quarta-feira, 13 de junho de 2012

The Neighbour - Capítulo 22

Bill

Meu estado era deplorável, simplesmente. Naqueles dois meses que estava separado da Iza, não conseguia dormir, comer e nem fazer as coisas direito. Toda a imprensa falava sobre o término do nosso namoro, além de ficar especulando sobre minha saúde e a aparência. Um tabloide, inclusive, falou que eu parecia um mendigo. A Iza veio até o meu apartamento e, por mais que eu dissesse que não fiz aquilo por querer, já que achava que era ela quem estava comigo, não teve jeito. Via que estava sofrendo o dobro que eu e eu me odiava por ter deixado tudo aquilo acontecer. 

Ainda que estivesse longe, o Tom me mandava reagir, só que não funcionava. Então, mandava ou o Georg ou o Gustav virem atrás de mim. E muitas vezes, fingia que não estava em casa, só para que me deixassem em paz. Quase todos os meus amigos tentavam me animar, só que ninguém conseguia. 

E então, o pior aconteceu. Em uma tarde que estava vegetando na minha cama, sem ter tomado café da manhã e acordado desde a noite anterior sem pregar os olhos um único instante, ouvi a campainha tocando insistentemente. Vendo que o filho da puta não ia desistir, me levantei a contragosto e fui até a porta, só para ter o prazer de dispensar o cretino. Assim que destranquei, sem nem olhar pelo olho mágico, qual não foi minha surpresa ao ver a Sofia parada ali. Pediu: 

- Posso falar com você? 

- Não. Você não percebeu que acabou com a minha vida? 

- Me deixa entrar, por favor? O que eu tenho para te dizer é importante, senão nem teria vindo aqui. 

Suspirando, me afastei e a deixei entrar. Em seguida, se sentou no sofá e fiz o mesmo, só que no de frente para ela. Acendi um cigarro, como havia fazendo com bastante frequência nos últimos dias e a Sofia, como sempre, me olhou com censura. 

- Fala logo o que você quer aqui? - Praticamente rosnei.

- Bill... Naquela noite que... Transamos, aconteceu uma coisa.

- É. Aconteceu. Você acabou com a minha vida. Fez tudo aquilo só para me separar da Iza, não é mesmo? 

- Porque eu ainda te amo! 

- Se amasse, teria se contentado em ver que estava feliz com outra pessoa! Sofia, você não significa mais nada para mim! Não tenho mais nada a ver com você, caramba!

- Tem sim. 

- Não tenho, porra! Me deixa em paz! 

- Eu estou esperando um filho seu! - Gritou. Ergui o olhar, incrédulo, para ela. 

- O quê? 

- A gente não usou camisinha, não se lembra? 

Pior é que me lembrava. 

- Mas nem cheguei a gozar. 

- Até parece que você não sabe que só o pré-gozo é suficiente. 

Enterrei as mãos no meu cabelo, não acreditando que aquilo tudo estava acontecendo. Agora mesmo que eu não ia conseguir reconquistar a Iza nunca mais! 

- Tem certeza? 

Concordou, começando a chorar. Era só o que me faltava. 

- Mas não vou te obrigar a nada. Já decidi que vou tirar e... 

- Não vai. É meu filho também. E se não quiser cria-lo, me entrega que eu mesmo cuido dele. 

- Mas eu não quero esse filho, entende isso! 

- E quer o quê, hein?

- Você! 

Revirei os olhos, cansado daquele drama todo. Sem pensar direito, perguntei: 

- Se eu voltar com você... Promete que não vai pensar nessa estupidez de aborto? 

Concordou e em seguida, pulou no meu pescoço. Não conseguia sentir nada por ela além de asco. Mas ia ter de me acostumar pelo bem do meu filho que crescia dentro da barriga dela. 

Uns dias depois, justo quando eu estava tendo um pesadelo onde a Sofia me contava que tinha engravidado de mim, ouvi o barulho das chaves e, logo em seguida, a porta de entrada batendo. Houveram passos pelo corredor e não me surpreendi ao ouvir minha mãe dizendo: 

- Anda, Bill. Levanta daí agora.

