sexta-feira, 9 de março de 2012

The Material Girl And The Rock Stars - Capítulo 27 - Proibida de lembrar, apavorada por esquecer.

“O tempo passa. Mesmo quando parece impossível. Mesmo quando cada batida dos segundos dói como o sangue pulsando sob um hematoma. Passa de modo inconstante, com guinadas estranhas e calmarias arrastadas, mas passa. Até para mim.”

 
Passei dois dias ignorando Diogo, meu pai.. todos novamente, no terceiro dia, sai sem que ninguém me visse, andei pela praia a frente do palace, com uma chinela rasteirinha e um shortinho com uma bata amarela, o vento da praia tava ótimo, mas quase ao ir atravessar a rua pra voltar ao palace, outra vez a tontura me pegou, mas dessa vez seguida de uma onda de vomito, não sei explicar como foi, só sei que desmaiei.


Acordei em meu quarto, as cortinas estavam abertas, tudo muito claro, respirei fundo e senti o vento que batia no quarto, eu estava na minha cama, e percebi Diogo me olhando.


– ta melhor? – ele passou a mão em meu rosto


– aham... Di.. não fala nada pro meu pai, eu não quero que ele me interne – falei suplicante


– eu não vou falar  meu anjo – ele falou me olhando


Fiquei quieta com Diogo acariciando meus cabelos, e me admirando como se eu fosse algo surreal.


– Diogo.. se eu te pedisse uma coisa, você faria? – perguntei vacilante


– claro, peça – ele falou


– qualquer coisa? – perguntei olhando pra ele


– tudo – ele sorriu


– termina com a Silvinha... por mim.. – falei com olhos de suplica


– Victória... eu...


– você não vai, né? – falei chorando e colocando a cara no travesseiro


Ele não respondeu,mas eu pude ouvir o que ia se seguir.


– precisamos conversar!


o que foi amor?


– eu não quero mais ficar com você


hãm? O que? Ta doido? Bebeu?... é por causa dela não é? Eu não acredito nisso


– isso já não é mais da sua conta.


Ele desligou e esperou um pouco olhando o mar a frente e finalmente virou-se pra mim..


– nunca duvide do que eu posso fazer por você – ele falou – agora, me diz por que você quis isso? Birra? Implicância?


– ciúmes – falei colocando a cara do travesseiro


– ciúmes? De mim, Victória?


– éé... mas... – parei respirando fundo, uma inexplicável água na boca, seguida de uma idéia totalmente maluca fiquei alterada – Diogo? – chamei-o vindo até mim


Quando ele chegou mais perto, respirei fundo e o puxei pelo pescoço e o beijei, no começo ele ficou assustado, mas logo nossas línguas se tocavam, ele era gentil e eu me deitei sobre ele, puxando sua cabeça pra mim, como se eu desejasse aquilo mais do que água, mas aquele beijo era diferente... não era quente como o de Bill, era frio... mas gostoso, mordi o seu lábio com força, fazendo-o gemer e se afastar...


– o que foi isso? – ele me perguntou atordoado.


– Diogo, eu sei que você gosta de mim.. você me magoaria? Me deixaria? – perguntei olhando pra ele seriamente


– fico feliz que tenha percebido isso, Victória – ele falou sarcástico – e não.. eu não faria nenhum dos dois. Mas você ainda não me respondeu, por quê você fez isso?


– fiz porque deu vontade – falei confusa


– por favor... não faça mais isso – ele falou sério. Ficamos em um breve silêncio


– Diogo, fica comigo? – perguntei vacilante


Eu não poderia agüentar isso dentro de mim sozinha, se existia uma pessoa que poderia me ajudar a suportar aquela dor dentro de mim, essa pessoa era Diogo, mas saber se ele aceitaria era os foda... eu só o magoava, era dura em palavras e gestos com ele, mas por outro lado, assim como ele nunca gostou de me ver com cara nenhum, eu nunca gostei de vê-lo com garota nenhuma, todas sempre tinha algum defeito... claro, nenhuma delas era eu... Depois de chegar a essa conclusão, Diogo ainda me olhava seriamente, em partes não acreditando no que eu havia pedido.


– não Victória – ele falou depois de um longo silêncio


– como não? Você disse que faria qualquer coisa por mim – falei começando a chorar – eu to te pedindo... eu to tão horrível assim?


– e faço... mas Victória, é isso que você quer? Você não me ama... e assim só um lado vai ser feliz e minha prioridade é você... você não entende que se você pedir, só dizer que gostaria, eu iria até o inferno atrás desse tal de Bill, só pra te fazer feliz... se você dizer eu quero, eu vou fazer – ele falou desabafando – e você nunca será feia!


– Diogooo.... – as lágrimas começaram a cair novamente – amor se constrói... eu aprendi isso, você sempre teve do meu lado, me ajudou em todos os meus piores momentos, nos melhores me incentivou a prosseguir, com tudo isso e muito mais eu posso de dizer que eu te amo,... e por mais que eu ame Bill também, ele fez a escolha dele de me deixar, de me matar aos poucos, eu jamais pediria isso a você, nem se dependesse da minha vida... me deixa ser sua, me faz esquecer meu sofrimento – falei me jogando em seus braços


Diogo não respondeu nada, apenas me apertou num abraço dolorido e beijou meu rosto. Fiquei um bom tempo olhando pra ele, ele olhava a janela a minha frente com uma ruga entre a testa, passei os dedos entre ela e ele relaxou e me olhou seriamente.


– já tem uma resposta pra mim?


– você tem noção do quanto é difícil negar alguma coisa pra você, ainda mais depois que você chora?


