sexta-feira, 27 de abril de 2012

Coração De Outono - Capítulo 4 - Uma novata intrometida.

(Contado por Bill)

O dia estava quase chegando ao fim, e a Lua começava a aparecer no céu. A água quentinha caia sobre meu corpo, enquanto eu permanecia parado, e um tanto pensativo. Não sabia ao certo a razão daqueles pensamentos, mas também não estava a fim de descobrir. Quinze ou vinte minutos depois, desligo o chuveiro, enrolo uma toalha em minha cintura e me dirijo ao quarto. Procurei uma roupa e em pouco tempo estava vestido. Me coloquei em frente ao espelho, e não me reconheci. Aquele era o tipo de roupa que não combinava em absolutamente nada com meu estilo, mas se eu não quisesse ouvir inúmeras coisas, era obrigado a usa-las. Nem acredito em como consigo ser duas pessoas ao mesmo tempo.
Me sentei na cama, apoiei os cotovelos nos joelhos, e abaixei a cabeça. Dali poucos minutos eu iria enfrentar mais um jantar monótono, e não fazia ideia de como conseguiria fazer isso. Geralmente tenho uma pequena ajuda, e talvez eu precise dela outra vez. Não queria ter que fazer aquilo novamente, mas era o único jeito. Encarar e ouvir as baboseiras do meu pai de “cara limpa” era um verdadeiro desafio, e exigia muita paciência.
Respirei fundo. Me levantei e fui até a escrivaninha. Girei a chave e puxei a terceira gaveta, mirando e retirando em seguida, uma caixinha azul de tamanho médio. Abri a mesma e peguei um papelote de maconha. Já poderia imaginar o estado que eu ficaria depois, e quando estava prestes a usá-la, parei para pensar direito no mal que estaria causando a mim mesmo, e o guardei de volta.
Sai do quarto, antes que o arrependimento batesse. Fui até a sala de jantar, onde meus pais e meu irmão estavam reunidos em torno da mesma para a última refeição. Me sentei no lugar de sempre – ao lado do Tom – e coloco o lenço sobre minhas pernas. Pela feição do meu pai, ele provavelmente iria reclamar de alguma coisa. Talvez algo em mim estivesse fora do lugar, ou o fato d’eu ter chegado meio atrasado.

- Está atrasado. – diz meu pai.
- Desculpe, eu não encontrava meus sapatos. – menti.

O jantar foi servido. O silêncio tomava conta, e somente dava para se ouvir o barulho dos talheres tocando as louças. Mas como sempre, meu pai começou a falar sobre seus negócios, e o quanto estava orgulhoso de si mesmo por levar o nome da empresa a um nível que poucos outros empresários conseguiam. Era sempre assim, as coisas realmente nunca mudam nessa casa. Todo dia é a mesma coisa.

- Como foi o dia de vocês? – pergunta minha mãe.
- Reuniões atrás de reuniões. – diz meu pai.
- Não fiz nada de interessante – diz Tom. -, além de dormir.
- E você, Bill? – ela bebe um pouco de água.
- Dei umas voltas por ai. – respondi. – E aproveitei para procurar a faculdade de música mais próxima que...
- Novamente perdendo tempo com essa besteira? – diz meu pai. – Música não leva ninguém a lugar nenhum, e não será você que mudará isso.

Odeio quando começa a falar assim. Pra ele, o Tom e eu devemos fazer faculdade de administração, para ocupar seu espaço quando já não puder mais dirigir os negócios da família. Mas não consigo de maneira alguma, me ver num escritório, sentado numa cadeira desconfortável, atrás de uma mesma por horas. Eu queria ser totalmente livre, e a música poderia me dar um pouco dessa liberdade, além de me ajudar a esquecer de todos os problemas. Queria compor e cantar para uma multidão que estaria gritando por meu nome, e mostra-los para quê eu vim ao mundo. Queria transmitir todos os meus sentimentos através de uma canção, mas se depender do meu pai, isso nunca acontecerá.
Depois de escutar mais algumas coisas, acabei perdendo a fome. Me retirei da mesa, indo para o meu quarto. Mirei a caixinha em cima da escrivaninha. Eu precisava de um pouco, nem que fosse o mínimo, mas eu precisava. Só que desta vez eu queria algo novo, diferente. Algo que me fizesse “flutuar”. Peguei o celular, e liguei para um velho amigo: Mano Brown, como costumam chama-lo.