Nem me mexi. Houve o som das cortinas sendo abertas com violência e o quarto ficou todo iluminado. Me escondi no meio dos lençóis ainda mais.

- Bill, levanta agora porque eu estou mandando. 

Não obedeci de novo. 

- Eu te falei, mãe. - Ouvi o Tom dizer. - Desde aquele dia que está isso aí. Não come, não dorme, não... Reage. 

Só de ouvi-lo falar no dia que a Iza terminou o namoro comigo, senti meu estômago embrulhando. 

- Ficar aí na cama não vai adiantar nada. - Minha mãe disse, se sentando sobre o colchão, bem ao meu lado. 

- Minha vida acabou mesmo... - Resmunguei.

- Bill, não faz drama. - Minha mãe falou. 

- Vou lá na cozinha fazer alguma coisa para ele comer. - O meu irmão avisou. 

- Não vai. Eu não vou comer nada! 

- Ah vai, sim. Nem que eu tenha que mandar a Luiza vir de Londres, você come. 

Abri os olhos e, sentando na cama (E logo me arrependendo disso ao sentir uma ardência filha da puta quase não me deixando ver minha mãe), perguntei: 

- Londres? O que ela está fazendo lá? 

- O que você deveria estar fazendo. Seguindo em frente. - O Tom disse. 

- Quê? Como assim? 

- Ela encontrou um colega de um curso que fez quando chegou em Roma e os dois estão... Ficando. - O meu irmão me contou. - E você nem pode querer ter pretensão alguma, afinal de contas, a culpa é sua. Você que conseguiu acabar com o namoro de vocês. 

- Tom, chega. - Minha mãe disse. 

- Nossa... Ela se recuperou rápido, para quem estava sofrendo tanto quanto eu. - Falei, ácido.

- E quem disse que ela se recuperou? Só foi fazer o que eu mandei que fizesse. Vivesse a vida dela. 

Olhei para o meu irmão, incrédulo. 

- Então para que você teve a porra do trabalho de me juntar com ela? Para foder com as mínimas chances que eu tinha? - Perguntei, ignorando totalmente o fato de que eu estava falando palavrão em frente à minha mãe. 

- Ah não. Eu juntei vocês dois porque achei que ia dar certo. E quem fodeu com tudo foi você mesmo. - Retrucou. - E se quiser saber... Faz o mesmo. Não estou falando para voltar com a Sofia, mas tentar arrumar alguém. 

E saiu do quarto. 

Depois que me obrigaram a comer, fiquei pensando, amargurado, em tudo que a Luiza tinha me dito em todo aquele tempo que estávamos juntos. No jeito que estava mortificada quando quis terminar tudo. E mesmo sabendo que já estava com outro cara, ainda sim, não conseguia deixar de amar aquela... Melhor nem dizer, já que a mãe dela não tem culpa da filha que tem. 

E foi justamente quando estava de cabeça quente é que tive uma ideia. Ela mal perdia por esperar... 

Não deu nem quinze dias que fiquei sabendo de tudo que acontecera a ela e vazou uma foto dela beijando o tal cara. Loiro, inglês, almofadinha e pinta de quem era totalmente filhinho de papai, daquele tipo que apronta e o pai livra a cara sempre. A que nível a Iza tinha se rebaixado... Me trocou por... Aquilo? 

Quando ela finalmente voltou para Hamburgo, ouvi as vozes dela, da Elise e de um cara que achei que era o almofadinha. Abri a porta, fingindo que ia ao supermercado e, como já tinha dado um fim ao “mendigo”, feito a barba, cortado cabelo e principalmente; Tomado banho, mexi no meu celular, principalmente na agenda e ouvi a Elise me chamar: 

- A toupeira saiu da toca! 

Olhei para o trio e a Luiza segurava o riso. 

- Toupeira é aquela criatura que você namora. - Resmunguei. 

- Humor ácido como sempre... - Rebateu. - Mas que bom que você saiu. Já estava a ponto de eu mesma te tirar dali. 

Revirei os olhos, suspirando e concentrando em fixar qualquer ponto, menos a garota à esquerda. Era normal que parecesse que ia ter um enfarto?

