segunda-feira, 16 de abril de 2012

By Your Side - Capítulo 15 - Inferno de Garota

Eu acordei cedo naquela manhã, ou pelo menos mais cedo que Georg. Ele ainda estava deitado com um braço atrás da cabeça e outro em volta do meu ombro, enquanto eu deitava com a cabeça em cima do seu corpo.
Movi-me sem medo de acordá-lo, e quando o fiz, Georg sorriu ao invés de fazer caretas, sorriu apertando os olhos.
– Bom dia? – Ele disse como pergunta, sua voz estava rouca quando manhã.
– Ja... Bom dia, Ge – eu respondi batendo os dentes propositalmente. Senti algo de metal contra os dentes e logo depois, gosto de sangue.
Eu me alertei, pulei da cama e corri até o banheiro para olhar o piercing.
– Tudo bem, Jus?
Olhei por dentro da boca e vi uma leve casca se formar ao redor do piercing dentro da boca. Tinha gosto de sangue, era sangue coagulado. Georg apareceu atrás de mim repetindo a pergunta.
– Eu senti gosto de sangue, e tem uma casquinha na minha boca.
– É só a cicatrização. Sua boca volta ao normal em semanas se tirar o piercing, e essa casca sai em dias. Só não puxa porque vai sangrar.
– Certo, danke – eu disse pegando a escova de dentes.
Fiz minha higiene matinal e saí do banheiro sentindo aquela refrescancia engraçada. Georg estava sentado na cama sem camisa, rolando os canais na televisão. Deixou cair na MTV e se levantou pegando uma toalha branca.
– Vou tomar um banho. Por que não se arruma? – Ele disse.
– É uma boa idéia.
Georg entrou no banheiro e eu peguei algumas peças de roupas para vestir. Olhei para o canal que passava algum programa que eu nunca tinha visto. A apresentadora disse algumas palavras e trocando de assunto, começou a falar sobre o Tokio Hotel. Eu me aproximei para ouvir melhor.
“A fã fulana de Frankfurt pediu novidades do Tokio Hotel, então, fulana, aqui vai: O Tokio Hotel acabou de entrar em turnê, chegando ontem em Leipzig e fizeram um show no mesmo dia, os ingressos, obviamente se esgotaram em segundos. Mas se você está de olho nos gatinhos, vamos começar e desencanar, pois duas garotas estão rondando neles – apareceram fotos tiradas de muito longe onde apareciam duas meninas de fundo próximas do ônibus do Tokio Hotel. As meninas eram evidentemente, eu e Chel – Só precisamos saber agora de quem elas são, não é? Uns dizem que o Bill já está ocupado, restando a moreninha para o Tom, ou o Georg de acordo com as fotos da lanchonete. Os meninos tentam convencer dizendo que é só a prima de visita, mas isso não cola, não é rapazes? Vamos assistir alguns vídeos deles e depois voltamos com mais novidades. Está Britney Spears grávida novamente? No próximo bloco!”
Começou a tocar o clipe Rette Mich e eu sorri, contendo uma imensa vontade de pular na cama e cantar bem alto. A doença de fã ainda corre nas minhas veias.
Troquei de roupa enquanto cantava baixinho a letra dolorosa de Rette Mich. Coloquei uma camiseta preta do Nirvana, um short jeans, tênis preto e uma touca azul bem escuro por cima do cabelo em um coque mal-feito.
Komm und rette mich ( Venha e salve-me)
Ich verbrenne innerlich (Estou queimando por dentro)
Komm und rette mich (Venha e salve-me)
Ich schaff's nicht ohne dich (Eu não consigo sem você)
Komm und rette mich (Venha e salve-me,)
Rette mich (Salve-me)
Não notei quando Georg já tinha saído do banheiro, apenas quando ele estava sentado na cama me observando cantar. Eu fiquei vermelha e desviei o olhar.
– Jus, você sabe cantar quantas músicas?
– Algumas – eu respondi, tentando não pensar de que algumas significavam todas.
Georg mudou de assunto:
– Vamos descer? Os outros já devem estar tomando o café-da-manhã – disse.
Eu hesitei antes de responder:
– Ér... Ge, eu não quero descer. Acho que vou pedir para trazerem aqui em cima mesmo. – Ele me encarou como se perguntasse o motivo – Olha, na real, eu não quero encarar Bill e Tom depois de ontem, muito menos Gustav e David.
– Ah, Jus! – Ele se aproximou e se abaixou para ficar do meu tamanho – Não se sinta mal, ocorreu tudo bem no show. Foi até legal para o Bill, ele adora as fãs gritando pela banda, e elas estavam desesperadas com o atraso.
– Ok, menos Bill. Agora arranja uma desculpa para Gustie, David e Tom, e que seja mais convincente.
Georg riu e beijou minha testa, novamente ficou sério.
– Se é o que você quer tudo bem. As coisas vão se acalmar, linda. Não precisa se preocupar com uma pequena falha, que qualquer um poderia ter cometido. É normal e quase certo. Mas se resolver mudar de idéia, eu vou estar lá do seu lado.
– Obrigada, Ge. Quando encontrar Chelsea, chama ela por favor.
Eu esperei que ele saísse para pegar o telefone e ligar para a cozinha pedindo um suco de laranja e torradas com manteiga e queijo. Surpreendi comigo mesma por comer algo tão light quando eu sempre fui a senhora hambúrguer no café-da-manhã.
Terminei a comida que chegou em poucos minutos e coloquei o fichário em cima da cama, folheei algumas páginas antigas e achei pôsteres do Tokio Hotel que eu nunca tinha colado na parede. Tinha um do Bill em Durch Den Monsun, com o cabelo todo molhado depois de enfiar o rosto na água. Eu sorri ao pensar que Tom – que estava bem atrás de Bill com os dreads soltos - estava sendo excluído da seção de fotos. Eu geralmente tinha mais pôsteres do Tom do que os outros, mas esse daqui, minha prima quem tinha me dado.
Alguém bateu na porta e eu mandei entrar, fechando o fichário. Chelsea entrou e já começou a reclamar.
