quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Love And Hate - Capítulo 27 - Ela não me disse absolutamente nada

(Contado pelo Bill)

      Um dia havia se passado. Eu estava achando a Duda um pouco diferente. Ela estava mais feliz, e com um lindo brilho no olhar. Me senti alegre ao vê-la desse jeito. Queria sair pra jantar com ela em algum lugar que pudéssemos conversar mais a vontade, sem corrermos o risco do Tom ou a Débora nos encontrar. A levei num restaurante italiano. Jantamos, conversamos sobre várias coisas, menos sobre sua decisão se iria ficar ou partir. Na verdade, naquela noite eu não estava nem me importando com isso. Só queria aproveitar ao máximo. Quando saímos do restaurante, fomos até um parque de diversões que havia chegado à cidade. Duda e eu apostamos que conseguiria acertar mais coelhos na prova de tiro ao alvo. Topei, e ganhei da primeira vez. Como uma má perdedora, pediu revanche, e me ganhou.

           - Quem é a melhor, hein? – ela me provocava.
           - Eu sou o melhor. – disse.
           - Você não sabe nem perder. Admite que eu sou muito boa!
           - Ah, isso tem razão.
           - Seu safado! – nós rimos, e ela me abraçou.

      O rapaz que estava na barraca, entregou um enorme urso azul.

           - Preciso de um nome pra esse urso. – disse ela.
           - Pra quê?
           - E pra quê a sua mãe colocou um nome em você?
           - É completamente diferente.
           - Não é não! Ele também precisa de uma identidade. – tive que rir. – Ah, já sei! O nome dele vai ser Bia.
           - Bia?
           - Sei que é um nome feminino. Mas não sou preconceituosa, e aceito que ele seja gay.

      Continuamos com o passeio. Passamos à tarde praticamente inteira ali no parque, nos divertindo sem medo de absolutamente nada. E confesso que nunca havia me divertido tanto. Quando o Sol já estava se pondo, resolvi levá-la pra casa, para não correr o risco de o seu pai ficar lhe passando sermões. Nos despedimos com um selinho, e ela entrou carregando a Bia em seus braços.

      Cheguei em casa, e o Tom jogava vídeo game. Seus olhos não desgrudavam da tela da televisão. Me sentei ao seu lado, peguei o outro controle, e o acompanhei no jogo.

           - Se divertiu muito? – pergunta ele, sem desviar o olhar.
           - Sim. Por quê?
           - Como consegue se divertir sozinho?
           - E você, como consegue ficar aqui sozinho?
           - Quem disse que eu estava só?
           - Trouxe alguma garota pra cá?
           - Uma só não tem graça.
           - O quê?
           - Foram só duas. Elas são irmãs, e por sinal, muito gostosas.
           - Espero que tenha ficado bem longe do meu quarto.
           - Por quê? Tem medo que a Duda descubra algo?
           - Do que está falando?
           - Até parece que não te conheço. Sei muito bem que está rolando alguma coisa entre vocês dois.

      Larguei o controle em cima da mesinha de centro, e dei pausa no jogo.

           - Porque fez isso?
           - De onde tirou essa história de que a Duda e eu temos alguma coisa?
           - Então é verdade?
           - Você não me respondeu.
           - E nem você! E olha que eu venho lhe perguntando isso há um bom tempo.

      O Tom acabaria descobrindo de qualquer jeito. Achei que já estava passando da hora de contar toda a verdade. E além do mais, ele é meu irmão. Não posso ficar escondendo isso.

           - Tá legal. – disse. – A Duda e eu estamos mesmo saindo.
           - Não foi tão difícil assim, foi?
           - Desculpa por não ter contado antes.
           - Sem problemas. Mas também poderia ter dito que transaram lá no acampamento.
           - C-Como ficou sabendo? – perguntei surpreso.
           - A Débora me falou.
           - Que linguaruda!
           - Concordo.
           - Vai ficar bravo?
           - Só por ter transado com ela? Claro que não! Vocês se gostam, e eu não tenho nada a ver com isso. A não ser pela história que se repetiu.
           - Que história?
           - Ficamos com a mesma garota novamente.
           - Tem razão. Mas isso não irá rolar de novo, porque não estou nem um pouco a fim de dividir a Duda com você.
           - E nem eu quero. Já estou com outra pessoa.

      Passamos um bom tempo conversando e jogando vídeo game. E sabe que foi até bom. Sinto como se tivesse tirado um enorme peso das minhas costas.

      Na manhã seguinte, fui pro colégio e tudo correu normalmente. Na saída, ofereci carona pra Duda.

           - Obrigada. Mas tenho que passar num lugar antes de ir pra casa. – diz ela.
           - Não irei fazer nada, e se quiser posso te levar.
           - Não. É sério. Não precisa mesmo. Eu pego um táxi.
           - Tem certeza?
           - Um-hum.
           - Ok.

