segunda-feira, 16 de abril de 2012

By Your Side - Capítulo 16 - Ódio Colorido

No táxi, a conversa era paralela e diversos assuntos no mesmo momento enchiam o táxi de vozes. Eu devia ser a única calada olhando para os próprios pés e mexendo em uma mecha repicada do cabelo.
Georg e Gustav conversavam animadamente sobre alguma coisa da qual a menina da carta estava dentro; David e James conversavam no banco da frente sobre as estradas de Leipzig serem muito boas e pouco movimentadas; Bill falava algo sobre roupas com Chel, enquanto mexia no seu notebook, deviam estar em algum site de moda – eu os observei. Evitei olhar para Tom. Eu estava com certo nojo dele.
Bati o pé na batida que o meu mp3 tocava Untouched.
I feel so untouched and I want you so much that I just can't resist you. (Eu me sinto tão intocada e eu quero você tanto que eu não consigo resistir)
Observei os pés que se mexiam inconscientemente ao lado dos meus, um deles apontava na minha direção. Eu tentei me lembrar o que isso significava de acordo com o livro dos gestos inconscientes, intenção, pensei, intenção em mim. O tênis grande e branco que apontava na minha direção pertencia a Tom.
It's not enough to say that I miss you, I feel so untouched right now (Não é o bastante dizer que sinto sua falta, eu me sinto tão intocada agora mesmo)
Levantei o rosto até os olhos de Tom. Não, ele não estava olhando para mim. Olhava distraidamente para a janela da limousine. Sua expressão não estava tão relaxada, mostrava preocupação. Ele virou o rosto da janela e pousou o olhar em mim. Eu poderia sentir o que se passava pela sua cabeça.
Need you so much somehow, I can't forget you. Goin' crazy from the moment I met you (Preciso tanto de você de alguma maneira, eu não consigo te esquecer. Eu fiquei louca desde o momento que eu te conheci)
Ele devia ficar longe de mim. Isso não impedia que trocássemos olhares significativos de vez em quando.
O carro parou e as conversas cessaram quase ao mesmo tempo. Olhei para a janela ao meu lado e notei uma casa de dois andares de tijolos vermelhos com janelas grandes, parecia uma casa moderna. Saímos todos do carro e assim que a última pessoa fechou a porta, a porta da frente se abriu, revelando uma mulher não muito alta de cabelos pretos e curtos. Eu reconheci como Simone Kaulitz.
Sorri tímida. Ela deu pulos da porta e abraçou primeiro Bill e depois Tom. Os dois pareciam felizes demais em vê-la.
– Mãe, eu senti saudades! – Bill disse.
– Como estão meus meninos? Espero que Jost não tenha largado vocês por aí e nem vou comentar sobre tal balada no centro de Berlim que apareceu em todos os canais – Disse Simone com um ar de Tom Kaulitz.
– Olá, Simone – Jost a abraçou e depois Gustav e Georg foram as vítimas.
Chelsea deu alguns passinhos e ficou ao lado de Bill, e eu? Olhando de fora, eu era a excluída que não sabia para onde ir. Gustav puxou meu braço e me apresentou para a mãe dos Kaulitz.
– Tia Simone, essa é minha prima Julia – Disse ele, poupando meu sofrimento de me apresentar – Ela é brasileira e veio passar uns dias aqui comigo. Está acompanhando o Tokio Hotel em turnê.
–Oi Julia! – Ela me deu um abraço confortável e eu senti que seriamos amigas daquele dia – Espera, você é a menina que apareceu nas fotos com Tom saindo da balada!
Eu fiquei vermelha e concordei com um aceno de cabeça.
– Ah, não seja tímida! Se eu conheço bem meu filho, a cabeça dura do Tom deve ter provavelmente ficado muito bêbado, você só fez um favor. Aliás, é bom saber que esse frouxo deixou de ficar com vinte e cinco garotas por semana para ficar só com você.
Eu dei um passo para trás e deixei escapar um riso tímido. Tom se intrometeu:
– Mãe, ela não é minha namorada! – Ele disse e todos riram. Inclusive Simone, como se já soubesse que ele iria dizer isso.
– E essa linda menina aqui? – Simone perguntou para Bill, mas olhando para Chelsea.
– Mãe, essa é Chelsea, primeiramente melhor amiga de Julia e atualmente minha namorada.
Nesse momento, eu senti todos congelarem! Nem Chelsea havia dito para mim que estava namorando. Veja bem, N-A-M-O-R-A-N-D-O! Namorando com Bill Kaulitz! Eu vi suas bochechas brancas atingirem imediatamente o tom rosado, e ficava cada vez mais vermelho até parecer um tomate. Eu fui a primeira a gargalhar. Bill me lançou um olhar fuzilador e eu parei.
– Muito prazer em conhecê-la, Chelsea – Simone abraçou Chel igualmente – Sendo assim, bem vinda! Vamos logo entrando, garotos? Gordon está esperando na sala e aqui fora está muito frio.
Seguimos todos Simone para dentro da casa. Gustav mantinha o braço na minha cintura e eu me senti mais protegida ao lado dele dentro de uma casa totalmente desconhecida que, se eu estivesse em meu estado normal, estaria gritando até arrancar minhas próprias cordas vocais – mas depois de umas semanas com os meninos, não dá mais para fazer isso.
A casa por dentro tinha o piso de madeira e as paredes de tijolos, mas não aqueles de obras ferradas do Brasil, aqueles com verniz que deixam a casa mais moderna. Eu os segui até a sala de estar, onde vi um homem alto e não muito velho sentado no sofá e vendo algo na televisão.
– Gordon, os meninos chegaram! Trouxeram amigas – ela riu de forma perversa como o Tom sempre fazia.
Gordon Trümper se levantou do sofá com um sorriso muito grande e abraçou todos os meninos, dando um leve comprimento nas costas de David. Ele parou hesitante quando esteve de frente para mim e Chelsea.
– E vocês são...? Bill! Tom! – Ele chamou.
– Minha namorada, Chelsea – Disse Bill – E a prima do Gustav, Julia.
– Prazer em conhecê-las, meninas – Ele nos cumprimentou – Vamos ao jantar? Eu estou morrendo de fome e aposto que todos vão gostar. Fui eu mesmo quem preparei.
– Ok, mãe, tem o telefone da pizzaria mais próxima? – Disse Tom, arrancando risadas de todos.
– Ah, Tom! Larga de frescura, eu nem cozinho tão mal...
– Claro que não. Você cozinha pessimamente bem – disse Tom.
– Eu fiz massa – disse Gordon.
– Certo, então eu quero!
Fomos à sala de jantar ao lado da sala de estar. O piso de madeira com as paredes brancas e apenas uma com aqueles tijolos incríveis, uma mesa grande de vidro e um lustre caindo do teto. Eu sorri para a grande sala.
– Mamãe nunca nos deixou jantar aqui – Bill sussurrou para mim e Chel – Disse que era uma sala especial demais para eu e Tom acabarmos com tudo em apenas uma refeição – Nós rimos.

