(Contado pela 3º pessoa)
- Vocês fizeram o quê? – perguntou ele, incrédulo.
- Não vai me dizer que não sabe o que é isso? – Tom riu.
- Claro que sei, idiota! Só não dá pra acreditar.
- Algum problema?
- N-Não. Problema nenhum.
- Então pra quê o espanto? Só porque a odeia, não significa que também devo sentir o mesmo.
- Eu sei. Mas é que...
- Olha, eu vou tomar um banho. Amanhã a gente conversa.
Tom foi pro quarto cantarolando. Enquanto isso, o Bill terminava de beber a sua água. Ele colocou o copo na pia, e também foi pro quarto.
Na manhã seguinte... Duda acabara de fechar a porta do seu armário, e caminhava em direção a sala, quando foi puxada pelo braço, por Bill.
- O quê é isso? – perguntou ela.
Ele a levou até um corredor vazio. A colocou contra a parede, e foi logo perguntando:
- Que história é essa de sair com meu irmão?
- Bom dia pra você também. – disse ela. – Não é história não, é verdade.
- Você tá armando alguma, não está?
- E o que eu poderia armar? – ela se desvencilha.
- Sei que só está fazendo isso pra me provocar!
- Se situa, Bill! – ela o empurrou. – Acha mesmo que eu perderia meu tempo?
- Outro dia você disse que o Tom não fazia o seu tipo.
- É impressão minha, ou está com ciúmes?
- O quê? – ele se afastou um pouco. – Tá maluca? Porque eu teria ciúmes?
- Não sei. Me diga você.
- Não tenho motivos pra ter ciúmes. Principalmente de você.
- Aham. Acredito.
- Você é...
- Irritante? É, você já disse isso.
Ela se retirou, e foi pra sala de aula. Bill ficou ali parado por algum tempo, até ir para o refeitório. Pela primeira vez, ele matou aquela aula. Ficou sentado numa das mesas, sozinho, e sem fazer nada. Tom se aproximou.
- Matando aula? – pergunta Tom.
- E daí? Você não vive fazendo isso? Vai me dizer que é exclusividade sua matar aula?!
- Opa! Calma ai. Não precisa ser grosso!
- Porque não vai procurar seus amigos?
- Está tão nervoso assim por quê? Foi por que falei sobre meu encontro com a Duda?
- Pouco me importa esse seu encontro! E até acho que formam um belo casal, sabia?
- Sério? Sabe que eu também achei isso?
Bill pega sua mochila e se retira. Tom fica lá sem entender nada.
Mais tarde, quando a aula acabou, Duda pegou suas coisas e foi até a sala de música do colégio. Ela entrou, e fechou a porta. Havia vários instrumentos, mas apenas um chamava sua atenção, e realmente lhe agradava: o piano. Ela colocou sua mochila num canto, e se sentou. Suspirou, e começou a tocar.
–--
(Contado pelo Bill)
Quem disse que fiquei com ciúmes? Só fiquei com um pouco de raiva. Poxa, o Tom sabe o quanto odeio a Duda, mas ele insiste em querer conquistá-la. Isso parece um complô dos dois. Perdi uma aula, mas assisti as outras. Assim que o sinal tocou, peguei minha mochila, e sai da sala. Passava pelo corredor que dava acesso a sala de música, e ouvi que alguém toava piano. Não resisti, e tive que me aproximar. Olhei pelo vidro da porta, era ela. A Duda tocava, e cantava. E cantava bem melhor do que quando estava bêbada. Sua voz era suave, e viciadora. Não dava pra parar de ouvi-la. Na verdade, eu não queria parar.
Segurei na maçaneta delicadamente, e abri a porta devagar, tentando não fazer barulho para não atrapalhá-la. Entrei e fechei a mesma. Coloquei a mochila ali no chão próximo a porta, e fiquei parado com os braços cruzados a observando. Olhando-a de costas, é tão... sei lá, diferente. Quando ela terminou, não consegui me segurar, e aplaudi. Ela se virou assustada.
- Há quanto tempo está ai? – pergunta ela.
- Não muito.
- O que quer?
- Nada. Só estava passando e ouvi você tocando. Não deu pra resisti.
- É, eu sei que sou irresistível.
