segunda-feira, 16 de abril de 2012

By Your Side - Capítulo 13 - Georg

Eu acordei na manhã seguinte com o barulho da porta do banheiro batendo, não muito forte. Tirei o edredom da cabeça e vi Tom passando pelo frigobar para pegar água.
– Desculpa se te acordei – ele falou sem me olhar. Continuou andando pelo quarto procurando por peças de roupas e colocando dentro de sua mala.
Eu me sentei na cama passando a mão pelo rosto.
– Onde vamos hoje? – Perguntei.
– Leipzig – Tom respondeu seco. Tinha terminado de fechar a mala e voltou ao banheiro.
– Sua cidade natal? Legal, sempre quis conhecer.
– Como você sabe disso? – Ele perguntou.
– Gustav disse – menti.
Tom continuava andando de um lado para o outro no quarto. Ele não me deu ‘bom dia’ nem sequer olhou no meu rosto. Eu o achei estranho, a forma que me respondia secamente, estava me ignorando.
– Por que está agindo assim? – Eu perguntei depois de um tempo.
Tom me fitou sem emoção.
– O trato acabou, Schäfer.
– Que trato? – Eu perguntei.
– Ficamos juntos no fim de semana, lembra? E agora tudo volta ao normal. Foi você mesma quem o fez.
Eu senti raiva, muita raiva. Levantei-me da cama em pulo jogando o edredom no chão e gritei:
– FOI ISSO? FOI APENAS UM TRATO, KAULITZ?
Ele não pareceu entender minha reação.
– VOCÊ É UM IDIOTA, SABIA? Você é muito, muito idiota!
– Do que você está falando, Schäfer?
– Você ficou comigo, novamente. Só por um trato. E o que você ganhou com isso? Mais uma na sua lista?
– ACORDA, GAROTA! Foi você quem fez o trato!
– Eu queria que você fosse o mesmo de... – Eu não quis terminar de falar. Peguei algumas peças roupas da minha mala e fui em direção ao banheiro trocar de pijama.
– Termina de falar, Schäfer!
– Não faz diferença, o trato acabou. – Eu disse fechando a porta do banheiro.
Eu queria que Tom fosse o mesmo Tom de ontem. O cara que estava tentando ser bom o suficiente e que fez pirraça na escada por causa do elevador desligado. O cara que gritou quando entrou debaixo da água fria, que disse que meu rosto era o primeiro que veio à sua mente quando fechou os olhos. O mesmo cara que me colocou na cama para pedir novamente para dormir comigo.
Ouvi uma batida na porta, e logo em seguida a voz dele:
– Termina de falar, por favor.
– ... O mesmo de ontem.
– Eu fui alguém diferente ontem? – Passou-se um silencio e depois veio sua voz.
– Não se lembra de nada? – Perguntei do outro lado da porta.
– Com você? Minha última lembrança foi quando estraguei seu beijo com aquele cara. Por quê?
– Nada, Kaulitz.
Eu coloquei algo muito simples. Uma blusa antiga do Green Day, short jeans e uma cardy boot preta. Eu não estava fim de pentear meu cabelo e coloquei uma touca e frouxa.
Atravessei o quarto em passos largos e Tom notou.
– Schäfer, onde vai?
– Para longe de você. – Respondi de forma seca.
– Não, espera... – Ele tentou puxar meu braço, mas eu não permiti.
– Não toque em mim, Kaulitz. Voltamos a ser o que éramos antes, lembra?
– O que isso tem haver?
Eu não tinha respostas, só que agora eu queria ficar bem longe dele. Eu deixei a pergunta ecoando no ar e entrei no elevador pegando o celular no bolso do short. Mandei uma mensagem de texto para Chel, dizia: Onde você está?
Em um ou dois minutos ela respondeu: Café da manhã com Bill e Gustav. Mesa 15. O que foi?
A capacidade que Chel tinha de notar se eu estava bem ou mal era enorme. Veja, por uma simples mensagem de texto, ela já sabia que eu não estava bem.
