domingo, 12 de fevereiro de 2012

Sparks Fly - Capítulo 42 - Do you wanna hear the little heart?

(Contado pelo Tom)
Passei o restante da tarde com a minha mãe. E também posso dizer que fiquei calado boa parte desse tempo. Ela queria saber o motivo daquela minha tristeza repentina, mas eu não tinha coragem de falar. Como eu diria? “Mãe, eu amo a Savannah, mas engravidei a Bella”. Isso não faz sentido algum!
Só sei que eu precisava voltar pra casa, mas se eu fosse antes de contar a ela o que estava acontecendo, a minha consciência me atormentaria. Não é nada fácil dizer a sua mãe que ela vai ser avó. Acho que essa era a única coisa que ela não gostaria de ouvir, antes do Bill e eu completarmos trinta anos.
- Então... Você engravidou uma garota, que não é a Savannah? – ela perguntava, com aquele ar de dúvida.
- Isso. – respondi.
- Quem é ela? – ficou mais séria.
Devo ter demorado alguns segundos para responder. A dona Simone conhece a Bella há muitos anos, e nunca passaria por sua cabeça que um dia isso pudesse acontecer.
- A Isabella? – pergunta incrédula, e se levanta do sofá.
- Um-hum.
- O que você tinha na cabeça, moleque! – quase gritou. – Como isso aconteceu?
- E-Eu não sei. – gaguejei. – Ela disse que eu estava bêbado.
- E porque diabos você foi beber?!
Conversar sobre esse tipo com ela, não dá muito certo. E até entendo esse seu nervosismo.
- Meu Deus! – ela se sentou. – Não acredito nisso.
- Olha pelo lado bom, você vai ser a avó mais linda desse mundo.
Seu olhar me fuzilou, me levantei e me afastei antes que ela pudesse cometer alguma loucura.
- O negócio é que... Não sei o que fazer. – disse. - Eu quero... Quero ser um bom pai. – e aquele olhar fuzilador, se transformou em meigo. – Quero poder me tornar um exemplo pro meu filho, assim como a senhora foi pra mim.
- Venha aqui. – deu leves batidinhas no sofá, para que eu pudesse me sentar, e fui. Ela passou sua mão em meu rosto, e suspirou. – O que pretende fazer, de agora em diante?
Bem, eu tinha alguns planos. Mas depois das recentes noticias, acho que terei de mudar a maioria deles.
- Não sei. – respondi, e abaixei um pouco a cabeça.
- Comece erguendo a cabeça – com sua mão, ergueu meu queixo. -, e assumindo todas as suas responsabilidades.
- Vou assumir.
- Mesmo que não goste da futura mãe do seu filho, não a despreze por ter cometido um erro.
- Mas foi covardia!
- E daí? Ela não fez a criança sozinha!
- Sei disso, mas...
- Nada. – interrompeu. – Se quer mesmo ser um exemplo pro seu filho, não trate a mãe dele mal, como se ninguém nunca errasse.
Conversar com a dona Simone foi a melhor coisa que eu já poderia ter feito. Voltei pra casa, com um enorme alívio.
–--
(Contado pelo Bill)
Fiquei preocupado com o Tom, pois ele havia saído sem dizer para onde iria, e voltou um tanto tarde.
- Onde você estava? – perguntei, assim que ele entrou na sala.
- Estava dando uma volta. – respondeu, na maior tranqüilidade.
- Da próxima vez que sair assim, pelo menos ligue pra avisar que está vivo!
- Relaxa, Bill! – ele jogou as chaves do carro em cima da mesinha de centro, e se sentou no sofá. – Se isso te deixa mais calmo, eu estava com a Simone.
- Contou pra ela?
- Sim, e tivemos uma ótima conversa.
Ah tá, eu tô acreditando que ela aceitou bem essa noticia. Ficamos ali conversando por minutos, e aí a Bella aparece.
- Eu... Marquei uma consulta pra amanhã. – diz ela ao Tom. – Você... Quer ir junto?
- Quero.
Como assim? Que facilidade pra dizer “quero” foi essa? Sério, fiquei mesmo surpreso. Pensei que ele seria resistente e durão, como sempre foi.
- Que horas será a consulta? – pergunta ele.
- Nove da manhã. – ela cruza os braços.
- Tá legal.