- E também... vim pedir desculpas por ter dito aquelas coisas a você.
- Referente a eu não ter amigos, ou pela história com o seu irmão?
- Os dois. Eu não deveria ter dito nada, e nem me intrometer. A vida é de vocês, e fazem o que quiserem.
- Não precisa se desculpar. Eu também fui chata contigo e provoquei.
Ficamos em silêncio por um tempo.
- Mas não custaria nada você confessar que gosta de mim. – disse ela, e rimos.
- Você que gosta de mim! – entrei no seu jogo.
- Que convencido!
- Só estou dizendo a verdade.
- Quer saber uma verdade? – ela se levantou e se aproximou. – Você nunca conseguiu ficar longe de mim.
- O quê? – tive que rir. – Por mim, eu ficaria bem distante de você.
- E porque não fica? Nem adianta mentir! Está escrito na sua testa.
- Irritante!
- Idiota!
- Chata!
- Vai te catar, garoto!
Ela pegou sua mochila, e foi andando em direção a porta. Eu realmente não sabia o que estava fazendo, mas fiz. Quando ela passou por mim, a puxei pelo braço. Ficamos frente a frente.
- O que pensa que está fazendo? – pergunta ela.
- Ainda não entendo porque me odeia tanto.
- Se tivesse consciência, saberia.
- Como assim?
- Dá pra largar meu braço?
- Não.
Ela tentou se desvencilhar, mas não deixei que escapasse. A puxei para perto, e foi nesse momento que nossos olhares se encontraram. Eu sabia que aquilo teria uma conseqüência, mas não estava nem me importando. Só sei que nos olhávamos, e uma vontade incontrolável de beijá-la surgiu.
- É bom. – disse.
- O que é bom? – pergunta ela.
- Isso.
Aproximei meus lábios dos seus, e a beijei. Foi um beijo delicado, e não muito demorado. Senti meu coração palpitar mais que o normal. Sim, confesso que estava gostando. Tudo aconteceu rápido, ela me empurrou com um pouco de força, em seguida me deu um tapa no rosto.
- Você pirou garoto? – ela limpou os lábios.
- Você que me beija e pergunta se eu pirei?!
- Sínico! Você que me beijou!
- Claro que não!
- Seu imbecil! – ela abriu a porta e saiu.
–--
(Contado pela Duda)
Sai da sala de música praticamente cega de raiva. Quem ele pensa que é pra me beijar assim? Até parece que estou a fim de repetir tudo novamente! Ele não podia e nem tinha o direito de fazer isso comigo! Não mesmo!
Passei pelos corredores, e trombei com o Tom.
- Posso saber o motivo da pressa? – pergunta ele.
- Agora não, Tom.
Mal olhei pro seu rosto. Eu só queria sair daquele lugar. Peguei um táxi em frente o colégio e fui pra casa. Cheguei e subi as escadas. Meu pai me chamou, mas também não lhe dei ouvidos. Entrei no quarto, bati a porta e a tranquei. Joguei a mochila em algum lugar, e me deitei na cama.
–--
(Contado pela 3º pessoa)
- Porque fez isso comigo? – pergunta Duda.
Algumas lágrimas caíram dos seus olhos. Mas ela as enxugou. Se sentou na cama, e disse a si mesma:
- De novo não. Desta vez não irei cometer o mesmo erro.
Enquanto isso, Bill chegava em casa. Tom estava sentado na sala, jogando vídeo game.
- Ô Bill...
- Não enche, Tom!
Ele foi pro quarto.
- Parece que hoje é dia de ignorar o Tom. – disse Tom a si mesmo.
Tom se levantou e foi ver o que o irmão tinha.
- Bill! – disse ele, entrando no quarto. – Está tudo bem?
- Não se intrometa, Tom!
- O quê que é?! Ficou maluco der repente e resolveu descontar em mim, foi? O que aconteceu?
- Nada! – Bill deu um soco na parede.
- Se não aconteceu nada, porque está assim?
- Já disse: não se intrometa! E pode sair do meu quarto?!
Assim que Tom fechou a porta atrás de si, Bill trancou a mesma. Depois se sentou na cama, apoiou os cotovelos nas pernas, e colocou as mãos na cabeça.
- Porque você tinha que voltar?
Postado por: Grasiele
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