– Por que raios me deixou lá embaixo sozinha? Quero dizer, tem o Bill, mas eu queria falar com voc- O QUE É ISSO NA TUA CARA, MENINA?
Eu ri, sentindo o piercing bater nos dentes.
– Tudo bem, minha cinderela? – Eu abri os braços e ela se aproximou sem dizer nada e me abraçou.
– Senhorita Creepy Bones, o que te deu? Quem te deu permissão para isso?
– Eu deveria dizer que agora temos um Georg Schäfer na banda. – Eu ri – Você não gostou?
– Sim, ficou irado – Ela sorriu – Mas eu queria fazer também!
– Um piercing? Tua mãe iria te matar.
– Não, uma tatuagem. Mas não se preocupa que a tua também vai.
– Minha mãe está no Brasil, e quando ela ver, eu já vou estar acostumada mesmo.
– É, querida, mas em pouco tempo você volta para lá.
Eu me sentei na cama e levei a mão à boca. Fiquei um pouco angustiada. Eu não queria, mas eu tinha que ir embora.
– Ah, desculpa, bebê – Chel segurou meu cabelo e comparou as pontas – Você também cortou? Caramba, o que eu perdi?
Eu não respondi sua pergunta, disse outra coisa:
– Ontem o Tom levou alguma fã para a cama?
– Sim – ela respondeu vendo minha cara de ciúmes – Mas, Jus, você não sabe porque ele levou uma pessoa para cama. Talvez tenha um motivo.
– Tom não tem motivos. Ele simplesmente quer e tem tudo o que consegue. Foi isso, só sexo. Ele não tem sentimentos.
– Jus... Eu acho que tem – Chel disse sem olhar para mim.
– Está achando errado! Eu o conheço há mais tempo e ele sempre faz isso.
– Não! Você conheceu o Tom Kaulitz, guitarrista da banda Tokio Hotel. Você precisa aprender a conhecer o Tom Kaulitz de verdade. O que não tem motivos para marketing e que sente como qualquer humano.
Eu queria negar novamente, mas Chel é insuportavelmente chata quando está disputando. E parte de mim queria acreditar que existia outro Tom, e a outra parte, queria ser realista convencendo que não tinha. As imagens da fã e do Tom passaram na minha mente e eu senti ciúmes. Tipo de coisa que eu não consigo suportar calada. Senti vontade de chorar, mas reprimi.
– Vamos descer? – Ela perguntou e eu neguei – Vem comigo.
– Não quero encará-los agora.
– Tudo bem. Vamos fazer uma aposta?
– Nunca levamos nossas apostas até o fim.
– E o que eu estou fazendo aqui? Você continuou amando os Tokio Hotel, e eu vim passar os dias com você.
Eu sorri vitoriosa e levantei os punhos com um gesto de vitória.
– Pode mandar.
– Se todos os garotos provarem hoje que eles não estão chateados com você, você desce e pára de bobeira e esquece tudo que “fez”.
– E se não provarem?
– Eu digo para o Bill que não quero nada com ele e nós vamos embora hoje. – Eu ri.
– E você vai colocar seu romance com o Bill na aposta com cinqüenta por cento de chances de perder? – Eu perguntei.
– Vamos diminuir essas chances para dez por cento, porque o que eu tenho em mente, com certeza vai mostrar que eles não estão chateados.
– E o que é?
– Isso você vai ver depois, mas agora eu preciso descer para colocar em prática. – Ela beijou meu rosto – Até mais, creepy bones.
E saiu do quarto deixando um rastro de curiosidade. Eu até pensei em descer, mas meu medo de encará-los era várias vezes maior, então eu tornei a me deitar na cama e pensei em ligar o notebook e talvez escrever alguma coisa ou atualizar minha fanfic no site que eu costumava postá-la. O que foi uma baita distração por horas.
Mas chegou uma hora que eu fiquei com fome e resolvi descer para almoçar – a curiosidade também bateu forte. Sentei-me no refeitório e nenhum deles estavam lá. Ao terminar o almoço voltei ao andar e bati na porta do quarto de Chelsea, mas ninguém atendeu. Fui ao quarto ao lado – do Gustav, e ninguém atendeu também. Bati no quarto do Tom e não tinha ninguém dentro. Fui à recepção.
– Posso ajudá-la, senhorita?
– Estou procurando Bill, Tom, Gustav e Georg. Será que eles informaram para onde foram aqui? – Perguntei sem mencionar o nome de Chel.
– Desculpe-me, senhorita. Mas não posso informar a localização deles.
– Por que não? – Larga de ser besta, Julia! Ela está achando que você é uma fã maluca.
– Porque a senhorita Hölt deixou escrito que não deveria contar à ninguém – Ela pegou um papelzinho branco e leu – “Não contar à ninguém, muito menos Julia Benjamin”
Hölt é o sobrenome de Chel. Chelsea Sol Hölt. De “sol” ela não tem nada, aquela branquela.
Eu bati com o punho no balcão sem olhar para a atendente.
– Obrigada – disse, voltando ao elevador e depois direto para o quarto.
Tirei o tênis e a touca e me joguei na cama sentindo as molas embaixo de mim, eu senti vontade de pular na cama, mas ignorei a idéia julgando-a muito infantil.
– Que raios eu vou fazer num hotel de luxo em Leipzig sem a minha família? Eu poderia entrar em desespero mental por isso.
Sozinha em outro país, deixada pelo primo e a melhor amiga em um hotel numa cidade sem referência alguma para o aeroporto – e sem dinheiro.
Ai, que confusão!
Eu me sentei na cama no mesmo momento em que ouvi batidas na porta, e sem esperar por respostas, a porta se abriu revelando Chelsea.
– Surpresa – ela sorriu.
Eu estava totalmente desconecta quando atrás dela, Bill entrou segurando enormes bolsas de compras de lojas femininas, logo atrás de Bill veio Georg, Gustav, David e por último Tom.
O quarto ficou lotado, mas isso não era o pior. O pior foi que todos os outros – tirando Chel e Georg – ficaram espantados com meu novo visual. Olhavam-me de forma estranha.

