quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Love And Hate - Capítulo 24 - Desconfianças

(Contado pela Duda)

      Já era noite. Eu estava em meu quarto, e o telefone lá da sala começou a tocar. Me levantei rapidamente da cama, e desci as escadas correndo. Tropecei num dos degraus, e cai de cara no chão. Fiquei um pouco tonta, mas consegui ficar de pé. Atendi o telefone.

           - Alô?

      A ligação caiu. Agora pensem comigo: vale mesmo à pena descer as escadas correndo, dar de cara com o chão, atender ao telefone e ver que a ligação caiu? Acho que não. Subi pro quarto, e tranquei a porta. Me deitei novamente, e fiquei olhando pro teto. A cortina da janela estava aberta, o quarto estava escuro, e a iluminação que ali entrara, vinha da rua. Fiquei olhando pro teto. Lá fora, a luz refletia nas árvores que balançavam, e acabavam formando desenhos estranhos no teto do quarto. Permaneci imóvel por alguns minutos, até meu celular começar a toca. Imaginei que fosse a minha mãe. Mas era o Bill.

           - Oi. – atendi.
           - Ô Tom, vê se não rouba! – disse ele.

      Ele ligou pra mim, e ao invés de falar comigo, brigava com o Tom.

           - Bill. – disse.
           - Deixa de ser idiota Tom! – continuavam a brigar.
           - Bill! – chamei novamente.
           - Esperai, estou um pouco ocupado.
           - Se está ocupado, porque ligou?
           - É que o Tom e eu estamos jogando vídeo game, e sempre que ele acha uma brecha, tenta trapacear.
           - Então quando terminar de jogar, me ligue.

      Sim, eu desliguei. E queria que eu fizesse o quê? Ficar esperando ele terminar o jogo? Nem pensar. Apesar de que, a conta viria alta pra ele, e não pra mim. Eu estava quase pegando no sono, quando o celular mais uma vez começa a tocar. Já sabia que era ele.

           - Já terminou? – perguntei.
           - Sim.
           - Por acaso o Tom sabe sobre a gente?
           - Não. Ele só acha que sou apaixonado por você, e que estou tentando fazer de tudo para que fique.
           - Mas contou sobre o que rolou?
           - Óbvio que não. Segredo só funciona se for entre duas pessoas, se três ficarem sabendo, vira fofoca.
           - Tem razão. E... obrigada por isso.
           - Não tem que agradecer. – ficamos em silêncio. – Você... está pensando na proposta que lhe fiz?
           - Com todo carinho. Mas ainda não decidi nada.
           - Tô com saudades.
           - Eu também.
           - Pode me dar uma dica de como ficar longe de você, lá no colégio?

      Nós dois rimos.

           - Acho que não conseguiria ficar longe de mim. – disse.
           - Mas infelizmente tenho que ficar. A não ser que você queria falar pra todo mundo o que se passa conosco.
           - Não. Ainda é cedo pra isso. E talvez o pessoal não agüentasse essa noticia. – ele riu.
           - Por quanto tempo esconderemos isso?
           - Não sei.
           - Ei, não pense que estou perguntando isso só pra apressar as coisas. Se for preciso, esperarei o tempo necessário.
           - Que fofo.
           - Ah, eu sei.
           - E depois diz que eu sou a convencida, não é?
           - Só um pouquinho.
           - Eu vou desligar agora, porque amanhã a gente tem aula.
           - Ok. Durma bem.
           - Você também.
           - Eu... te amo.

      Fiquei em silêncio por um tempo. Podem achar estranho eu não dizer o mesmo a ele. Mas tentem entender, sofri muito quando meus sentimentos foram declarados a ele. Já pensou se acontece de novo? Não quero passar pela mesma coisa novamente. Foi muita dor pra uma só pessoa.

           - Boa noite. – disse finalmente.

      Desligamos juntos. Coloquei o celular em cima da mesinha ao lado da cama, me virei para o outro lado, e peguei no sono.

      Acordei, e parecia que eu não havia dormido absolutamente nada. Apalpei a mesinha pra pegar o celular, olhei as horas: 7h45. Eu estava completamente atrasada. Cadê aquela droga de despertador nesse momento? É nisso que dá quebrar as coisas. Me levantei correndo, entrei no banheiro e tomei o banho mais rápido que consegui. Retornei ao quarto, passei desodorante, e vesti a roupa que eu tinha separado na noite anterior. Ainda bem que fiz isso. Passei meu perfume, peguei minha mochila, e desci correndo. Desta vez não tropecei. Cheguei a cozinha e o casal vinte tomava o café tranquilamente.

           - Porque não me acordou?! – perguntei.
           - Cadê seu despertador? – pergunta meu pai, após beber um gole do café.
           - Ele quebrou. – respondi.
           - Não. Você o arrebentou. – disse ele.
           - Tanto faz! Você é o meu pai, e deveria ter me acordado!
           - Desculpa.
           - Por favor, diga que as suas desculpas fazem o tempo congelar até eu chegar ao colégio?
           - O quê?
           - Não vai me dar uma carona?
           - Hoje não vai dar.
           - Perfeito. – disse.