– não – falei rindo


– mas é muito difícil – ele calou - ... vamos fazer uma troca... você retoma a sua rotina e eu aceito – ele falou


– minha rotina?


– é Victória ... você quase não come, mal fala com seu pai, com a Isadora, idem, você se excluiu do mundo... e ainda vai ter uma parte chata disso tudo..


– que parte?


– falar com o seu pai, com minha mãe... vai ser bem difícil... eu nunca fiz isso – ele falou rindo e eu me encolhi


– nós conversaremos, oras! – falei me fazendo de corajosa – e eu vou voltar ao meu normal.. você vai ver.


– e é claro que eu vou te ajudar – ele falou me abraçando.


Diogo me deixou sozinha por algumas horas, mas horas suficientes pra me fazer pensar, creio que foi proposital... meus sentimentos por ele era diferente e ele sabia disso, e eu sabia que ele tinha plena certeza disso, mas se Bill quisesse mesmo o contrário do que eu estava fazendo não teria  escolhido o caminho que escolheu, eu tinha que reagir, por mais que meu amor por Bill fosse algo perturbador, eu tinha que mudar, buscar outros meios de fazê-lo tornar um passado bobm, eu tinha que tentar lembrar dele sem chorar... por mim e por Diogo... Bill seria que ser uma mera lembrança...


Limpando os olhos fui até o closet e comecei a revirar algumas gavetas, coloquei no chão uma carteira de cigarros e as coisas que Bill havia me dado e outras que eu havia guardado, subi em uma escadinha e joguei uma caixa redonda e preta no chão, desci e ascendi um cigarro, comecei a colocar tudo que me lembrasse Bill dentro da caixa, mas havia uma coisa que eu não tive coragem de colocar dentro da caixa... a pulseira.. eu li num livro de literatura estrangeira o seguinte pensamento da personagem principal ‘...Eu podia não pensar nisso, mas eu precisava me lembrar disso. Porque só havia uma coisa na qual eu precisava acreditar pra ser capaz de viver - eu precisava saber que ele existia. Isso era tudo. Tudo mais podia ser suportado...’ e se encaixou perfeitamente pra aquele meu momento, mas pra não me deixar abater por aquilo respirei fundo e coloquei a tampa na caixa, a coloquei no lado do closet onde ficavam as minhas fantasias, as que eu quase não mexia mais, ascendi outro cigarro e fechei a porta do armário com violência..


– bem vindo ao seu novo lar, Bill... aproveite o seu conforto – falei tragando o cigarro e me virando pra porta.


Coloquei a carteira de cigarro sobre a minha mesa de cabeceira e fui tomar banho, era hora de colocar o meu melhor sorriso, demorei bastante no meu banho, me enrolei no roupão e fui escolher uma roupa, peguei uma mini saia preta e uma sapatilha branca e separei minha camiseta cor de rosa da LaCoste, me vesti e maquiei minhas olheiras, coloquei o óculos de sol, abri a porta e respirei fundo. ‘um passo atrás pra das dois a frente’ pensei dando um passo atrás e saindo a passos largos em seguida... desci pelo elevador calmamente, quando pintei na recepção meu pai abriu a porta de sua sala.


– Isadora, por favor, chame a Renée – ele falou se virando pra me olhar.... – Victória... que bom que você desceu, fico absurdamente feliz, venha... entre – ele falou abrindo a porta da sala e eu vi Diogo sentado na poltrona.


– Vick, que bom que você desceu, eu estive tão preocupada... você ta lindíssima – ela falou me abraçando


– sério? – eu falei rindo – agradeça ao Diogo, ele disse que uma hora passaria, e eu acho que essa hora chegou – falei retribuindo o abraço.


Entrei na sala de meu pai e Diogo levantou-se totalmente cavalheiro e me estendeu a mão, eu a segurei, por mais que eu quisesse que fosse Bill no lugar de Diogo... ‘se ele realmente quisesse ele estaria aqui’ pensei, logo entrelacei nossos dedos bem na hora que Renée entrou e nos olhou confusa..


– muito bem.. o qual era o assunto? Quem vai falar primeiro? – meu pai perguntou olhando de mim pra Diogo me fazendo ficar nervosa.


– Victória e eu estamos juntos – Diogo falou vendo meu nervosismo


– como? Eu acho que não entendi direito – Renée falou confusa


– isso mesmo, mãe. Victória é minha namorada – ele falou me olhando e sorrindo.


– aaah, eu fico muito feliz por isso – meu pai falou maravilhado


– que bom, pai... Renée... Diogo é uma pessoa maravilhosa e se eu não pirei e to aqui hoje, e bem.. é por causa dele, e eu gosto dele... e ele de mim – falei


– você não o ama! – ela acusou me deixando triste


– eu a amo – Diogo falou me vendo calar diante do fato – e ela me ama do jeito dela, mãe! –


– Diogo, meu filho... você não pode amar por dois, eu adoro você Victória, mas me diz qual é a mãe que quer ver o filho sofrer? – ela se defendeu


– Ree, - meu pai interveio – eles não são mais crianças, deixa eles, minha querida!


– isso mesmo... mãe... eu não sou criança, nem adolescente, só vi aqui pra comunicar a vocês algo que eu e Victória decidimos juntos – ele falou me olhando.


– isso.. já está decidido – falei me levantando e sendo abraçada por Diogo.


– entendam que eu não sou contra, só não quero que meu filho sofra – Renée falou


– eu vou fazer o possível, Renée... Diogo é muito importante pra mim – falei segurando o braço de Diogo que estava ao meu redor...


– e eu to preparado pro que vier! – ele falou beijando minha cabeça.

Postado por: Grasiele

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