(Contado pelo Bill)
O dia já havia amanhecido. Me levantei com cuidado, e apaguei a fogueira que ficara acesa. A Duda dormia tranquilamente, com a cabeça em cima do braço, e um quase sorriso formado nos lábios. Me sentei próximo onde a fogueira havia sido feita, para não acordá-la. Minutos depois...
- Bill... – disse Duda, e me virei para olhá-la. – Por favor, diga que o que está passando por mim não é uma cobra?
Sim, era uma cobra. O que eu iria fazer?
- Tenha calma. – disse. – E fique bem quietinha.
- Tira ela daqui. – ela aprecia tremer.
- Eu vou tirar. Mas fique calma.
- Tira logo!
Fui me aproximando, e a cobra cada vez mais ficava colada ao corpo dela.
- Eu não quero morrer. – disse ela.
- Você não vai morrer!
- Ela é nojenta. Tira logo! – repetiu.
E o medo de colocar a minha mão naquele bicho? Entendo que a ela estava com medo. Mas eu também estava e não sabia o que fazer. Aos poucos, a cobra foi saindo dali. Assim que saiu, a Duda se levantou rapidamente.
- Está bem? – perguntei.
- O que deu em você? – ela deu m soquinho no meu ombro. – Iria deixar que aquela cobra me picasse?!
- Ela não fez nada, fez? Então, não precisa ficar desse jeito.
- Acho que se dependesse de você, eu morreria.
- Não fale besteiras, e deixa de ser dramática.
- Não é drama!
- Vamos parar de conversa, e voltar logo pro acampamento.
Coloquei minha mochila nas costas, e a nossa caminhada começou. Alguns minutos assim, e ficamos cansados. Paramos um pouco.
- Você ouviu isso? – pergunta Duda.
- Ouviu o quê?
- Parece barulho de água.
Ela começou a correr na direção que o barulho vinha. Não tive alternativa, a não ser ir atrás.
- Espera! – disse. – Vai mais devagar!
Acabamos indo parar numa cachoeira. Nos sentamos nas pedras a beira da mesma. Mas aquilo durou pouco tempo. Duda se levantou, e tirou o short que estava usando.
- O que está fazendo? – perguntei.
- Não vou desperdiçar essa oportunidade. – disse ela, tirando sua blusa.
Ela agora estava usando apenas calcinha e sutiã, vermelhos. Não demorou muito para que ela saltasse na água.
- Não vai entrar? – pergunta ela.
- Prefiro ficar aqui.
- Deixa de ser bobo. A água está uma delicia!
- Melhor não.
- Vamos, entre logo!
A água parecia mesmo muito boa. Acabei não resistindo, e também mergulhei.
- Você disse que a água estava uma delicia. – disse. – Mas está fria.
- Foi só uma mentirinha. Dizem que quando dois corpos ficam próximos o calor de um passa para o outro.
Me aproximei dela, e passei minhas mãos por sua cintura.
- Assim? – perguntei.
- Mais perto. – disse ela, e me aproximei ainda mais.
- Agora está bom?
- Só falta uma coisa.
- O quê?
- Você me beijar.
Ela sorriu delicadamente, e retribui. Aproximei meus lábios dos seus. De inicio, o beijo foi calmo, e aos poucos fui “pedindo” passagem para que nossas línguas pudessem aproveitar mais. Der repente, a Duda interrompe.
- O que foi? – perguntei.
- Não deveríamos ter feito isso.
- Por quê?
- Por que... porque não!
Duda se afastou de mim, e saiu da água. Eu não ficaria ali sozinho, então também sai. Peguei minhas roupas, e fui vestindo-as enquanto tentava acompanhar os passos da Duda.
- Esperai! – a segurei pelo braço. – Não pode fazer isso.
- Fazer o quê?
- Me beijar e depois fugir!
- Não deveríamos nem termos nos beijados.
- E pode me dizer por quê?
- Porque prometi a mim mesma que nunca mais me envolveria contigo novamente!
- As pessoas mudam, sabia?
- Sabia sim! Mas não quero correr o risco.
Ela se desvencilhou, e continuou andando. Fui atrás, e quando a alcancei, novamente segurei em seu braço, fazendo-a virar-se para mim. Quando isso aconteceu, fui rápido e lhe dei um beijo.