Cheguei ao refeitório e fiz um pequeno prato com meu café da manhã, eu estava com tanta vontade de vomitar. Me sentei com Bill, Gust e Chel. Georg não estava lá.
– Bom dia, Jus – Bill e Gustav disseram juntos.
Eu e Chel trocamos olhares rápidos e eu comecei a comer um tanto curiosa sobre Georg.
– Onde está Georg? – Perguntei.
– Arrumando as malas – Disse Gustav – Vamos para Leipzig hoje, Jus.
– De ônibus! – Bill exclamou – Estava apenas concertando na oficina de Berlim. Vai estar nos esperando ás duas horas para uma entrevista de última hora.
– Ele vai demorar muito? – Perguntei sem pensar.
– Não sei... Por que tão preocupada? – Bill perguntou. – É só o Georg.
Eu fiquei quieta por um tempo até Bill e Gustav se retirarem, então pude falar com Chelsea.
– Eu e Tom brigamos – disse.
– Jus, me conta uma novidade, minha linda. – Ela riu
– Chel, nós sempre estamos brigados, mas esse fim de semana... Nós ficamos.
– Eu sei disso. – Ela respondeu sem me fitar. – Eu vi vocês na piscina, e depois no Clube.
Eu corei e ela notou apontando para meu rosto e rindo.
– Cala a boca! – Eu exclamei – Arg, você é muito chata.
– Julia – ela disse séria – Logo, logo vocês voltam a se falar e vai voltar ao normal.
– Já voltamos ao normal. Como era antes. Briga após briga.
– Ah, isso nunca deixou de ser normal. Mas o que há entre você e o Georg, ein? Isso sim não é normal.
– Eu só quero falar com ele. Você sabe, ele é meu amigo.
Chel me olhou torto e eu dei um tapa na mão dela, rimos. Já tínhamos terminado o café da manhã e fomos até a recepção onde os garotos estavam – menos Georg. Tom estava lá, olhando para o nada tentando não olhar para mim, provavelmente.
– Já estão todos prontos? – David Jost perguntou, notando a falta do Ge. – Mandei o motorista pegar as malas em seus quartos, e poderíamos passear pela cidade enquanto não chega a hora da entrevista.
– Entrevista? – Tom perguntou
– Sim, uma que eu aceitei há um tempo – Bill respondeu o irmão.
– Marcou uma entrevista sem falar comigo?
– Algum problema? – Bill arqueou a sobrancelha como sempre fazia. Espetacular.
– Não, nenhum. Avisa-me se marcou alguma seção de fotos, sozinho também, ou se vai a alguma balada sem ninguém. – Tom disse tudo muito rápido num tom provocativo.
– Tom, o que é? Qual seu problema! - Bill elevou o tom de voz.
– Você não pode marcar uma entrevista sem falar comigo!
– É só por isso que estamos discutindo, Tom? – Bill voltou a falar normal e encarou o irmão como se soubesse de algo mais.
– Bill, vai à merda. – Tom se virou e saiu em passos largos para as escadas que levavam ao subsolo.
Eu me sentei um pouco tensa com a briga dos gêmeos. Eu já vi vários vídeos de suas brigas, mas isso sempre me deixava mal. Era como ver os meus meninos... O meu Tokio Hotel se quebrando. Não existia Bill sem Tom. Ou qualquer um deles. Só machucava.
– Ei, gente – Ele acenou. Georg passou pelo elevador, seu cabelo fez uma incrível curva de acordo com a direção que ele olhava.
Ele acenou para todos, mas da forma que sorriu para mim, eu senti que fora só para mim. Estendi os braços como se o chamasse para um abraço. Ele o fez, mais ou menos.
Ao invés de se abaixar, me abraçar e recuar, ele segurou fortemente na minha cintura e me puxou para cima, me pegando no colo.
– Sua criaturinha pequena e linda! - Então beijou meu rosto.
