sábado, 9 de junho de 2012

The Neighbour - Capítulo 17

 Luiza
Por mais que a imagem congelasse a cada cinco segundos, o som atrasasse uns poucos instantes, ainda sim, não conseguia evitar de achar a imagem fofa do Tom, lá na Alemanha, todo babão por causa da Em. Perguntei:

- E aí? Como está sendo ficar longe da Em?

Passou a mão na cabeça, nervoso e, por fim, respondeu, dando um sorriso fofo:

- Tô quase indo aí para BH e daí para Salinas.
Ri e me pediu, naquele tom de voz fofo e pidão:

- Ô liebe... Não tem como trazê-la na bagagem, como presente de Natal atrasado?
Mordi o lábio e falei:

- Eu não sei se tem como. Posso tentar, claro. Mas não prometo nada.

- Não tem o endereço dela em Salinas, não?
Ri e falei, morrendo de vontade de apertar as bochechas dele:

- Quem diria que o grande Tom Kaulitz, o womanizer– Brinquei, fazendo uma alusão à música da Britney e lembrando da história da ex dele que teve que se vestir de colegial por exigência do próprio. - estaria todo babão assim por causa de uma garota que nasceu do outro lado do oceano...

- O mesmo se aplica ao Bill, não se esqueça.
Foi minha vez de rir, toda boba.

- E então? Como estão as coisas aí no Brasil?

-
Quentes. - Ignorei a cara que ele fez e continuei contando: - Estamos em pleno verão e está um calor desgramado. Pelo menos, não estamos no Rio, que é bem pior. Sem falar que lá é infestado de pernilongos. E imagina o quanto seria romântico quando voltarmos para aí, cobertos de placas pelos nossos corpos?

Preciso dizer que estava rindo?

- Ainda duvida quando digo que vocês se merecem? Sério, nunca vi duas pessoas tão iguais! E olha que eu sou o irmão gêmeo dele!
Ri e, obviamente, atraí a atenção do Bill, que entrou no meu antigo quarto e se sentou do meu lado. Assim que viu com quem estava falando, perguntou, em alemão:

- E aí? Como estão as coisas aí em Hamburgo?

- Pelo visto, mais tediosas que aí em BH.– Respondeu, rindo. - Ainda mais que vocês não estão sozinhos, como eu.
- Que foi? - O Bill me perguntou.

- Pode falar. - O Tom disse. Expliquei brevemente para o Bill o que tinha acontecido e ele disse ao irmão:

- Olha, a gente pode até tentar convencê-la a ir para aí. Mas não tem garantia que ela vá aceitar.

- Eu falei com ele. - Avisei. A carinha do Tom estava dando uma dó... - Ai, Tom! Para de fazer essa cara de cachorro que caiu do caminhão de mudança! Senão te dou um catiripapo assim que eu por meu pé de volta em Hamburgo!

Logo, sorriu e, pelo canto de olho, vi que o Bill fazia o mesmo.

- Liebe, posso te pedir uma coisa?
- Tom... - O Bill disse, naquele tom de voz de aviso.

- Deixa, Bill. - Falei. - Pode falar, Tom.

- Traz aquele doce que você falou outro dia? O de leite.
- Deixa comigo. - Respondi. - Só que eu vou deixar parar comprar, no máximo, um dia antes de a gente voltar, para não estragar. E vou comprar pouco, porque é enjoativo, já estou te avisando.

Concordou. Conversamos por mais um tempo até que ele precisou ir e, logo, o Bill perguntou, enquanto esperava meu computador desligar:

- Vamos fazer alguma coisa daqui a pouco?

Tive uma ideia e, dando um sorriso meio malicioso, falei:

- Vai se arrumar. Vou te levar em um dos meus lugares preferidos daqui de BH.

Assentiu, curioso. Em seguida, se levantou, foi até o banheiro e, enquanto ele tomava banho, escolhi uma roupa simples para o Bill. Sabia que ia querer ir todo espalhafatoso, como sempre. E sabendo que, por mais que fosse um lugar mais vazio, ainda sim, iam algumas pessoas e pior: Mineiro era um bicho curioso. Logo que chegamos ao aeroporto mesmo, todo mundo que passava por nós, ficava nos olhando.

Tinha terminado de vestir meu short e faltando só calçar o sapato mesmo quando saiu do banheiro, usando só a toalha. Falei, indo buscar um par de sandálias:

- Minha sugestão de roupa para você está em cima da minha cama.

- Aonde nós vamos?

- Confia em mim? - Perguntei, vendo-o soltar a toalha. Ô pecado...

