segunda-feira, 16 de abril de 2012

By Your Side - Capítulo 12 - Thunder

– Kaulitz, pára com isso! – Eu tentei o empurrar.
– Por que, Benjamin? – Ele imprensou mais seu corpo contra o meu.
– Porque alguém pode chegar!
E se alguém me visse com Tom naquele estado, dentro de um elevador, os dois encharcados de água com cloro – sem mencionar que o Tom estava pressionando o corpo contra o meu – provavelmente pensariam besteira.
– Ninguém tem nada haver com nossas vidas!
– Mas não seria nada legal nesse hotel lotado de fãs. – Eu cedi, fechando os olhos.
Tom foi feroz e aproveitou a brecha para voltar a me beijar. Suas mãos experientes passaram pela minha cintura nua e foram até minha nuca, como se controlassem minha cabeça e para onde eu devia movimentá-la.
Eu ouvi o sino do elevador e a porta se abriu.
– Ops.
Eu e Tom nos separamos rapidamente – os dois com respirações alteradas. Olhamos envergonhados para a figura de longos cabelos castanhos com seus intensos olhos verdes e as bochechas – agora – rosadas.
– Georg! – Eu arfei, passando a mão pelos cabelos molhados como um gesto envergonhado.
– Então... Desculpe-me. – Ele se virou de volta para o corredor, mas não começou a andar – Eu não sabia... Quero dizer, Jus, o Gustav tinha pedido para te chamar, por que hoje à noite...
– Ge – Tom disse, despertando nossa atenção, Georg se virou.
– Eu quis dizer, hoje à noite vamos sair, Gustav te mandou se arrumar. E iria te perguntar se quer voltar para meu quarto.
Eu fiquei meio vermelha. Eu queria ficar no quarto do Tom, mas dizer isso agora que ele acabou de nos flagrar em uma situação tensa iria ser meio estranho. Mas a minha sorte anda sempre em alta.
– Jus! – A menina loira como fantasma apareceu – Você está aí! O- O que, por que está toda encharcada? Ah, não importa. Vai tomar um banho, nós vamos jantar fora.
Chel me puxou pelo braço me tirando daquela situação tensa e me arrastou pelo corredor até meu quarto. Tinha minhas roupas em cima da cama.
– Você mexeu na minha mala, seu fantasma!
– É que você demorou a subir e eu arrumei tudinho, vamos para a balada, sabia?
Eu sorri. Baladas são legais.
Chelsea me empurrou para o banho, uma banheira cheia de água quente, eu não demorei muito como antes, não gosto de me banhar na própria sujeira.
Por algum acaso, ninguém entrou no quarto todo esse tempo, eu imaginei Tom Kaulitz vagando pelo hotel cheio de fãs sem camisa e molhado.
Saí do banheiro e Chel me esperava sentada na cama, já arrumada. Usava um salto alto rosa – eca – jeans branco, um tomara-que-caia e uma jaqueta. Ela segurava um salto preto com uma pequena caveira prateada na ponta.
– O que é isso? – Perguntei enrolando a toalha no corpo.
– O símbolo do creepy bones, uma caveira. – Ela sorriu – É claro que eu não sou muito fã disso, mas você é. Então vai usá-lo.
– Isso é seu?
– Ganhei de aniversário, mas não quero. Agora é seu. Se vista.
Eu peguei as peças de roupa em cima da cama e me troquei – um jeans escuro rasgado nos joelhos, uma blusa de um rosa escuro com LOVE escrito no meio, com uma jaqueta jeans e minha pulseira de metal que eu nunca esquecia -, em seguida, coloquei o salto. Eu caí no chão assim que tentei ficar em pé, Chel gargalhou.
– Jus, você precisa aprender a ficar de pé num salto!
– Eu não tenho equilíbrio, senhora Cinderella-sabe-ficar-de-pé-num-salto.
– Vamos treinar – Ela puxou minha mão e saiu andando pelo quarto.
