quarta-feira, 13 de junho de 2012

The Neighbour - Capítulo 23

Luiza

Desde que descobri que a Sofia estava esperando um filho do Bill, decidi dar uma chance ao Alex. E sendo assim, conversei durante horas com o Jost e mais alguns figurões da equipe dos meninos e expliquei toda minha situação: Não desistiria de trabalhar com eles, mas antes, precisava dar um tempinho e me acostumar à ideia de ficar o tempo inteiro do lado do Bill. E ele, que já estava a par da situação do Bill também, concordou, ainda mais que eu prometi que, apesar de ir para Londres por uns dias, ia trabalhar do mesmo jeito. Mandaria tudo que me pedisse. E acho que foi justamente isso que o convenceu a me liberar. 

Por fim, quando chegamos a Londres, o Alex já tinha ido na frente e me esperava no saguão do aeroporto, com um buquê de rosas vermelhas. Na hora que vi, não contive um sorriso e, antes que pudesse me controlar, o abracei. Me ajudou a levar as bagagens até o carro e, assim que chegamos ao seu apartamento (Só para me deixar mais à vontade, eu ficaria lá e ele iria para a casa dos pais.) me explicou tudo que precisava saber e, quando ia embora, o chamei. Se virou e perguntei: 

- Eu não sei cozinhar. Como vamos fazer?

- Esteja pronta às oito. Vou te levar para conhecer um pouco da culinária tradicional inglesa. 

- Roupa formal ou informal? - Perguntei, dando um meio sorriso. Deu de ombros e respondeu: 

- Informal. 

Concordei e, logo depois, saiu de casa. Mas não sem antes, dar um beijo na minha bochecha. Acho que era por isso que eu estava gostando tanto de passar um tempo com ele: Não forçava a barra. 

Enquanto estava tomando banho, liguei o iPOD no dock e ativei o modo aleatório. E justo quando estava lavando o cabelo, começou a tocar Someone like you da Adele. Tentei ignorar a música, mas assim que a ouvi cantando, abri o berreiro, só lembrando de tudo que passei com o Bill, do primeiro até o último instante: 

I heard that you're settled down
(Eu ouvi dizer que você sossegou)
That you found a girl and you're married now
(Que você encontrou uma garota e está casado agora)
I heard that your dreams came true
(Ouvi dizer que seus sonhos se realizaram)
Guess she gave you things, I didn't give to you
(Acho que ela te deu coisas que eu não te dei)
Old friend
(Velho amigo)
Why are you so shy
(Por que você está tão tímido)
It ain't like you to hold back
(Não é sua cara se conter)
Or hide from the light 
(Ou se esconder da luz) 

Inevitavelmente, me lembrei de quando ele esbarrou no meu carrinho de supermercado. Não contive um sorriso fraco ao me lembrar do susto que tomei quando caiu a ficha de quem estava parado na minha frente. E do primeiro beijo em diante, meu choro só fez aumentar. 

I hate to turn up out of the blue uninvited
(Eu odeio aparecer do nada, sem convite)
But I couldn't stay away, I couldn't fight it
(Mas eu não consegui ficar longe, não pude evitar)
I hoped you'd see my face and that you'd be reminded
(Eu esperava que você visse meu rosto e se lembrasse)
That for me... it isn't over
(Que para mim... Não acabou)
Never mind, I'll find someone like you
(Não tem importância, eu vou achar alguém como você)
I wish nothing but the best for you, too
(Eu não desejo nada além do melhor para você, também)
Don't forget me, I beg, I remember you said
(Não se esqueça de mim, te imploro, me lembro do que você disse)
Sometimes it lasts in love
(Às vezes dura no amor)
But sometimes it hurts instead
(Mas às vezes dói ao invés)
Sometimes it lasts in love
(Às vezes dura no amor)
But sometimes it hurts instead, yeah
(Mas às vezes dói ao invés, sim)

Percebendo que, se eu demorasse mais, ia acabar me atrasando e terminei o banho rapidamente. Assim que me enrolei na toalha e fechei o registro do chuveiro, mudei de músicae, do mesmo jeito que fazia sempre, me arrumei enquanto cantava e dançava de maneira sexy, fazendo palhaçada. Estava acabando de passar a maquiagem quando tomei um susto ao ver o Alex, encostado no batente da porta do quarto, me olhando e se divertindo com a minha “performance”. Perguntei, terminando de passar o batom: 

- Gostou do showzinho particular? 

