domingo, 12 de fevereiro de 2012

Sparks Fly - Capítulo 43 - Are you crazy?

Se alguém perguntar
Eu direi a eles que nós nos afastamos
Por que eu deveria me importar
se eles acreditam em mim ou não?
Sempre que sentir 
que suas memórias estão partindo meu coração
Eu finjirei que estou bem com tudo isso
Agindo como se nada estivesse errado

(Contado pela Savannah)
Acho que esses três meses serviram para ele juntar tudo que aconteceu, e me contar de uma só vez.
“Querida Savannah,
Faz algum tempo que tento te escrever algo. Na verdade, a minha maior dificuldade é ter que te enviar esta carta. Como nós sabemos, às vezes acontecem coisas com a gente, que não tem explicação. Coisas que não eram esperadas...”
Bastou eu ler o primeiro parágrafo, para perceber que aquela carta era coisa séria. Pedi Danielle que segurasse as pontas por ali, e fui até a porta do restaurante, para continuar. Me sentei na calçada mesmo.
“...Você não sabe como está sendo difícil pra mim, ter que escrever isso daqui. Já se passaram alguns meses, e sentir saudades dói, não é mesmo? Mas o pior de tudo é amar alguém e não poder abraçá-la. E o que estou sentindo é uma dor tão profunda, tão oculta e tão visível, que está acabando comigo. Sei que prometi que iríamos nos ver novamente, mas já não acredito mais tanto nisso. Não sei se algum dia nos veremos de novo.
Sabe, acho que não sou mais aquele garoto que você conheceu. Estou passando por algumas coisas, que me fez amadurecer ainda mais, e lamento que tudo tenha que ser assim. Dia a dia, venho lutando contra o que sinto. Lutando contra mim mesmo, contra todas as minhas memórias. Posso dizer que não é nada fácil, pois as coisas simplesmente me vêem em mente, e ali ficam durante dias, semanas.
Quero que saiba que, todas as noites antes de dormir, penso em você. Penso em como eu queria te abraçar, em como eu daria tudo só pra poder ficar ao seu lado. E por fim, conclui que a frase de sete letras que dissemos várias vezes, não começa com “Era uma vez...”, e nem termina com “Felizes para sempre.”, porque não existe um começo e nenhum final. Existe apenas essa distância que nos separa.
Sei que podem passar anos, que quando nos encontrarmos de novo, será o mesmo amor. O mais puro amor que eu já vi, que já senti. E talvez você nunca consiga entender o porquê das nossas promessas serem quebradas. Eu as quebrei, e depois disso, não posso dizer que sou o mesmo.
Queria ter você aqui, ou melhor, eu sempre quis. E não acho que é o amor que dói, e sim a ausência. Não a ausência do amor, mas a sua ausência. Em mim, há um mar cheio de lembranças, que me mantém vivo e que me dá forças para lutar. É o que sinto toda vez que penso em você. E são aquelas velhas três palavras de sete letras “Eu te amo”. Isso tem uma força mágica sobre mim. Se eu pudesse, daria minha própria vida só para poder estar ao seu lado, e sei que faria o mesmo.
O meu lado egoísta grita para que você não me abandone, mas minha razão diz que é o que você deve fazer! Não terei um futuro para lhe oferecer, e não quero mais te fazer sofrer. Então... Me esqueça! Talvez não seja fácil, mas eu peço que não se iluda mais comigo. Há outras pessoas envolvidas neste momento, existem mais corações, e mais pessoas que não precisam ser machucadas.
E chegará o dia em que vai olhar para trás e vai perceber que a sua vida não passou de um “ontem” não resolvido, e você com certeza vai se arrepender por ter me amado. E como eu sei que para começar um novo capitulo é preciso terminar o antigo, eu te digo adeus, como quem diz eu te amo.
Talvez essas sejam as minhas últimas palavras, talvez este seja o meu último pedido. Então saiba que sempre haverá um novo caminho, uma nova chance, e quem sabe, até mesmo um novo amor.
A vida é única, e agora mais do que nunca, só quero que você seja feliz!
Tom.”
Não achei que conseguiria ir até o final, mas eu precisava. Foi a coisa mais difícil que já fiz, e retirei forças de não sei de onde para concluir. Meu coração ia, aos poucos, se quebrando em milhões de pedacinhos, que provavelmente não poderão ser reconstruídos jamais!
Já imaginava que isso viesse há acontecer algum dia, mas não fazia idéia de que pudesse ser assim. Eu não estava entendendo o porquê, e era só isso que eu precisava saber. Se eu tivesse escutado os conselhos do meu pai, isso não estaria acontecendo.
- Savannah, está tudo bem? – pergunta Amélia, uma das garçonetes.
- Está. – respondi, enxugando o rosto.
- Estava chorando? – ela agachou, e ficou olhando pra mim.