- Oi, Bill. - A ouvi dizer timidamente. Acenei com a cabeça de modo displicente enquanto ia até o elevador. 

- Educação manda lembranças! - A Elise me provocou e ouvi a Luiza dizer: 

- Deixa. 

E foi justamente antes de as portas se fecharem que ergui o rosto e desviei meu olhar do celular para o rosto dela. No instante que nossos olhares se encontraram, se não tivesse sido impedido pelas malditas portas, provavelmente teria ido atrás dela e a beijado, como naqueles filmes tipo... Diário de uma paixão. Exceto pela chuva. E o lugar que estávamos. É. Ela tinha toda a razão de me chamar de bundão. 

Luiza

Suspirei. Senti a Vivi pulando com a menor das delicadezas sobre o meu colchão. Suspirei de novo. Ouvia o ronronado da minha gata muito perto. Mais um suspiro. Afundei a cabeça no travesseiro e minha vontade era virar de cabeça para baixo e gritar. Mas não podia. 

- Sinceramente, não sei quem é pior: Você ou o Bill. - O Georg disse, se sentando do meu lado. A Elise estava na cozinha. 

- Que raiva dele! - Resmunguei. - Tinha que fazer com que eu me apaixonasse por ele dessa maneira?

Riu e disse: 

- Pensa comigo: Se não foi... É porque não era para ser. Mas ao que tudo indica, vocês dois ainda não deram tudo que tinham que dar. 

Olhei para ele, incrédula. E vi 
a cara que fez. 

- Hagen, não acredito no que eu estou ouvindo! 

- Você que tá pensando merda. Eu estou quieto. 

Estreitei os olhos, fazendo-o rir e, não conseguindo me controlar, peguei meu celular sobre o criado mudo e, enquanto via que eu discava o número do Tom, perguntou: 

- Tem certeza que é do Kaulitz certo que você gosta? 

- Sim. Gosto mesmo do Tom. Mas... - Mordi o lábio.

- É o Bill a quem você ama. 

Concordei. 

- Se... Ele conseguisse provar que estava te dizendo a verdade esse tempo todo... Voltaria atrás? - Quis saber, me olhando fixamente. 

- Georg, eu vi ele dentro da Sofia! Por mais que esteja me dizendo a verdade, ainda sim, me traiu! 

Suspirou e, naquele instante, a campainha tocou. Passados alguns segundos, ouvi a Elise conversando com o Tom, que perguntou: 

- Ela está em casa? 

- Claro que está! - Respondeu. Pararam na porta do meu quarto e o Tom disse, me olhando: 

- Eu tenho que conversar com você. E é muito sério. 

- Eu vou... - O Georg começou a dizer, levantando da cama e saindo do quarto, seguido de perto pela Elise. O Tom fechou a porta e se sentou na minha frente. Segurou minhas mãos e, perguntou: 

- Você sabe que pode contar comigo para o que precisar, não é? 

Concordei, o olhando. 

- O que foi? 

- Eu estou vindo do apartamento do Bill agora. E... Descobri uma coisa que... Vai acabar te afastando ainda mais dele. 

- Tom... Está me deixando preocupada. 

- Lembra do que eu te pedi para fazer com relação ao Alex? Para dar uma chance para ele? - Concordei com a cabeça. - Pois é. Parecia que eu estava adivinhando que deveria te incentivar a fazer isso, por mais que quisesse te ver ao lado do Bill. 

- Quisesse? Não quer mais?

- Não. Apesar de saber que, de uma maneira ou de outra, não daria certo. Liebe, eu... Aprendi a te amar como uma irmã e... Ver você e o Bill sofrendo dessa maneira está acabando comigo. E sei que só vai piorar daqui para frente. 

- Tom, pelo amor de Deus, me fala logo! Eu... Posso tentar aguentar. 

- A Sofia está grávida. 

Fiquei sem chão. Antes que pudesse me dar conta, comecei a chorar e não demorou muito para que sentisse os seus braços me envolvendo em um abraço apertado. Agora, mais do que nunca, percebia que era meu destino era realmente não ser feliz.

Postado por: Alessandra

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