sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Sparks Fly - Capítulo 32 - Happy New Year!

(Contado pelo Bill)

Chegamos ao hospital, e assim que entramos na recepção, perguntei a uma das moças onde ficava a sala de espera. Ela nos indicou, e fomos até lá. A mãe da Megan estava sentada numa daquelas poltronas desconfortáveis, numa típica sala branca, que dava arrepios e a leve sensação de estar num daqueles filmes de terror, ou algo parecido. O silêncio incomodava demais, e pela cara do Tom, ele estava ansioso pra sair dali.
Educadamente, como sempre, a mãe dela nos levou até o quarto. Quando nos aproximamos da porta, o Tom parou no meio do caminho.
– O que foi? – perguntei.
– Não quero vê-la. – respondeu, sussurrando.
– Porque não? – sussurrei de volta.
– Pra quê verei a Megan? Isso só fará com que a minha raiva aumente ainda mais!
– Pára de inventar moda, e vamos logo. – tentei puxá-lo pelo braço.
– Prefiro esperar no carro. – disse, e se desvencilhou. – E se ficar insistindo demais, voltarei pra casa.
– Tom, deixa de infantilidade. A garota tá precisando de um apoio.
– Porque ela não pensou nesse “apoio” – riscou as aspas no ar. -, antes de ficar ameaçando a Savannah?
– Tá legal. – respirei fundo. – Nós dois concordamos que não foi nada correto o que ela fez. Mas isso não é hora, e muito menos lugar, para falarmos sobre o assunto. A Megan é sua ex namorada!
– Está corretíssimo! Ela é minha EX namorada. Não preciso ter mais “responsabilidades” com ela. Se está tão preocupado, cuide dela.
Só após o Tom ter se retirado, me lembrei que a mãe da Megan estava ali, bem próxima a nós. Provavelmente deve ter escutado tudo, e como ela não tem culpa por ter a filha que tem, então lhe pedi desculpas.
Assim que a porta do quarto foi aberta, me deparei com aquela garota, que antes tinha um rosto que poderia ser comparado ao da mais bela atriz de Hollywood, e agora...
– Olá, Megan. – disse, e me aproximei da cama.
– Bill... – falou baixinho, quase num sussurro.
– Como se sente?
– Da mesma maneira que me vê. – ela conversava devagar, e com certa dificuldade. – Olha só o que fizeram comigo.
– Eu sinto muito.
Não que eu gostasse da dela, mas vê-la naquela situação não era a melhor coisa do mundo. Na verdade, acho que não gostaria de ver ninguém daquele jeito.
– Onde... Onde está o Tom? – perguntou, olhando em direção a porta. – Ele não veio com você?
– O Tom... – fiquei sem jeito. – Ele... Ele precisou resolver um problema pessoal.
– Ele não quer me ver, não é? – fez uma pausa. – Por favor, Bill, traga-o para me ver.
– Olha... Sou apenas um irmão, e mesmo que eu quisesse ou desejasse, não poderia controlar os passos do Tom. Ele é grande o suficiente pra saber o que deve fazer.
Não demorei muito tempo ali no hospital, pois não estava a fim de atormentar a Megan, e além do mais, eu nem deveria ter vindo. Era pro Tom estar aqui, e não eu.
–--
(Contado pela Beca)
Por mais que o Georg tenha sido grosso comigo, e me expulsado de sua casa daquela maneira, eu continuava amando-o. E tinha como ser diferente? Ele estava com toda razão. Fui imatura nessa decisão de pagar alguém pra bater em outra, que mesmo merecendo muito, não poderia ter passado por tal coisa. Se eu quisesse algum tipo de vingança, deveria ter esperado. Dizem que o tempo cura ou resolve qualquer coisa, e esse foi o meu mau. Não esperei, e acabei perdendo aquele que mais me fez feliz nos últimos tempos. E como não posso fazer nada pra mudar o passado, o jeito é tentar seguir em frente, e mudar o futuro.