– Nossa! De onde saiu um Georg tão fofo assim? – Eu fiquei levemente impressionada.
Ele me colocou no chão ajeitando os fios de cabelo que estavam fora da touca.
– Parece que perdi o café-da-manhã – Georg olhou para a porta fechada – Vou a alguma lanchonete por esse quarteirão. Quer vir?
Eu acenei positivamente e saímos do Hotel pelos fundos juntos. Foi tudo muito tranqüilo passear pelas ruas em volta do quarteirão onde estava o Hotel, caminhamos conversando.
– E o Tom? Ele não estava com você... Quero dizer, não estava lá.
– Nós brigamos – eu bufei –, novamente.
Georg cutucou meu braço com um sorriso perverso no rosto.
– Sabe o que eu vi? Vi vocês se pegando no elevador! – Georg riu enquanto eu ficava vermelha e batia no seu braço, que por acaso, é muito musculoso. Só detalhe.
– Ok, já pode esquecer isso. Pára de rir, Ge!
– Ele beija bem? – Eu gargalhei com a pergunta – O que foi?
– Para que você quer saber?
– Ah, ele sempre pega as melhores garotas – eu fiz uma careta – Ér, desculpa.
– Tudo bem, eu já o conheço para saber disso.
Nos sentamos em uma mesa dentro da lanchonete, eu pedi um milk-shake e ele pediu uma coca-cola e um pedaço de pizza como café da manhã.
– Ah, como você é saudável! – Eu usei um tom sarcástico.
– Como o Bill sempre diz: crianças comam pizza, hambúrguer e coca-cola.
Eu me distraí com a vitrine do outro lado da rua enquanto bebia o milk-shake.
– Jus? – Me virei novamente para Georg que me chamava atenção. Ele apoiou os dedos no meu queixo enquanto limpava aparentemente, algum resto de baunilha no meu lábio inferior.
Ele fazia uma careta enquanto se concentrava e eu me perdi em algum lugar no caminho até seus olhos verdes, ou talvez, seu cabelo castanho e incrivelmente liso. Só me lembro de me aproximar enquanto sua mão me puxava delicadamente até ele me beijar. Eu senti que poderia ficar ali por horas. Senti gosto de pizza.
Nós afastamos pelo ar, mas perto o suficiente para sentir pequenos selinhos quando Georg avançava.
Ele levou a mão a minha nuca e me afastou olhando nos meus olhos.
– Julia... – Ele desviou o olhar como se me atravessasse, deveria algo atrás de mim, e então exclamou alarmado: - Temos que sair daqui!
Georg deu um pulo da cadeira e pegou minha mão, eu fui atrás dele até a porta da lanchonete.
– Eu não sei... Não sei se te deixo aqui dentro e chamo um táxi, se saio correndo com você pela rua, ou se ficamos os dois pro resto do dia aqui, trancado!
– Câmeras fotográficas? – Eu perguntei e ele acenou positivamente com a cabeça – Você poderia dar a volta no quarteirão e eu vou pelo outro lado. Eu sei o caminho do hotel.
– Então deixa que eu vou sair primeiro.
Ele segurou meu braço para beijar meu rosto e saiu andando um pouco mais rápido que o normal, os carros deram partida e o seguiram. Eu esperei um ou dois minutos e saí da lanchonete para o caminho mais rápido até o hotel, andei um pouco rápido demais chegando ao hotel em três minutos.
Chel veio até a mim um pouco assustada.
– Por que está arfando e cadê o Georg?
– Fugindo de alguns paparazzis. – Eu ri.
– Acharam vocês? – Bill se aproximou – Mas vocês saíram pelos fundos.
– Talvez tivesse alguém na lanchonete que avisou aos caras – Chel opinou.
– Isso não importa realmente! – Eu disse – Só precisamos trazê-lo com segurança.
– Onde ele está? James! – Bill chamou o motorista que balançou a chave do carro.
– Em algum lugar em volta do quarteirão. – Respondi.
