terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Love And Hate - Capítulo 17 - Ela é...

(Contado pelo Bill)

      O dia já havia amanhecido. Me levantei com cuidado, e apaguei a fogueira que ficara acesa. A Duda dormia tranquilamente, com a cabeça em cima do braço, e um quase sorriso formado nos lábios. Me sentei próximo onde a fogueira havia sido feita, para não acordá-la. Minutos depois...

           - Bill... – disse Duda, e me virei para olhá-la. – Por favor, diga que o que está passando por mim não é uma cobra?

      Sim, era uma cobra. O que eu iria fazer?

           - Tenha calma. – disse. – E fique bem quietinha.
           - Tira ela daqui. – ela aprecia tremer.
           - Eu vou tirar. Mas fique calma.
           - Tira logo!

      Fui me aproximando, e a cobra cada vez mais ficava colada ao corpo dela.

           - Eu não quero morrer. – disse ela.
           - Você não vai morrer!
           - Ela é nojenta. Tira logo! – repetiu.

      E o medo de colocar a minha mão naquele bicho? Entendo que a ela estava com medo. Mas eu também estava e não sabia o que fazer. Aos poucos, a cobra foi saindo dali. Assim que saiu, a Duda se levantou rapidamente.

           - Está bem? – perguntei.
           - O que deu em você? – ela deu m soquinho no meu ombro. – Iria deixar que aquela cobra me picasse?!
           - Ela não fez nada, fez? Então, não precisa ficar desse jeito.
           - Acho que se dependesse de você, eu morreria.
           - Não fale besteiras, e deixa de ser dramática.
           - Não é drama!
           - Vamos parar de conversa, e voltar logo pro acampamento.

      Coloquei minha mochila nas costas, e a nossa caminhada começou. Alguns minutos assim, e ficamos cansados. Paramos um pouco.

           - Você ouviu isso? – pergunta Duda.
           - Ouviu o quê?
           - Parece barulho de água.

      Ela começou a correr na direção que o barulho vinha. Não tive alternativa, a não ser ir atrás.

           - Espera! – disse. – Vai mais devagar!

      Acabamos indo parar numa cachoeira. Nos sentamos nas pedras a beira da mesma. Mas aquilo durou pouco tempo. Duda se levantou, e tirou o short que estava usando.

           - O que está fazendo? – perguntei.
           - Não vou desperdiçar essa oportunidade. – disse ela, tirando sua blusa.

      Ela agora estava usando apenas calcinha e sutiã, vermelhos. Não demorou muito para que ela saltasse na água.

           - Não vai entrar? – pergunta ela.
           - Prefiro ficar aqui.
           - Deixa de ser bobo. A água está uma delicia!
           - Melhor não.
           - Vamos, entre logo!

      A água parecia mesmo muito boa. Acabei não resistindo, e também mergulhei.

           - Você disse que a água estava uma delicia. – disse. – Mas está fria.
           - Foi só uma mentirinha. Dizem que quando dois corpos ficam próximos o calor de um passa para o outro.

      Me aproximei dela, e passei minhas mãos por sua cintura.

           - Assim? – perguntei.
           - Mais perto. – disse ela, e me aproximei ainda mais.
           - Agora está bom?
           - Só falta uma coisa.
           - O quê?
           - Você me beijar.

      Ela sorriu delicadamente, e retribui. Aproximei meus lábios dos seus. De inicio, o beijo foi calmo, e aos poucos fui “pedindo” passagem para que nossas línguas pudessem aproveitar mais. Der repente, a Duda interrompe.

           - O que foi? – perguntei.
           - Não deveríamos ter feito isso.
           - Por quê?
           - Por que... porque não!

      Duda se afastou de mim, e saiu da água. Eu não ficaria ali sozinho, então também sai. Peguei minhas roupas, e fui vestindo-as enquanto tentava acompanhar os passos da Duda.

           - Esperai! – a segurei pelo braço. – Não pode fazer isso.
           - Fazer o quê?
           - Me beijar e depois fugir!
           - Não deveríamos nem termos nos beijados.
           - E pode me dizer por quê?
           - Porque prometi a mim mesma que nunca mais me envolveria contigo novamente!
           - As pessoas mudam, sabia?
           - Sabia sim! Mas não quero correr o risco.

      Ela se desvencilhou, e continuou andando. Fui atrás, e quando a alcancei, novamente segurei em seu braço, fazendo-a virar-se para mim. Quando isso aconteceu, fui rápido e lhe dei um beijo.