Tom entrou por último e sua primeira visão foi Julia sentada na cama. Ela estava totalmente diferente, mas o pior foi se dar conta de que a menina na porta de Bill na noite anterior era ela. O mais estranho, ela usava um piercing do lado contrário de onde ele tinha. Julia, aos novos olhos de Tom, estava uma gata.
Para ele, foi simplesmente impossível controlar pensamentos obscenos naquele momento. Ele passou a língua pelo piercing vendo Julia trocar olhares com ele.

– Julia, o que é isso na sua cara? – Gustav foi o primeiro a quebrar o silêncio.
– Um piercing, Gustie. Não está vendo?
– Sim, estou. Mas quem te autorizou?
– Pulando essa parte – Georg sorriu nervoso – Vamos aos presentes?
– Que presentes? – perguntei saltando da cama.
– Chel e Ge disseram que você estava meio tensa com o que aconteceu – Bill começou falando demais como sempre – Aí, todos topamos em fazer uma visita ao shopping e comprar alguns presentes para você, para te mostrar que não estamos chateados e queremos você por perto.
– ... E para mostrar que o David é legal – Completou o próprio David. Eu sorri.
– Não... Não acredito! Chelsea, prepare seu caixão e sua cerimônia de enterro particular! – Eu disse rindo enquanto Gustav e Bill abriam as sacolas revelando lindos pares de sapatos, acessórios, maquiagem, blusas e mais.
– Não se preocupe com as peças, Gust disse que você tem praticamente meu estilo, então eu fiz questão de avaliar cada peça de roupa aqui comprada – disse Bill fazendo meu sorriso maior.
– Ganhei a aposta? – Chel perguntou.
– Sim, sim! – Eu gargalhei.
– Julia – começou David para minha surpresa – Não importa o que você faça ou seja, vamos querer estar ao seu lado porque você nos conquistou. Você é da família agora. Você come pizza e coca-cola, então é perfeita!
Eu ri na última parte e abracei David, sentindo braços passarem pela minha cintura, e mais pares de braços. Quando me dei conta, estávamos todos reunidos em um abraço. Até eu começar a sufocar, então eu falei um pouco mais alto:
– Ok, gente. Sem melação, eu estou sufocando!