– Vou trazê-lo o mais rápido possível – James saiu correndo e pegou o táxi, que logo desapareceu de vista.
As malas já estavam todas no ônibus de dois andares e todo preto no estacionamento do hotel. Bill, Gustav e Chel passeavam pelo hotel sem nada para fazer, e Tom não era visto desde que desceu as escadas para o subsolo.
– Será que viram você? – Gustav me perguntou e eu me lembrei de ter beijado Georg, eu gargalhei – O que? Por que está rindo?
– Me lembrei de uma piada – menti.
– Conta, eu curto piada – disse Gust.
– É em português – menti novamente
– Então me conta – Chel me encarou desafiadoramente.
– É que... Os fotógrafos chegaram na mesma hora que eu estava beijando o “G” – Eu disse em português e a mandei rir.
– Sobre o que é? – Bill perguntou a Chel
– Sobre um pingüim. Um pingüim idiota.
– Espero que isso não seja uma indireta, Cinderela – eu levantei uma sobrancelha e ela riu.
Nós entramos no ônibus um pouco depois, Georg e Tom subiram também. Era um ônibus legal, no segundo andar onde dormíamos e tinha um banheiro, e no primeiro era como se fosse uma pequena sala, com uma minúscula cozinha – onde você só encontra comida instantânea.
Eu e Chel ignoramos os meninos e nos sentamos no sofá, mexendo no meu notebook – o que é um perigo levando em conta as mil e uma fotos dos garotos dentro dele. Mas eu adoro abusar do limite.
Combinamos de parar no panorama urbano de Berlim para almoçar, David garantiu que não teria nenhum paparazzi lá, depois eles iriam para a entrevista e em seguida, Leipzig.

(...)

– Eu não sei o que dizer – Eu soltei um suspiro pela boca, levando em seguida mais um pouco de almôndegas de carne a minha boca – Também não sei o que fazer e nem se devo.
– Do que você está falando? – Chel perguntou.
Estávamos sentadas em uma mesa próxima a janela, onde podíamos ver o céu, ou, ao olhar para baixo, metade de Berlim.
– Chel! Eu beijei o Georg – Eu disse baixo e ela fez uma cara de surpresa já esperada.
– Isso é um pouco complicado para meu pequeno cérebro, Jus, você sabe. – Ela riu sozinha até se dar conta de que não teve graça – Ai, cara! Você gosta tanto do Tom. O que deu na tua cabeça para beijar o melhor amigo dele?
Ela disse a última frase como se eu tivesse cometido um crime, e isso me deixou mal, eu afastei o prato de comida com nojo.
– Eu... Não sei. Senti vontade – respondi sem graça.
– Imagina se Tom descobre isso, que linda briga Georg foi se meter por culpa sua.
– Ah, não me faça me sentir pior. – Eu murmurei como choro – Talvez eu devo ter sentido algo por Georg também.
Chel elevou as duas mãos como se fossem balanças. “Esse é o peso do Tom” elevou um pouco mais uma das mãos para indicar o peso do Tom, e depois voltou ao lugar, elevando a mão oposta “Esse é o peso do Georg” disse.
– Basta você decidir – Ela desfez as balanças imaginárias e pegou minhas mãos, fazendo a mesma balança.
Eu desisti do jogo de balança quando não cheguei a nenhuma conclusão pensando: por um lado, Georg é meu melhor amigo, mas por outro, eu gosto demais do Tom. Eu me perco no meio do medo de perder meu melhor amigo, ou talvez perder o garoto que eu gosto.
– Conflito nos seus neurônios – Chel riu novamente, e fez uma careta quando percebeu de que suas piadas não são boas.

– Elas nunca se separam? – Tom rugiu – Estão juntas o dia todo!
– Cara, calma! – Gustav falou mais alto do que o normal – E você está estressado o dia todo.
Georg revirou os olhos pensando em acontecimentos recentes. Ele olhou para a janela gigante, um sorriso surgiu no seu rosto e ele não notou.
