sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Sparks Fly - Capítulo 33 - This is not a good day. Spark

Eu vou fingir que nunca te conheci
Que não era de você que eu gostava
Por que você era tão diferente
Você mudou muito
Não posso ficar gamado em você
Como se você fosse a única garota nesse mundo
O problema é que eu ainda te amo

(Contado pela Savannah)
ALGUNS DIAS DEPOIS...
Estava deitada em minha cama, e um pequeno facho de luz entrava pela estreita fresta da cortina, indo diretamente ao encontro dos meus olhos. Como não estava a fim de me levantar naquele momento, me virei para o outro lado. Em pouco tempo, o despertador começou a tocar. Estiquei o braço, apalpei a mesinha de cabeceira e finalmente o alcancei. Não havia outro jeito, eu tinha que me levantar. Me sentei na cama, e notei que o quarto precisava de uma bela arrumação, e se meu pai visse aquilo...
- Filha, não vai se levantar para o café? – pergunta, entrando no quarto. Ele olhou em volta. – Que bagunça é essa?
- Não precisa falar nada. – me levantei. – Fica tranqüilo, que deixarei esse lugar novinho em folha.
- Acho bom. – disse, um tanto sério. – Venha tomar o café, e depois arrume.
A primeira coisa que eu deveria fazer era me arrumar e ir acompanhá-lo na refeição, certo? Errado! A primeira coisa que fiz, foi ir até a caixa de correio pra checar se tinha alguma carta da Tom. Ele não me escrevia desde a virada do ano, e isso me deixou um pouco preocupada. Talvez não houvesse motivo algum para a preocupação, mas só de saber que estamos longe, e que ele poderia não me escrever mais, fiquei “aflita”.
- Mais uma carta do Tom?
- Sim. – respondi. – Vou lê-la em meu quarto. Se quiser, já pode tomar seu café da manhã.
Como de costume, tranquei a porta e me sentei no chão, no meio daquela bagunça. Eu sempre suspirava antes de abrir o envelope, e um sorriso tímido também surgia, às vezes.
Querida Savannah,
São quatro horas da manhã, e está fazendo o maior frio. Me desculpe por não ter enviado nenhuma carta antes, pois queria escrever num lugar especial, sob a luz das estrelas, ouvindo apenas o som o vento. E pra quê lugar melhor, do que na varanda do quarto de um hotel, sob o céu estrelado de Paris? Posso garantir que a vista daqui é incrível, mas o brilho das estrelas não chega nem perto do brilho dos seus olhos.
Como o tempo parece passar lentamente, não é? Tenho certeza de que se estivéssemos juntos, esse mesmo tempo passaria voando. E o pior é que, já não agüento mais essa distância. Isso está acabando comigo, e a turnê mal começou.
Por mais que eu tente me controlar, ocupar minha mente com os “problemas” da banda, só consigo pensar numa coisa; em quando verei o seu sorriso novamente. Dá pra acreditar que foi ele quem me deu forças pra tocar no show de abertura da turnê? E sabe aquele “boa sorte” que me desejou? Também me ajudou muito, e continuará assim até o fim. Mas não pude dividi-lo com os meninos, pois precisava tê-lo somente pra mim. Um pouco egoísta da minha parte, não acha?
Sinto sua falta, e só vai passar, quando eu vê-la em meus braços. Siga firme com as aulas de violão, porque quando eu chegar, quero ouvi-la tocar. Bom, acho melhor parar por aqui, antes que eu congele.
Ah, e antes que eu me esqueça... Te amo.
Com carinho, Tom.
Terminei de ler a carta, com o coração acelerado e os olhos cheios de lágrimas, só pra variar. Aquele “te amo” chegou no momento mais sensível do mês, e desejei ter um pote enorme de sorvete ao meu lado. Eu não queria chorar, de novo não. E ultimamente, eu tinha feito muito isso.
