terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Love And Hate - Capítulo 12 - Descobertas

(Contado pela 3º pessoa)

      O despertador toca, e Duda aperta o botão para que ele desligue. A primeira tentativa não deu muito certo. Ela se sentou na cama, olhou pro despertador, o pegou e o atirou contra a parede. Seu pai abre a porta rapidamente.

           - Que barulho foi esse? – pergunta John.
           - A miséria do despertador caiu. – responde ela.
           - Ele caiu ou foi arremessado?
           - Talvez eu tenha jogando ele. Pode me dar licença? Irei tomar um banho pra ir ao colégio.
           - Não demore muito. Hoje eu te levarei.

      Alguns minutos depois, enquanto tomavam café da manhã...

           - Como estão as coisas lá no colégio? – pergunta John.
           - Normais. – responde Duda.
           - E já tem algum gatinho em vista? – pergunta Carol.
           - Vê se eu sou igual a você, que pega o primeiro que passa – disse Duda.
           - Duda! – reclamou John.
           - É mentira, por acaso? Foi mal se te ofendi, pai. Mas eu só disse a verdade.
           - Vai deixar que ela fale assim comigo John? – pergunta Carol.
           - Ô pai, eu vou te esperar no carro.

      Duda se levanta, pega sua mochila e vai pro carro. Ela coloca seus fones, e começa a ouvir música. Seu pai entra no veiculo, e logo dá partida. Instantes depois, John estacionava em frente ao colégio. E antes que Duda pudesse descer...

           - Filha, hoje almoçaremos num restaurante.
           - Desculpa, mas não me sentarei à mesa com sua esposa.
           - A Carol não estará lá. Apenas você e eu. Precisamos conversar.

–--
(Contado pela Duda)

      Pela primeira vez, desde que cheguei aqui em Hamburgo, meu pai está me tratando diferente. Ele não parecia se importar comigo. Mas agora... parece que mudou.

      Desci do carro, e caminhei em direção a entrada do colégio. Tom estava no corredor, e logo veio conversar.

           - Você e o Bill brigaram ontem?
           - Por quê? Ele te falou alguma coisa?
           - Não. É que os dois estavam nervosos e estranhos.
           - Fica tranqüilo. Não aconteceu nada.
           - Estará livre no almoço?
           - Vou almoçar com meu pai.
           - E a noite?

      Eu gostei de ter saído com o Tom. Mas... ele realmente não faz o meu tipo, e não quero magoá-lo ou dar qualquer esperança. Talvez seja melhor eu abrir o jogo.

           - Tom... Eu curti muito ter saído contigo. – disse.
           - Eu também.
           - Mas é que... acho que não rola mais, entende?
           - Ou seja, está me dando um fora.
           - Não fale assim. Eu só não quero te dar esperanças de alguma coisa.
           - Tudo bem.
           - Não ficará chateado?
           - Não. Relaxa.

      Lhe dei um beijo no rosto, e sai. Fui pra sala. O único lugar vazio era ao lado do Bill. Ou eu me sentaria, ou perderia todas as aulas. Tinha outra solução? Não, infelizmente. Me sentei, mas não o olhei. Fingi que nem estava ali.

      A última aula, antes que o sinal tocasse era de ciências. O professor deu seu assunto normalmente, e quando a aula estava chegando ao fim...

           - Vocês sabem que todos os anos fazemos a viagem pro acampamento, não é? – disse o professor. – E esse ano não será diferente. Todos deverão avisar aos pais, e partiremos amanhã às 7h00. Não se atrasem.
           - É obrigatório? – perguntou um aluno.
           - Não. Mas vale nota. – respondeu. - Espero que todos possam ir, afinal, é divertido e educativo.

      Os alunos foram pegando suas coisas e se retirando. Fui a última a sair da classe. Peguei minha mochila, e a coloquei nas costas. Fiquei na frente do colégio esperando meu pai chegar. Ele não demorou muito, e fomos para o restaurante.

           - Pode me dizer por que me trouxe até aqui? – perguntei.
           - Porque não conseguiríamos conversar normalmente em casa, com a presença da Carol. – respondeu.
           - E o que quer dizer?
           - Quero lhe contar a verdade.
           - Que verdade?
           - Sobre o meu divórcio com a sua mãe.
           - Hum.

      Achei estranho, pois a minha mãe já havia me contado sobre isso. Mas como ele queria dizer, deixei que fizesse isso.

           - A Carol havia comprado partes das ações da empresa, e passou a freqüentar o local para ficar a par do que acontecia. Nos aproximamos de verdade, quando a sua mãe nos apresentou. Elas eram “amigas”. Saímos algumas vezes para conversarmos sobre a empresa, e num desses encontros, acabamos dormindo juntos.
           - Que safado! – disse a ele.
           - A coisa foi ficando mais séria, e cada vez mais eu ia me apaixonando. Ela começou a forçar um verdadeiro relacionamento, e queria que eu me separasse e largasse tudo para viver ao seu lado. A principio não tive coragem. Mas depois de muitas brigas com a sua mãe, achei que já estava mais que na hora de nos separarmos.