Rindo e mordendo o lábio, concordou. 

- Ainda te levo na Ministry of sound. 

Franzi o nariz e neguei. 

- Prefiro um show do Kiss ou do Ac/Dc.

Riu e concordou. 

- Depois vou ver quando terá um desses por aqui. - Disse. Sorri e, logo em seguida, saímos. Naquela noite, assim que viemos embora do restaurante, demos uma esticada numa boate onde encontramos alguns amigos do curso de culinária que havíamos feito em Roma. Coincidentemente, tocou Party Girl de novo e, quando olhei para o Alex, estava com um sorriso torto e me olhava. Neguei com a cabeça, rindo e fiz sinal para que viesse para mais perto de mim. Dançou comigo e, como aquela música exercia um poder sobrenatural em cima de mim [n/a: Verdade] não tinha controle nenhum sobre meu corpo. Só conseguia manter os olhos fechados e mover meus quadris de um lado para o outro, conforme o ritmo. Senti que afastou meus cabelos, expondo meu pescoço, que quase instantaneamente, foi atacado. Sentir sua boca quente e macia sobre minha pele causou uma sensação já conhecida, embora não tão intensa quanto à que estava acostumada. E estranhei o fato de não sentir duas argolas, cada uma em um canto. Suas mãos foram para minha cintura e fizeram com que eu me virasse de frente para ele, que não tardou a me beijar. E que beijo! Menos de cinco segundos depois, já sentia uma tremenda falta de ar, pernas bambas, coração disparado, mas... Nada das borboletas festeiras. Ignorando a falta desse último item, aproveitei a oportunidade. E me senti mal por isso. Ainda mais que, quando nos separamos, vi um movimento que me chamou a atenção. Era um cara, da mesma altura do Bill, cabelos igualmente loiros e despenteados e até a roupa era no mesmo estilo. 

- O que foi, linda? 

- Nada. - Respondi, tentando dar um sorriso firme. - Vou ao banheiro. Me espera um minuto?

Concordou e perguntou se eu ia querer algo para beber e respondi:

- Ah... Depois eu vejo. Mas obrigada pela oferta. - Pisquei, sorrindo. Fui até o banheiro e, assim que vi que estava sozinha ali, apoiei minhas mãos sobre as laterais da pia, que era daquelas quadradas, modernas até você cansar de dizer chega, baixando a cabeça e respirando fundo, lutando contra as lágrimas teimosas que já estavam dando sinais de saída. Ouvi a porta se fechando de novo e nem me dei ao trabalho de olhar quem era. Houveram alguns passos e, sentindo que havia alguém atrás de mim, parei tudo o que estava fazendo. Percebi que a criatura se inclinou sobre meu corpo e, enrijecendo ao sentir o cheiro familiar daquela pessoa que estava ali atrás. 

- Para quem não era exibicionista... Uma evolução e tanto... - Percebi sua voz grossa bem perto da minha orelha, me arrepiando. 

- O que está fazendo aqui? Não temos mais nada a ver um com o outro... 

- Te fiz uma promessa, lembra? Logo depois que você transou comigo... 

Senti sua boca sobre meu pescoço, beijando minha pele de maneira lenta e torturante, me causando vários arrepios tão intensos que até me faziam estremecer. Riu baixo e senti sua respiração batendo na minha nuca. 

- Para, Bill. 

- Sei que você quer isso tanto quanto eu quero... - Disse, mordendo o lóbulo da minha orelha, quase me fazendo desabar. 

- Não, eu não quero. Você vai ter um filho, deveria estar cuidando da Sofia, lá em Hamburgo. E eu... Tenho alguém. 

- É. Eu vi... Mas será que o namorado da Barbie é tão... Bom assim naquilo que faz? 

- Me deixa em paz, criatura! - Praticamente implorei. 

- Te deixo. Mas só se você me der duas respostas. 

Respirei fundo, tentando manter meu autocontrole. 

- Que respostas? 

- Te fiz a pergunta agora mesmo... Se o namorado da Barbie te faz sentir tudo aquilo que eu faço... 

- Não, porque ele é melhor que você. Não me traiu e veio com uma história de que estava alucinando. - Respondi, tirando uma firmeza de sabe-se lá onde e me esquivando dele. 

