domingo, 12 de fevereiro de 2012

Sparks Fly - Capítulo 45 - Wait?

(Contado pela Savannah)
- E ai, foi feita mais alguma reserva pra amanhã? – perguntei, quando retornei.
- Não. – responde ela. – Mas acabaram de ligar do hospital.
Quando ela disso aquilo, logo imaginei que algo ruim poderia ter acontecido com meu pai. Eu não queria nem parar para pensar em possibilidades, porque eu começaria a me desesperar. Só sei que peguei minha bolsa, e sai o mais rápido que pude do restaurante. Nem ao menos me expliquei aos donos do local, mas e daí? Era o meu pai, e ele vem acima de qualquer coisa!
Na rua, entrei num táxi e dez minutos depois cheguei ao hospital. Temia tanto receber alguma noticia que não fosse agradável. No meio do corredor, encontrei o médico que sempre atendia o meu pai.
- Doutor, onde está o meu pai? – perguntei, preocupada.
- Agora ele está descansando num quarto. – respondeu. – Mas nós precisamos conversar.
Daqui a pouco quem precisará de um médico serei eu. Sério, não vai dá pra resistir a tanta coisa de uma só vez. Bem, fui até a sala do médico, e lá começamos a tal conversa. Mesmo não querendo, eu já estava me preparando para qualquer coisa.
- Então... O que está acontecendo com meu pai?
- Savannah, o seu pai foi encontrado por um amigo, desmaiado em sua casa. Assim que ele deu entrada no hospital, nós fizemos vários exames de urgência. – ele fez uma pausa. – O seu pai não estava tomando os medicamentos receitados.
- O quê? – fiquei surpresa. – Mas... Mas eu sempre conferi os remédios, e ele dizia que estava tomando-os.
- Não faço idéia do que ela possa ter feito com os comprimidos, mas com certeza não eram ingeridos.
Não, não dá pra acreditar que meu pai estava mentindo pra mim, durante esse tempo todo.
- Após essa descoberta, nós decidimos fazer também radiografias, e descobrimos que...
- Que o quê? – estava tão ansiosa, que o interrompi.
- Descobrimos que há um novo tumor no cérebro dele.
Aquilo foi um baque, um choque. Não tive reação. O que aconteceria dali pra frente?
- Eu gostaria muito de poder dizer que realizaríamos uma nova cirurgia, mas... O tumor está alojado numa área ainda mais sensível. – meus olhos lacrimejaram. – Se fizermos isso, seu pai corre o risco de não resistir.
- E o que podemos fazer?
- Bem, os medicamentos eram o único meio de impedir que o tumor se desenvolvesse. Como ele parou de tomá-los há algum tempo, agora só podemos esperar.
- Esperar?
Ele estava mesmo falando sobre o que eu estava pensando? Isso não poderia ser verdade. Posso perder qualquer coisa, posso ter perdido o Tom, mas não poderia, de maneira alguma, perder o meu pai. O que seria de mim se isso acontecesse?
- Quanto tempo ele ainda tem? – perguntei, com o coração na mão.
- Não sabemos exatamente, mas agora mais do que nunca, ele vai precisar de você.
O que fazer numa hora como esta? Saber que seu pai está prestes a morrer, e você não poder fazer absolutamente nada para impedir. Até parece que já estava tudo planejado.
Após a conversa com o médico, fui visitar o meu pai. Entrei devagar no quarto, e me aproximei de sua cama. Como era difícil vê-lo naquele estado. Ele abriu os olhos devagar, e me olhou.
- Oi, pai. – disse, quase sussurrando. Ergueu sua mão, e segurou a minha.
- Me perdoa, filha. – sua voz praticamente não saia. – Me perdoa.
- Porque você fez isso? – e os olhos voltaram a lacrimejar. – Porque parou de tomar os remédios?
Ele não respondeu, e talvez não conseguisse. Eu também não insisti na pergunta. Coloquei a minha bolsa na poltrona, e depois o abracei.
–--
(Contado pelo Tom)
Estava em meu quarto, afinando o violão. Há algum tempo eu não tocava nele, e a saudade começava a bater. Toquei algumas músicas, mas logo parei. Me veio em mente, algumas lembranças da Savannah.
(Flashback)
- Você não me assusta. – diz Savannah, enquanto eu a olhava nos olhos. – E nem me coloca medo algum. – se aproxima de mim, para mostrar que estava falando a verdade.
- Você me assusta. – quase sussurrei. – E às vezes sinto medo.
Minha mente viajava enquanto me perdia no fundo dos seus olhos brilhantes e expressivos. Senti como se meu coração tivesse levado não uma flechada, mas sim um tiro. Encostei meus lábios nos seus, que eram delicados e macios. Em seguida, enlacei sua cintura e a puxei para mais perto, colando seu corpo no meu.
(/Flashback)
E esse momento foi interrompido, quando a Bella entra no quarto, com várias sacolas. Ela se senta na cama, e começa a tirar várias coisas de dentro das mesmas.