Entrei no quarto, e fui diretamente ao closet. Arreganhei as portas, e fiquei parada por alguns minutos, somente olhando as minhas roupas, próximas as do Georg. Peguei duas malas, sabendo que elas não seriam suficientes para levar todas as minhas coisas. Coloquei as mesmas, abertas, em cima da cama, e aos poucos fui preenchendo-as.
Meu rosto estava encharcado pelas lágrimas que não paravam de escorrer. O meu coração parecia ter sido esmagado bruscamente. Mas nada me doía mais, do que ter quase certeza de que ele não me perdoaria.
– Quantas malas, hein? – diz Bella, entrando no quarto. – Está indo viajar?
– Antes fosse. – respondi, e fechei o zíper de uma das malas. – O Georg terminou tudo comigo, e me mandou ir embora.
– Poxa, a briga foi tão feia assim? – se aproximou.
– Nem queira saber o quanto. – e novamente a vontade de chorar.
– Ah não, não chore. – me abraçou. – Me conta, o que houve?
– É melhor perguntar aos meninos. – me desvencilhei. – O meu táxi já deve estar chegando, e quero ir antes que o Georg apareça.
Bella me ajudou a carregar a bagagem, e não demorou muito até que o táxi chegasse. Me despedi da Rute, com um abraço forte. Instantes depois o Gustav aparece com o cachorro, e logo vem me abraçar também. Quando estava prestes a entrar no carro, o Tom grita:
– Vai embora sem se despedir de mim? – veio correndo com os braços meio abertos.
– Claro que não! – o abracei.
– Não fique triste pelo que aconteceu. – sussurrou em meu ouvido. – O Georg vai perceber que foi burrice. – acariciava meu cabelo. – Ele vai voltar atrás, e vocês ficarão juntos novamente.
– Acho que não. – disse. – Conheço muito bem o Georg.
Não pude me esquecer do Bill, que apesar de não ter concordado nada comigo, não deixou que aquilo abalasse nossa amizade. Assim que me desvencilhei dele, o Georg chega com seu carro. Ele me encara por alguns segundos, depois desvia seu olhar e entra em casa.
– Bom, é melhor eu ir, antes que o dono da casa me expulse a base de pauladas. – disse em alto e bom som, para que ele escutasse.
Dei uma última olhada em direção a janela do quarto em que costumávamos aprontar algumas besteirinhas, e tive a leve impressão de vê-lo através das cortinas. Mas enfim, entrei no táxi e o motorista logo deu partida. Foi um pouco difícil ter que cruzar aqueles imensos portões, sabendo que eu não voltaria mais.
–--
(Contado pela Savannah)
DIAS DEPOIS...
Como sabemos, a vida não pode parar simplesmente por sabermos que não estamos tão perto da pessoa que gostamos. Ela precisa seguir em frente, para termos a certeza de que um dia as coisas irão melhorar.
Era noite de ano novo. Meu pai e eu comemoraríamos essa data na casa de antigos amigos. Não estava com tanta vontade de ir, mas fui somente para não ter que ficar em casa. Coloquei um vestido curto, e ao mesmo tempo, comportado. Deixei o cabelo meio solto, fiz uma maquiagem suave e que “combinasse” com o que eu estava usando.
A recepção que tivemos ao chegar ao local da festa foi bem agradável. Todos me tratavam como se eu fosse um membro da família. O problema era que a maioria das pessoas que se encontravam ali, tinha mais de trinta anos, ou seja, eu era a única “jovem”. Não que eles sejam velhos, mas fica meio chato não ter alguém da sua idade para conversar. Tive que passar um longo tempo sentada numa cadeira, experimentando praticamente todos os drinks que os garçons serviam.
A minha sorte é que as bebidas não tinham muito álcool, então não fiquei bêbada. Mas de tanto beber sozinha, veio àquela vontade desesperadora de ir ao banheiro. Me levantei, e comecei a procurar pela casa inteira. Esse banheiro tinha que se esconder logo agora? Não havia lugar que eu não procurasse, o banheiro definitivamente estava se escondendo de mim, só pode. Mas a culpa não era minha, e sim da casa, que tinha tantos corredores que mais parecia um labirinto. E num desses, fiquei tonta e esbarrei com um rapaz.