- Não estava me referindo à isso... Estava falando de, se quando ele te beijou, sentiu aquela falta de ar que costumava sentir quando era eu quem te beijava... - Falou, me olhando de uma maneira tão... Intensa e maliciosa que me fez vacilar um pouco. - Se... Suas pernas ficaram moles... - Continuou andando na minha direção e eu só recuando contra a parede mais perto. Até que não tinha mais para onde andar e, além de ter batido minhas costas de leve, ele estava a uma distância curta. Muito curta e perigosa. Tanto que conseguia sentir o cheiro leve de cigarro misturado ao de álcool. Ótimo. Além de ter fumado, ainda tinha bebido. Aproximou seu rosto do meu e continuou: - Não acho que ele consegue deixar seu coração disparado do mesmo jeito que eu consigo com apenas um olhar... - Dando aquele meio sorriso que sempre me desnorteava, ergueu a mão e tocou meu seio esquerdo. - Exatamente desse jeito. - Disse, dando um sorrisinho de lado, - E muito menos te deixe arrepiada - voltou a aproximar o rosto do meu pescoço, que foi beijado de maneira lenta e sensual. Em seguida, praticamente sussurrou: - E eu duvido que ele te deixe... - Senti sua mão descendo pela minha barriga, passando pela minha coxa e lentamente deslizando pela parte interna, nem passando pela minha virilha e tocando o ponto exato sobre a minha calcinha, me desarmando completamente. - molhada desse jeito. - Mordeu o lóbulo da minha orelha de novo e suspirei. - Sabe por quê? 

Me recusei a responder, só de birra. 

- Bom, já que você está sendo teimosa, eu mesmo respondo. Ele não consegue fazer nada disso porque, além de você ser minha... Ele nunca vai ser nada além de um amigo, por mais que teime em dizer o contrário. 

Engoli em seco e falei:

- Aí que você se engana. 

- Ah é? Já dormiu com ele, por um acaso? E você já deixou ele te tocar? 

Com a voz tão falha quanto meu equilíbrio, perguntei: 

- E o que você tem a ver com isso? Já cansei de te falar que não somos nada um do outro... E nem estamos mais sozinhos. 

- Fale por você... Anda, Iza - Disse, deslizando os lábios sobre minha bochecha, mal os encostando sobre minha pele. - Fala que eu estou errado... Que o almofadinha te faz sentir tudo na mesma intensidade que eu faço... 

- Para quê você quer saber? 

- Só me diz se sim ou não... 

Travei o maxilar e respondi entredentes: 

- Não. 

Dando um sorriso vitorioso, se endireitou e perguntou: 

- Quero que me responda, olhando nos meus olhos se você não sente mais nada por mim. 

Ainda travando meu maxilar, observei aqueles olhos castanhos que sempre me hipnotizavam e acabavam me tirando o juízo. Fixei aquelas íris e, não conseguindo mais lutar contra tudo aquilo que estava sentindo, falei: 

- Sinto. Ódio. Raiva. Desprezo. Mas ao mesmo tempo, não consigo deixar de te amar. Simplesmente não consigo deixar de ser masoquista e pensar em você o tempo inteiro, mesmo sabendo que não devo. 

- E desde quando você não faz mais o que quer? 

- Desde que te vi... - Engoli em seco. - Transando com a Sofia. Você não tem ideia do quanto ver... Aquilo acabou comigo. 

- Já te disse que eu achava que era você... Não sei o que houve comigo. 

- É... Melhor a gente fazer como te disse. Cada um seguir seu caminho. 

- Mesmo contrariando tudo aquilo que você sente por mim e... - Aproximou o rosto do meu, deslizando os lábios delicadamente sobre os meus. - que é correspondido, por mais que se negue a acreditar em mim por pura teimosia... 

- Você não usou camisinha. - Falei, fazendo-o parar abruptamente. 

- Realmente. Estava agindo sem pensar. Do mesmo jeito que da última vez que a gente transou, também não usamos. 

Arregalei os olhos de surpresa e medo. Apesar dos pesares, se tivesse acontecido alguma coisa, era para ter sentido pelo menos um enjoo. E por sorte, tomava contraceptivos na época.

- Me deixa ir, por favor. 

- Não. 

- Bill, para com isso e me deixa sair. O Alex está me esperando e daqui a pouco invade esse banheiro. 

Deu um meio sorriso debochado e, acariciando minha bochecha, disse: 

- Até parece que você realmente quer sair daqui...

Postado por: Alessandra

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