Meus pés se embolavam e eu tentava mantê-los em uma linha reta, mas parecia impossível, até eu perceber que estava andando. Ela parou aplaudindo, ou seja, soltou minha mão, nem se passou dois segundos de aplausos quando eu a derrubei no chão, caindo em cima do fantasma.

Depois de um tempo treinando andar perfeitamente em cima do salto, eu até consegui enganar, mas sou a senhora desequilíbrio ainda.
Bateram na porta e Chel abriu, eu estava penteando o cabelo e não reparei quem era, eu cantarolava uma música em inglês.
– Jus, os meninos estão chamando. – Chel avisou.
– Mas Tom nem tomou banho – eu respondi.
– Tomou sim, ele já está pronto.
Eu me virei para a porta, e ele estava parado olhando exatamente para mim, mas não para os olhos ou o rosto. Olhava para meu corpo, minhas peças de roupa ou talvez como elas ficavam no meu corpo. Sua boca estava entreaberta como se admirasse o que via.
Ele havia trocado de piercing, agora era uma argola preta e fina que contornava aquela parte dos lábios. Em sua blusa estava escrito Tokio Hotel e ele não usava boné, apenas a comum faixa preta e grossa.
– Vamos, Chel. Não quero me atrasar – Eu disse atravessando o quarto, meu movimento fez Tom se mover também.
– Dá pra falar em alguma língua que eu entenda? – Ele disse fechando a porta com chave.
– Eu estou falando alemão! – Eu disse – Estou, né?
– Quando você se distraiu você falou português – Chel respondeu indiferente. – Mas eu nem percebi.
– Chelsea, você também é brasileira? – Tom perguntou.
– Não, sou alemã. Nasci aqui e fui morar no Brasil, mas depois voltei.
Descemos de elevador em silêncio e os garotos estavam nos esperando na recepção. Eu me impressionei com eles, estavam impecáveis. Georg ficava bem com um casaco verde, Gustav estava todo de preto e não tinha palavras para descrever Bill. Usava uma jaqueta estufada preto e vermelha com as mangas erguidas até os cotovelos e luvas pretas.
– Vocês querem jantar primeiro? – Bill perguntou.
Todos concordaram, e James nos levou na grande limousine preta até um restaurante em um bairro afastado do Centro. Era calmo demais para Berlim, mas muito bonito e organizado. Nada de paparazzis. O restaurante parecia pequeno, mas era muito grande.
O jantar não foi nada devagar, mas não ficamos muito porque era suspeito demais ficarmos duas horas em um restaurante chique de Berlim sem ninguém tirando fotos.
Já a balada era muito grande e chamava atenção, mas isso não havia duvidas. E também não haveria dúvidas de que haveria os caras com câmeras fotográficas gigantes. Já tínhamos discutido sobre isso.
– Vocês não precisam ficar grudadas nos garotos – Disse David comigo e Chel. – E nem me procurar – ele terminou com uma risada pervertida.
Passamos pela fila e ninguém pareceu reparar que estávamos seguindo o Tokio Hotel.
– Sinceramente, não sei como os seguranças deixaram a Benjamin entrar – disse Tom. – Ela parece uma criança com esses 1,50.
– Eu não tenho 1,50, Kaulitz! Se barrassem minha entrada teriam que barrar a tua também, por ter cara de tarado!
– Tarado, é? Que bom que você não dorme no mesmo quarto que eu. – Ele disse com um tom sarcástico.
Os meninos e Chel riram – Georg estava quase sufocando de tanto rir. Seguimos juntos até o bar e pedimos bebidas. Georg, Tom e Gustav pediram bebidas alcoólicas, Bill, Chel e eu pedimos coca-cola.
– Bill, vamos fazer um acordo por essa noite – Disse Chel – Leve Tom e os meninos com você e fique bem longe de mim, que vou estar com Julia.
– Para evitar confusão? – Bill perguntou
– Sim, para evitar confusão entre os dois.
– Posso mudar de lado? – Georg perguntou – Eu quero ficar com Chel e Jus.