- Confio. Mas tenho medo. Como nunca dá para saber o que você está aprontando...

Ri e falei, me aproximando dele:

- Pode ficar tranquilo que deixo o lado excêntrico só para os esmaltes.

- E essa sua blusa, hein? - Perguntou, apontando para a bata rosa que eu usava. Não bastasse ser aquele poço de discrição, ainda era decotada. E a culpa era minha que estávamos em pleno verão e BH era uma ilha de calor?

- Não vou trocar, nem vem. Tá um calor de rachar aqui e só me faltava usar casaco!

- Luiza...

- Bill... - Repeti, no mesmo tom de aviso dele. Andei rebolando até ele, de propósito, vendo seu olhar acompanhar o movimento dos meus quadris. - Sorte sua que eu sempre sou do contra. Não dizem que a mulher se veste para as outras? Pois é. Eu me visto única e exclusivamente para você.

- Ah é? - Perguntou, me puxando pela cintura enquanto roubava alguns selinhos lentos.

- Me admira que um virginiano como você, detalhista, não tenha percebido que só uso essas blusas mais decotadas, saias, shorts e outras roupas mais... Provocantes quando estou com você.

- Não... Acho que é porque prefiro te ver sem elas...

Bati fraco no seu ombro, fazendo-o rir. Se inclinou na minha direção e me beijou. Me puxou pelos quadris para mais perto. Quando me dei conta, já estava me guiando na direção da minha cama. Sem falar que podia muito bem sentir o quanto estava excitado. Mordendo seu lábio inferior antes de interromper o beijo, falei:

- Acho melhor você se arrumar. Vou te esperar lá fora.

Tinha tentado me segurar, mas fui mais rápida e, justo quando saí do meu quarto, minha mãe estava chegando da casa da amiga. Assim que me viu toda arrumada, quis saber onde eu ia. E contei:

- A gente vai sair um pouco. Tá impossível de ficar assando aqui dentro.

- E vocês vão aonde?

- Não sei ainda.

- Toma cuidado, hein?

Olhei para ela daquele jeito entediado e, assim que o Bill apareceu, saímos.

Estávamos parados num sinal logo depois da Praça Milton Campos e percebi que estava me olhando fixamente. Perguntei, sem tirar a mão do volante:

- O que foi?

- Nada. Só estou... Te admirando.

Dei um sorriso fraco e, rapidamente, acariciei seu rosto. De repente, pegou minha mão e deu um beijo breve nas costas. O sinal abriu e entrei na primeira rua à direita. Perguntou:

- Por que a gente veio a um supermercado?

- Porque me deu uma vontade súbita e descontrolada de comer um chocolate.

Riu e, depois que comprei a barra e mais algumas outras coisas, fiz um pequeno retorno para a Av. Afonso Pena e, vendo que eu só seguia reto e não virava em nenhuma rua ou sequer dizia onde estávamos indo, quis saber:

- Ainda demora?

- Nada. Já estamos quase chegando.

- Que é isso? - Perguntou, apontando para a estrutura onde a bandeira brasileira ficava hasteada, bem no meio da praça.

- É uma praça. É estranha, eu sei.

- Não. - Disse. O sinal abriu e demos quase uma meia volta e continuei subindo a avenida, só que agora, era a das Agulhas Negras. Como antes, o Bill observava tudo curiosa e atentamente. Assim que chegamos à Praça do Papa, parei o carro um minuto e, aproveitando que tinham várias daquelas carrocinhas de lanches (Tipo de cachorro quente, churros e por aí vai), perguntei:

- Quer alguma coisa para beber?

- Já chegamos ou estamos só fazendo uma pausa?

- Segunda opção. Mas estamos bem perto, para falar a verdade.

- Vou com você. - Falou, saindo do carro. Depois de travar as portas e o alarme, fui andando até uma banquinha onde vendiam cocos enquanto o Bill dava uma olhada na vista da cidade daquele ponto. O chamei e, quando se virou, repeti a pergunta e, assim que parou do meu lado, pagou o meu e o dele, ignorando totalmente minha cara de poucos amigos. Voltamos para o carro e, depois de dar a partida, fomos até o mirante. Desta vez, ficamos dentro do carro, só aproveitando a vista e tomando a água de coco.

- Realmente... Você é imprevisível.

- Por quê? - Perguntei, antes de tomar mais um gole.

- Fez tanto mistério e, no final das contas, viemos para cá. E ainda estou tomando água de coco.

- Estou tentando acompanhar seu raciocínio, mas não estou conseguindo.

- Vou confessar. Estava esperando que me levasse a um lugar caro. Tipo aquele bairro que me falou...

