domingo, 8 de julho de 2012

Provocação - Capítulo 3 - Uma mulher.

Depois que terminei de tomar café, Tom disse que iria ver seus cachorros e que se eu quisesse, poderia ir à piscina. Como estava saindo alguns raios de sol, aceitei e subi rápido para meu quarto. Tirei minha roupa e coloquei um biquíni preto que trouxe do Brasil, que na verdade, me deixava morta de vergonha usar aquilo. Era muito pequeno. Mas eu não tinha outro, e como Bill ainda não apareceu e Tom está com os cachorros... Lá vou eu!
Desci para o primeiro andar com uma toalha enrolada no corpo. Demorei algum tempo para achar a piscina, mas no fim, conseguir encontrar e o sol já estava um pouco mais forte, mas ainda sim, agradável. Desenrolei a toalha do meu corpo e forrei a espreguiçadeira, me deitando em seguida e colocando meus óculos escuros para não machucar os olhos.
– Caramba! – ouvi alguém dizer e tirei os óculos, era Tom me olhando de cima a baixo. – Você tem saúde. – ele sorriu maliciosamente.
– O-o quê? – perguntei confusa.
– Ele quis dizer que seu corpo é muito bonito, parabéns Jhuna. – ouvi a voz de Georg e só aí percebi que os quatro estavam ali, todos me olhando.
– Ah... Ér... Obrigada. – senti que eu estava ficando vermelha.
– Não precisa ficar com vergonha! – Tom disse rindo.
– Não estou com vergonha. – falei assumindo a calma que aprendi a controlar nos anos de faculdade.
– Não? – perguntou ainda sorrindo e se agachou do meu lado, ficando com seu rosto a centímetros do meu.
– Não. – respondi firme. Uma das coisas boas de você ser psicólogo é que consegue disfarçar muito bem, consegue afastar certas emoções.
Levantei-me e Tom levantou também, me olhando. Coloquei os óculos em cima da espreguiçadeira e corri em direção da piscina, dando um mega salto e afundando na água. Voltei à superfície e percebi que tinha molhado Gustav, Georg e Bill. Sorri envergonhada.
– Desculpe! – falei alto para que eles me ouvissem.
– Não tem problemas! – Georg falou e se afastou, logo em seguida, vi jatos enormes de água voando para cima de mim. Ele tinha pulado também.
– Isso foi vingança? – perguntei rindo e passando a mão no rosto.
– Não. – ele riu. – Só estou me divertindo, igual a você.
– Se não foi vingança... –alguém disse e eu olhei para o lado. – Eu vingo você Georg! – Tom falou e saiu correndo, pulando na piscina também e quase me fez engolir 50000 litros de água.
Ficamos “brincando” na piscina por mais um bom tempo. Tom e Georg eram crianças em corpos musculosos, era muito bom ficar perto deles, mas confesso que ficava incomodada com o fato de Tom achar que pode controlar qualquer um. Quando percebi, já era 15h00min, então entrei para procurar algo pra comer e depois iria tomar banho. Eu consegui achar salgadinhos e Coca-Cola.
– Doutora. – ouvi alguém murmurar e me assustei, como sempre. – Você está sempre assustada. Apronta demais? – Tom perguntou sorrindo.
– Depende... Às vezes sim. – olhei-o e ele sustentou meu olhar, mas não recuei.
– E que tipo de coisas apronta? – disse sorrindo e se aproximando de mim. Ignorei as batidas fortes do meu coração e passei o peso do meu corpo para uma perna.
– Se eu fosse você, não pagaria para descobrir.
– Está me ameaçando? – ele fez um falso drama na pergunta.
– Hã... Não. – respondi e me afastei dele, pegando o salgadinho e a coca. – Foi apenas um comentário. – sorri e dei as costas para ele, mas Tom segurou em meu pulso e me puxou.
– Como se eu não percebesse o jeito que fica perto de mim. – falou e mexeu no piercing.
– Posso te dar umas consultas grátis se quiser. – falei sorrindo e ele gargalhou como se tivesse ganhado algo. – Até porque... Você só pode estar louco! – fechei a cara e ele fez o mesmo. – Nós nos conhecemos ontem Tom e não sou dessas que você está acostumado a gastar seu dinheiro em motéis. – me soltei dele. – E se eu fosse você, ficaria esperto. Porque enquanto tenta cantar várias mulheres por aí, a sua pode estar sendo cantada também.
– A Ria nunca faria isso! – falou baixo.
– Tem certeza? – perguntei arqueando uma sobrancelha. – Nenhuma mulher gosta de um homem que não sabe satisfaze-la. E acredite, nós sabemos nos vingar!
– Olha aqui psicólogazinha! – ele apontou o dedo perto do meu rosto e eu ergui os braços em forma de rendição, sorrindo. – Eu sei muito bem satis...
– Foi apenas um conselho Tom. Confie no seu taco. – gargalhei e saí da cozinha, deixando ele lá e só.
Subi rápido para o meu quarto. Era meu segundo dia na casa e fiz com que o guitarrista da minha banda preferida sentisse raiva de mim. Mas quer saber?! Ele apenas gosta de jogar com as pessoas, brincar com elas e se isso não fosse verdade, ele não seria tão cara de pau como é. Acho que está mais do que na hora de eu usar minha personalidade profissional na vida pessoal também, só assim as pessoas aprenderão que não se deve brincar comigo.
Fui direto para o banheiro e tomei um bom banho. Lavei meus cabelos e relaxei com a água caindo sobre meu corpo. Assim que terminei, fiquei enrolada em uma toalha e fui comer meu salgadinho e tomar minha Coca-Cola, liguei a TV e não tinha nada de interessante para ver, mas deixei em um canal qualquer.
Quando terminei de comer, olhei as horas e já eram 17h00min, então fiquei um tempinho deitada, apenas pensando em algo que poderia funcionar hoje no meu teste. Era 18h30min quando decidi me levantar e ir arrumar meu cabelo. Sequei e depois passei chapinha para deixá-los mais comportados. Terminei com meu cabelo e abri o imenso guarda roupa, pegando uma saia preta e justa de cintura alta, uma regata branca e um sapato de salto bem alto preto e fechado.
Vesti-me e me olhei no espelho. Bom, eu realmente estava bem diferente de como costumava andar, mas era assim que eu trabalhava, eu deixava meu lado mulher se soltar mais. Contornei meus olhos com um delineador preto e passei um batom vermelho sangue na boca, passei uma base de leve no rosto e deixei meus cabelos soltos. Sim, acho que eu estava apresentável, embora minha saia esteja um pouco curta, mas eu já estava atrasada, então seria essa mesmo. Ouvi alguém bater na porta.
– Jhuna? – disse Bill.
– Sim? – falei sem abrir a porta, pois ainda não queria que ele me visse.
– David está lá embaixo e pediu para você descer. – falou alto.
– Obrigada, Bill. Já estou indo.
– Ok. – disse e ouvi seus passos, se afastando.
Me olhei no espelho por mais uma fração de segundo e assumi o minha personalidade insana. Pois é, só esse lado sabia blefar quando precisava e só esse lado não sentia medo. Peguei uma bolsa de couro e coloquei as coisas básicas, espirrei meu perfume no ar e dei um passo para frente, deixando as gotículas pousarem em mim. E então saí do meu quarto. Estavam todos na sala, ainda não tinham percebido minha presença no alto da escada, então desci o primeiro degrau e todos ouviram o eco do meu salto. Olharam-me com curiosidade e surpresa, mas nada recompensaria a boca aberta de Tom.

Postado por: Grasiele

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