quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Love And Hate - Capítulo 22 - Fugidinha

(Contado pelo Bill)

      Eu não conseguia parar de pensar na Duda. A noite passada ficará pra sempre gravada em meus pensamentos. Agora eu tinha plena certeza de que a amava, e a queria o mais perto possivel. Meu coração acelera só por pensar em seu nome.

      Estavam todos reunidos na cabana principal para um café da manhã coletivo. Ela ainda não havia aparecido, e isso fez com que eu ficasse na varanda esperando ansiosamente por sua presença.

           - Está tudo bem? – pergunta Tom.

      Estava tão distraído, que nem ao menos percebi que ele se aproximara de mim e fez uma pergunta.

           - Ei! – estalou os dedos. Virei meu rosto para olhá-lo. – Está tudo bem?
           - Sim. Eu só... – de relance a avistei se aproximar. – Eu só...
           - Só...?

      Ela estava linda. Usava um short jeans, uma t-shirt cor creme, all star branco, e o cabelo preso num coque bagunçado. Estava simples. Mas pra mim, estava incrivelmente bela. Queria me aproximar e lhe dar um beijo. Me lembrei do que havíamos combinado. Nada de revelar o que aconteceu. E um beijo talvez pudesse revelar isso.

      Duda passou por mim, e seu perfume se impregnou em minhas narinas. Aquele cheiro era inconfundível. Estava desejando senti-lo mais de perto. Mais uma vez tive que me conter em não correr até ela.

      O assistente veio nos chamar, e avisar que a refeição seria servida em pouquíssimos minutos. Acho que o Tom percebeu alguma coisa, pois me olhava diferente.

           - O que foi? – perguntei.
           - Nada. – respondeu.

      Entramos, e fomos diretamente para a sala de jantar. A imensa mesa estava recheada de bolos, biscoitos, sucos, saladas de frutas, café, torradas, geléias... Acho que perdi a fome só por ter olhado aquele tanto de comida. Me sentei numa cadeira, do meu lado direito ficou a Débora, do esquerdo ficou a Duda, e na minha frente, o Tom, que não parava de me olhar.

      Quando satisfiz minha fome, tirei uma caneta do meu bolso, e escrevi algo no lenço. Tomei o cuidado para que ninguém visse o que eu estava fazendo. Deixei um talher cair no chão propositalmente, me abaixei para pegá-lo e passei o lenço à Duda. Depois voltei à postura. Bebi um pouco do suco, peguei um guardanapo, limpei meus lábios, afastei um pouco a cadeira, pedindo licença a todos, e me retirei dali. Fui pra varanda novamente, esperando que ela fosse me encontrar.

–--
(Contado pela Duda)

      Todos conversavam e tomavam seu café normalmente. Coloquei o lenço, em meu colo, e aos poucos fui abrindo. Se o Bill armou aquilo só pra me entregar isso, era porque não queria que ninguém soubesse, além de nós dois.

           “Me encontre lá fora em poucos minutos.

      Pra não ficar estampado que eu iria me encontrar com ele, esperei que outros alunos se levantassem e se retirassem. Com o lenço em mãos, me levantei. E quando estava me retirando da mesa, o Tom pergunta:

           - Porque vai levar o lenço?

      Fiquei parada de costas para ele. Estava tentando encontrar uma resposta, e por isso tive que pensar rápido. Falei a primeira coisa que me veio na mente.

           - Às vezes... falta papel higiênico na cabana. – disse, me virando.
           - E pretende se limpar com isso?
           - Melhor do que deixar sujo, não acha?
           - Você é estranha.
           - E você é uma sedução. – ele deu um meio sorriso.

      O quê? Duda, você não tinha outra coisa pra falar não? Pensei. Me retirei dali, e fui encontrar o Bill. Estava cruzando os dedos para que o Tom não desconfiasse e viesse atrás. Cheguei a varanda, e não vi nem sinal do Bill. Olhei para todos os lado, e nada. Depois escutei um “psiu!”. Olhei na direção que dava acesso a entrada da floresta. Ele estava um pouco abaixado, mas deu pra ver. Corri até lá.