- Não vai acreditar no que eu comprei! – diz ela. – Olha só. – mostra roupinhas de bebê. – Não são lindas?
- Sim, são muito bonitas. – respondi, sem o menor entusiasmo.
- Não vejo a hora de saber o sexo da criança. – ela estava alegre. – Espero que seja um menino, e que se pareça muito com você.
- Um-hum.
- Eu tava pensando em sair para escolher os móveis pro quarto do bebê. O que você acha?
- Tá legal.
- E a cor do quarto? A gente poderia mandar pinta de uma cor que cominasse com menina e menino, não é?
Não to nem ai! Isso não faz a menor diferença pra mim. Se o bebê tiver um quarto descente, já é o suficiente.
- Ah, sobre o nosso casamento, eu andei pensando em fazer uma cerimônia aqui mesmo, no jardim da casa. – ela colocou as roupinhas de volta na sacola. – Ai poderíamos pegar aquelas flores que foram plantadas...
- Não! – quase gritei, e ela se calou. – Não toque naquelas flores!
- Porque não?
Porque aquele jardim é da Savannah!
- Porque... Porque não tem necessidade. – disse. – Podemos encomendar outros tipos de flores.
- Tem razão. – ela recolhe as sacolas. – Vou começar a fazer a lista de convidados, tá? – ela se retira.
Maldita hora que eu fui abrir a minha boca para pedir a Bella em casamento. E espero que ela não encoste um fio de cabelo no jardim. Se ela fizer isso, não responderei pelos meus atos. Ninguém além da Savannah tocará naquele lugar.
–--
(Contado pela Savannah)
Não passei a noite no hospital com meu pai, pois eu precisava ir em casa pra tomar um banho e ver se estava tudo em ordem. Como estava preocupada, não consegui dormir. Aproveitei a insônia, e decidi fazer algo para passar o tempo. Me sentei na cadeira da escrivaninha, e comecei a escrever.
Na manhã seguinte, tomei um banho meio frio, pra ver se eu conseguiria espertar do sono que parecia querer chegar. Depois preparei um café bem forte, chamei um táxi, e voltei ao hospital.
Quando cheguei ao quarto do meu pai, ele não estava lá. O local estava todo arrumado, e imaginei o pior. Andei pelo corredor, e encontrei uma enfermeira.
- Enfermeira, o meu pai estava no quarto de número 25, e agora que cheguei, ele não se encontra mais. – disse.
- Ah, o paciente foi mudado para o número 57. – responde ela.
- Obrigada.
Peguei o elevador, e fui para o próximo andar. Achei meio errado esse negócio de mudar o paciente de lugar, e não avisar. Mas enfim, desta vez fui ao lugar certo, e lá estava ele, deitado na cama, com aquele monte de aparelho.
- Pai, eu... Eu fiz uma coisa pra você. – disse, tirei um envelope da minha bolsa, e o entreguei.
Fiquei com pena ao ver que ele não conseguia nem ao menos abrir o envelope, então o peguei de volta.
- Deixe que eu leia para o senhor.
Oi pai,
Se lembra da primeira vez que plantamos uma rosa em nosso minúsculo jardim? Você disse que ela só poderia crescer saudável, se recebesse muito carinho e água na medida correta. Eu era tão pequena, que não entendia muito bem esse tipo de coisa. Acabei deixando a rosa morrer. Chorei tanto naquele dia, que não queria nem sair de perto do local de onde ela fora plantada.
Tem uma coisa que quero te falar. Depois que entrei naquele avião, de volta ao Brasil... Quer saber qual foi a primeira coisa que me veio à mente? Flores. E der repente eu estava na “Little House”, ouvindo uma moça simpática explicar como as flores de lá são plantadas. Como são regadas, como são colocadas nos casos certos, como são belas e recebem cuidados especiais. E também como cada uma, era examinada pessoalmente, só para o caso de ter a mínima imperfeição. Foi isso que me veio à mente.
Uma pessoa uma vez me disse que as flores do seu jardim só conseguiram sobreviver, porque as minhas mãos foram milagrosas. Chegou até a dizer que me pareço com uma delas, a mais bela de todas. Que fui plantada e colhida, regada e colocada num vaso certo. Mas agora... Agora tenho um buraco enorme no meio da minha vida. Não estou mais em perfeito estado, e nem me pareço mais com aquela flor.
E tem mais uma coisa que eu quero lhe dizer. Antes de fazer aquela tentativa de esquecer tudo... Quer saber a única coisa em que pensei nesses últimos dias?...
Eu não consegui terminar de ler, porque as lágrimas e o nó que se formava em minha garganta, me impediram. Mas não é difícil deduzir no que pensei, não é?
 Postado por: Alessandra

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