– Você vai perder a “nossa diversão”? – Gustav usou aspas com as mãos. Eu tampei a boca para não rir.
– Erm, pensando melhor – Georg deu um passo para trás e todos riram – Mas, Jus, eu ainda quero falar um negócio com você.
– Amanhã, Ge. – Eu acenei e me virei com Chel do meu lado, indo para o lado oposto dos meninos, para mais perto das caixas de som.
O som ficou muito alto e ouvir alguém falar parecia impossível, o som estava muito dançante e Chel me levou para dançar perto das caixas. Ficamos lá por músicas, até eu me sentir sem ar com a boca seca. Ela parecia ainda ter fôlego.
Eu vou continuar aqui! – Ela gritou para poder escutá-la.
Eu já estava me distanciando quando vi Bill se aproximando de Chelsea. Ele estava sozinho, começaram a dançar juntos e eu fui para o bar no andar de cima. Era um andar cortado ao meio, você podia ver do pequeno muro o lado de baixo da balada. Tinha mesas e cadeiras, mas poucas pessoas. Sentei-me no barzinho e pedi um refrigerante.
Eu estava olhando para o nada, quando um homem se sentou no banco ao lado e falando em inglês, pediu uma bebida ao garçom. Ele era simplesmente lindo, com um cabelo repicado e loiro e olhos claros, mas não devia ser da Alemanha.
– Eu não sabia que aquelas crianças da bandinha de rock iriam aparecer. – Ele falou com o garçom – Eles são tão nojentos, esse... Como é o nome? Arg, vão chamar atenção dos paparazzis e vai ser uma loucura.
Eu observei o homem.
– Tokio hotel, não é? – Eu ri assim chamando atenção do estrangeiro. – Você conhece eles?
Mente, Jus Schäfer! Mente se você quiser ficar com ele!
– Já ouvi falar – eu respondi. Quem dera o cara soubesse que eu sou prima de um deles. – Não gosta deles?
– Nada contra, só que eu sou ator e estou querendo passar um tempo sem ser flagrado em alguma boate. – Ele riu descontraído – Me chamo Danny.
– Julia – Respondi, cumprimentando-o.
– Você é daqui mesmo? – Ele perguntou – Por que eu sou de Londres.
– Não, eu sou do Brasil. – Ele se surpreendeu, provavelmente por eu estar na Alemanha falando inglês.
– Passando as férias? – Ele perguntou.
– Vim visitar um primo e uma amiga.
– Você não está se divertindo nada aqui, não é? – Ele disse, se aproximando com o rosto.
– É, está bem chato. Alguma sugestão?
Danny estava próximo o suficiente para me beijar. Eu desviei os olhos e encontrei parado próximo á escada, o meu ídolo. Quem nada iria gostar de vê-lo seria Danny. Eu diminuí o espaço entre nós, beijando Danny. Imaginava agora a cara do Tom Kaulitz vendo isso.
Alguém pigarreou atrás de mim e eu me separei.
– Então, já conheceu alguém, Julia?
Eu fechei os olhos e rezei para que ele não tivesse feito isso.
– Espera, você não é...? – Danny se levantou da cadeira.
– Tom Kaulitz, sou. – Tom estendeu a mão – Namorado da garota que você acabou de beijar.
– Kaulitz? – Eu abri os olhos – Kaulitz!
– E você, quem é? – Tom continuou.
– Sou Danny... – O ator inglês muito, muito bonito disse todo envergonhado por ter me beijado.
– Kaulitz! Você... – Eu estava tentando desmentir esse idiota, quando Tom fez a única coisa que poderia rebaixar minhas poucas chances de ficar com o cara, para zero.