- Aí cara, tem como me conseguir algo melhor? – perguntei, enquanto andava de um lado para outro.
- Claro. – responde ele. – Pra você sempre tem. Só não pode esquecer a grana.
- Tá de brincadeira comigo, não é? – soltei uma leve reisada. – Sou seu melhor cliente, e ainda tem a cara de pau de me falar em dinheiro?
- Foi mau, playboy. É que às vezes me esqueço de onde você vem.

***

Passava da meia noite, quando estacionei meu carro numa vaga reservada pra mim, em frente a uma boate que costumo frequentar. Entrei cumprimentando várias pessoas, e fui para a parte de cima, onde é tudo mais “tranquilo” e só ficam os Vips. Me sentei num sofá, e chamei o garçom. Pedi a bebida mais cara, pois estava a fim de gastar e encher a cara naquela noite.
O Mano se aproxima de mim, e se senta ao meu lado. Conversamos algumas bobagens, e ele me entrega a encomenda que fiz por telefone. Era um papelote de tamanho pequeno com algum tipo de droga que eu não fazia ideia do que poderia ser. Pelo que eu sabia, seria a minha primeira vez a experimentá-la e pelo preço que paguei, esperava que suprisse as minhas necessidades.
Coloquei o pozinho sobre uma mesinha e aspirei com uma das narinas. Foi a melhor coisa e realmente pude ter a sensação desejada. Fiquei meio zonzo por alguns segundo, mas a satisfação era tanta que me dava vontade de sentir aquilo pra sempre.
Fui até uma garota loira que estava sentada no bar, e sussurrei algumas coisas em seu ouvido. Ela sorriu. Não estava em meu estado normal, então não fazia ideia das coisas que tinha falado pra ela, só sei que passei meu braço em volta do seu pescoço e saímos juntos da boate.
Mesmo não podendo, dirigi até um motel. No percurso, caricias aconteciam, mãos em lugares “indevidos”, e beijos, muitos beijos. Pra impressionar e deixa-la mais caidinha na minha, aluguei por algumas horas a melhor suíte. Ao chegar lá, a garota ficou me olhando, ao invés de começar a tirar a roupa.

- Tá olhando o quê? – perguntei, tirando as minhas roupas.
- A gente não vai nem conversar? – ela se senta na cama, de um jeito sexy e cruza as pernas.
- Conversar? – eu ri. – Acha que eu te traria num motel pra ficar conversando?

Ela foi tirando o vestido, e sua lentidão começava a me deixar irritado. Pra facilitar as coisas, arranquei seu sutiã e sua calcinha, jogando-a na cama com zero de delicadeza. Meu negócio não era ser delicado com ninguém ali, eu só queria me divertir. Ela abriu as pernas, e fez cara de safada. Mas não era pra ser daquele jeito.

- Fica de quatro. – disse, no maior cinismo. – Eu quero você de quatro, vadia.

A garota se virou, e apoiou os joelhos e as mãos na cama. Peguei um preservativo na gaveta da mesinha de cabeceira e o pus com cuidado. Voltei, ficando de joelhos atrás dela. Dei uma palmada em seu bumbum, que chegou a ficar meio vermelho. Segurei seu cabelo longo, e penetrei sua vagina com toda a força, fazendo-a gritar alto. Os movimentos eram rápidos, e ela gemia cada vez mais alto, me fazendo ficar ainda mais excitado.
O dia estava quase amanhecendo quando terminamos. Enquanto eu colocava as minhas roupas, a garota permanecia sentada na cama, enrolada com o lençol vermelho. Tirei a carteira do bolso, peguei algumas notas de cem, e as joguei sobre a cama.