      Respirei fundo, contei de 1 a 10, e sai correndo pra rua. Se tivesse sorte, um táxi passaria por ali e me levaria. Mas eu não tive a sorte. Gritei de raiva, e uma senhora que passeava com sua cadelinha, se assustou e se afastou o mais rápido que pôde. O jeito era pegar um ônibus. Mas qual? Eu não fazia idéia do ônibus que passaria em frente ao colégio, e por isso, entrei no primeiro que passou. Fiquei dentro dele por meia hora, e tive que caminhar por mais vinte minutos. Ah, vá. Não é tão ruim assim, não é? Nem um pouco.

      Entrei no colégio, e fui recebida pelo inspetor. Ele me levou diretamente a direção, e ficarei na detenção por quinze minutos. Hoje os meus anjinhos da guarda me abandonaram. Acho que ficaram com raiva de alguma coisa. Fui pra sala, e a professora perguntou o motivo do meu atraso.

           - Meu porquinho da índia morreu. – disse, fingindo chorar.
           - Oh, eu sinto muito, querida. – ela me abraçou. – Agora vá se sentar.

      Me sentei, e o Bill se inclinou e sussurrou:

           - Você é muito sínica.
           - Ela que é burra demais. – sussurrei de volta.

      O Tom ficou nos olhando, e pra despistar, pisquei e lhe joguei um beijinho. Ele sorriu, e voltou a fazer sua atividade. Não sei por que, mas acho que o Tom desconfia de alguma coisa.

      No intervalo, decidi ir até a sala de música pra tocar um pouco. Estava com saudades daquilo. Entrei, fechei a porta, e comecei a tocar. Pouco depois, senti alguém beijar meu pescoço. Quem mais poderia ser?

           - É melhor parar, Bill. – disse.
           - Bill?

      Me virei, e era o Tom.

           - Tom?! O que está fazendo aqui?
           - Porque disse o nome do Bill?
           - Eu não disse nada.
           - Disse sim.
           - Não. O que eu quis dizer foi... – gaguejei. – Bia! Eu preciso ligar pra minha amiga Bia.
           - Não tente me enganar! Sei muito bem o que disse. Está rolando alguma coisa entre vocês dois, não é?
           - Que idéia é essa? Tá doido? Acha mesmo que eu ficaria com aquele idiota?
           - Me responda você.
           - Eu nunca ficaria com ele. Tem garotos mais interessantes por ai, não acha. – sorri maliciosamente, de propósito.
           - Acho. – ele retribuiu.
           - Bom, é melhor eu ir ligar pra minha amiga Bia, antes que eu me esqueça.

      Sai dali rapidamente. Não sei se ele acreditou. Mas tentei fazer o melhor. Que mancada! Mas que culpa eu tenho se o Bill vive fazendo isso? Acabei me encontrando com o mesmo, que me puxou pra um corredor vazio, e começou a me beijar.

           - Bill, espera! – disse, quase sussurrando.
           - O que foi?
           - Podem nos ver.
           - Ninguém vai ver nada! – me beijou novamente.
           - É sério! Aqui é perigoso.
           - Deixa de ser medrosa! – beijou de novo.
           - O que estão fazendo? – pergunta Débora.

      Paramos de nos beijar. Nos entreolhamos, e tive que fazer a única coisa que poderia dar certo naquele momento. Dei um soco no nariz dele. No momento fiquei com muita pena, pois eu havia o machucado. Mas era um pouco tarde pra pensar nisso.

           - Me agarra de novo, e o seu nariz não será o meu alvo. – disse, e sai dali sem nem olhar pra trás.

      No final da aula, eu estava no refeitório, e avistei o Bill chegar com um curativo no nariz. Senti tanta coisa quando o vi. Deu vontade de rir, de pedir desculpas, e até mesmo de chorar. Me controlei. Ele e o Tom se sentaram na mesma mesa em que eu estava. O irmão foi pegar um refrigerante na cantina, e ficamos sozinhos.

           - Desculpa. – disse, me controlando pra não rir.
           - Você bate bem forte, pra uma garota. – disse ele.
           - Eu disse que era perigoso.
           - Mas precisava ser tão forte?
           - Já pedi desculpas. O que contou pro Tom?
           - Disse que não vi a porta de vidro da diretoria aberta, e bati de cara.

      Não me controlei e ri.

           - Pouco antes da Débora, o Tom me deu um beijo no pescoço lá na sala de música. Pensei que fosse você, e disse seu nome. Por sorte inventei uma desculpa super esfarrapada. Mas ele está desconfiado.
           - O que iremos fazer?
           - Precisamos ter mais cuidado.
           - Promete que não vai mais me dar outro soco daquele?
           - Prometo. – ri.

      Tom vinha se aproximando, e paramos de conversar. Ele se sentou ao meu lado, e iniciamos uma nova conversa, como se nada tivesse acontecido.

Postado por: Grasiele

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