Ele virou meu banco de forma que eu pudesse ficar de frente para ele e o resto foi muito rápido. Usou as mãos para abrir minhas pernas e se encaixar, encostando seu corpo no meu. Uma de suas mãos foi até meus cabelos e a outra na minha cintura. Tom me surpreendeu, me beijando. Um beijo de verdade em publico, nada de selinhos. Que nenhuma câmera fotográfica registre isso, eu pensei. Eu, como de costume, tentei afastá-lo, mas desisti com a intensidade do beijou. Ele me segurava cada vez mais forte, mas eu sentia que ele estava sendo cuidado ao me tocar. Foi um dos beijos mais estranhos. Era um misto de raiva e ciúmes, como se quisesse provar algo. Não era nada sentimental.
Eu me inclinei para trás e isso dificultou Tom em continuar a me beijar. Funcionou, ele me soltou. Eu olhei para Danny sem expressar emoção.
– Foi mal, ela não tinha me dito nada. – Danny foi curto e se distanciou com sua bebida na mão.
Eu empurrei Tom e desci do banquinho, ficando menor que ele. Desejei voltar ao banquinho para encará-lo na mesma altura.
– Você bebeu, seu retardado? – Eu tentei gritar, mas não conseguia.
– Agora eu sou alcoólatra, tarado, retardado...
– O que tem na sua cabeça para me beijar desse jeito? EU ESTAVA ME DANDO BEM COM AQUELE CARA E VOCÊ CHEGA REBAIXANDO MINHAS CHANCES PARA ZERO E...
– Julia – eu parei de pensar quando ele disse meu nome, segurou meus pulsos me puxando para perto e abaixou a cabeça para me olhar direito – Esse lugar é muito barulhento, mas você está chamado atenção.
– Agora resolveu ser discreto? – Eu me acalmei um pouco, mas incomodava ter meus pulsos presos – Pode me soltar agora.
– Com você por perto é difícil ser discreto, mas não. Não vou te soltar, namorada.
Eu fiquei sem fala, mas logo arranjei algo para dizer.
– Olha só, cuida da sua vida que eu vou me divertir da forma que eu quiser. Você tem bosta na cabeça, Kaulitz.
– Ah, cara! Você fica tão linda quando está nervosa. – Ele puxou meus pulsos para seu peito e se aproximou com rosto.
– Acha que consegue me fazer desviar os pensamentos quando chega perto?
Tom ficou sem resposta e aos poucos soltou meus pulsos e eu me afastei.
– Você nunca vai ser meu namorado, ta?
– Provavelmente, eu não namoro. Você já deve ter ouvido alguém falar isso de mim.
– Vai pro inferno, Kaulitz – Eu me virei descendo as escadas.
– Some, Schäfer.
(...)
Estava dançando com Chelsea quando ela começou a fazer caretas olhando através de mim, eu pensei em me virar, mas ela me puxou na mesma hora e saiu me arrastando para um barzinho próximo.
– O que foi, Chel? – Eu perguntei um pouco arfante pela corrida até o bar.
– Só estou com sede. Quer alguma coisa? Se estiver com fome também conta. – Ela falou rápido com aflição visível.
– Chelsea!
Ela bufou.
– Não olha agora, mas olha o Tom com aquela garota...
– Pff! – Eu travei uma guerra comigo mesma para não me virar – Dane-se o Tom e quem quer que seja a garota. Garçom, eu quero um candy cane.
– Você tem mais de dezoito anos? – Ele me encarou pegando a garrafa e o copo.
– Claro. – Menti.
– Jus! – Chel puxou meu braço para baixo – Você está louca? – Falou em português.
– Estou me preparando para o que vou encarar – respondi na mesma língua.
Chel riu e disse:
– O Tom está visivelmente bêbado e a vagabundinha ali está se aproveitando disso.
Eu me virei tão rapidamente que quase caí do banquinho, e ali estava. Tom estava encostado na parede, segurando um copo que devia ser Martini, e no meio das suas pernas se encontrava uma menina que não devia ser mais velha, cabelos curtos e ruivos. Usava saia curta e blusa justa. Ela dizia algo muito perto da boca de Tom e suas mãos mexiam na barra da calça gigante dele.
– Quem é você? Eu achei que fosse a fã do Tom, e que se pudesse estar perto, iria cuidar dele – Disse Chel.
