terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Love And Hate - Capítulo 14 - Primeira Prova

(Contado pela 3º pessoa)

      A primeira noite ali no acampamento foi tranqüila. Os alunos não fizeram absolutamente nada. Estavam cansados, e por isso dormiram cedo. O dia amanheceu, os passarinhos começaram a cantar, as árvores balançavam. No céu, nada de nuvens, e o Sol brilhava fortemente. Aos poucos, todos foram despertando.

      Duda abriu os olhos devagar, e se deparou com o rosto de Débora que estava frente a frente com o seu. Se tivessem mais próximas, um beijo sairia. Duda gritou, e caiu da cama, acabou acordando Débora e Bill, que dormia em outro quarto.

           - O que houve? – pergunta Bill, abrindo a porta do quarto.
           - Não sei. – responde Débora.
           - Você é maluca ou o quê? – pergunta Duda. – Esse negócio de dormirmos juntas não dá certo!
           - Porque não? – pergunta Débora.
           - Porque você estava quase me beijando! – responde ela.

      Bill começou a rir.

           - Tá rindo do quê? – diz Duda.
           - Vocês são engraçadas. – responde ele.
           - Engraçado vai ser eu me levantar daqui e dar um soco na sua cara! – diz Duda.
           - Ignorante! – diz ele.
           - Pessoal! – grita Débora. – Ô Duda, se você não quer dormir comigo, então prefere dormir com o Bill?
           - N-Não. – ela gagueja. – Claro que não! Eu só não quero que fique tão perto.
           - Vamos fazer o seguinte: eu durmo nesse quarto, e você dorme no quarto que o Bill está. – disse Débora.
           - Esperai, - diz Bill. – E eu?
           - Você dorme no sofá. – responde Duda.
           - Nem pensar! – diz ele. – Vocês que se resolvam ai. Só sei que eu não irei sair daquele quarto.

–--
(Contado pelo Bill)

      Era só o que me faltava. As duas não dão certo na mesma cama, e agora decidem me expulsar do quarto. Acho graça dessas coisas. Sai do quarto, e deixei as duas conversando. Tomei um banho, coloquei minha roupa, e fui para a pequena cozinha da cabana. Preparei o café. Minutos depois a Débora sai do quarto toda arrumada, e vai em direção a porta. Ela não tomou o café da manhã ali, e provavelmente deve ter ido se encontrar com o namorado. A Duda apareceu, e trajava uma regata branca, um mini short cor de rosa, usava também uma meia ¾ preta e branca, e nos pés uma pantufa com cabeças de porcos, também rosa. Aquela roupa fez com suas curvas ficassem mais a mostra.

      Continuei tomando meu café. Ela foi até o armário para pegar algo, mas não alcançava. Levantava os pés, mas ainda assim não conseguia. Ao mesmo tempo em que levantava os pés, seu bumbum parecia acompanhar, e ficava empinado. Seu short parecia diminuir a cada tentativa.

           - Poderia parar de olhar pra minha bunda e vir aqui me ajudar?

      Como ela sabia que eu estava olhando se estava de costas?

           - Vai me ajudar ou não?
           - O que você quer? – me levantei e fui até lá.
           - O pote de biscoitos que você não colocou na mesa.

      Sem esforço algum, estiquei o braço e peguei o pote, em seguida lhe entreguei.

           - Obrigada. – disse ela.
           - Por nada.

      Me sentei e continuei a refeição. Duda só se sentou após pegar um copo para por o suco. Permanecemos calados o tempo todo, e também não trocamos olhares em momento algum.

           - Porque voltou? – quebrei o silêncio.
           - O quê?
           - Porque resolveu voltar der repente?
           - Pra quê quer saber?
           - Curiosidade.
           - Acho que deveria segurar um pouco essa sua curiosidade.
           - Não custa nada falar.
           - Não tive outra escolha, fui forçada a vir. Pronto, satisfez a sua curiosidade?
           - Um-hum.

      Essa não era a pergunta que eu queria ter feito. Na verdade, eu queria mesmo era saber por que havia ido embora. Mas me contive e não fiz mais nenhuma pergunta.

           - É melhor colocar uma roupa decente. – disse.
           - Está incomodado?
           - Não. Mas outras pessoas ficariam.
           - Estamos sozinhos, e a única pessoa que poderia reclamar, seria você. Mas como disse que não está incomodado, não irei trocar.
           - Daqui dez minutos iremos encontrar o professor. Vai vestida desse jeito?
           - Óbvio que não.
           - Então, se não quer se atrasar é melhor trocar.