Durante o jantar, eu comecei a me enturmar conversando um pouco com Simone com as besteiras que Tom costumava fazer. Ela me perguntou sobre o Brasil e depois de um tempo, já estávamos trocando idéias sem nexo.
– Queria, eu não pude deixar de notar na pequena caveira no seu salto. É tão linda! – Simone disse sendo simpática.
– Ah sim, eu gosto muito de caveiras – Eu disse.
Tom, que estava próximo, ouviu a conversa e comentou:
– Caveiras me lembram a Jamie – ele disse.
Eu lancei um olhar rápido para Gustav e senti que ele tinha congelado com os olhos arregalados.
– Você a conheceu? – Tom perguntou para mim – Você sabe, a irmã mais nova do Gustav.
Eu fiquei sem fala, hesitando no que responder. Será que ele sabia?
– A propósito – Continuou Bill –, para onde ela foi, mesmo? – Questionou Gustav.
Eu senti que ele não fosse responder, mas antes que eu pudesse dizer algo, ele disse:
– Para uma faculdade fora do País – ele mentiu.
– Faculdade de que?
– Moda – eu respondi rouca sentindo o choro se instalar na minha garganta.
Encarei Gustav por um tempo enquanto ele sustentava meu olhar. Afinal, ele não tinha contado nada nem para os próprios melhores amigos? Eu senti a pulseira de metal pesar no meu braço.
Depois daquele clima tenso de suspense que pousou na mesa de jantar, eu não consegui tirar Jamie da minha cabeça, e muito menos falar algo. Tom foi o primeiro a se retirar da mesa, disse que precisava visitar o próprio quarto.
Ficamos todos na sala de estar por um tempo conversando sobre coisas aleatórias, até que meu celular tocou. No mesmo segundo que o senti vibrar, coloquei a mão por cima do som – Schrei do Tokio Hotel era o toque do meu celular há dois anos, eu nunca quis mudar.
– Me dêem licença – eu pedi e então me levantei do sofá – Simone, onde é a varanda?
– A última porta do lado esquerdo daquele corredor – ela disse, e eu fui andando para o corredor para atender o telefone:
Alô? – Uma voz conhecida disse em português. Eu desconfiei por não ter nenhuma interferência.
– Quem está falando? – Perguntei.
Julia?! É o Henry! – Eu fiz uma lista mental de todos os Henry que conhecia. Eu só conhecia um.
– Henry? Hörn? – Perguntei desconfiada.
Sim, ele – disse Henry.
Eu me vi em um desespero mental dentro do corredor. Eu não sabia qual era direita, e qual lado era esquerda. Resolvi abrir lentamente cada porta. A primeira daquele determinado lado era o banheiro. Muito grande e bonito por sinal.
É uma boa hora? Talvez você esteja ocupada – Disse Henry preocupado.
– Mais ou menos, Henry – eu disse – Acabei de sair de um jantar, mas estou procurando a varanda para falar com você direito.
Imaginei que talvez se alguém ouvisse minha conversa em português, me acharia um pouco estranha. Abri outra porta e dei de cara com um quarto muito escuro com as paredes pretas e muitas estantes de CDs lotadas. Provavelmente, o quarto do Bill.
Onde você está? – Henry perguntou.
– Na Alemanha – respondi rindo.
Que bom, porque eu também estou – Eu ouvi sua risada calorosa e senti saudades.
Henry era meu melhor amigo antigamente. Até Chelsea entrar na escola e “abalar” o coraçãozinho dele, fazendo-o se apaixonar por ela. Eles namoraram por um tempo que eu me afastei, porque eu costumava gostar do Henry. Quando Chel veio para a Alemanha, não conseguimos retomar a amizade tão cedo. Abri outra porta do outro lado e vi uma grande cama de casal bem na frente. Porta errada, quarto de Simone e Gordon. Só restavam duas portas.
– Mas o que há? Por que me ligou?
Eu queria falar com você pessoalmente, só te encontrar mesmo. Como fazíamos antes. – Disse.
– Henry, seria ótimo, mas eu estou em Leipzig – Eu disse.
É aqui do lado – Eu imaginei que ele estivesse sorrindo – Quando posso te encontrar?
Amanhã pode ser? Bem cedo. Te passo um sms mais tarde e te mando o endereço do hotel que eu estou.
Claro, bom jantar – Ele disse – Beijo, linda – E desligou.
Eu ia abrir a última porta, mas a maçaneta virou sozinha revelando Tom dentro do quarto escuro, olhando diretamente nos meus olhos.
Eu arregalei meus olhos sem reação, mas algo me dizia bem o que eu devia fazer agora. Devido a proximidade que estávamos, foi fácil para que Tom encurtasse o espaço com apenas um passo. Passou a mão pela minha cintura, me puxando levemente até que eu pudesse sentir sua respiração quente no meu rosto. Eu fechei os olhos para sentir seus lábios tocarem os meus.