– O que há? – Bill deu um meio sorriso para o amigo – Está sorrindo estranhamente.
Georg fez uma careta e não respondeu o Kaulitz mais novo. Ele tentou mudar de assunto chamando atenção dos dois garotos distraídos com uma discussão.
– Podemos voltar para o ônibus? Não tem muita coisa para fazer aqui. – Georg ameaçou se levantar e todos o acompanharam.
– Alguém vai chamá-las? – Tom perguntou virando-se para as meninas que conversavam do outro lado do salão sem chamar atenção.
– Chama você – disse Bill – Não pára de falar na garota.
– Eu não estou falando da Schäfer... – Ele tentou se defender
– Alguém mencionou a Julia? Eu acho que não, cara. – Georg sorriu para o amigo com a estranha sensação de querer vomitar sabendo que beijou a garota dele.
Tom ficou levemente corado, e ao se sentir assim foi atrás das meninas antes que um dos rapazes o notasse. Ele se aproximou hesitante.
– Nós já, hm, estamos indo. – Ele se mexia como se não estivesse confortável.
As garotas trocaram um rápido olhar e se levantaram, seguindo Tom.

(...)

Descemos todos no prédio onde o Tokio Hotel faria uma entrevista. Eu e Chel fomos convidadas a ficar ao lado de David em uma sala com produtores, técnicos e tudo mais, enquanto café era servido.
Os garotos estavam em um sofá e a entrevista começou com um jogo que placas que era muito comum. O apresentador fazia perguntas e eles mostravam a placa com o nome do integrante.
– Ok, meninos, já vimos vários vídeos mostrando bem a maturidade de vocês – eu e Chel rimos – Mas, fora das câmeras, quem é o mais engraçado?
Cinco segundos depois, Gustav, Bill e Tom apresentaram as mesmas placas “Georg”. E na placa de Georg estava escrito “Tom”.
– Por quê?
– Não é que ele seja... Engraçado. Ele é tosco. – Disse Tom
– Só de olhar para sua cara... Dá vontade de rir – Bill comentou.
– Eu sou feio, Bill? – Georg perguntou de volta brincando e Bill se atrapalhou para responder.
– Próxima pergunta: Quem é o mais sorridente?
Novamente, as placas diziam Georg, e Georg se embolou nas placas sorrindo, e pegou a que dizia “Gustav”
– Quem é o melhor vestido?
A placa de Tom foi a primeira a ser vista, por ele mesmo. Georg segurava a sua própria placa também, enquanto Bill e Gustav levantaram a placa escrita “Bill”. Chel levantou da cadeira e bateu palmas, eu puxei ela pela blusa rindo.
– Obrigada Gustie, você é tão fofo! – Bill riu enquanto lia as placas dos amigos.
– Rá! Georg e sua placa – Tom gargalhou.
– Como dissemos, ele é engraçado – Gustav murmurou.
– Quem é o mais pateta? – O apresentador disse rindo.
Os garotos levantaram a placa “Georg”, e antes que o próprio pudesse levantar uma placa com o nome “Bill”.
– É isso mesmo, cara? – Bill encarou Georg.
– É. Você sempre levanta a minha – Ge respondeu.
– Quem é o mais extrovertido?
Gustav foi o único a contrariar as placas, levantando uma escrita “Tom” enquanto os outros pegaram Bill, até mesmo ele.
– O mais inteligente?
Cada um levantou sua placa, a não ser Gustav, que preferiu pegar a placa do Tom. As perguntas seguiam como o mais barulhento, Bill. O pior motorista, Gustav. O maior mentiroso, Gustav – “Já sei quem a Julia puxou”, disse Chelsea. A próxima pergunta fez meus olhos borbulharem. Quem é o mais pegador? Todos. T-O-D-O-S. Levantaram a placa “Tom”.
– Falando nisso, Tom Kaulitz – O apresentador arqueou uma sobrancelha – E o senhor Georg.
– Lá vem... – Bill riu.