      Ela se levantou, colocou a louça na pia e foi pro quarto. Fui até o banheiro e fiz minha higiene bucal. Voltei à sala, e liguei a televisão. Cinco minutos depois a Duda aparece e sai da cabana. Desliguei a TV e também sai. Vários alunos já estavam reunidos na área próxima ao restaurante. O professor começou a fazer a chamada, e conforme isso ia acontecendo, íamos respondendo.

           - Já que estão todos aqui, irei passar a primeira prova. – disse ele. – Junior, entregue os catálogos aos trios.

      Junior, assistente do professor, começou a nos entregar catálogos com fotos de plantas.

           - Todas essas plantas que estão vendo, existe aqui no acampamento. Vocês precisam encontrá-las e trazê-las até mim, antes que anoiteça. – disse ele.
           - Mas onde começaremos a procurar? – pergunta Débora.
           - Na floresta. – responde o professor. – Levem tudo que precisarem; bússola, lanterna – caso se percam -, lanches, casacos... Esse tipo de coisa.
           - Quando começaremos? – pergunta outro aluno.

      O professor olha no relógio.

           - Quero que comecem às 13h00, em ponto. – respondeu. – E estejam aqui até as 19h00.

      Voltamos para a cabana e arrumamos as mochilas para sair à procura das plantas. Estou começando a me arrepender de ter vindo pra cá. No horário marcado, saímos em direção a floresta. Mal começamos a procurar, e a Débora já começara a colocar defeitos.

           - Tô cansada. – disse ela.
           - Acabamos de começar. – disse.
           - É nisso que dá ser tão mimada. – disse Duda.
           - Bill, posso te pedir um favor?
           - Qual?
           - Combinei de encontrar o David, será que pode quebrar esse galho pra mim?
           - E quando eu lhe coloco apelidos, você não gosta. – disse Duda.
           - Que apelido? – perguntei.
           - Ela acabou de te chamar de macaco. – disse Duda. - Vai deixar por isso mesmo?
           - Não. – disse Débora. – Não foi isso que eu disse. Só pedi que me cobrisse, para que o professor não descubra.
           - Sei. Mas no fundo, você bem que gostaria de chamá-lo de macaco, confessa.
           - Ô Débora, vai encontrar com seu namorado, que eu continuo procurando as plantas. – disse, para que não começasse uma briga.

      Duda e eu continuamos o caminho.

           - Achei uma! – disse, e ela se aproximou para ver.
           - Não, essa não é igual.
           - É sim.
           - Não é não!
           - Claro que é!
           - Tem miopia por acaso? Tá na cara que não é a mesma!
           - É sim! – repeti.
           - Ô garoto burro! Então tá, leva essa. Mas eu tô dizendo que não é a mesma.
           - Você acha que sabe tudo, não é?
           - Eu não acho, tenho certeza. Bill repare bem nos detalhes. Esta daqui – ela apontou pro papel. -, não tem essas linhas fininhas em cor de rosa.

      E não é que ela tinha razão?

           - Ta legal. – disse.
           - Viu só? Eu sei das coisas. – ela se gabou.

      Continuamos a procura. Passamos o caminho praticamente inteiro brigando.

           - Já chega! – disse. – Não agüento mais ficar perto de você.
           - Perfeito, porque também não agüento mais ouvir sua voz!
           - Ótimo.
           - Ótimo. – ela repetiu. – Você vai por esse lado, que eu vou por esse.
           - Não conseguirá ficar sozinha um só minuto.
           - Quer apostar?
           - Quero.

      Se eu perdesse, teria que dormir na sala, enquanto ela ficaria no meu quarto. Mas se ela não conseguisse, iria ficar dois dias sem me xingar. Apertamos as mãos, selando a aposta. Fui pro lado esquerdo, e ela pro direito. Tudo estava indo perfeitamente bem, quando ouço gritos, que vinham na direção contrária a que eu estava. Corri para saber o que era. De longe vi a Duda batendo suas mãos pelo corpo, e correndo.

           - O que foi? – perguntei.
           - Um besouro grudou em mim! – ela gritou.

      Uma imensa vontade de rir apareceu. Mas me controlei. Sei o quanto ela tem medo de insetos. Me aproximei, pra tentar enxergar onde o besouro estava. Fiquei atrás dela, para continuar procurando. Acabei encontrando uma joaninha no ombro dela. Quando direcionei minha mão para pegá-la, a Duda se vira, perguntando:

           - Já tirou?

      Estávamos próximos demais um do outro. E mais uma vez, pude senti aquele perfume que ficara impregnado em meu travesseiro. Por mais que eu quisesse me afastar, não estava conseguindo.

Postado por: Grasiele

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