Eu terminei de beber a bebida quente e não encarei Chel nos olhos.
– Eu também achei que fosse essa fã. Mas parece que deixei de ter um ídolo.
– Do que você está falando?
– Eu acho – Comecei a falar me levantando do banquinho -, que estou gostando do meu ex-ídolo de outra forma.
– Aonde você vai? – Chel olhou para longe, e deve ter visto algo muito interessante – Não quero mais saber – riu.
Ela se levantou e foi em outra direção, enquanto eu fui em frente, onde estava o Kaulitz.

– Então, gatinho – A garota disse subindo uma das mãos para a gola da camisa do Tom -, nós podemos ir para minha casa.
– Eu acho... – Tom dizia lentamente.
– Georgia – A garota disse rápido.
Tom ignorou a informação do nome da menina, puxou o rosto dela para mais perto e a beijou, sem hesitar, sem selinhos. Era só um beijo sem sentimento. Mas foi suficiente para meus olhos queimarem de raiva.
– Tudo bem, então vamos para a sua casa – disse Georgia.
– É apartamento – Eu disse me aproximando.
– O que você disse? – A ruiva se virou com cara de poucos amigos para mim.
– Que ele tem apartamento, e não casa. Ele também não mora aqui.
– O que você quer aqui, perdeu algo? Estamos ocupados. – Ela passou a mão no rosto do Kaulitz erguendo um pouco a faixa que ele usava.
– Perdi meu namorado, por acaso, esse que você está beijando.
– Nanica, você perdeu e eu achei. Se ele fosse teu namorado você não teria perdido.
– Me dê licença – Eu puxei a ruiva até desencostá-la de Tom – Só quem tem direito de me chamar assim é ele. Já ta na hora de ir embora, dá pra ser ou ta difícil? Some.
Tom estava tão bêbado que só observava. Eu segurei sua mão e encostei-me a ele.
– Eu acho que seu “namorado” não quer que eu vá. Pergunta para ele.
Essa criatura continua insistindo?
Eu passei a outra mão para o pescoço dele e beijei o canto da sua boca. Nem em mil anos eu iria o beijar depois dessa ruivinha ter tocado nos lábios dele.
– Vamos, Tom. – Eu o puxei passando pela ruiva-baranga-Georgia, ela estava de queixo caído – Eu gosto dessa música, vamos dançar.
Eu me enfiei na multidão com Tom andando como um pingüim bêbado atrás de mim. Eu puxei o copo de Martini, tomei o que restava e deixei o copo vazio na bandeja de qualquer garçom.
– Você já bebeu demais por hoje – eu informei ao Tom enquanto largava o copo vazio.
Paramos em baixo do globo de disco e eu o virei pelos ombros para que ficasse de frente para mim, comecei a me mexer no ritmo da música agitada que eu conhecia bem, When I Grow Up, do Mayday Parade.
– Você é maluca? – Tom pareceu começar a raciocinar, ele também começou a se mexer e se aproximou de mim.
– Não, Kaulitz. Só vingativa. – Eu parei de falar para poder aproveitar a música, fechei os olhos fazendo algumas caretas por causa da letra. – Vingativa porque você provavelmente iria se dar bem com aquela Geo-Georgia... Boys call you sexy, and you don’t care what they say… E você me tirou a chance de me dar bem com o Danny.
– Você não estragou nada. Eu não queria nada com ela – Eu vi Tom fechar os olhos com força, eu não imagino por que.
– Não estava afim dela? Se não estivesse... – Eu me mexi, movendo os braços para cima e mordi o lábio inferior antes de cantar – ha, ha, ha, ha, anything at all for them to notice me, ha, ha, ha, ha… Kaulitz, se não tivesse o resto de sanidade que te resta, teria feito algo nada agradável no meio da boate com aquela ruiva. Estraguei sim, porque para você, qualquer monte de lixo não-reciclável como ela é alguma coisa, se fosse bom o suficiente teria uma namorada.