Coloquei a carta de volta dentro do envelope, me levantei e caminhei em direção à escrivaninha. Abri a primeira gaveta, e pus o envelope ali dentro. Era hora de me trocar, pra iniciar urgentemente uma arrumação naquele local, que eu estava começando a desconhecer. Tá, exagerei um pouco.
xxx
Ficar em casa, sem fazer nada, é a pior coisa do mundo! E era assim que eu me encontrava exatamente às 15h30 da tarde. Uma garota sozinha, sentada no sofá da sala, com a televisão desligada por não estar passando absolutamente nada de interessante. Meu pai havia saído pra algum lugar, e não avisou ou deixou qualquer recado.
Se nada mais legal que ficar parada, acontecesse, eu me colocaria em frente ao espelho e conversaria comigo mesma. E quando estava prestes a fazer isso, ouço a campainha tocar. Pense numa pessoa que ficou feliz! Fui correndo abrir a porta, antes que a visita fosse embora.
- Oi. – disse Pablo, um pouco tímido. – Se lembra de mim?
- Claro. – respondi. – Mas como descobriu onde moro?
- O seu pai me informou.
- Ah.
- Não vai me convidar pra entrar?
Esse é o tipo de pergunta que me deixa sem graça. Sei lá, fica parecendo que sou uma sem noção que não quer receber visitas.
- Você não é nenhum psicopata, é? – ele riu.
- Não.
- Desculpe, é que hoje em dia fica meio difícil de confiar nas pessoas. – lhe dei espaço, e ele entrou.
- Seu pai disse que você estava aqui sem fazer nada, então... – mostrou uma sacola. – Eu trouxe milho, refrigerante, e um filme.
- Legal.
Isso só poderia ser mesmo obra do meu pai. Não quis ser mal educada, pois ele foi tão fofinho trazendo as coisas. Mas bem que poderia ter trago pipoca de microondas, não é?
- Vai colocando o filme, que eu vou preparar a pipoca. – disse, e fui pra cozinha.
–--
(Contado pela Beca)
Depois que sai da casa do Georg, tive que me virar pra procurar um lugar decente pra ficar. Eu não queria ficar hospedada num hotel, ou na casa de uma amiga qualquer. Acabei batendo na porta daquela me que pôs no mundo. A minha mãe ficou um pouco surpresa, pois fazia muito tempo que eu não a visitava.
- Você não estava namorando um rapaz famoso? – perguntou.
- Ele terminou comigo. – respondi, enquanto tirava as minhas roupas da mala.
- Alguma coisa você deve ter aprontado! – se sentou em minha cama.
- É, eu aprontei sim. Mas to arrependida!
- O que você fez?
- Não quero falar sobre isso.
- Sou sua mãe, e tenho o direito de saber o que aconteceu.
- Já disse que não quero falar sobre o assunto! – fiquei irritada. – Pode me deixar sozinha?
Tá legal, fui um pouco ignorante com ela sim. Mas estou sofrendo, e não quero dividir essa dor com mais ninguém! Não é nada fácil ser “despejada” da casa do seu namorado, e não posso exigir que ele me aceite de volta. Sei que errei, e se um dia eu merecer, terei o seu perdão.
Enquanto tirava peça por peça da mala, acabei encontrando uma blusa diferente. Eu tinha certeza, aquela roupa era do Georg. Imediatamente tirei minha roupa, ficando apenas com as peças intimas, e vesti a blusa dele. Joguei tudo que tinha em cima da cama, no chão, me deitei e fiquei sentindo aquele perfume agradável, que sempre me levava à loucura. Não deu pra segurar, o choro veio logo em seguida.
Naquela posição que me deitei, acabei adormecendo. Acordei na manhã seguinte, um pouco assustada, e chamando por ele. Tive aquela pontinha de esperança, que ele pudesse responder ao meu chamado. Me levantei dali, e fui tomar um longo banho.
–--
(Contado pelo Georg)
Teríamos mais um show ali na França, então fomos visitar o próximo local onde tudo aconteceria. Aproveitamos pra fazer a passagem do som. Tivemos alguns probleminhas, que foram resolvidos rapidamente. E também tinha a questão de apenas o corpo do Tom estar presente, a mente dele se encontrava no Brasil. Pra completar, e talvez complicar ainda mais a situação, minha cabeça começou a doer.