[* Dê play na música http://www.youtube.com/watch?v=2jC5WAJzp34 e repita-a quando acabar, apenas uma vez.]
Os dois piercings gélidos colidiram, me fazendo sorrir durante o beijo que se iniciou quase no mesmo instante, de forma feroz, como se desejássemos isso há um bom tempo.

O braço de Tom puxou levemente Julia, conduzindo-a para dentro do quarto escuro. Assim que os dois adentraram, Tom empurrou levemente Julia na parede e encostou seu corpo no dela sem pressionar demais. Fechou a porta, deixando o quarto completamente escuro.
Segurou sua cintura coberta pelo vestido preto, e sua outra mão foi até o rosto da menina. Separou-se por instante e sem poder ver nada, acariciou o rosto da garota, escorregando levemente sua mão até a boca da menina, onde pode tocar seu piercing – o que desejava fazer desde que a viu com ele.
A garota gemeu de dor por causa de ter praticamente acabado de colocar o piercing. Tom sorriu ao ouvi-la fazer isso, e voltou a beijá-la sem pressionar seus lábios e pode mordiscar o lábio inferior da menina.
Julia levou uma das mãos ao pescoço do Kaulitz e sentiu que o menino ficou imediatamente arrepiado, ela achou graça. Tirou o boné com uma das mãos, jogou no chão e fez a mesma coisa com a faixa preta. Ela não estava nem se importando com o que ele iria pensar dessa vez.
Tom escorregou as mãos pelo corpo da garota em um intervalo rápido dos beijos, puxou-a pela perna e a segurou no colo de forma que a garota pôde sentir o quão “animado” estava o Kaulitz. Ele a levou no colo até sua cama e deitou por cima dela, apoiando em um braço, parte do seu peso para não machucá-la.
– Não me responsabilizarei pelos danos que minha boca fará ao seu pescoço – Ele disse de forma sexy, num sussurro rente ao pescoço de Julia.
Mordiscou o pescoço da garota, que se mexia embaixo do corpo dele tentando se desviar em vão das mordidas. Sem conseguir resultados, ela levou as unhas até os braços de Tom e apertou com força, ora arranhando, ora apertando. Ou seja, era uma guerra em que cada provocação estimulava o outro a continuar lutando.