- Vou deixar o endereço anotado na agenda, e nos encontramos lá.
- Pra quê dificultar as coisas? – ele se ajeitou no sofá. – Não é mais fácil irmos juntos?
- S-Se você preferir...
Eu realmente não estava reconhecendo o meu irmão. Cadê o Tom, e o que fizeram com ele?
–--
(Contado pelo Tom)
Na manhã seguinte, eu estava pronto antes mesmo do horário combinado. A Bella apareceu usando um vestido de comprimento um pouco acima dos joelhos, e decote comportado. Como já tomei meu café da manhã, tive que esperá-la.
Saímos dez minutos antes, e quando chegamos ao consultório, a recepcionista informou que havia apenas uma pessoa na nossa frente. Aguardamos pouco e logo fomos atendidos.
A médica era super simpática, e nos tratou como se nos conhecesse há muito tempo. Seu nome era Luana. Ela iniciou o procedimento de ultra-som, e a única coisa que eu conseguia ver, era uma mancha preta na tela. Apenas um mês de gravidez, não dava pra ver quase nada.
- Vocês querem ouvir o coraçãozinho? – perguntou-nos.
- Claro! – responde Bella.
E como batia rápido, era incrível. Senti várias sensações de uma só vez, e não pude controlar o sorriso que surgira em meus lábios. De alguma forma, eu estava gostando de escutar aquilo.
No final da consulta a Luana nos fez algumas recomendações, agradecemos e fomos embora. Dentro do carro, na volta pra casa, o silêncio predominou por algum tempo.
- Soube que a dona Simone já está sabendo da gravidez. – Bella quebrou o silêncio.
- É, ela já sabe. – continuei olhando para a estrada.
- Eu também queria poder contar pra minha mãe, mas... Ela não está mais aqui, não é?
- Infelizmente não.
- Onde ela estiver, com certeza está decepcionada comigo.
- Por quê?
- Porque ela sempre desejou que esse tipo de coisa só fosse acontecer depois que eu me casasse. Mas casamento com você é algo que nunca irá acontecer.
- Que bom que você sabe disso.
- Mas... Confesso que também pensava da mesma forma que ela.
- Bella, não comece.
- Só estou querendo dizer que... Se mudar de idéia, estarei pronta.
Fiquei com aquilo em minha mente. E aposto que se alguém estivesse em meu lugar, também ficaria pensativo. Assim que cheguei em casa, a primeira coisa que fiz, foi me trancar dentro do quarto. Pensei e repensei inúmeras vezes tudo que eu poderia fazer, tudo que eu poderia ganhar ou perder, se fizesse a escolha errada ou desse um passo mal dado.
Quando a noite chegou, eu já tinha feito a minha escolha. Sabia que poderia ser o maior erro da minha vida, mas naquele momento eu queria pensar que era uma boa decisão pra mim, e para a minúscula vida que estava chegando.
–--
(Contado pela Savannah)
Já se passaram dois meses, e desde que o Tom foi embora, passei a escrevê-lo novamente, mas nunca obtive resposta. Sempre ficava pensando se ele estava mesmo recebendo as cartas. Talvez eu tivesse escrito o endereço errado, e foi parar num lugar diferente. Conferi e não tinha nada errado.
Numa tarde de domingo, quando já se passara mais um mês, finalmente chega uma carta de Los Angeles. Não tive tempo de abri-la em casa, pois precisava ir mais cedo pro restaurante. Nesses dias, o local andava sempre cheio, e era a maior loucura. Aproveitei que os donos colocaram outra recepcionista para me ajudar, e me sentei ali atrás do balcão mesmo, para ler o que o Tom me escrevera.
Meu coração batia acelerado, e só de saber que ele havia tocado naquele envelope, já me sentia feliz. Fiquei até um pouco surpresa ao ver o tamanho da carta, pois ele sempre escrevia pouco, mas muito bem explicado. Acho que esses três meses serviram para ele juntar tudo que aconteceu, e me contar de uma só vez.
 Postado por: Alessandra

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