Tom se aproxima um pouco hipnotizado pelas caretas que Julia fazia enquanto cantava, a intensidade que a música fazia a garota se movimentar para ele, era impressionante. Ele abriu e fechou os olhos um pouco tonto, e ao mesmo tempo se aproximando da garota que mordia o lábio inferior, bem em cima da linha do corte em sua boca.
– Você? – A única coisa que ele conseguiu dizer, após começar a ficar excitado com os movimentos da garota. Ele colocou as mãos na cintura dela, e isso o obrigou a se mexer da mesma forma que ela.

– Eu o que? Sua namorada? – Coloquei meus braços nos ombros de Tom, e como ele é mais alto, precisei me aproximar mais.
Ele estava próximo de meu ouvido e murmurou algo como “sim, talvez”. Eu ri, seja qual fosse a resposta.
– Já fingimos ser um casal duas vezes nessa noite, Kaulitz. Be careful what you wish for 'Cause you just might get it. Não novamente.
– Eu sou tão ruim assim? – Ele sussurrou, mas agora estava claro o que ele dissera.

Tom puxou Julia pela cintura e encostou seu corpo no dela, ficou quente. Ele desceu os lábios traçando um caminho de sua orelha até o pescoço, que ficou imediatamente arrepiado. Mordiscou levemente a pele sensível da menina e terminou com um beijinho.
Julia fitou Tom, um tanto chocada.

– Sou, Schäfer? – Ele perguntou novamente com a sobrancelha erguida. Eu notei que o meu sobrenome nessa frase fora só para me provocar.
– Isso era para me seduzir? – Eu arqueei a sobrancelha, levando meu rosto até que eu pudesse encostar a ponta do meu nariz no dele – Para me fazer esquecer nossas brigas de todos os dias e responder essa pergunta ridícula? – Rocei meus lábios levemente no seu queixo – Você acha mesmo que sou eu quem deve julgar o guitarrista de uma banda de rock conhecida mundialmente, sendo bom ou ruim para uma garota do Brasil como eu? – Eu observei Tom fechar os olhos suavemente ao me sentir falar tão perto de sua boca tão convidativa para um beijo.
Você é a única que não me deseja... – Ele sussurrou desconecto, afrouxando as mãos na minha cintura.
– E depois sou eu quem me derreto por um simples abraço seu. – Eu disse e me afastei, fazendo com que ele me soltasse – Uma garota do Brasil não pode nem falar muito perto de você, que você quase... – Eu ri – Você sabe.
Tom fez um biquinho, se virou e arrastou os pés como um pingüim para meu lado oposto, eu fui atrás dele.
– Kaulitz? Kaulitz! – Eu gritei, mas garanto que ele não pode ouvir
Tom parou na frente do barman e pediu mais uma bebida. Até eu afastar as pessoas que se colocaram no meu caminho, ele já tinha tomado metade do copo.
No seu próximo gole, eu coloquei a mão na frente e tirei o copo de sua mão.
– Kaulitz, eu acho que já está na hora de você voltar ao hotel. Chega de bebidas.
– Juliaaaa... – Eu acho tão fofo quando ele faz biquinho para falar meu nome – Você não manda em mim.
– Mas você está fora de controle.
– Eu já tenho dezoito anos, mamãe Simone.
– Você tem dezessete, faz dezoito primeiro de setembro! – Eu entreguei o copo de bebida para o barman.
– Como você sabe disso?
Eu não soube o que responder, e resolvi mudar de assunto.
– Kaulitz, vem. Eu te levo para o hotel – eu disse o puxando pelo braço. Ele não fez força contra, apenas me seguiu.
Ao sair da balada, pedi ao segurança que segurava o guarda-chuva para Tom, fizesse o máximo para que não deixasse sua cabeça aparecer até chamar um táxi. Entramos no primeiro que apareceu, eu informei a localização do hotel – não sou tão tonta assim a ponto de não prestar atenção – e peguei o celular, apertando a discagem rápida de Chelsea. Ela atendeu em poucos bipes.