      Achei um tanto estranho, pois ela quase nunca recusava minha carona. Não quis perguntar mais nada, e talvez isso se tornasse incomodo. Nos despedimos sem nenhum selinho, já que estávamos em público. Ela apenas acenou pra mim, e eu segui pro carro.

      Eu havia acabado de almoçar, e me deitei no sofá da sala. Liguei a televisão pra ver se passava algo de interessante. O Tom chega, se senta na poltrona, e solta um suspiro.

           - Eu já imaginava que a mãe da Duda pudesse ser tão bonita quanto ela. Mas não imaginava que pudesse ser tão gostosona.
           - Que loucura é essa?
           - Tô falando sério. A mulher é muito gata!
           - A mãe da Duda está na Suíça! Como sabe que ela é isso tudo?
           - Não está não.
           - Claro que está!
           - Ah não ser que a Duda se confundiu. Porque quando eu estava preste a entrar em meu carro, a ouvi claramente dizer “que bom que veio me buscar, mãe”.

      Me sentei.

           - Tem certeza que ouviu isso? – perguntei.
           - Sim.
           - Não pode ser. A Duda teria me contado.
           - Vai ver ela se esqueceu.
           - Como alguém pode esquecer isso?
           - Não sei.
           - Se ela não me disse nada, é porque não queria que eu ficasse sabendo.
           - Acha mesmo?
           - Talvez.

      Porque a Duda faria isso? Porque ela esconderia que sua mãe havia chegado? Só poderia haver uma resposta pra isso. Ela pretender partir sem dizer nada, como da última vez. Ou seja, já fez a sua escolha. Mas preciso ouvir isso de sua própria boca.

–--
(Contado pela 3º pessoa)

      O relógio marcava 20h35. Bill achou que àquela hora seria boa para ir visitar a Duda, mesmo sabendo que era um pouco tarde. Ele pegou seu carro, e passou numa pizzaria, depois seguiu para a casa dela. Estacionou, tocou a campainha e aguardou.

           - Você é o Bill, acertei? – pergunta Anna.
           - Sim. – responde.
           - A Duda está no quarto.

      Ele subiu até lá, e a encontrou sentada em sua cama, e ouvindo música.

           - O que faz aqui? – pergunta ela.
           - Senti saudades, e... trouxe pizza, sorvete, e morangos com chocolate.

      Duda se levantou e trancou a porta. Os dois se sentaram no chão e começaram a comer e conversar.

           - Vou engordar uns três quilos, por sua culpa. – disse ela.
           - Como você é dramática, hein?
           - Só um pouco.
           - Seu sorvete favorito ainda é o de napolitano?
           - Claro! Pra quê melhor do que três sabores num só pote?
           - Gulosa. Só não engorda de ruim.
           - Diga a verdade, comer não é bom? Pra mim é uma das melhores coisas.

      Eles conversaram por várias horas. Mas Bill queria lhe fazer uma pergunta em especial, e não tinha coragem, ou talvez tivesse medo de ouvir a resposta. Sem muito assunto, tentou iniciar algo.

           - Tenho que te contar uma coisa. – diz ele.
           - Pode dizer.
           - Contei pro Tom sobre nós dois.
           - O quê? Por quê?
           - Na verdade ele já sabia, e só fiz confirmar.
           - E como ele descobriu?
           - A Débora contou.
           - Da próxima vez, diga a ela que é segredo.
           - Mas e você?
           - O quê que tem?
           - Não aconteceu nada de interessante contigo?
           - N-Não.
           - Como andam as coisas aqui com seu pai?
           - Frias. Antes da briga ainda nos falávamos, mesmo que fosse com um pouco de ignorância. Mas depois, mal nos olhamos.
           - E a sua mãe? Ela deu noticias?
           - Ainda não. – respondeu após ficar um tempo em silêncio.
           - Estou com a impressão de que quer me contar alguma coisa.
           - Acho que é só impressão, porque não tenho nada pra dizer.
           - Tem certeza?
           - Um-hum.

      Bill olha no relógio.

           - Está tarde, é melhor eu ir antes que seu pai fale alguma coisa.
           - Ok.
           - Até a amanhã.
           - Até.

      Se despediram com um beijo. Algum tempo depois o Bill chega em casa. O Tom acabara de voltar da cozinha, e estava comendo uma maçã.

           - Falou com a Duda? – pergunta Tom.
           - Sim.
           - E ela confirmou que a mãe chegou?
           - Não perguntei isso. Mas lhe joguei algumas indiretas, e ela não me disse absolutamente nada.
           - Estranho.
           - Demais.
           - Não irá fazer mais nada?
           - E o que eu poderia fazer?
           - Pergunta de uma vez!
           - Tem razão. Amanhã mesmo tirarei essa história a limpo.

Postado por: Grasiele

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