Tom descia sua boca pelo meu pescoço como uma tortura. Eu nunca disse que sinto cócegas? Ele chegou ao meu ombro e eu fiquei totalmente arrepiada no mesmo segundos em que ele começou a mordiscá-lo, era o meu ponto fraco em todo o corpo.
– Eu odeio você – eu sussurrei rente ao seu ouvido e ele riu.
– Conheço seu ódio – Ele depositou um beijo no meu obro e subiu os lábios até minha boca – Sendo assim, eu também odeio você.
– Por que me beija? – Eu perguntei.
– Porque você me beija – ele respondeu simples.
– E por que estamos nos beijando? – Eu perguntei novamente com a sobrancelha arqueada, que fez Tom rir.
– Porque é um ódio colorido.
– Não seria amizade colorida? – Eu disse.
– Não – Ele tomou meus lábios novamente sem pressionar – Porque amizade tem haver com amor, e nós nos odiamos, lembra?
Eu me afastei um pouco e perguntei:
– Você não acredita em amor?
– Nunca disse que não acreditava. Bill ama Chelsea e ela o ama. Só não acontece comigo.
Eu me afastei mais ainda e consegui sair debaixo de Tom. Me levantei da cama ajeitando o cabelo com um pouco de raiva:
– O amor não vai acontecer com você, Kaulitz – Eu disse – Amor não acontece, amor sente!
– Então talvez eu nunca tenha sentido e ninguém nunca sentiu por mim.
Eu arregalei os olhos e me vi perguntando mentalmente “E eu não te amo?”.
– Como não? Lá fora tem um milhão de garotas em todo o mundo que te amam! – Eu apontei para a janela, talvez a única fonte de luz que refletia no rosto do Tom.
– Fãs não amam de verdade – ele disse rápido.
Eu senti vontade de chorar, mas segurei facilmente. Sentia mais vontade de dar-lhe um tapa na cara e perguntar o que eu sou e o que eu sinto.
– E o que elas sentem?
– Admiração – ele respondeu – O que há com você?
– Eu te odeio, Kaulitz! – Eu falei mais alto e ele fez sinal de silêncio.
– Já discutimos sobre isso – ele deu um sorriso torto, mas voltou ao normal quando viu que dessa vez eu não estava de brincadeira. Ele também se levantou da cama e tentou se aproximar – Isso que você sente?
– O que você sente por mim? – Eu perguntei.
Tom deu um passo para trás e eu imaginei que ele não fosse responder.
– É uma pergunta muito difícil para seu cérebro responder? – Eu debochei, mas me arrependi no mesmo instante.
Eu vi Tom entrar em desespero mental apenas pelos seus olhos. Ele levou a mão no rosto e escorregou lentamente encostado na cama até chegar ao chão.
– E-eu não sei – ele disse de forma tremula e eu fiquei preocupada – explicar.
All the things she Said, all the things she said, running through my head, running through my head (Todas as coisas que ela disse, todas as coisas que ela disse, passando pela minha cabeça, passando pela minha cabeça)
– Eu estou totalmente perdido, desde que te vi! Fecho os olhos e não consigo te tirar da minha cabeça. – Disse Tom com a voz mais rouca do que o normal, falando de forma arrastada. Ele apoiou os cotovelos nos joelhos e repousou a cabeça nas mãos.
Mother, looking at me, tell me, what do you see? Yes, I lost my mind (Mãe, olhe para mim, me diga: o que você vê? Sim, eu perdi minha cabeça)
– Eu perdi minha cabeça! Eu não vejo mais em você a prima mais nova do Gustav, quem eu tenho que proteger para ele. Eu vejo... Eu preciso de você, e protegê-la para mim – Tom ergueu a cabeça e Julia pôde ver o desespero nos olhos do Kaulitz.

