(Contado pela Duda)
Estava em meu quarto, com a porta fechada, o som estava ligado quase no último volume, e tocava “Careful – Paramore”. Eu estava deitada no chão, com os braços abertos, e olhando pro teto. Parecia uma doente. Em minha mente passavam tantas coisas. E a cada minuto eu ficava mais confusa. Porque o Bill tinha que fazer aquele pedido? Ele poderia ter facilitado mais as coisas. Agora me sinto dividida.
A porta do quarto se abre. Era o meu pai. Ele caminha em direção ao som, e o desliga.
- Ei! – disse, me sentando.
- Onde pensa que está? Isso daqui é uma casa de família!
Soltei uma gargalhada. E tinha como ser diferente? Acho que não.
- Desde quando? – perguntei.
- Você é muito engraçadinha.
- Este é o meu quarto, e faço o que quiser! – disse, me levantando.
- Escute aqui Eduarda, esta é a minha casa! E enquanto estiver debaixo do meu teto, terá que obedecer as minhas ordens. Está pensando que sou igual a sua mãe?
Me aproximei dele.
- Você não tem idéia da minha gigantesca vontade de sair desse inferno!
- E pra onde a bonequinha iria? Pra debaixo da ponte?
- Aposto que lá as pessoas têm mais caráter que você!
Vi sua expressão ficar séria. John levantou sua mão, e me deu uma bofetada no rosto. Cai no chão. A Carol apareceu no exato momento, e presenciou tudo.
- Você ficou louco, John?! – ela gritou, em seguida se abaixou para me ajudar a levantar. – Ela é a sua filha!
- Ela merecia! – disse ele.
Me segurei para não chorar. Não queria parecer fraca naquele momento, e o encarei.
- Acho que a carapuça serviu perfeitamente, não é John? – provoquei.
- Cale a boca Eduarda! – ele gritou.
- Ou o quê? Vai me bater de novo?
- Eduarda...
- Duda, é melhor você sair daqui. – disse Carol. – Vá dar uma volta, e esfrie a cabeça.
- Se eu fosse você – disse a Carol. -, não ficaria mais um minuto ao lado desse homem. Se ele foi capaz de agredir a própria filha, imagine o que poderá fazer contigo!
- Você está merecendo uma boa surra. – John se aproximou para tentar me agredir novamente. Mas a Carol impediu.
- Pare! – ela gritou. – John, pare! E você, saia daqui Duda!
Bastou eu sair do quarto, para as lágrimas começarem a descer. Passei pela Anna, e ela ainda perguntou o que estava acontecendo. Não lhe dei ouvidos, e sai de casa. Comecei a caminhar sem rumo algum. Acabei indo parar na casa dos Kaulitz. Talvez lá fosse um bom lugar para eu me refugiar, e ficar em segurança.
–--
(Contado pelo Bill)
A casa estava um pouco silenciosa, pois o Tom conheceu uma garota e resolveu sair com ela. Tive que ficar sozinho. Eu estava deitado no sofá, e assistia televisão, quando a campainha tocou. Fiquei com um pouco de preguiça, mas me levantei e fui atender.
- Duda?
Fiquei surpreso ao vê-la aqui. Ela não disse nada, só me deu um abraço apertado, e começou a chorar. De inicio não tive reação.
- O-O que foi? – perguntei. – O que aconteceu?
Nada saia de sua boca. Fiquei preocupado.
- Não vamos ficar aqui na porta. – disse. – Entre.
Ela entrou, e pedi que se sentasse no sofá. Fui correndo até a cozinha, e voltei pouco depois, levando um copo de água. Me sentei na mesinha de centro, de frente pra ela.
- Aqui. – entreguei o copo, e ela bebeu um pouco da água.
Foi ai que notei algo em seu rosto. A marca perfeita de alguns dedos.
- O que é isso em seu rosto? – perguntei, e ela tentou esconder. – Me conte.
- Cadê o Tom? – ela finalmente falou.
- Saiu com uma garota. Podemos conversar tranquilamente.
Ela bebeu mais água.
- Quem fez isso com você? – insisti. – Foi a esposa do seu pai?
- Não.
- Então me conte!
Eu já estava desconfiado de quem poderia ser, e tirei minhas dúvidas assim que ela negou que fosse a sua madrasta.
- Foi o seu pai, não foi?
Vi mais lágrimas descer do seu rosto.
- Esse cara é maluco?! – disse. – Quem ele pensa que é pra te agredir?!
- Ele é o meu pai!
- Ah, tá. E só porque é o seu pai, acha que tem todo o direito de fazer isso? Pais devem proteger, e não agredir.
- Eu sei.
- Vai denunciá-lo, não é?
- O quê?
- Isso não pode ficar assim. Já imaginou o que ele é capaz de fazer?
- Estou com ódio dele. Mas... ele é o meu pai, e... mesmo com todos os seus ridículos defeitos, não posso fazer isso.
- Porque não? Se aconteceu uma vez, pode acontecer outras.
- Isso não vai mais acontecer. – ela fez uma pausa para beber a água. – Eu posso... posso dormir aqui essa noite?
- Claro.
Me sentei ao seu lado, e a abracei.
- Não vou deixar que ninguém te machuque de novo. – disse.
- Obrigada.
Acho que ela estava cansada, e acabou dormindo ali mesmo. Deitada no sofá, e com a cabeça em cima da almofada que estava em meu colo. Fiquei acariciando seus cabelos por um logo tempo. O Tom chega, e já entra fazendo bagunça.
- Shhhhiiiiiiiiiii. – disse, e apontei para a Duda.
- O que ela tá fazendo aqui? – pergunta ele.
- Teve uma briga com o pai.
- E é pra cá que vem?
- E pra onde iria?
- Olha Bill, eu não quero confusão pro meu lado.
- Deixa de bobagem, que isso não vai dar confusão nenhuma.
Duda acorda, e se senta no sofá.
- Ele tem razão. – disse ela. – É melhor eu voltar pra casa.
- Não! – disse. - Está tarde.
- Eu chamo um táxi. – ela insistiu.
- Esta casa também é minha, e você vai ficar.
- E posso saber onde ela irá dormir? – pergunta Tom.
- Não quero incomodar vocês.
- A Duda dorme no meu quarto. – respondi. – E nem adianta dizer nada, porque você não vai sair daqui a essa hora. – disse a ela.
Levantamos-nos do sofá, e a levei até meu quarto. Arrumei tudo, e já estava saindo para deixá-la à vontade.
- Bill.
Me virei para olhá-la.
- Obrigada por tudo. – disse ela.
- Não precisa agradecer não.
- Onde você vai dormir?
- Lá na sala.
- Porque não dorme aqui comigo?
- Mas e se o Tom...
- E daí? – ela me interrompeu. – Estou pedindo apenas pra dormir.
- Sei disso. E ele ver?
- Deixe que veja. Não faremos nada de mais.
- Tem certeza? Quer mesmo que eu fique aqui?
- Aham.
Bem, se ela mesma estava me pedindo para ficar, é porque sabia o que estava fazendo. Concordei. Nos deitamos, e eu a abracei. Duda se deitou em meu peito, e pouco depois adormeceu. Também nem vi a hora que dormi.
Postado por: Grasiele
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