- Foi mal, galera. – disse. – Não estou me sentindo muito bem.
- Não vai passar mal na véspera do show, não é? – diz Gustav.
- É só uma dor de cabeça. – respondi. – Vai passar, quando eu tomar algum remédio e descansar um pouco.
- Se quiser, podemos cancelar a apresentação. – Bill sugeriu.
- Claro que não! – disse. – Já passei por coisas piores, e não será uma dor de cabeça que atrapalhará tudo.
- E essa dor de cabeça por acaso tem nome? – pergunta Tom.
- Como assim?
- Não dê ouvidos ao Tom. – diz Bill. – Volta pro hotel, e fique ótimo pra amanhã!
xxx
Já era noite. Eu estava na varanda do quarto, pensando em tudo que havia acontecido. Quando a brisa do vento bateu em meu rosto, pude sentir perfeitamente o perfume dela. Era como se a Beca tivesse ali, exatamente ao meu lado. Um arrepio percorreu meu corpo, e comecei a me lembrar de todas as coisas que tínhamos feito juntos. Me lembro de cada sorriso que ela dava. Lembro das vezes em que brigamos, do seu jeito estabanado, e até mesmo a primeira noite que tivemos.
(Flashback)
Naquele dia havíamos brigado pela primeira vez. Ela ficou com ciúmes quando uma garota me agarrou no meio da rua. Mas era apenas mais uma fã louca. Beca estava sentada na cama, com aquela sua expressão séria, fingindo estar com raiva de mim. Eu estava em pé, encostado na cômoda, e com os braços cruzados.
- Amor, até quando ficaremos assim? – perguntei.
- Até você prometer que não vai olhar pra nenhuma vadia! – me aproximei.
- Não sabe que os meus olhos só conseguem enxergar você?
- Acho bom! – me sentei ao seu lado. – Não quero dividir você com ninguém!
- Você não vai me dividir com ninguém, porque sou somente seu. – segurei sua mão.
- Sussurre em meu ouvido que me ama. – sua expressão já estava mudando. Afastei seu cabelo, e aproximei minha boca da sua orelha.
- Eu te amo. – notei que ela se arrepiou.
- Fala de novo.
- Eu te amo.
E então um sorriso surgiu nos lábios dela. Aproveitei aquela deixa, e lhe dei um beijo. Depois ela me abraçou.
- Você fica linda com raiva, sabia?
- Seu bobo. – nós rimos. – Eu prometo que não terei mais ataques de ciúmes.
- Não precisa prometer, porque nada será capaz de tirar você de mim.
(/Flashback)
- Sua maluca, porque fez aquilo, hein?
- Falando sozinho, Georg? – diz Bill, chegando à varanda.
- Poxa, que susto!
Entrei no quarto, e me sentei na cama. Bill se sentou numa poltrona, e ficou me encarando.
- O que foi? – perguntei.
- Estava pensando na Beca?
- Não! – ajeitei um travesseiro nas minhas costas. - E se você quer saber, não estava mais nem me lembrando nela.
- E no que estava pensando?
- No show de amanhã.
- Sério?
- Não. – ele se ajeitou no assento. – É que... É complicado não pensar nela, entende? – fiz uma pausa. – A Beca... A Beca foi muito importante pra mim.
- Foi?
- Ela é importante.
- Se a Beca é tão importante assim, porque você não pega esse telefone e liga pra ela? – olhei pro telefone.
- Não posso. – voltei a olhar pro Bill. – Eu disse coisas que não deveriam ser ditas.
- Todos nós fazemos isso, pelo menos uma vez na vida. E também cansamos de cometer erros. Mas o que seria de nós, se o perdão não existisse?
Como sempre, o Bill aparecia com uma verdade. Peguei o telefone, e disquei o número do celular dela. Aguardei um momento...
- Alô? – ela atende, e fico mudo. – Alô?
Acho que o meu orgulho não me permitiu falar nada.
- Alô?
Coloquei o telefone no gancho, e o Bill balançou a cabeça, negativamente.
- Não comece a ser orgulhoso, porque você não é. – disse ele, se levantando, e saindo.
 Postado por: Alessandra

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