– Opa! – disse ele, me segurando pra não cair. – Cuidado.
– Desculpa. – respondi, e me desvencilhei. – Sabe onde fica o banheiro?
– Naquela porta ali. – apontou.
Eu estava de frente para a porta, e parecia ter sido a única que não olhei.
– Obrigada. – disse.
– Por nada. – respondeu, com um sorriso.
Entrei no banheiro, e fiz o que deveria fazer. Aproveitei para molhar um pouco o rosto, e apenas quando me senti melhor, retornei a festa.
– Ah, você está ai. – disse meu pai, vindo até mim. – Onde se meteu?
– Eu estava...
– Não tem importância. – me interrompeu. – Venha, quero lhe apresentar uma pessoa.
Já estava até imaginando. Ele iria me apresentar a mais um de seus amigos chatos que só sabe beber e falar de mulher. Na verdade, não fui apresentada, fui largada numa mesa, novamente sozinha. Meu pai disse que iria procurar a tal pessoa para me apresentar, e enquanto isso eu continuaria bebendo.
Esperei por cerca de cinco minutos, e me levantei para ir comer algo. Os salgados estavam uma delicia e só dava vontade de comer mais. A empadinha de frango era uma coisa de louco!
– Gosta de empadinhas de frango?
Me virei para ver quem havia me perguntado, e era o rapaz com quem esbarrei no corredor. Agora que eu estava com a cabeça menos cheia de bebida, pude perceber o quanto ele era... Bonitinho. Tá legal, ele era bem bonito, e tinha um sorriso encantador.
– Sim. – respondi.
– Sou Pablo. – estendeu sua mão.
– Savannah. – o cumprimentei.
– Desculpe, mas não pude deixar de reparar nos belos olhos que possui.
– O-Obrigada. – fiquei envergonhada.
–--
(Contado pelo Tom)
Manhã do dia 01. Todo mundo acordou cedo para não correr o risco de perder o vôo. A primeira coisa que fiz ao despertar, foi correr até a caixa de correio pra saber se havia alguma carta da Savannah. E pra minha alegria, ela tinha me escrito algo.
Querido Tom,
Não sei exatamente quando esta carta chegará até suas mãos, e isso me dá até um pouco de medo, pois talvez não chegue há tempo. Queria lhe dizer que a saudade é tão forte, que às vezes parece machucar, sangrar. Eu precisava fazer qualquer coisa para senti-lo bem aqui, pertinho de mim, então resolvi me matricular num conservatório de música. Obviamente nunca chegarei aos seus pés, mas posso pelo menos tentar. Quem sabe um dia eu não toco algo especialmente pra você?
Como você me ajudou muito nesse período que fiquei hospedada em sua casa, achei que deveria saber; o meu pai começará novamente as seções de quimioterapia. Ele é meio desobediente, e insiste em dizer que está tudo perfeitamente bem. Mas não quero correr nenhum risco. Também por este motivo, sairei à procura de um novo emprego. Trabalhar naquela lanchonete acabaria me matando de fome. E ainda não sei como consegui juntar tanto dinheiro pra fazer aquela viajem.
Fiquei muito feliz por saber que a turnê está prestes a começar, e lhe desejo toda a sorte do mundo, mesmo sabendo que não precisa. Você é bom no que faz, Tom, e se sairá bem em todas as apresentações. Divida essa sorte com os meninos, e arrasem! Dêem tudo que vocês têm, e mostrem ao mundo a razão de vocês existirem.
Estarei aqui, com os dedos cruzados e o coração na mão, torcendo freneticamente por vocês. E eu prometo que a cada dia o meu amor por você só fará aumentar.
Com carinho, Savannah.”                        

Postado por: Alessandra

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