      Bill segurou em minha mão, e saímos correndo. Eu não fazia idéia para onde estávamos indo. Mas pelo caminho que estávamos tomando, era em direção a cachoeira. Poucos instantes depois, já havíamos chegado. Ficamos parados em cima das pedras. Ele me beijou, como se tivéssemos ficado vários anos longe um do outro.

           - É incrível. Mas senti sua falta. – disse ele.
           - Não faz nem vinte e quadro horas que estamos separados. – disse.
           - Eu não agüento mais ficar longe de você. – me beijou. – Quando teremos outra noite daquelas.
           - Opa! – disse. – Acho que seus hormônios estão à flor da pele, não é?
           - O quê que eu posso fazer, se você é irresistível?
           - Tá parecendo o Tom.
           - Sério?
           - Um-hum.
           - A única diferença é que eu estou apaixonado por você. – me beijou novamente.
           - Ainda não acredito que estamos fazendo isso.
           - Isso o quê?
           - Até ontem eu te odiava!
           - Você nunca me odiou.
           - Talvez tenha razão. Talvez eu tenha criado essa ilusão só pra tentar te esquecer.

      Nos sentamos nas pedras. Ele continuava segurando minha mão.

           - Acha que daremos certo? – perguntei.
           - Não sei. – respondeu.

      O silêncio tomou conta.

           - Acho que não daríamos certo. – disse.
           - Porque não?
           - Porque você disse que sou irritante, chata, marrenta, cabeça dura...
           - Isso foi antes. – ele me interrompeu. – Antes d’eu me apaixonar por você. E além do mais, nunca saberemos se não tentarmos.
           - Será que é uma boa idéia?
           - Neste momento, é tudo que eu mais quero.
           - Todo mundo pensa que nos odiamos. E talvez, começar um romance agora, sei lá, pode deixar as coisas mais confusas.
           - Que coisas?
           - Eu passei mais de quatro anos tentando te esquecer. Tentando não pensar em coisas que me fizesse te lembrar. E agora que retorno, você “aparece” e faz com que todo aquele “trabalho” seja jogado fora.
           - Mas não posso mandar em meus sentimentos. Que culpa eu tenho, se meu coração agora quer você?
           - Você é um grande mentiroso.
           - Quer que eu prove?
           - E posso saber como faria isso?

      Ele passou aquela mão que estava livre, em meu rosto. Me olhou nos olhos, aproximou seu rosto, e encostou delicadamente os seus lábios nos meus. Senti um arrepio percorrer o meu corpo. O beijo foi se intensificando, e se eu não interrompesse, poderia até terminar em outra coisa.

           - Vá com calma, cowboy. – disse, e ele riu.
           - Foi mal.
           - Tá a fim de entrar na água?
           - Mas está frio.
           - Dois corpos juntos... – comecei a falar. – podem resolver o problema. – completamos.
           - Ok. – disse ele.

      Nos levantamos, e começamos a nos despir. Fiquei somente de calcinha e sutiã preto. Ele, trajando apenas sua cueca Boxe vermelha. Pulamos de mãos dadas na água. E realmente estava muito fria.

           - Me lembre de dizer não da próxima vez. – disse ele.
           - E quem disse que consegue?

      Ele se aproximou, enlaçou minha cintura, e sussurrou em meu ouvido:

           - Eu te amo.
           - Então prova. – sussurrei de volta.

      Bill deu um sorriso malicioso, e me beijou. Depois apoiou sua cabeça em meu ombro. Fiquei acariciando seu cabelo próximo da nuca. Permanecemos daquele jeito por algum tempo.

           - Posso ouvir seu coração batendo por mim. – disse ele.

      Não deu pra resistir, e comecei a rir. Ele ergueu a cabeça, e ficou me olhando.

           - O que foi? – perguntei.
           - Nada. É que gosto de ficar te olhando.
           - Ah, nem precisa dizer que sou linda, porque já sei disso.
           - Convencida.
           - E isso é mentira?
           - Não.

      Passamos algum tempo ali, e depois retornamos ao acampamento. Tivemos o maior cuidado para que ninguém descobrisse que estávamos juntos. Chegamos a cabana, e a Débora - por mais incrível que pareça – estava assistindo televisão. Na verdade, ela estava dormindo, e por isso não percebeu quando o Bill e eu entramos.

Postado por: Grasiele

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