Ficamos todos no quarto por um tempo vendo as peças de roupas que Bill tinha comprado. Ele até montou algumas peças e quis me fazer de boneca, mas eu neguei o pedido e mandei-o fazer Chelsea de boneca dele. O pessoal trocou olhares maldosos e eu gargalhei pedindo desculpas.
David disse que Dona Simone, a mãe dos gêmeos Kaulitz tinha ligado e marcou um jantar na casa dela. Isso despertou meus sentidos e eu procurei Tom pelo quarto. Ele não estava lá havia um bom tempo.
– Bom, então vamos nos arrumar? – Bill perguntou se levantando da cama – Vocês vêm com a gente, não é? – Tom perguntou para mim e Chel.
Eu concordei tímida com um aceno de cabeça.
– E que tipo de roupa eu uso? – Perguntei. Eu vi os olhos de Bill brilharem.
– Eu posso ter a honra de escolher suas roupas? – disse ele.
Eu e Chel concordamos. David e Gustav saíram para se arrumar enquanto Georg foi tomar outro banho. Bill separou algumas peças de roupa em cima da cama e saiu do quarto indo se arrumar. Eu vesti tudo que ele tinha separado para mim e sorri olhando para o espelho enquanto Chel penteava meu cabelo.
– Acho que você deveria colocar algum batom – ela disse.
– É? Qual?
Ela pegou no bolso um batom vermelho e me entregou.
– Nunca. Isso não combina com a minha pele.
– Combina sim, e fica mais bonito do que em mim. Seu cabelo faz um contraste legal. Tira o piercing para eu passar.
Eu fiz o que ela mandou e ela passou o batom vermelho em mim. Eu sorri ao colocar de volta o piercing. Estava realmente diferente, mas da forma que eu sempre quis estar.
Chel bateu no meu braço me despertando dos meus pensamentos.
– O que há?
– Vamos para a casa dos Kaulitz – ela sorriu boba – A casa da sua sogra.
– Minha? Vou falar com a dona Simone que o filho mais novo dela está comprometido com um fantasma, ér, ela vai adorar.
Vi suas bochechas ficarem vermelhas e nesse momento Georg saiu do banheiro já arrumado. Encontramos-nos todos na recepção, onde James esperava com seu táxi limousine preta para nos levar à casa de Simone.

Foi como um flashback, mas que acontecia em cores e ao vivo. Ele notou o elevador se abrindo e os primeiros passos para fora dele pertencia a aquele inferno de garota.
Sua cabeça que antes estava abaixada olhando para o chão – provavelmente para não cair – se levantou lentamente á procura dos outros. O cabelo recentemente cortado acompanhou o movimento de sua cabeça, era lindo. Ela usava um batom vermelho extremamente sedutor que deixou seu sorriso – que logo se abriu – com o novo piercing de jóia preta, talvez a melhor coisa de se ver do mundo. Tom poderia tocar aqueles lábios o dia inteiro se ela permitisse.
Usava um vestido preto tomara-que-caia que delineava seu corpo com as medidas perfeitas. Sempre disseram que as brasileira tem corpos lindos, agora o Kaulitz mais velho acreditava. Meia-calça cinza até um pouco acima do joelho com um salto preto visivelmente escolhido por Bill, era Alexander McQueen. Usava também um casaco preto por cima, que não fazia muita diferença a não ser deixar a menina tão pequena um pouco mais sexy.
Era uma nova Julia, Tom notou, uma que talvez tenha mudado os pensamentos dele para algo mais... Mais realista talvez. Por que sentia que necessitava ficar perto daquela menina?
“Eu não sou eu quando você não está comigo, eu fico sozinho. E tudo aquilo que ainda sobrou de mim, eu não quero ser” – Ich Bin Nicht Ich (Tokio Hotel)

Postado por: Grasiele

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