- É que não estou me sentindo muito bem.
- Porque não vai pra casa? – segurou minha mão. – O restaurante tá ficando meio vazio, e acho que o patrão na se importaria.
- Acha mesmo?
- Um-hum. A gente dá um jeitinho por aqui.
Não gosto de ficar pedindo esse tipo de coisa para o patrão, mas depois daquela carta, eu não conseguiria trabalhar sossegada. Pra minha sorte, ele disse que eu poderia ir pra casa. Arrumei as minhas coisas, e chamei um táxi.
xxxx
Entrei em casa, e fiquei parada ali na sala. Em seguida meu pai aparece, vindo da cozinha, surpreso.
- O que faz em casa a essa hora? – ele olha pro seu relógio de pulso. – Não deveria estar no restaurante?
Sabe aquele momento em que você não quer dizer absolutamente nada, apenas chorar? Era isso que eu queria fazer, e fiz. Comecei a chorar, e ele veio correndo até mim, para me abraçar.
- O-O que houve? – acariciava meu cabelo. – Porque está chorando?
Mesmo que eu quisesse, as palavras não conseguiam sair. Preocupado, meu pai me leva até o sofá, e nos sentamos. E as lágrimas escorriam por minha face, como um rio. Ele foi até a cozinha, e me trouxe um copo enorme de água com açúcar.
- Filha, acalme-se e me conte o que está acontecendo.
Bebi toda a água, e aos poucos fui me acalmando.
- Pronto? – pergunta ele. – Consegue me dizer o que houve?
- Ele terminou tudo, pai. – respondi. – Ele disse que me amava, mas acabou com tudo!
- Ele quem?
Não foi nem preciso eu responder.
- Eu sabia! – se levantou. – Eu disse que era pra você ficar longe dele, ou acabaria se machucando como da última vez!
- Me desculpa. – quase sussurrei.
- Tomara que eu nunca encontre aquele miserável pelas ruas, porque eu acabaria com ele!
Naquela noite, só consegui dormir após tomar muito chá de camomila, e com meu pai fazendo cafuné em meus cabelos. A noite vai aliviar temporariamente meu sofrimento, mas quando amanhecer, tudo voltará.
–--
(Contado pelo Bill)
No meio da noite, senti um pouco de cede. Fui até a cozinha, e quando liguei a luz, levei um susto enorme. O Tom estava sentando numa das cadeiras na mesa, com um copo de uísque em mãos.
- Tá fazendo o quê nessa escuridão? – perguntei.
- Refletindo. – respondeu, sem nem ao menos me olhar.
Achei mais que estranho ele estar “refletindo” na cozinha e com aquele escuro todo. Mas ultimamente não to podendo me surpreender com as coisas que acontecem nessa casa.
- Andei pensando nos últimos dias, e... – ele dá um gole no uísque. – Tomei uma decisão.
- Que decisão? – me sentei quase em frente.
- Vou me casar com a Bella.
- O quê? – perguntei, incrédulo. – Ficou maluco?
- Não. – disse, na maior tranqüilidade. – Só estou fazendo a coisa certa.
- Desde quando a coisa certa é se casar com a mulher que não ama?
- Desde que ela está esperando um filho meu. – mais um gole.
O Tom com certeza perdeu a noção de tudo! Nem eu sou tão burro, ao ponto de me casar assim. Até parece que casamento virou brincadeira.
- E a Savannah? – perguntei.
- A Savannah... Está muito longe. – abaixou as vistas por alguns instantes, e logo voltou a me olhar. - Não posso vê-la com a freqüência que eu gostaria, e também não posso tê-la aqui comigo. Mas não significa que deixarei de amá-la, porque isso é a única coisa que não posso deixar de sentir.
- O que dirá a ela?
- Eu... – começou a brincar com a borda do copo. – Eu já dei um jeito nisso.
- Que jeito?
- Lhe enviei uma carta, terminando tudo. Mas não tive coragem de magoá-la ainda mais, dizendo que engravidei a Bella. – ele coçou um dos braços. – Ela não precisa saber disso.
- O Tom que eu conheço, não faria esse tipo de coisa.
- O Tom que você conhece, vai ser pai daqui alguns meses e precisa se sacrificar pelas pessoas que ama.
Isso é loucura! E aposto que tem algum dedo da Bella incluído nessa história de casamento.
- Foi-se o tempo em que os homens se casavam por ter engravidado uma moça de família sem se casar. – disse. – E nesse caso, a Bella não se coloca nesse padrão.
- Só quero ser um pai presente, Bill. – afastou o copo. – Quero... Quero estar lá quando ele disser as primeiras palavras, ou quando se machucar. – fez uma ligeira pausa. – Eu só quero tentar fazer a coisa certa, desta vez.
- Mas isso não tá certo!
- Tanto faz. – ele se levantou. – Certo ou não, a minha decisão está tomada. – falou com segurança.
Ele se levantou, e se retirou. E aos poucos estou vendo meu irmão se afundar nas besteiras que cometeu e cometerá. Nada me dói mais que vê-lo desse jeito.
 Postado por: Alessandra

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