro seu celular.
           - Amanhã o juiz decidirá com quem ela ficará.
           - Aposto que você está bem ansioso, não é?
           - Ansioso. Apreensivo. Acho que estou tendo todas as emoções tudo de uma só vez.
           - Relaxa. Vai dar tudo certo.
           - É bem pouco provável que as coisas fiquem boas pra mim.
           - Já vai começar com o pensamento negativo? Você deveria sair pra se divertir um pouco.
           - Realmente nós não somos tão iguais assim.
           - Ela é só mais uma garota!
           - Está enganado! Ela é a única garota. – Bill se levanta. – Acho melhor você sair logo, antes que se atrase.
           - Como sabia que eu iria sair?
           - Deduzi. – respondeu, e foi pro quarto.

–--
(Contado pelo Bill)

      Tranquei a porta, e fui direto pro banheiro. Tomei um banho demorado, pois a água estava quente. Retornei ao quarto, e vesti uma roupa confortável. Me deitei na cama, de barriga pra cima e fiquei olhando pro teto.

(Flashback)

           - Você é um rapaz inteligente, e deve saber como fazer.
           - Poderia me ajudar.
           - Na minha época, quando um rapaz ficava interessado em uma moça, ele lhe enviava cartas românticas.

(/Flashback)

      Me levantei, e me sentei na cadeira em frente a escrivaninha. Abri minha mochila, peguei meu caderno e a grafite.

           - Se isso não der certo, nada mais dará. – disse a mim mesmo.

      Comecei a escrever tudo que vinha em minha mente. Mas aquilo não estava ficando bom. Na verdade, estava a maior porcaria. Rasguei a folha, e joguei no cesto de lixo. Repeti isso inúmeras vezes, até conseguir fazer algo que ficasse bom. Eu só não sabia com faria para entregá-la, já que havíamos quase discutido. Passei a noite inteira escrevendo a bendita carta que poderia fazê-la mudar de idéia, e ficar comigo.

–--
(Contado pela Duda)

      O dia amanheceu, e os raios de Sol que entravam pela fresta da cortina me avisavam que já era hora de levantar. Abri os olhos, em seguida os fechei novamente. Coloquei minha mão direita na frente, para tentar impedir que o Sol atingisse meus olhos. Me levantei, e fui direto até a janela para abrir a cortina. O dia estava lindo. O céu azul, e nenhum sinal de nuvens. Aquele poderia ser o melhor ou o pior dia da minha vida. Só dependeria do que aconteceria na audiência.

      Fui pro banheiro, fiz minha higiene bucal, em seguida tomei meu banho. Retornei ao quarto, passei desodorante, escolhi uma roupa, e me vesti. Penteei o cabelo, e resolvi deixá-lo preso. Passei perfume, e fiz uma leve maquiagem. Vai que eu choro hoje? Pensei. Peguei minha mochila, e desci pra tomar meu café da manhã. Meu pai tomava café, e lia um jornal. Carol o acompanhava na refeição. Achei a energia daquele lugar muito pesada. Preferi chamar um táxi e tomar café na cantina do colégio.

      Assim que cheguei, encontrei o Bill. Ele me olhou, e fez um sinal com a cabeça, depois desviou o olhar. Passei por ele, e fui pro refeitório. Me sentei numa das mesas, e fiz o pedido de um lanche. Não comi nada, pois havia perdido a fome der repente. Tom se aproxima e se senta.

           - E ai gatinha, como está? – pergunta ele.
           - Acho que não sei definir como estou. – respondi.
           - Ah, já sei. Está assim por causa do Bill, não é?
           - Também.
           - Pode me contar o que está se passando nessa cabecinha sexy?
           - Só você pra tentar me fazer rir numa situação dessas.
           - Tento fazer o possivel.
           - Bem, acho que já deve saber que a minha mãe chegou.
           - É eu sei. E contei pro Bill.
           - Então foi você?
           - Não era pra contar?
           - Uma hora ele ficaria sabendo, não é?
           - Foi isso que pensei.
           - Enfim, ele veio tirar satisfações e acabamos “discutindo”.
           - Que chato.
           - Pedi pra ele me acompanhar, e ficar ao meu lado até eu descobrir o que o juiz vai decidir, mas ele negou.
           - Olha, eu sei que você deve estar sofrendo com tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo. E o Bill também está! Não sei se o seu sofrimento é maior que o dele, mas posso dizer que nunca vi meu irmão daquele jeito. Se você voltar pra Suíça, será a mesma coisa que estar arrancando um pedaço do Bill. É meio estranho dizer isso, mas ele te ama. – ele fez uma pausa. – Antes de tomar qualquer decisão, pensei bem.
           - Obrigada. Vou pensar sim.

      Mais tarde, quando o sinal tocou, meu coração pareceu querer sair pela boca. Nunca senti tanto nervosismo. Eu já estava caminhando em direção ao carro da minha mãe, foi ai que ouvi alguém gritar pelo meu nome. Parei, olhei para trás, e era o Bill.

           - Oi. – disse ele.
           - Pensei que precisasse de um tempo. – disse.
           - É uma pena que eu não tenha esse tempo.
           - Então...
           - Eu queria te entregar duas coisas. Mas uma delas, só entregarei quando estivermos sozinhos.
           - E o que seriam essas coisas?
           - A primeira é essa daqui.

      Me entregou um envelope cor lilás.

           - O que é isso? – perguntei.
           - Só abra e leia quando estiver sozinha.
           - Ta legal.
           - E... Me desculpa por negar em ir com você até a audiência.
           - Sem problemas.
           - Não! Claro que tem problema! Por isso resolvi te acompanhar.
           - Sério?
           - Um-hum. Posso te encontrar lá?
           - Claro.

      Fiquei feliz. Aquilo me deu um alivio enorme, que nem dá pra explicar. Nos despedimos com um abraço apertado, e entrei no carro. Minha mãe sorriu, e acenou pra ele. Fomos pra casa, e assim que entramos, nos deparamos com meu pai, Carol, e um advogado.

           - É melhor subir logo e tomar seu banho. – disse John. – Sairemos daqui uma hora, e não podemos nos atrasar.
           - Já estou indo. – disse, depois subir as escadas, indo pro quarto.

      Como eu sabia que ainda tinha tempo, não fui diretamente pro banheiro pra tomar meu banho. Me sentei na cama, abri a mochila e peguei o envelope que o Bill havia me entregado. Tenho que confessar que não tinha certeza se abria ou não. Senti medo. Mas não me pergunte de quê. Respirei fundo, e finalmente abri o lacre. Retirei de dentro do mesmo, três folhas. Mais uma vez respirei e comecei a ler.

Postado por: Grasiele

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