domingo, 12 de fevereiro de 2012

Sparks Fly - Capítulo 46 - I will forget him.

(Contado pela Savannah)
DIAS DEPOIS...
Com o meu pai internado, não to com tempo disponível para fazer praticamente nada. Tive que sair do emprego, e agora estou me dedicando a ficar sempre no hospital. Não sou muito chegada nesse tipo de ambiente, mas não tenho outra escolha. Também só saio para ir até em casa tomar um bom banho, comer algo, e depois retorno. É a pior rotina da minha vida! E eu odeio rotina.
Num dia desses, tive a sorte de ter o Pablo como companhia. Ele foi tão fofo quando pediu ao seu chefe uma folga, somente para ficar comigo no hospital.
- Como está? – perguntou-me.
- Tô precisando de um padre. – respondi, enquanto me sentava numa das cadeiras da lanchonete.
- Um padre? – ele também se sentou.
- É. – coloquei minha bolsa em outra cadeira. – Acho que vou me benzer, pra ver se as coisas melhoram pro meu lado. – ele riu. – Desde que eu fui pra Los Angeles, a minha vida virou uma... – me segurei para não soltar um palavrão.
- Tá dizendo isso por causa do Tom, não é? – fiquei um tempo calada.
- Se eu pudesse apagar tudo de minha mente, mas... Eu não consigo. Ele parece estar em todo lugar.
- Sei como é isso.
Era inegável dizer que eu não pensava mais no Tom, ou que não sinto mais sua falta. Isso seria a mesma coisa que dizer que eu não quero mais respirar. Mas infelizmente – ou não -, preciso seguir em frente, já que o próprio disse que eu deveria fazer isso.
- Mas quer saber, eu vou esquecer o Tom! – disse, como se tivesse a certeza ou se mandasse em meu coração. – Ele nunca deve ter se importado com os meus sentimentos, porque eu haveria de me importar com os dele agora?
- Talvez ele gostasse mesmo de você.
- Quem gosta, não machuca. E ele me machucou muito.
Eu não queria mais ficar tocando naquele assunto, então começamos a falar de outras coisas. Fizemos um lanche agradável, e até demos algumas risadas. Só o Pablo pra me fazer rir, numa hora dessas. Porque você não se apaixonou por ele, hein Savannah? Quem me dera, poder escolher esse tipo de coisa.
HORAS MAIS TARDE
Cheguei em casa, e fui diretamente até meu quarto. Abri aquela gaveta onde costumava guardar as cartas que o Tom. Peguei todos os envelopes, os coloquei dentro de uma caixa de papelão e fui até a rua. Na hora, o caminhão da reciclagem passava, e educadamente pedi a um dos rapazes que fizesse o favor de sumir com tudo aquilo.
Confesso que meu coração ficou bem apertado, mas se eu quisesse esquecê-lo, deveria começar por onde suas mãos tocaram, e o seu cheiro ficou impregnado. Quando retornei ao quarto e olhei pra cama, havia algo. Era a sua última carta, aquela que quebrou todas as promessas que um dia foram feitas. Eu não podia, ela eu não podia jogar fora de maneira alguma. A guardaria até o dia em que eu morresse.
xxx
Sai do banho, e notei que meu celular não parava de tocar. Corri para atendê-lo, quase deixando a toalha que cobria meu corpo, cair. Pra minha surpresa e felicidade, era a Becca. Nunca esperava que fosse receber uma ligação dela, e depois do que ouvi, preferiria que não tivesse ligado.
- Ele... Ele vai se casar?
Tive que me sentar, pois acabei de perder o chão. Não vou mentir, me veio aquela gigantesca vontade de chorar. Mas o que isso adiantaria? Ele não está aqui, e mesmo que estivesse, não se importaria.
–--
(Contado pelo Tom)
Estava descendo as escadas, quando ouvi a Becca se despedindo de alguém no celular. Dei a volta no sofá, e me sentei no mesmo, colocando os pés em cima da mesinha de centro.
- Adivinha com quem acabo de falar? – ela se senta ao meu lado.
- Não faço a mínima idéia. – disse.
- Savannah.
Nesse mesmo instante, me ajeitei no assento. Queria e precisava saber mais sobre a conversa que elas tiveram.
- Como ela está? – perguntei.
- Ela disse que está bem, então deve estar mesmo. – respondeu.
- E... Por acaso ela... Perguntou sobre mim?
- Não. – foi curta e “grossa”. – E porque ela perguntaria sobre alguém que fez o favor de quebrar seu coração?
- Tá legal, eu já entendi.