– Jus?
– Chel! Tom estava extremamente bêbado e eu...
– Benjamin, eu não estou tão bêbado! – Ele me interrompeu.
– O infeliz do meu ex-ídolo estava muito bêbado – eu falei em português e o taxista me olhou pelo retrovisor –, e eu peguei um táxi para o hotel.
– Tudo bem, acho que vou fazer o mesmo – ela respondeu.
– Não! Não deixe Gustav e Georg sozinhos.
– Ta, eu pego eles.
– Tchau, Chel, boa noite – Eu desliguei o celular sem esperar resposta.
Chegamos ao hotel bem rápido e foi tempo suficiente para a adrenalina que corria nas veias de Tom, se acalmasse. Ele estava loucamente bêbado que eu precisei ajudá-lo a sair do carro. Depois dessa, ele nunca mais volta a ser meu ídolo. Agora meu Kaulitz favorito é o Bill.

– Kaulitz, colabora! – Eu tentei me manter em pé enquanto subia os degraus da escada – Você não é uma pena.
– Não é culpa minha se o elevador teve que ser desligado. – Ele disse de forma fofamente bêbada.
– O elevador é desligado sempre à noite! Se você não estivesse tão bêbado...
– É só não subir as escadas.
Tom se sentou no degrau do segundo ou terceiro andar, puxando meu braço junto, eu fui jogada em cima do seu colo.
– Ops – O Kaulitz bêbado riu.
– Ai, meu Deus! Kaulitz, me deixa levantar – Eu tentei me erguer, mas o garoto me abraçou com um braço segurando fortemente minha cintura. A ponta de seus dedos acariciava meu braço me trazendo arrepios.
– Por que você sempre foge? Fica aqui – ele fechou os olhos, cansado -, comigo.
– Kaulitz, você está muito fora da realidade. – Ele abriu os olhos, e aproximou seu rosto do meu. Eu senti cheiro de álcool o que deixou o clima muito melhor. Ele mexeu no piercing com a língua.
– Estou?
– Sim, está. Deixe-me levantar. – Eu virei o rosto.
– Não faz isso, cara! – Ele reclamou com uma voz manhosa e se inclinou para os degraus acima me soltando, eu me levantei. – Eu estou tentando ser o suficiente.
– Para que?
– Para você parar de me ignorar!
Eu bufei e puxei o braço de Tom, ignorei cada palavra dele e agüentei o ser bêbado escada acima até o quarto.
Assim que abri a porta, ele saiu andando em linha torta até a cama e se jogou nela.
– Ah, não! Você vai tomar banho! – Eu disse fechando a porta.
– Duvido você me obrigar. – ele falou com a voz rouca e eu respirei fundo, com os hormônios alterados.
Eu fui até a cama, já sem paciência com Tom, puxei sua faixa preta e os tênis.
– Tom Kaulitz, agora!
Ele me encarou com uma sobrancelha erguida, se sentou na cama e puxou a camisa pela cabeça, ficando apenas com a calça larga e a barra da Box aparecendo. Eu fiquei vermelha na hora e ele reparou.
– Você está corada. – Ele riu e se levantou da cama me ignorando e indo para o banheiro.
Eu fui atrás dele e abri o chuveiro no gelado, saí do banheiro de fininho e fechei a porta só esperando pelo seu grito.
– JUUUUUUULIA! ARG TÁ GELADO ISSO AQUI!
Eu gargalhei e coloquei meu pijama. Arrumei o sofá para Tom dormir – imagino que bêbado ele não vá reclamar muito.
Ele saiu do banheiro com a toalha branca em volta da cintura, os dreads presos em um coque gigante e gotas de água apostando corrida no seu corpo.
– Minha cabeça está doendo! – Ele reclamou baixo, passando por mim.
– Por que você está bêbado.
– Estou raciocinando muito bem depois daquele banho gelado.