Eu me aproximei hesitante sem saber como me expressar. O que ele estava dizendo? Quero dizer, porque estava dizendo aquilo? Ele era Tom Kaulitz! Aquele mesmo cara que levou uma vagabunda para a cama na noite passada e acordou com um monte de lixo deitado do lado dele.
Eu não poderia mostrar para o mundo e a internet agora que não sou um mulherengo de antes, mas eu posso começar a mostrar a você, que eu sou um pouco melhor que isso.” Eu me lembrei da primeira noite que dormi ao seu lado quando ele disse que poderia mostrar para mim que era melhor do que o antigo Tom Kaulitz. Eu estou tentando ser o suficiente.” Ele dissera bêbado na escada do hotel em Berlim.
– Tom, você não está bem – eu resmunguei baixo me aproximando do Kaulitz sentado no chão.
– Você acha? – Ele usou um tom irônico, mas ao mesmo tempo, choroso.
Eu toquei seu ombro e me assustei no mesmo instante. Tom tremia, não de frio. Ele simplesmente tremia, como quando eu fico nervosa demais e meu corpo todo fica tremendo. Eu fui leve, tirei suas duas mãos do joelho, o que o fez olhar para mim acompanhando meus movimentos. Empurrei suas pernas para que pudesse me sentar no seu colo sem me importar com as conseqüências, colocando uma perna de cada lado do corpo do Kaulitz mais velho.
Ele levou suas mãos para meu rosto e segurou com força. Eu senti que ele fosse dizer algo, mas não parecia sair nada da sua boca entreaberta, que eu aproveitei para encurtar o espaço entre nós e beijá-lo de forma suave.
Com as mãos nos ombros de Tom, eu senti o tremor do seu corpo diminuir a cada movimento calmo que eu fazia durante o beijo. Nossas línguas estavam dançando – dançando valsa – em um ritmo só delas, bem calmo. Um ritmo tranqüilizante com um pequeno atrito nos piercings e pouca pressão nos lábios. Eu me afastei, terminando o beijo com leves selinhos, mas não me afastei tanto.
– Eles vão me procurar – eu sussurrei.
– Não, vão não – Tom retrucou – Eles sabem que você está comigo.
Ele passou a mão pelo meu pescoço afastando o cabelo e tocando em algum ponto que me machucou provavelmente em algum lugar onde ele mordeu forte. Ele depositou um beijinho lá e respirou fundo perto da minha pele.
– Eu não disse que estaria com você – eu falei – eu iria para a varanda.
– Então fique comigo – Tom me beijou novamente, mas não um beijo comum. Era um beijo desafiador – E eles vão saber.

(...)