Ficamos calados por algum tempo. Eu estava curioso, mas não tinha coragem de pergunta mais nada.
- Mas ela... Não quis saber nada sobre mim?
- Desiste, Tom. – Becca se levanta. – A Savannah deve estar em outra, assim como você. – foi irônica, e logo se retirou.
Odeio quando ela é irônica assim. Será que a Savannah está mesmo com outra pessoa?Bem, se estiver, não tenho nada a dizer. Perdi o direito de saber esse tipo de coisa há muito tempo.
Me levantei e resolvi dar uma volta pela propriedade. Andei por vários lugares, e fui parar no jardim. Fiquei ali de pé, com as mãos nos bolsos, olhando as rosas balançarem levemente com o vento. O aroma que era exalado delas me fazia ver claramente a Savannah em minha frente.
- Me perdoa, Savannah. – disse baixinho. – Me perdoa.
–--
(Contado pela Bella)
A varanda do meu quarto, ficava praticamente de frente para o jardim que a Savannah havia feito. O Tom passava o seu tempo livre, admirando aquelas flores. Isso me deixava com raiva, porque ele deveria estar comigo! Vou ter o meu corpo deformado somente para lhe dar um filho, e é assim que sou retribuída? Cadê a atenção? Mulheres grávidas precisam de atenção!
MAIS TARDE...
Eu dormia um sono tranqüilo, quando acordei sentindo algumas cãibras um pouco abaixo do abdômen. Achei que aquilo fosse normal. Aproveitei que já tinha perdido a vontade de dormir, e me levantei para tomar um banho. Tirei toda minha roupa, e entrei debaixo do chuveiro. A água quentinha estava me fazendo relaxar, e aos poucos aquela cãibra parecia desaparecer.
Der repente ela voltou com mais força, e acompanhada de um intenso sangramento. Fiquei desesperada, mas não gritei para que viessem me acudir. Já havia escutado falarem sobre esse tipo de coisa, e o médico também me explicou que poderia acontecer. Acho que acabei de perder o meu bebê.
Terminei o banho rapidamente, e assim que coloquei minha roupa, liguei pro meu médico. Sabia que estava quase no fim da tarde, mas ele tinha que me atender naquele mesmo dia. Precisava saber se eu havia perdido ou não, um filho que fora gerado com tanto trabalho.
O médico fez um exame pélvico para checar o tamanho do meu útero e a condição do cérvix, através de um ultrasom. E em poucos minutos, recebi a noticia.
- Eu sinto muito, mas a senhoria sofreu um aborto espontâneo. – diz ele.
- O quê?
- Isso pode acontecer nas primeiras semanas de gravidez.
Não dava pra acreditar naquilo. Como é que vou me casar com o Tom, sem estar grávida? Ele nunca faria uma coisa dessas, e logo correria de volta para os braços da Savannah.
Um procedimento de sucção foi feito, para remover o feto e a placenta. Tive que ficar algumas horas em observação, mas voltei pra casa no mesmo dia.
Obviamente não contarei ao Tom sobre o ocorrido. Ele não precisa saber. A gente se casa, depois digo que tive esse aborto espontâneo por algum motivo idiota, e tudo fica bem. Só sei que nada nem ninguém, me impedirá de se casar com ele.
- Onde estava? – pergunta Tom, assim que entrei em casa. – Te procurei a tarde inteira e o seu celular estava fora de área.
- A bateria descarregou, mas eu tava na casa de uma amiga.
Segurei em sua mão, e nos sentamos no sofá.
- Tom... O que acha de marcarmos o nosso casamento para a semana que vem?
- Semana que vem? – ficou meio “assustado”. – Não acha que deveríamos esperar um pouco mais?
- Esperar o quê? Daqui alguns meses a minha barriga começa a ficar mais evidente, e não quero me casar como a “garota que não recebeu conselhos sobre métodos anticoncepcionais”.
- Eu sei, mas... Ainda estou tentando me acostumar com essa idéia de casamento.
- Se acostume depois que tiver colocado uma aliança no meu dedo.
Ficou calado, e olhando para o chão. Ele tinha que dizer sim.
- Tá legal. – diz ele, e quase soltei um suspiro de alivio.
- Vou fazer a lista de convidados, e amanhã bem cedo sairemos para marcar a data.
Nunca imaginei que fosse ser tão fácil assim. Sorte minha que estou grávida. Ops! Acho que não estou mais. E daí? Quando o Tom descobrir, será um pouquinho tarde.
 Postado por: Alessandra

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