Eu ri. Tom colocou sua calça de pijama e se sentou no sofá sem reclamar. Eu apaguei a luz e fechei os olhos ouvindo a chuva do lado de fora da janela.
Ouvi um trovão. Eu tenho medo de trovões. Tentei relaxar. Mais um trovão e eu gemi com medo.
– Eu não consigo dormir – resmunguei esperando que Tom ouvisse.
Eu ouvi sua risada calorosa, o som dela era tão bom que eu sorri também.
– Você nem deitou direito.
– Eu tenho medo de trovões – admiti.
– Tenta mais um pouco.
Eu fiquei em silêncio e depois de um tempo achei que Tom já estivesse dormindo, eu ouvia os trovões de longe e choramingava a cada vez que os ouvia. As horas foram passando e eu não conseguia dormir.
Eu me enrolei na coberta e caminhei até o sofá. Tom dormia incrivelmente perfeito. Eu me deitei ao seu lado, mas ele acordou resmungando.
– Desculpa te acordar – eu disse.
– Que horas são?
– Três – respondi curta.
– E por que me acorda?
– Para te perguntar umas coisas.
Tom bufou, fechou os olhos novamente e passou a coberta por cima do rosto.
– Quando você fecha os olhos, no que você pensa? – Eu ignorei seu gesto e ouvi mais um trovão, estremeci.
– Sei lá.
– Me responde Tom. – Eu tentei dizer de forma meiga acima do medo.
– Seu rosto – Eu me surpreendi -, e a forma que você me tratou hoje. – Ele tirou a coberta do rosto e me fitou. Levou uma das mãos a um fio de cabelo fora do lugar – Isso foi estranho para mim.
Eu não sabia do que ele estava falando na última frase, mas ignorei.
– Que bom, porque na minha cabeça veio o seu.
– Agora posso te fazer uma pergunta? – Ele perguntou.
– Pode.
– Posso dormir ao seu lado?
– Mas... Sou eu quem vim para cá. – eu sorri.
Tom passou uma das mãos por baixo do meu edredom e me tirou do sofá, me colocando na cama e se deitando ao meu lado.
– E agora?
Eu fechei os olhos sorrindo e levei a cabeça para trás, isso foi como um sim. Ele entendeu, tirou parte do edredom de mim e se cobriu também.
Com a respiração forte dele ao meu lado, o som dos trovões era quase inaudível, eu pude fechar os olhos e adormeci.

Julia se movimentou, já adormecida e Tom acordou por sentir seu corpo se arrepiar quando seus braços se tocaram, ele passou as mãos pelo rosto dela, e um pouco confuso no que deveria fazer, apenas olhava para a menina enquanto penteava seu cabelo com as mãos.
O Kaulitz mais velho não resiste ver Julia interagindo com o sonho fazendo um pequeno biquinho proporcional ao seu tamanho e se aproxima para selar seus lábios nos dela, mas ela acorda.

– Kaulitz?
– Desculpa – Ele disse, se afastando.
– Não faça isso uma terceira vez. – Eu disse.
– Terceira?
– Eu estava acordada naquele dia quando você entrou no meu quarto.
– O que mais você esconde de mim, Julia?
– Algumas coisas, mas a gente conversa disso amanhã, eu estou com sono. – Eu respondi.
– Você me quer aqui para dormir – ele sorriu, se acomodando perto de mim.
– Sua besta, dorme Kaulitz.
– Me chama de Tom.
– Então me chama de Julia novamente.
Nos encaramos por um segundo e os nomes saíram misturados no segundo seguinte. Rimos.
– Boa noite, Tom.
– Boa noite, Julia.
Eu fechei os olhos e sua última frase ficou ecoando na minha cabeça, por que era sempre assim. A voz dele era a voz que incendiava minha mente a cada segundo, e conhecê-lo pessoalmente não mudava nada, era só um pouco de sorte na minha vida tê-lo junto de mim. Mesmo que fosse por tão pouco tempo.

Postado por: Grasiele

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Arquivos do Blog