      Como ele tem a coragem de me contar isso tudo? Eu estava sentindo meu coração se quebrar aos poucos, e as lágrimas começaram a cair.

           - Me separei da sua mãe, mas nunca deixei de te amar. – disse ele. – Você é a única coisa que me interessa.
           - Você é um imbecil! – disse. – Como teve coragem de trair a minha mãe?!

      Ele abaixou um pouco a cabeça.

           - Agora eu entendo o motivo da mamãe ter tanto ódio de você! E eu, inocente, tentando chamar a sua atenção, achando que as coisas não tinham mesmo acontecido dessa maneira! Como sou burra!
           - Eu sinto muito.
           - Não, você não sente! Não pode sentir nem metade do que a minha mãe sofreu! Ela passou noites acordada chorando! Você não poderia ter feito isso! Ela não merecia.

      Se eu ficasse ali, acabaria falando mais coisas, e o final não seria tão bom assim. Então peguei minha mochila e me retirei do restaurante. Fiquei vagando sem rumo, até encontrar um parque. Me sentei num dos bancos, e fiquei observando as criancinhas que brincavam. Meu celular começou a tocar.

           - Alô?
           - Oi filha.
           - Mãe?! Fiquei esperando a sua ligação naquele dia, mas você não retornou.
           - Desculpa. Tive que resolver várias coisas.
           - E falou com seu advogado?
           - Sim.
           - E ai?
           - Ele conversou com o juiz, que prometeu que a audiência será marcada antes que o mês acabe.
           - Que bom.
           - Mas me conte, como andam as coisas por ai?
           - Péssimas. Hoje o papai me contou o motivo de vocês terem se separado.
           - Sei.
           - E tem outra coisa...
           - O quê?
           - Lembra do Bill Kaulitz? Aquele garoto que vivia me infernizando?
           - Você quis dizer: aquele garoto por quem foi apaixonada, certo?
           - Errado. – ela riu. – Mas enfim. Ontem ele me beijou.
           - Sério?
           - Um-hum.
           - E o que você fez?
           - Nada, quero dizer... o empurrei e lhe dei um tapa no rosto.
           - Duda!
           - Eu sei, eu sei. Deveria ter dado um soco naquele nariz de boneca.
           - Claro que não! Você deveria ter dado continuidade.
           - Mas nem que eu estivesse louca!
           - Porque não?
           - Porque você sabe muito bem o que ele fez, e aquilo me magoou muito.
           - Já deveria ter esquecido isso.
           - Não dá. Até hoje tenho pesadelos, e me lembro de cada palavra que ele disse. Ter voltado pra Hamburgo foi a pior idéia.
           - Precisa esquecer, e seguir sua vida.
           - É difícil, quando se estuda no mesmo colégio e na mesma sala. As coisas pioram ainda mais, quando ele te beija e faz algo renascer. Algo que estava adormecido há muito tempo, e que eu já me recuperava.
           - Acha que ficará bem até o fim do mês?
           - Tentarei fazer o possivel.
           - Não quero que sofra como eu sofri.
           - Se depender de você, eu com certeza não sofrerei.
           - Você faz tanta falta, filha. A casa fica o maior silêncio, e tudo parece ser estranho. Até a Nina está com saudades. Agora ela está dormindo no tapete do seu quarto, e só sai de lá pra comer e fazer as necessidades.
           - Também sinto falta de vocês. As únicas que me amam de verdade.

      Olhei no relógio de pulso, e vi que já estava dando 13h12. Eu tinha que ir pra casa, e arrumar minhas coisas para a viagem de amanhã. Não estou muito a fim, mas vale ponto. Tenho que passar, sem pegar recuperações, se não terei que ficar mais tempo aqui.

           - Mãe, a conversa está muito boa. Mas tenho que ir pra casa agora, e arrumar minhas coisas.
           - Que coisas?
           - Amanhã acamparei com o pessoal do colégio. Vale nota, e não posso perder.
           - Ok. Se cuida.
           - Você e a Nina também. Amo as duas.
           - Também te amamos.

      Cheguei em casa e fui direto pro quarto. Tranquei a porta, liguei o som. Depois fui até a escrivaninha e me sentei, abri a gaveta e peguei meu caderno de desenho. Um novo desenho começara a surgir, aos poucos. Virei a página, e comecei a escrever.

           “Então, talvez seja verdade que eu não consiga viver sem você. Lembro-me de cada olhar, o seu rosto, o seu jeito de revirar os olhos. Eu tentei ler entre as linhas, tentei olhar nos seus olhos. Eu só queria uma explicação simples. Sua voz foi a trilha sonora do meu verão. Eu não posso respirar sem você, mas eu preciso...

      Antes de terminar o que estava escrevendo, rasguei a folha e a joguei no lixo.
Postado por: Grasiele

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