terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Love And Hate - Capítulo 19 - Chuva

(Contado pelo Bill)

      Era de tarde, eu estava assistindo TV. Não havia ninguém além de mim na cabana. Eu mudava os canais pra tentar encontrar algo legal, mas não tinha nada de interessante. Desliguei a TV, e fui até o quarto das meninas. Vi que Duda deixará seu caderno de desenho em cima da cama. Me aproximei, e peguei o mesmo. Sai dali e fui para a cozinha. Me sentei, e abri o caderno. Observei todos os desenhos, e seus perfeitos detalhes. Ela com certeza era uma artista. A maioria do que estava desenhado ali, era o meu rosto. Eu queria retribuir aquilo de alguma maneira. Mas não sabia como. Decidi desenhar alguma coisa pra ela, mesmo sabendo que não sou nada bom.

      Eu tentava desenhar, quando ouvi a porta bater. Imaginei que fosse a Débora, pois a Duda sempre chega fazendo barulho.

           - O que está fazendo com meu caderno? – pergunta Duda.
           - Eu... eu... – gaguejei.
           - Não disse que se tocasse nele de novo, eu arrebentaria a sua cara?!
           - Posso explicar.
           - Então explique.
           - É que você fez tantos desenhos meus, que eu... eu queria retribuir.
           - Retribuir?
           - É. Eu queria desenhar algo pra você. Mas não sou bom nisso.

      Ela ficou calada por um tempo.

           - Quer que eu te ajude? – pergunta ela.
           - Faria isso?

      Duda se sentou numa cadeira, ao meu lado.

           - Pra fazer um desenho, não tem muito segredo. – disse ela, pegando a grafite de minha mão, em seguida o caderno. – Você precisa considerar o seu desenho como um rascunho, pois se o considerar algo definitivo, não sairá algo tão bom. – ela começa a desenhar. – Tá vendo só?
           - Um-hum.
           - Também precisa ter leveza na mão.

      Confesso que mal estava prestando atenção no que ela dizia. Eu só conseguia olhar pra ela, sendo tão delicada. Duda falou várias coisas, e eu não entendi metade.

           - Tá entendendo?
           - Sim. – mentira.

      Não dá. Eu não consigo parar de olhá-la.

           - O que foi? – pergunta ela.
           - Nada. É que... você fica tão linda assim.

      Ela voltou o seu olhar pro desenho, e notei que suas bochechas ficaram coradas.

           - Na verdade, você fica linda de qualquer jeito. – disse.
           - Aonde quer chegar? – ela olha pra mim.
           - Bem perto de você.

      Me aproximei dela.

           - Pára Bill. – ela sussurrou.
           - Eu sei que... que você também quer. – sussurrei de volta.

      Exatamente nessa hora, a Débora entra na cabana. A Duda se levanta, carregando seu caderno junto. E eu comecei a pensar que deveria ter sido um pouco mais rápido. Porque sempre tem que ter alguém para atrapalhar?

      Mais tarde, o assistente do professor avisou que era para todos os alunos irem até a cabana principal, que era a maior e mais confortável de todas. Jantaríamos ali, pela primeira vez. A noite chegou, e junto a ela, veio a chuva. Eu estava sentado no sofá, conversando com o Tom.

           - Então quer dizer que ela fez vários desenhos seus? – pergunta ele.
           - Sim. E são incríveis!
           - Legal.
           - Você... ainda gosta dela?
           - Não.
           - Tom.
           - Não, eu não gosto dela. Pode relaxar e seguir em frente.

      A Duda apareceu, e se sentou entre nós.

           - Posso saber sobre o que estão falando? – pergunta ela.
           - Nada. – respondi.
           - Sei. – diz ela.
           - Tá gostando do acampamento? – pergunta Tom.
           - Ficaria melhor ainda se eu não tivesse que dividir a cabana com o Bill.
           - Confessa que você gosta. – disse.
           - Mas eu não gosto. – disse ela. – Sem contar que ele vive correndo atrás de mim.
           - O quê?! – disse. – É você que corre atrás de mim.
           - Hoje mais cedo, você queria me beijar.
           - Quem disse?! Só pode estar ficando louca!

      O Tom se levantou dali, e eu nem vi a hora. A Duda e eu ficamos ali “discutindo”.