           - Pára! – disse ela, se afastando. – Não faz isso.
           - Duda...
           - Vamos voltar logo pro acampamento. E se me beijar de novo, lhe darei um soco!

      Começamos a caminhar. Horas depois, chegamos ao acampamento. Todos estavam desesperados e preocupados com nosso sumiço.

           - Onde vocês estavam? – perguntou o professor.
           - Nós... – Duda tentou dizer.
           - Fomos dar uma volta. – respondi, e ela olhou pra mim.
           - Sem avisar ninguém? – pergunta Tom.
           - Hum. Pra mim, esses dois resolveram fugir pra fazer besteirinhas. – disse Débora.
           - Cale a boca garota! – disse Duda.
           - Ei, ei! – disse o professor. – Vamos parar com isso?
           - Não fizemos nada. – disse.
           - E então, onde estavam? – pergunta o assistente.
           - Já disse que fomos dar uma volta. – repeti.
           - Sairemos daqui cinco minutos para visitar a cachoeira e só voltaremos às 18h00. – disse o professor. – E vocês dois estão de castigo. Não irão conosco.
           - O quê? – perguntou Duda. – Mas isso não é justo!
           - É justo sim. – disse o professor. – Vocês sumiram e nos deixaram preocupados! Não virão conosco e acabou!
           - Tudo bem. – disse. – Além do mais, estamos muito cansados, não é Duda?
           - Não...
           - Estamos sim! – disse.
           - É... nós estamos cansados.

      Todos começaram a caminhar em direção a floresta. Duda e eu fomos para a cabana. Ela pegou sua toalha, e foi tomar um banho. Enquanto isso, eu me sentei no sofá e liguei a televisão. Assim que ela saiu do banheiro, peguei minha toalha. Era a minha vez de ficar limpo.

      Sai do banheiro e fui pro quarto. Ela estava dormindo em minha cama. Não liguei, e fui pro quarto onde ela e a Débora dormem. Me deitei, e logo dormi. Mais tarde, quando todos já haviam voltado do passeio, convidei o Tom para dar uma volta.

      Começamos a andar até chegarmos ao lado, que fica aqui perto. Resolvemos parar por ali mesmo. Tom pegou algumas pedras no chão, e enquanto conversávamos, e ia atirando-as na água.

           - E como vão as coisas lá no seu barraco? – pergunta ele, e joga uma pedra no lado.
           - Normais. – respondi. – A Débora passa a maior parte de tempo fora, e eu e a Duda ficamos sozinhos.
           - E rola alguma coisa?
           - Nada além de brigas. Mas sabe que... eu não a entendo.
           - Como assim?
           - Num instante ela me provoca e parece me odiar, e em outro parece... sei lá, gostar de mim.
           - Acha que ela gosta de você?
           - Não faço idéia. Ela não me deixa descobrir isso.

      Ficamos calados por um tempo. Só se ouvia os barulhos que as pedras faziam ao cair na água.

           - Tenho que te contar uma coisa. – disse.
           - O quê?
           - Promete que não ficará chateado?
           - Ta legal.
           - Lembra daquela vez que cheguei em casa furioso, e descontando toda a raiva em você?
           - Sim, por quê?
           - Naquele dia... naquele dia eu beijei a Duda.
           - Sério? – ele parou de jogar as pedras, e me encarou.
           - Um-hum.
           - Mas deveria ter ficado alegre, e não irritado.
           - Fiquei furioso porque ela me deu um tapa no rosto.
           - Nossa, que agressiva. Pelo menos só rolou uma vez, não é?
           - Não. – respondi.
           - O quê? Então ficaram outras vezes?
           - Só mais uma vez.
           - Quando?
           - Essa manhã.
           - Ô Bill, não acha que está se envolvendo demais com ela não?
           - Acho. Mas o que eu posso fazer?
           - Isso pode soar egoísta, mas... sei lá, porque não se afasta?
           - É um pouco tarde pra isso.
           - Por quê?
           - Porque eu to completamente apaixonado por aquela maluca. – não consegui segurar o sorriso que se formou em meu rosto. – Ela me tira do sério, e é provocante. Mas foi exatamente isso que me fez ficar tão... tão gamado nela. Nunca vi garota igual. Ela é misteriosa, é...
           - Irritante?
           - Não. Ela é incrível.

Postado por: Grasiele

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