- Lourdes? - Perguntei, vendo-o assentir. - Se decepcionou?

- Não. Quer dizer, lá não tem essa vista da cidade, tem?

- Só se a gente invadir o JK. - Respondi, rindo da minha própria piada. - Mas não acho que os porteiros vão nos deixar entrar.

- JK?

- É. A gente pode passar lá em frente para você ver.

- É longe?

- Estamos de carro. Se estivéssemos à pé, aí sim eu desanimava.

- Amanhã a gente vai, combinado?

Concordei.

- Mas gostei da sua ideia simples. Aliás, eu não sei como ainda me surpreendo pela sua simplicidade.

Dei um meio sorriso e expliquei:

- Além de ter sido acostumada assim, nunca me interessei por coisas caras.

- Sério?

Assenti, pensando numa maneira de quebrar aquele coco, já que tinha aquele... Recheio branquinho.

- Tem vez que as coisas mais simples são melhores. Olha onde a gente está e o que estamos fazendo. Vendo BH de noite e tomando água de coco dentro do carro. E só para melhorar...

Liguei o rádio e estava tocando Maroon 5. Antes que me desse conta, já estava cantando a música:

You push me
(Você me estimula)
I don't have the strength to
(Eu não tenho a força para)
Resist or control you
(Resistir ou te controlar)
To take me down
(Para me derrubar)
Take me down
(Me derrubar)

Sentia o olhar fixo do Bill em cima de mim o tempo inteiro e, quando chegou no refrão, cantei com aquela empolgação e o fiz rir:

Wake you up(Te acordar)
In the middle of the night to say
(no meio da noite para te dizer)
I will never walk away again
(Eu nunca mais vou embora de novo)
I'm never gonna leave this bed
(Eu nunca vou deixar esta cama)

Quando a música acabou, senti sua mão acariciando minha bochecha e perguntou:

- Sabia que eu adoro esse seu jeito?

- Que bom, uai! Pior seria se não gostasse... Provavelmente não estaríamos juntos, você ficaria naquela lamentação, eu provavelmente estaria com algum cara que não valia a pena, isso se estivesse.

- Será?

- Te disse provavelmente. Mas poderia muito bem ser que estivéssemos juntos do mesmo jeito. Só que garanto que não seria assim.

Ficou olhando um ponto fixo à sua frente, pensativo. Logo, começou a tocar John Mayer e, me esticando para trás, peguei as compras que tinha feito no supermercado. De repente, o ouvi dizer:

- Sabia que, se você não tomar cuidado, como agora, o seu seio aparece?

Me endireitei e perguntei, naquele tom provocativo:

- Que foi? Achou ruim de ter descoberto isso?

- Foi proposital?

- Por incrível que pareça... Não. - Respondi, corando. De repente, olhou para os lados e perguntou:

- Tem algum lugar mais... Reservado onde a gente pode ir? Sem ser a casa da sua mãe, porque é meio... Constrangedor.

Ri e falei:

- Ah, Bill, seu sem-vergonha! - O fiz rir e, pondo a mão sobre minha coxa, disse:

- Desde que a gente chegou que sempre tem alguma coisa que atrapalha.

Olhei para ele, desconfiada e falei:

- Você não tem vergonha mesmo, hein?

- E por que deveria? A gente namora, só fico na vontade nos últimos dias e nem tenta negar, porque você está tão mal intencionada quanto eu. Ou pensa que eu não vi o que comprou lá no supermercado, hein?

- Você sabe que eu sou formiga e além do mais, tinha te avisado que ia comprar chocolate. - Me fiz de ingênua, embora soubesse muito bem do que estava falando.

- Você sabe do que estou falando. Não é de chocolate e nem adianta se fingir de santa porque eu vi. Aliás... Realmente não imaginei que fosse pegar uma camisinha com gosto de menta.

Nem olhei para ele. Simplesmente voltei a atenção para o coco, ainda pensando na melhor maneira de quebra-lo.

- Você está cansado de saber que eu sou curiosa.

- Sei. E como você é cheia de surpresas, tenho que confessar que até estou com medo do que está planejando fazer comigo.

Ok. O coco que se foda.

Encarei um ponto fixo à minha frente e, depois de decidir pela melhor maneira de dizer aquilo, respondi:

- Não precisa ter medo. Uma vez que você já vai saber das minhas intenções...

O olhei e percebi que me observava com certa curiosidade.

- E quais são as suas intenções? - Sua expressão tinha se transformado em uma maliciosa.

Antes de começar a dizer, dei um sorriso torto. Ele mal perdia por esperar...

Postado por: Grasiele

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