- Pára! – disse ela, se afastando. – Não faz isso.
- Duda...
- Vamos voltar logo pro acampamento. E se me beijar de novo, lhe darei um soco!
Começamos a caminhar. Horas depois, chegamos ao acampamento. Todos estavam desesperados e preocupados com nosso sumiço.
- Onde vocês estavam? – perguntou o professor.
- Nós... – Duda tentou dizer.
- Fomos dar uma volta. – respondi, e ela olhou pra mim.
- Sem avisar ninguém? – pergunta Tom.
- Hum. Pra mim, esses dois resolveram fugir pra fazer besteirinhas. – disse Débora.
- Cale a boca garota! – disse Duda.
- Ei, ei! – disse o professor. – Vamos parar com isso?
- Não fizemos nada. – disse.
- E então, onde estavam? – pergunta o assistente.
- Já disse que fomos dar uma volta. – repeti.
- Sairemos daqui cinco minutos para visitar a cachoeira e só voltaremos às 18h00. – disse o professor. – E vocês dois estão de castigo. Não irão conosco.
- O quê? – perguntou Duda. – Mas isso não é justo!
- É justo sim. – disse o professor. – Vocês sumiram e nos deixaram preocupados! Não virão conosco e acabou!
- Tudo bem. – disse. – Além do mais, estamos muito cansados, não é Duda?
- Não...
- Estamos sim! – disse.
- É... nós estamos cansados.
Todos começaram a caminhar em direção a floresta. Duda e eu fomos para a cabana. Ela pegou sua toalha, e foi tomar um banho. Enquanto isso, eu me sentei no sofá e liguei a televisão. Assim que ela saiu do banheiro, peguei minha toalha. Era a minha vez de ficar limpo.
Sai do banheiro e fui pro quarto. Ela estava dormindo em minha cama. Não liguei, e fui pro quarto onde ela e a Débora dormem. Me deitei, e logo dormi. Mais tarde, quando todos já haviam voltado do passeio, convidei o Tom para dar uma volta.
Começamos a andar até chegarmos ao lado, que fica aqui perto. Resolvemos parar por ali mesmo. Tom pegou algumas pedras no chão, e enquanto conversávamos, e ia atirando-as na água.
- E como vão as coisas lá no seu barraco? – pergunta ele, e joga uma pedra no lado.
- Normais. – respondi. – A Débora passa a maior parte de tempo fora, e eu e a Duda ficamos sozinhos.
- E rola alguma coisa?
- Nada além de brigas. Mas sabe que... eu não a entendo.
- Como assim?
- Num instante ela me provoca e parece me odiar, e em outro parece... sei lá, gostar de mim.
- Acha que ela gosta de você?
- Não faço idéia. Ela não me deixa descobrir isso.
Ficamos calados por um tempo. Só se ouvia os barulhos que as pedras faziam ao cair na água.
- Tenho que te contar uma coisa. – disse.
- O quê?
- Promete que não ficará chateado?
- Ta legal.
- Lembra daquela vez que cheguei em casa furioso, e descontando toda a raiva em você?
- Sim, por quê?
- Naquele dia... naquele dia eu beijei a Duda.
- Sério? – ele parou de jogar as pedras, e me encarou.
- Um-hum.
- Mas deveria ter ficado alegre, e não irritado.
- Fiquei furioso porque ela me deu um tapa no rosto.
- Nossa, que agressiva. Pelo menos só rolou uma vez, não é?
- Não. – respondi.
- O quê? Então ficaram outras vezes?
- Só mais uma vez.
- Quando?
- Essa manhã.
- Ô Bill, não acha que está se envolvendo demais com ela não?
- Acho. Mas o que eu posso fazer?
- Isso pode soar egoísta, mas... sei lá, porque não se afasta?
- É um pouco tarde pra isso.
- Por quê?
- Porque eu to completamente apaixonado por aquela maluca. – não consegui segurar o sorriso que se formou em meu rosto. – Ela me tira do sério, e é provocante. Mas foi exatamente isso que me fez ficar tão... tão gamado nela. Nunca vi garota igual. Ela é misteriosa, é...
- Irritante?
- Não. Ela é incrível.
Postado por: Grasiele
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