- Não sou uma prostituta. – diz ela.
- Claro que não. – fui sarcástico.
- Não vai me dar uma carona até em casa? – diz ela.
- Se eu não quis saber seu nome, acha que vou querer saber seu endereço?
- Significa que não nos veremos outra vez?
- Exatamente.

***

Cheguei em casa por volta das 7h15 da manhã. Só tive tempo de tomar um banho rápido, e fui para o colégio. Matei a primeira aula, pra ficar no pátio com o pessoal e comentarmos sobre o que andamos fazendo na noite anterior.

- Andei meio... Perdido por ai. – disse, rindo.

“Perdido por ai”, essa expressão fora criada pelo Tom e significava que alguém estava transando, e pra não dizer com todas as letras, achamos melhor nos comunicarmos dessa forma.

- Eu sabia que você não ia ficar sozinho. – diz Georg. – Quem era a menina?
- Uma vadiazinha que encontrei na boate. – respondi.
- E ela era gostosa? – pergunta Gustav.
- Desde quando um Kaulitz pega uma menina que não seja gostosa? – diz Tom.

Eu não me sentia tão bem assim, a minha cabeça doía um pouco. Um nerd esbarrou no Tom, e ele se virou para tirar satisfação;

- Você é cego? – pergunta ele.
- M-Me desculpe. – o rapaz gaguejou. – Prometo não fazer mais isso. – chegava a tremer.
- Óbvio que não fará – eu disse e fizemos um semicírculo em torno dele. -, porque você tem amor à sua vida. – os meninos riram.

Pelo visto a manhã começou com o pé direito. Eu estava mesmo querendo descontar a minha raiva em cima do primeiro idiota que aparecesse na minha frente, e um nerd seria perfeito. Gustav e Georg seguraram-no, e dei o primeiro soco em seu estômago. Tom veio em seguida e lhe deu outro no mesmo lugar. Aquilo fez aliviar um pouco a tensão do meu corpo e alguém – sem amor próprio – resolve se intrometer.

- Aí, seus idiotas! – me virei pra ver quem era. – Porque vocês não o deixam em paz? – ela se aproxima, empurrando os meninos e ajudando o nerd.
- Vaza daqui, garota! – disse, ficando com raiva. – Não se mete!
- Sua covardia me impressiona, sabia? – ela se abaixa para pegar os livros.
- É melhor ir embora, Aiyra. – diz Tom. – Antes que...
- O quê? – o interrompeu. – Vão querer bater em mim também?

Com a raiva que eu sentia, era bem capaz que uma loucura fosse cometida mesmo. E só estava me controlando, porque eu não queria mais problemas com o diretor. Mas devo confessar que, por um instante admirei sua coragem. Ninguém nunca nos enfrentou assim antes, e essa é a segunda vez em menos de dois dias que ela faz isso. Sem contar aquela sua expressão desafiadora, que de alguma forma mexeu comigo.

- Vamos Bill. – diz Gustav, segurando meu braço. – Deixa isso pra lá.
- Cala a boca. – disse, sem desviar meu olhar dela.
- A gente termina isso depois. – diz Tom.
- Já disse pra calar a boca! – quase gritei.
- Teremos outras oportunidades pra bater nesse nerd. – diz Georg. – E além do mais, ela é só uma garota!

Não, ela não é só uma garota. Há muito mais que isso por trás desse rostinho, algo que a diferencia de todas as outras e tenho plena certeza disso. O problema é que não consigo identificar e explicar. Uma garota incomum e durona que surgiu do nada, e que pelo visto me dará muito trabalho.

Postado por: Grasiele

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