– Algumas fotos publicadas em um site há pouco tempo me chamaram atenção. – Apareceram na televisão algumas fotos tiradas por paparazzis.
Mostravam nelas Tom saindo da boate com uma menina de cabelos escuros. A segunda foto estava em uma posição estranha, mas podia ver Georg muito perto do rosto da mesma menina, mas não dava para saber o que estavam fazendo só pela foto.
– Quem é essa menina misteriosa que os dois estão saindo? Eu suponho que seja a mesma, certo?
Eu praguejei em todas as línguas que eu conhecia. “Merda, shit, sheiße, mierda, merde...” Chel me deu um tapa no braço e murmurou:
– Você está ferrada.
Eu vi Bill fazendo uma careta e Gustav olhar desafiadoramente para Georg e Tom, enquanto Georg fitava a tela vermelho, e Tom fuzilava Georg com o olhar. Eu senti vontade de rir, e teria o feito se não estivesse tão nervosa.
Os segundos se passaram e o apresentador perguntou novamente “Quem é a menina?” Então Gustav disse:
– É a minha prima que veio visitar a Alemanha, e por acaso, entrou em turnê conosco.
– Sua prima? Então, o que você acha dessas aparições com os dois? – O apresentador provocou.
– Bem, eu acho que devo ter uma conversinha com eles – a platéia riu.
Eu peguei o microfone que levava ao aparelho no ouvido dos garotos e disse alto “Eu vou ser perseguida por culpa de vocês!” Na mesma hora os meninos levaram as mãos nos ouvidos, desconfortáveis com meu grito agudo.
– Algum problema com o aparelho, meninos? – O apresentador perguntou.
– Não, é só um zumbido de uma mosca bem pequenininha que veio do Brasil. – Tom disse olhando para o vidro que separava nossas salas.
– Me desculpe, mosca que veio do Brasil?
– Há, está se passando de maluco na TV! – Eu murmurei fazendo uma careta.
– Ja, a prima do Gustav está aqui. – Tom disse sorrindo falsamente para o apresentador.
– E qual nome dela? Ela não é da Alemanha?
– Julia... – Tom respondeu demorando enquanto falava meu nome. – Ela é brasileira.
– Hm, parece que tem alguém gostando de outro alguém – O cara sorriu para Tom, o mesmo virou o rosto fazendo algumas caretas.
– Isso é coisa do Bill – disse Tom – Gostar de alguém não dura muito tempo.
– Você não acredita em amor?
– Bem, isso depende. – Tom sorriu – Eu acredito que as pessoas me amem.
– Babaca egocêntrico – eu sussurrei para mim mesma.
A entrevista estava quase no fim e eu fui me dar conta de que todo esse tempo eu estive brisando no Kaulitz mais velho, e talvez esperando por algo que não aconteceria. Ajeitei minha touca e me levantei com Chel indo para o elevador e depois para o ônibus. Ficamos esperando que eles voltassem.
– Eu não... Desculpe-me, Gustav – Ouvi a voz de Georg do lado de fora do ônibus e fui até a janela para observar com Chel ao meu lado.
Os quatro garotos estavam lá junto com Jost que estava distraído com os carros do estacionamento.
– Então você a beijou? – Tom se virou para Georg e eu não pude ver seu rosto, mas Georg parecia internamente dolorido. – Como pode fazer isso? Ela é... É a prima do Gustav!
– Cara, então não deveria ser ele brigando comigo? – Georg retrucou – O que você tem haver?
Tom ficou sem resposta e Gustav começou a falar:
– E o que você estava fazendo saindo da boate com ela? Nós combinamos de ficarmos separados justamente para vocês ficarem longe um do outro.
– Eu quebrei o trato – disse Bill – Deixei Tom sozinho e fui procurar Chelsea.
– Gust, eu estava bêbado e sua prima me levou de volta para o hotel antes da hora marcada. Nós não fizemos nada a mais! Foi apenas isso.
– Mas você estava bêbado, como se lembra?