– Que tal essa: Ficamos conversando na varanda – Disse Tom não muito certo do que tinha dito.
Estávamos no chão do seu quarto, encostados á cama. Tom estava deitado no chão com os braços cruzados atrás da cabeça e eu, deitada por cima dele. Agradeci por sua “animação” não estar mais tão visível, ele estava mais calminho depois que eu impus limite.
– Não acho boa, eles sabem que nós não ficamos conversando sem querer matar o outro, aliás, alguém possa ter ido à varanda e nós não estávamos lá – eu disse.
– Conversando no quarto?
– Muito pervertido, Gustav vai me matar – Eu disse.
– Saímos pela porta dos fundos e fomos dar uma volta na rua?
– Muito suspeito.
– Então inventa você uma mentira convincente, senhora dona da verdade – Ele disse rindo, o que fez os dois corpos balançarem, provavelmente não uma boa coisa se ele quisesse não parecer “animado” – ops.
– Que tal essa: eu estava na varando ao telefone, e tropecei, torcendo o pé. Como seu quarto é ao lado, você me ouviu e veio me ajudar, me levando até seu quarto. Colocamos gelo por um tempo enquanto conversávamos sobre meu equilíbrio – Eu sorri – Bem convincente, não é?
Ele bufou, sorriu e selou seus lábios nos meus por um curto tempo, depois se levantou me colocando em seu colo.
– Pára de ser tão melhor do que eu – ele disse.
– Não, sou não. Você que é o astro do rock aqui.
– Isso não impede que você seja melhor do que eu – Ele tocou meu piercing e eu fiz uma careta – Vamos, porque eles devem estar preocupados.
Eu me levantei para colocar meu salto, o que foi rápido e depois arrumei meu cabelo no banheiro do quarto de Tom. Eu não poderia parecer que tinha acabado de trocar mil e um beijos com Tom – justamente com Tom, que gosta de fazer estragos e deixar marcas dolorosas no meu pescoço.
Depois que ele terminou de concertar a faixa e o boné, saímos do quarto um ao lado do outro e voltamos para a sala de estar, estranhando o ambiente.
Bill estava sentado no sofá com Chelsea em seu colo, adormecida parecendo a branca de neve com cabelos loiros. Simone e Gordon trocavam baixas opiniões com Gustie, Jost e Georg. Era um ambiente muito silencioso. Assim que me viram, Gordon disse:
– Aí estão eles.
– Onde estavam? – Gustav perguntou calmo.
Eu troquei rápido olhar com Tom e me aproximando, disse:
– Eu fui à varanda atender o celular e... – Fui interrompida pelo meu próprio tombo enquanto me aproximava do carpete preto que cobria o chão da sala, meu salto ameaçou ficar preso e eu caí, mas Tom foi rápido e me puxou com as duas mãos na minha cintura, nós rimos – Isso mesmo que aconteceu, eu caí e torci o pé. Tom me ajudou a colocar gelo.
– Ela costuma cair assim mesmo – Georg comentou com Simone.
– Ah, valeu por cuidar da minha prima – Disse Gustav para Tom
– Vamos logo, rapazes? – Disse David – Já está tarde e temos um longo dia pela frente.
– E Chel já está dormindo... – Sussurrou Bill, pegando a garota no colo e se levantando do sofá.
– Simone, Gordon, foi um prazer jantar novamente com vocês! – David se despediu.
Depois que todos trocaram cumprimentos, os meninos foram na frente, Tom ainda com o braço na minha cintura, me conduziu por último até o carro na rua escura e bem fria. Nos sentamos um ao lado do outro. As cabeças iam se inclinando até que todos dormiam dentro do carro e James dirigia lentamente. Eu inclinei minha cabeça e encostei-me a Tom, fechando os olhos por algum momento e adormeci.

Chegando ao hotel, David acordou os meninos. Bill foi o primeiro a sair do carro levando Chelsea no colo, que ainda dormir. Tom passou Julia para seu colo, para que pudesse colocá-la delicadamente no colo.
Gustav observou a cena calado, com um pouco de ciúmes da prima mais nova e desconfiança sobre Tom, mas vendo-o segurá-la tão cuidadoso com cada movimento o fez mudar um pouco de idéia e deixou sem protestar que Tom a levasse para o elevador.
Na porta do quarto de Georg, o mesmo perguntou para Tom:
– Quer que eu leve a mala dela para seu quarto? – Tom arqueou as duas sobrancelhas surpreso para Ge, e trocando olhares com o melhor amigo, Tom sorriu como agradecimento por Georg ter deixado-a dormir com o garoto.
– Obrigado – Tom agradeceu, levando a garota para seu quarto.
Colocou Julia na cama de casal sem saber o que fazer com as peças de roupas que a cobriam e poderiam incomodar durante a noite. Assim que Georg chegou, ele cutucou o ombro do amigo e apontou para a menina, Georg riu e se aproximou da cama, tirando primeiro o salto da menina, a meia calça e depois o casaco.
– Ter uma garota nas mãos é muito complicado para o Kaulitz que nunca mantém um relacionamento? – Georg debochou batendo no ombro do amigo – Vai aprender a cuidar dela se quiser tê-la.
Georg saiu do quarto, mas antes Tom puxou o amigo e o abraçou.
– Sério, obrigado, cara – Ele disse.
– Tudo bem, você gosta de verdade da menina.
– Não sei explicar o que eu sinto...
– Tom, me solta. Isso é muito gay.
Os dois meninos riram e Georg foi para seu quarto, enquanto Tom fechava a porta e se colocava ao lado da pequena garota de cabelos muito escuros. Um ato inconsciente da própria o fez despertar antes que atingisse o sono. Julia juntou os joelhos e se encolheu próximo ao pescoço de Tom, que logo passou os braços pelo corpo dela e a cobriu com o edredom quente, depositando um selinho nos lábios de sua pequena.

Eu estou lá, quando você quiser. Olhe em volta, então você me verá. Não importa onde você esteja, se você me alcançar eu vou te segurar – Tokio Hotel

Postado por: Grasiele

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