           - Não precisa esconder isso do seu irmão, não é? – diz ela. – Você me ama.
           - Eu não te amo. – mentira. – É você que me ama.
           - Quem é que tá te iludindo desse jeito? Por acaso é o Tom? Porque se for, eu vou ter que conversar muito sério com ele.
           - Engraçadinha.
           - Chato. – ela se levantou e foi pra algum lugar. Eu a segui.

      Duda estava na varanda, vendo a chuva cair. Ela parecia distraída. Muito distraída. Me aproximei, e fiquei ao seu lado.

           - Por acaso está me seguindo? – pergunta ela.
           - Se eu disser que não, você acreditaria?
           - Não.
           - Então... Sim, estou te seguindo.
           - O que você quer?
           - Nada. Não posso admirar a chuva?

      Ela ficou calada. O silêncio tomou conta.

           - Já tomou banho de chuva?
           - Não. – respondi.
           - Quer experimentar?
           - Agora?
           - Não. Vamos esperar essa parar, e quando outra chuva cair, a gente experimenta. – disse ela, ironicamente.

      Em seguida, Duda desceu as poucas escadas, ficando na chuva.

           - Você vai pegar um resfriado! – disse.
           - Por acaso tem medo de água? Deixa de ser fresco e vem logo!

      Olhei pros lados, dei um sorriso, e fui logo “entrando” na chuva. Ainda não estava acreditando naquilo. Só ela mesma pra me induzir a fazer isso. Fomos andando, e eu não fazia idéia para onde estávamos indo, e também não fazia questão em saber. Cada vez mais a chuva ia ficando grossa, e eu comecei a ficar preocupado, temendo que pudéssemos ficar doentes.

           - Onde estamos indo? – perguntei.
           - Dar uma volta. – respondeu.
           - A gente deveria ter ficado lá na cabana.
           - E que graça teria ficar parado sem fazer nada?
           - Ah é? E que graça tem ficar resfriado?
           - O seu problema é que se preocupa demais. Tenta esquecer o mundo pelo menos uma vez na vida!

      Enfim chegamos ao lago. Ele estava mais cheio, e ainda mais belo. Ficamos parados ali por alguns minutos, e notei que Duda abraçava o próprio corpo. Ela sentia frio. Tirei meu casaco, e a cobri. Sei que não adiantou muita coisa, já que estava completamente encharcado. Mas ela sorriu, e aceitou. Continuamos andando por ali, até que uma idéia maluca me passou pela mente. Parei de andar, o que acabou fazendo com que ela parasse também, e se virasse para me olhar.

           - Porque parou? – pergunta ela.
           - Me concede essa dança? – perguntei, estendendo minha mão, e me curvando um pouco.
           - Está falando sério? – ela ri. – Quer mesmo dançar, nessa chuva?
           - Porque não? Afinal, não iremos esperar que a próxima chegue, não é?

–--
(Contado pela Duda)

      Não tinha como não rir disso. E confesso que foi a cena mais estranha que eu já poderia ter vivenciado. Dançar no meio do nada, e o único som que poderia ser ouvido, era o da chuva. Era extremamente estranho. Mas de alguma maneira eu estava gostando de ficar ali com ele. Paramos de dançar, e permanecemos abraçados, e a chuva não parava. Bill se afastou um pouco, olhou pra mim, e um leve sorriso começou a surgir em meus lábios. Essa foi a deixa para que ele se aproximasse. Meu coração parecia querer saltar para fora do peito, e comecei a sentir as famosas borboletas no estômago. Esses segundos pareciam ter se transformado em minutos, horas... Até que finalmente seus lábios molhados, frios, e macios encontraram os meus. Minhas pernas fraquejaram e o ar se esvaiu de meus pulmões. Se ele não estivesse me segurando, eu com certeza teria caído.

      Confesso que gosto um pouco do Kaulitz. Que penso nele, e que já tentei de todas as formas esquecê-lo. Mas eu não consigo. Sei que beijá-lo é a mesma coisa de assinar um papel em branco, pedindo para continuar gostando dele. Sei também, que poderei me arrepender disso. Mas e daí? Neste momento, tudo que estava em meu pensamento, desapareceu, e a única coisa que eu queria, era continuar ali, abraçada a ele, beijando-o.

Postado por: Grasiele

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