– Ela me fez tomar um banho frio quando cheguei ao quarto.
– Espera, não está rolando nada entre você e ela? – Georg perguntou - E o beijo dentro do elevador?
– Você também? – disse Gustav sem querer realmente uma resposta.
– Meninos, chega. – Jost interrompeu – Vocês acabaram de entrar em turnê e sabe o que passa pela cabeça de vocês agora? Julia e Chelsea. Eu acho que já está na hora afinar um instrumento ou fazer algo que preste. Dá para ser?
– Isso quer dizer... Mandar as garotas de volta para Magdeburgo? – Bill perguntou, mas nesse momento eu me afastei do vidro e algumas lágrimas rolaram pelo meu rosto.
Sentei-me no sofá e Chel passou os braços por volta dos meus ombros, limpou com a outra mão minhas lágrimas.
– Jus, não chora – ela disse – Isso vai passar.
– Eu sei, Chel. Eu vou voltar ao Brasil em alguns dias.
– Não quero que você volte. Quero que fique na minha casa e estude na minha escola.
– Quero esquecer o Tokio Hotel.
– Mas Gustav é seu primo de qualquer forma...
Nesse mesmo segundo os garotos entraram no ônibus, todos olhando para qualquer lugar além do sofá onde nós duas estávamos. Eu observei Tom pegar sua guitarra e se sentar no sofá mais longe, começou a dedilhar as cordas em uma melodia qualquer.
Gustav se aproximou fazendo carinho no meu cabelo. Ele não parecia estar bravo comigo. Eu me levantei e o abracei sem pensar.
– Você sabe que quebrou as regras três e quatro. – Sussurrou ele.
– Que regras?
– Tente não ser flagrada com algum de nós, e por favor, não beije ninguém.
– E você me perdoa? – Eu perguntei, mas soube a resposta quando ele beijou minha testa.
– Essas são as regras mais bestas que eu já criei na minha vida, ta? – Ele sorriu – Eu só queria cuidar bem de você, porque você é como minha irmã mais nova... E eu não preciso dizer mais nada.
– Eu sei, por favor, não diga – Eu sabia bem do que ele falava.
– Só nunca quebre a regra cinco. Eu não suportaria se algo acontecesse com você também.
Eu me afastei já imaginando qual era a regra cinco. Então vi Georg se aproximando de nós dois.
– Posso falar com ela por um momento? – Ele disse, Gustav assentiu e adentrou mais o ônibus. Georg soltou um suspiro pesado – Jus, eu devo pedir desculpas por ter te beijado e...
– Ei, cara, não precisa fazer isso realmente. Se eu não quisesse te beijar, não deixaria nada acontecer. Eu devo pedir desculpas por não ter pensado em Gustav.
– Eu devo pedir desculpas por não ter pensado nos paparazzis e em Gustav, e talvez no Tom. – Ele sorriu.
– Então nenhum dos dois precisa pedir desculpas. Foi uma coisa de amigos, certo?
– Só se você prometer que tudo vai voltar ao normal, e isso não vai alterar nada entre a gente. – Ele tirou minha touca fazendo uma careta para meu cabelo bagunçado, tentou penteá-lo com as mãos.
– Eu prometo. Agora solta meu cabelo, eu preciso chegar uma coisa com Chel no notebook.
Afastei-me e subi as escadas, Chel já tinha o computador ligado em cima das suas pernas. Eu o peguei acessando os documentos e abri a nota com as regras de Gustav.
– Está vendo isso? – Apontei para a última regra – Vai virar uma opção quanto tudo estiver dando errado.
Pela primeira vez na vida, Chel ficou séria, sem expressar emoção.
– Eu a quebraria com você, Jus. – disse ela.
– Por ela? – Eu mostrei minha pulseira de metal, ela sabia do que eu estava falando.
– Sim, por ela.
Fique parado, porque, caso contrário estará perdido! Fuja, mas não vá tão longe. – Wo sind eure hände.

Postado por: Grasiele

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Arquivos do Blog